______ Sophie Pavel
Ontem, eu e o Andrey tivemos uma briga depois dele me informar que sairia com a Elizandra, não gostei da ideia pelo fato dela gostar do meu irmão e por temer o final que esse encontro iria dar. Joguei várias vezes na sua cara, o quanto a Sasha ficaria decepcionada caso soubesse desse jantar e o cinema entre os dois.
Sua resposta foi a mesma, alegando que precisava de respirar outros ares pelo menos uma vez desde que seus dias se tornaram um caos, com o internamento da Sasha. Evitei insistir na sua mudança de posição, deixando ele fazer o que bem entender da vida, lógico que o alertei das possíveis consequências, aquela miúda não inspira confiança.
Ao acordar pela manhã, notei que o Andrey ainda não tinha se levantado, provavelmente esteja de ressaca ou queira dormir mais um pouco devido o cansaço da noite anterior. Terminei a refeição junto da minha mãe, meu pai tem o hábito de dormir bastante nos finais de semana, entende-se devido a rotina pesada que ele tem ao longo da semana.
As coisas ficaram esquisitas quando a dona que cuida da nossa casa, informou-nos que o Andrey não está no quarto, subiu uma raiva só de pensar que ele teve a ousadia de dormir com aquela vadia. Pedi o celular da minha mãe e logo liguei para ele, tocava, tocava e ninguém atendia.
No mesmo instante me veio a situação do Dimitri, — Ai meu Deus! Com o meu irmão não. Tentei mais uma vez, e logo ouço do outro lado da linha a voz da Elizandra, sua voz parecia assustadora devido o tom da mesma.
— Alô cunhadinha, tudo bem?
— Que papo é esse de cunhadinha!? Pirou?
Ela começou a sorrir de sarcasmo, e logo fiquei fora de controle...
— Entrega o celular ao meu irmão, onde ele está?
— Ele está bem amarrado, mas para eu não parecer tão malvada assim! Vou dar-te a oportunidade de ouvir dele as suas últimas palavras.
Meu coração quase saiu pela boca, isso não pode ser sério, e se for uma brincadeira de mau gosto eu arranco todos os cabelos dessa mulher. Para a minha infelicidade, ela não estava de gozação, a confirmação veio por parte do Andrey que pedia desesperadamente por ajuda.
— Maninha, por favor me ajuda. Essa miúda está louca, está com um revólver apontado para mim. Por eu negá-la, disse que vai acabar com a minha vida. Assim como tentou eliminar a Sasha, ela confessou todos seus podres.
A informação também foi ouvida pela minha mãe, que entrou logo em desespero e correu para acordar o meu pai, enquanto eu entrei em contato com a polícia. Rapidamente, a família toda junto com os policiais voamos para a casa da Elizandra, a mídia chegou lá bem antes de nós.
A residência ficou totalmente cercada, um helicóptero pairava no ar, horas depois os pais dela se fizeram presentes no local para convencer a filha a não cometer tamanho erro. Recebi uma ligação da senhora Zuleide, ela quis saber da veracidade dos fatos, pois nem eu mesmo sabia ao certo e apenas expliquei o que o Andrey me disse.
A força tarefa não encontrava meios para invadir a residência de forma segura, infelizmente eles estavam no quarto dela e um movimento em falso, ela seria capaz de botar bala na testa do Andrey sem pensar duas vezes. Me sinto tão culpada, se eu fosse mais cabeça dura e insistisse na sua mudança de ideia, ele não estaria nessa situação.
A família Salim logo que chegou, um monte de jornalistas cerco-os em volta, se não fosse a intervenção da polícia eles estariam encurralados. Se juntaram a nós numa zona restrita, visivelmente abalados, eles pediam que a polícia pegasse a Elizandra viva. Para assim, pagar pelas barbaridades que ela fez, além do mais ela também estava sob acusação do rapto do Dimitri.
Através de um megafone, seus pais tentaram negociar com ela...
— Eli, minha bebê. Ouve a sua mãe, por favor se entrega e liberte o Andrey.
— Filha, nos deixa ajudar você, não piore as coisas. Prometo arranjar um bom advogado, solta a arma e saia. Meu amor.
________ Boris Nikolai
Nem mesmo os pais dela conseguiram convencer-lhe de se render, o mais complicado nisso tudo é a condição do refém, mesmo tendo a planta geral da residência, não víamos vias para entrar sem sermos notados. O Sniper também não tinha uma boa visão sobre o interior do quarto, estávamos sem opções.
