SEMANAS DEPOIS...
Hoje estou mais nervoso que o normal, mas não devido a algo ruim, isso até ultrapassa minha ansiedade e tensão de quando vou para alguma operação policial. É uma sensação que não consigo explicar, só sei que minhas mãos estão suadas e minha barriga gelada. Hoje iremos fazer a primeira ultrassonografia, dizem que dá para ouvir o coração do bebê, e somente essa ideia me deixa mais ansioso ainda.
Essa será a primeira vez que eu e Eve iremos estar presente, visto que quando descobriram a gravidez no dia em que o desgraçado do Herodes a pegou, os médicos fizeram, no entanto ela não estava acordada e nem eu estava ciente e muito menos presente na hora.
"Eve, amor! Você já está pronta?" Pergunto pela terceira vez entrando no quarto.
Ela se encontra com lágrimas nos olhos olhando para o espelho, passando a mão na barriga que ainda não tem portuberância.
"Não tenho roupas." Funga e se senta na cama.
"Como assim? Nós compramos roupas semana passada."
"Não cabe! No dia que compramos ainda cabia, mas agora não fecha nada e algumas ficam um pouco apertadas, não quero apertar o bebê." Limpa as lágrimas e se vira em direção ao closet.
"Acho que isso não tem problema apertar um pouquinho. A barriga da mãe deve ser segura o bastante para um simples aperto de jeans machucá-lo." Falo e caminho até ela que parece mais sensível do que nos últimos dias.
"Como iremos saber?" Murmura procurando mais peças. Jogando-as para todos os lados e me fazendo desviar de algumas.
"É verdade, acho melhor não apertá-lo." Acaricio a barriga linda dela em seguida dando um beijo em seu pescoço.
Ela se derrete toda manhosa e para de chorar, eu abraço-a com o peito ardendo em amor pelos dois. É uma loucura! Nunca imaginei que isso fosse possível, gostar tanto de alguém, amar. Nunca pensei.
"Você está linda. Maravilhosa." Beijo seus lábios com doçura. Após ela terminar de se vestir.
Descemos para o estacionamento.
"Obrigada." Agradece baixinho. "Você está ansioso como eu? Essa noite eu mal dormi, na verdade eu já não conseguia antes, mas essa noite foi totalmente em claro." Fala enquanto andamos de mãos dadas até o carro no estacionamento.
"Eu estou tranquilo..." Minto porque duas pessoas ansiosas se enlouquecem e tudo que eu quero é que minha esposa tenha em quem se apoiar se ficar muito emocionada.
"Como consegue? Eu quase estou tendo dificuldade para respirar. Minhas mãos estão suadas, um frio na barriga." Desabafa, sinto-me pressionado porque também preciso falar para ela como me sinto.
"Eu também estou!" Solto um suspiro de alívio e ela dá uma risada alta. "Eu não dormi, não tomei café e já saí do banho suado. Estou tremendo e não sei que porra é essa." Isso foi libertador.
Eve tem uma mini crise de riso enquanto eu admiro-a e me pergunto a todo instante: como pode ser tão linda? Eu mereço isso? Eu mereço Eve?
"Está... com os documentos?" Pergunta para mim parando finalmente de rir.
"Sim, todos aqui." Seguro firme sua bolsa, após isso a coloco no banco de trás.
No caminho conversamos sobre nomes para bebês, Eve não pareceu concordar comigo em nenhum. Eu propus Jack se fosse menino mas ela disse que é comum demais, então falei Kate se fosse menina, ela ponderou mas não deu resposta, senti que não gostou então não insisti mais, não quero vê-la descontente visto que minha missão nos últimos dias é fazê-la ficar o mais feliz e confortável possível.
Ainda não superei o fato de não ter salvado-a quando prometi isso, Eve não me culpa, mas eu sim. Já agredeci James de todas as formas que pude por telefone, e ele só disse que fez o trabalho dele, o cara é um ótimo amigo e eu já estou sentindo sua falta, espero que encontre o que procura no Brasil. E o que dizer de Christian? Apesar de nunca termos nos dado bem como primos, a revelação de que somos irmãos mudou muito a minha visão sobre ele, além dele ter salvo a mulher da minha vida, ainda está ajudando a amiga de Eve a superar a perda. Minha esposa me disse isso por alto, só não entrou em detalhes. Enfim, serei eternamente grato a eles e sempre estarei a disposição para o que der e vier.
Também tem a minha relação com a minha mãe que tem melhorado bastante desde a viagem para casa dela no seu aniversário. Dona Florence ficou em êxtase ao saber que teria um neto e já enviou duas caixas de presentes mesmo sem saber o sexo da criança e mesmo não tendo nem dois meses ainda.
Minutos depois, estaciono o carro e ajudo Eve a descer, ela me olha revirando um pouco os olhos, talvez eu esteja exagerando, mas quero cuidar dela e que não ouse me impedir disso.
