Ficar alerta

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- Obrigada por tudo, Dra Kristen! - aperto a mão da mulher ao fim da consulta.

- Não foi nada, querida. Volte sempre que precisar. - ela sorri amigavelmente. - E não se esqueça, o anticoncepcional evita a gravidez, porém, somente a camisinha previne de doenças sexualmente transmissíveis. Sei que confia no seu parceiro, mas é sempre bom ter isso em mente.

- Não vou me esquecer. - agradeço mais uma vez antes de sair da sala exageradamente branca do consultório, localizado no centro da cidade. Caminho a passos rápidos até a sala de espera, onde Josh me aguarda pacientemente. Sorrio ao vê-lo distraído, folheando uma revista qualquer. - Não sabia que gostava de vestidos. - brinco ao constatar que se trata de uma Vogue.

- Ah, eu adoro. Os floridos, soltinhos, são os meus favoritos. - ele responde em tom de diversão. Em seguida, deixa a revista de lado e fica de pé. Seguimos até o estacionamento de mãos dadas. - E então? Tudo certo?

- Sim. - destravo as portas do carro e me sento no banco do motorista. - Aproveitei para fazer um preventivo. Aparentemente está tudo bem. - coloco o cinto de segurança. - A Dra Kristen me passou um anticoncepcional, mas só posso iniciar a cartela no primeiro dia do meu próximo ciclo menstrual.

- E quando será o primeiro dia? - ele também coloca o cinto.

- Daqui a uma semana, eu espero.

- Espera?

- A pílula pode não só ter alterado o meu ciclo, como também pode não ter surtido efeito. - explico. Josh me observa atentamente. - Mas as chances são mínimas, eu nem estava no meu período fértil, então vamos continuar vivendo um dia de cada vez, certo?

- Certo. - ele responde por fim.

O caminho até o estúdio de gravação é calmo. Josh e eu não trocamos muitas palavras enquanto dirijo pelas ruas da cidade. Apenas ouvimos músicas agradáveis e curtimos a companhia um do outro. Vez ou outra, ele acaricia meu joelho, sorrindo preguiçosamente ao me ouvir cantarolar o que ecoa pelo aparelho de som do carro. Esse simples gesto também me faz sorrir. A paz que ele me transmite é surreal e faz com que eu me questione sobre uma coisa. Será que eu teria superado a morte da minha mãe tão tranquilamente se Josh não estivesse ao meu lado?

Tia Laura e Belinha foram de grande ajuda nos momentos de dificuldade, mas não posso negar que o apoio do meu namorado, que na época ainda era só o guarda-costas, teve um peso muito maior. Talvez por passarmos tanto tempo juntos, talvez por suas palavras de conforto num momento tão delicado. Em todo caso, a verdade é que ele foi essencial para que eu ficasse bem depois de tudo.

Me lembro da vida vazia que levava antes que o loiro de olhos azuis começasse a fazer parte dos meus dias. Eu me afogava no trabalho a maior parte do tempo. Vez ou outra, quando um tempo livre surgia, as baladas da cidade eram meu destino certo. Normalmente acompanhada de Shivani e Sofya, eu dançava horrores, enchia a cara e terminava a noite na cama de alguém que provavelmente nunca vira antes, ou até mesmo da própria Shiv. Sina se juntou a nós certa vez e admito que foi bem divertido, mas sinceramente, não sinto a menor falta dessa fase.

O que tenho com o Josh já se tornou mais marcante que qualquer experiência passada. O motivo é bem simples: eu o amo. Se com outras pessoas eu fazia sexo, com ele eu faço amor. O que quero dizer é que no fim das contas é o sentimento que faz toda a diferença. Ele me preencheu, me fez sentir viva como nunca antes... ele me salvou, ainda que eu não tivesse plena consciência de que precisava disso.

- Yonta voltou a fazer contato depois da mensagem de ontem a noite? - ele pergunta, chamando-me de volta a realidade.

- Não, ela não disse mais nada. - paro o carro no estacionamento do estúdio. Travo as portas assim que saímos. - Mas não acho que devemos nos preocupar. Ela está com a família, afinal.

- Não sei, Any. - ele segura minha mão. Caminhamos juntos até a entrada do prédio. - Você não achou essa história um pouco esquisita?

- Bem, sim... ela nunca foi muito próxima dos pais e até onde eu sei, os dois vivem no Colorado com o Yago, o irmão mais velho dela, mas sei lá, podem realmente ter precisado dela, não podem? - aperto o botão para chamar o elevador.

- Sim, podem, mas isso ainda é esquisito. Lembra que em uma das mensagens, Yonta disse que passaria no apartamento? - pergunta e eu concordo. - O que teria acontecido para que ela mudasse de ideia?

- Não faço a mínima ideia, Josh. - suspiro. As portas do elevador se abrem. - Vou ficar alerta, em todo caso.

***

Depois de RedOne me mostrar cerca de vinte novas composições, selecionamos cinco que possivelmente se adequariam ao meu perfil. Duas delas serão novos feats, o que provavelmente resultará em uma grande sequência de reuniões.

- Já temos sugestões de possíveis parcerias? - pergunto a ele, que se ajeita em sua cadeira giratória.

- Claro que temos. - ele faz certo suspense. - Andei pensando em uma colaboração com Anitta e Glória Groove em uma das músicas.

- Mentira! - sorrio empolgada. - Vamos fazer isso acontecer, pelo amor de Deus. Eu sou completamente apaixonada por essas duas.

- Eu sabia que você ia adorar. - ele ri um pouco. Em seguida faz anotações em seu tablet. - Para os vocais masculinos, pensei no Drake, mas Simon me disse que você gravaria com o Antony.

- Ignore o Simon, Red. Nós decidimos minhas parcerias. - digo com convicção. - Não vou colaborar com aquele ser humano. Eu escolho o Drake sem nem pensar duas vezes.

- Oh, é mesmo? - ouço uma voz familiar bem atrás de mim.

Your Love Saved Me • BeauanyKde žijí příběhy. Začni objevovat