Um psicólogo e um negociador da polícia foram chamados, a intenção é usar daquilo que temos para resolver essa situação sem baixas ou consequências fatais no refém, que é nossa maior prioridade. Logo que eles chegaram, preferimos fazer contato com a Elizandra via Whatsapp e dentro da cabine de controle, já que os mídias só atrapalham.
Assim que aceitou a ligação, uma extensa negociação deu início...
— Alô Elizandra, eu vim aqui para ajudar você. Sou o Doutor Wagner, psicólogo.
— Eu não sou nenhuma maluca, não pedi seus serviços.
— Então me diz o que você quer, eu garanto que vou conseguir para você. — Interveio, o negociador Peixoto.
— O que eu quero, está comigo aqui e vocês não foram chamados, então se retirem ou eu mato ele.
Nada convencia ela a ceder, o dia já se tinha feito noite e todas tentativas de negociação fracassaram, por isso mesmo fui obrigado a chamar a Unidade Especial da polícia. Por serem os mais capacitados a intervir nessas situações, eles responderam rapidamente ao nosso chamado.
O chefe da operação veio ter comigo, para analisar o nível de gravidade, o risco de morte e as condições críticas da missão, para melhor prontidão e execução da mesma. Toda a equipe no terreno envolvida com o resgate, se preparava ordeiramente, porém com muita agilidade.
Principalmente os efetivos da Unidade Especial, a equipe médica incluindo o psicólogo e outros serviços operacionais da polícia. Totalizando, cerca de 20 a 30 profissionais de diferentes áreas de atuação, apesar dos treinos, o nervosismo sempre se faz presente nessas ocasiões de extremo risco.
Depois da configuração formada, voltamos a analisar as brechas da residência, para a nossa sorte. Houve uma reforma na casa, e tinha uma passagem restrita com muitas probabilidades de garantir o nosso acesso no interior, o único obstáculo eram as câmeras que cercavam o imóvel.
Para tal, fomos obrigados a cortar o abastecimento total da eletricidade naquela zona ao invés de fazer só na residência. Deste modo, evitamos desconfianças por parte da Elizandra, garantindo assim maior segurança na invasão e possível salvamento do Andrey em segurança.
Todos os agentes que irão invadir, verificaram seus equipamentos de visão noturna antes de efetuar o corte. Tendo em conta que, a visibilidade constitui um dos pontos cruciais para definir, quais serão as ferramentas a utilizar na execução de todo plano para a extradição do refém com maior eficácia e eficiência.
— Riscos de perdas de vida? 65%.
— Chances de acertos táticos? 85%
— Imobilização da ação destrutiva do tomador? 40%
Apesar da estatística não ser tão animadora, eles seguiram com o plano e deram início a ação...
______ Elizandra
De forma insistente pedi ao Andrey para me aceitar, me submetendo a tudo para ter sua atenção e posteriormente seu amor, mas, nada resultou e perdi a paciência. Se não for comigo ele não fica com outra mulher, nem que isso implique colocar um fim nas nossas vidas.
Todo mundo já sabia do atentado que fiz a Sasha, não tinha mais saída e se por acaso a polícia conseguir invadir esse quarto e me pegar viva, será o começo do pagamento do crime que cometi. Enquanto refletia em torno de tudo que estava acontecendo, houve um apagão.
Temendo que seja proporcional, fui verificar se era apenas aqui, e parece que não, estava tudo às escuras e até mesmo as luzes das câmeras dos jornalistas não eram tão notáveis. Como precaução, sentei ao lado do Andrey que tremia de medo, se me aceitasse estaríamos nessa cama a transar gostoso ao invés de temer minha presença.
Enquanto o admirava e forçava um beijo entre nós, um barulho surgiu na velocidade da luz, a porta foi arrombada e um monte de luzes verdes iluminam o local, quando tentei me mover. Um deles me acertou com um disparo no ombro, o revólver que tinha em mão caiu e sem me dar de tempo de pegar de volta, outro disparo foi efetuado.
Cai na cama cheia de dor, senti a frescura do metal das algemas prenderem as minhas mãos e uma voz grossa dizer para mim, acabou. Você está presa, tem direito de se manter calada, quando a luz ressurgiu no meu quarto, pude ver o Andrey chorando e a ser solto das amarras.
Uma equipa médica me tirou do local, e prestaram os primeiros socorros nas zonas afetadas pelos disparos. Meus pais choravam de desgosto, a mídia fazia de tudo para ouvir alguma palavra minha, porém, foram impedidos pelo cinturão de segurança que se estabeleceu.
Prontamente, uma ambulância me tirou do local, e duas patrulhas fizeram escolta até ao hospital, onde iria ficar até receber alta para ser trancada em uma cela.
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