"Frank, você sabe que eu posso andar normalmente..." Diz em tom suave e sei que faz esforço para não ser grossa comigo.
Por esse e outros motivos que eu a amo com todo o coração.
"Então não posso mais cuidar da minha mulher? Que tá com meu herdeiro na barriga?" Faço uma expressão de ofendido.
"Claro que sim. Mas você está exagerando um pouco, só isso." me conforta.
"Não estou exagerando. Já não bastasse ontem que fui obrigado a te comer com força porque você virou uma safada e ficou me pedindo com essa carinha de inocente que me deixa louco." Sussurro bem perto do seu ouvido observando com satisfação como ela morde o lábio e fica vermelha.
"Céus! Pare já de falar essas coisas, alguém pode ouvir!" Me adverte rindo e eu acabo ganhando um beliscão no braço.
"Tudo bem, mas quero que saiba que acabou esse negócio de sexo com força. Não quero machucar nosso filho." Gemo de dor ao ganhar uma cotovelada forte dela na costela "Aí!"
Caímos juntos numa gargalhada gostosa e então é como se um filme passasse pela minha cabeça. Eu voltando minhas lembranças para o homem que eu era há alguns meses e esse que eu me tornei hoje, eu com certeza mudei muito, isso é fato, mas para melhor tenho certeza disso e estou disposto a melhorar a cada dia o máximo que eu puder, por eles. Minha greguinha linda e o grão de gente que eu coloquei dentro dela.
Quando estamos já na sala de espera da clínica, uma senhora vem nos cumprimentar de forma muito simpática, a seguir nos guia até a sala de ultrassom.
"Bom dia, como estão?" Uma médica de pele parda nos recebe.
"Bom dia, estamos ansiosos." Eve diz com a respiração começando a ficar acelerada. Eu apenas observo tudo, gosto de ver Eve interagir com as pessoas, isso é bom para ela.
"Isso é bom! Muito prazer sou a Dra. Bianca, vocês são Frank e Eve Constantini, certo?"
"Certinho." Afirma e sorri, virando o sorriso para mim em seguida me deixando ainda mais encantado.
"Vamos então descobrir de quantas semanas esse bebê está, tentar ouvir o coraçãozinho..." A Dra começa a dizer várias coisas e agir de forma amigável deixando Eve o mais confortável possível.
Ela segue as instruções e se deita na cama, um gel é espalhado por sua barriga e um aparelho posicionado no abdômen. Eu fico agoniado e apressado segurando a mão de Eve. Após alguns minutos em silêncio, Dra Bianca com olhos fixos na tela do aparelho parece estar confusa.
"Gestação natural ou artificial?" Pergunta colocando o dedo no visor.
"Natural, por quê?" Questiono já com o coração acelerado, com um medo incomum de haver algo errado.
"Parece que temos uma gestação gemelar aqui." Pronuncia calmamente.
Eu arregalo meus olhos e sinto o coração dar um salto. Eve me olha surpresa boquiaberta.
"Estou grávida de gêmeos?" A surpresa fazendo-se presente em sua voz.
"Parece que sim, estamos vendo aqui dois sacos gestacionais com dois embriões bem pequenos, se olharem com atenção conseguem ver." Nos mostrou e eu pisquei com um turbilhão de sentimentos tomando conta de mim.
"Mas que diabos..." Sussurro baixo incrédulo com o peso de ainda mais responsabilidade já pensando em meus ombros.
"Você está de seis semanas, Eve. Agora iremos tentar ouvir o coração." Nós dois ainda perplexos olhando para a tela pequena a nossa frente. "Vocês estão bem? Não esperavam não é mesmo?"
"Não esperávamos nem um, que dirá dois." Respondo ainda estremecido com a notícia. "Mas estamos felizes, é claro, surpresos mas felizes." Beijo a testa de Eve que tem a mesma reação que a minha, ainda além, seus olhos se enchem de lágrimas quando pequenos barulhos preenchem a sala.
Um barulhinho de coração batendo não tão forte e o outro menos ainda, mas dá para ouvir. Aperto a mão de Eve com emoção beijando a palma dela, vários questionamentos me rondando, serei eu um bom pai? Vários 'e se' é tão bom quanto desesperador ser pais de gêmeos logo de primeira, entretanto sei que preciso ser a força que Eve, ainda mais inexperiente que eu, irá precisar. Não posso me mostrar abalado e maluco, surtar nem nada do tipo. Apenas enfrentar junto com ela essa jornada que sei muito bem, será tão difícil quanto linda porque no final receberemos pequenos sorrisos sem dentes como recompensa e eu já posso me imaginar nesse momento, só esse mero pensamento já é minha força para ser um homem cada dia melhor.
Tem o epílogo ♥️♥️
ImEmili ♥️♥️