Capítulo 44

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_______ Zuleide Salim

O que dizer a uma mãe que tem seus filhos em situação de risco? Que a sensivelmente um mês ou mais se vê destruída e sem forças para exercer suas tarefas habituais? Minhas orações incansáveis, o trabalho da polícia e outros meios. Não traziam o meu filho de volta, apesar de ontem ter tomado conhecimento da mulher que colocou a minha Sasha naquela cama de hospital.

Said e eu esperávamos informações dos detetives particulares, que a gente tinha contratado, infelizmente eles não tinham muito a dizer. Pagamos seus serviços e se retiraram, me deixando completamente exausta com essa falta de informações concretas sobre o meu filho.

As poucas esperanças que restavam, se diminuía a cada dia que passa. Eu nunca mais vou ver o meu filho? Questionava para mim mesma, e para o Said. Seus olhos seguravam o choro, me botou em seu colo e foi fazendo caricias em meu corpo para me proporcionar um período de relaxamento.

Enquanto meus pensamentos tristonhos se acalmavam com o carinho que recebia, Said usou das palavras mais doces já ditas para me lembrar da mãe que sempre fui, era como uma terapia ou um filme que rolava nos meus olhos sem necessidade de uma tela.

— Meu amor, saiba que existirão ocasiões e horas, em que o seu íntimo duvidará de todas as decisões tomadas por si, para educar nossos filhos. Assim como esse momento, onde eles estão em situações desoladoras, e tu como mãe tens mil razões de se sentir esmagada.

— Mas, eu deveria ter lhes protegidos mais. Ser mais rigorosa, e evitar dar tanta liberdade, principalmente ao Dimitri.

— Nós somos seus pais, nós temos um lar, uma família e não uma penitenciária, onde os mantemos presos sob controle. Lembra o quanto fomos presentes, nos momentos em que eles soltaram seus primeiros choros de tristeza? Eles sempre nos tiveram, e não será agora que vai ser diferente.

— Eu sinto tanta falta deles, bate uma saudade do tempo em que acordávamos cedo para os levar para a escola. Nessa época a nossa maior preocupação era, ensiná-los a saber lidar com o bullying e se defender em outras situações conflituosas.

— Então saiba que, durante esse período até a fase adulta, a gente tomará milhões de decisões sobre quaisquer circunstâncias e para o bem deles. Nossos filhos, em breve voltarão a estar connosco, minha Zuleide.

_____ Andrey Pavel

[...]

Depois de ver a minha vida por um fio, os dias seguintes foram traumáticos e difíceis de gerir, graças ao acompanhamento de um psicólogo pude saber lidar com os pensamentos dos momentos mais tensos daquela noite. A Elizandra tinha sido liberada pela equipe médica faz tempo, e hoje foi marcada a primeira secção do seu julgamento.

Acompanhado dos meus familiares, nos dirigimos até ao tribunal onde nos aguardavam para a tão mediática tentativa de assassinato que passei. Chegando lá, um monte de jornalistas se faziam presentes na entrada da mesma, mais uma vez o cordão da polícia evitou que ficássemos presos no meio de tantas questões.

Enquanto esperava pelo início da audiência diante de um juiz, sentar nessa cadeira me fez refletir o quanto esse processo foi célere, depois de abrir-se um inquérito policial, fechar o processo, e ter-se reunido todas as evidências a favor e contra a Elizandra.

Finalmente ela começara a encarar seu futuro, vetada de liberdade logo após que o juiz analisar os dados e dar a sentença. Espero que seja pesada, não por estar a desejar mal a ela, mas sim pela justiça que deve ser feita. Depois de todo sofrimento que ela causou em mim, e tem causado a família Salim.

Depois de todos os procedimentos anterior serem cumpridos, o juiz deu início ao julgamento, convocando os presentes no tribunal do júri a examinar a causa com imparcialidade. Em seguida, leu o relatório e chamou a Elizandra para ser interrogada.

Só para lembrar, Elizandra ainda só está sendo julgada pela minha tentativa de assassinato e outros crimes inerentes ao dia que tudo ocorreu. Apesar da sua confissão ao disparar deliberadamente, vários tiros a Sasha! Não era suficiente para o juiz considerar, portanto é esperado que ela acorde do coma para validar a acusação.

— Senhora Elizandra Castilho, como se considera?

— Culpada e triste por não ter matado esse infeliz.

Sua resposta provocou uma tensão na sala, todo mundo murmurava até o martelo da razão bater e levar todos ao silêncio...

— Você planejou ou foi apenas um impulso?

— Se fosse planejado, a esta hora não estaríamos aqui a perder tempo com perguntas ridículas. A gente tinha tido uma noite maravilhosa, postos em minha cama ele adormeceu e para piorar chamou o nome da mulher que mais detesto nesse mundo.

— Já tinha feito várias vezes ou foi a primeira vez?

— Foi a segunda vez, a primeira aconteceu quando disparei contra a Sasha Salim. Ela merece morrer, por ter roubado o Andrey de mim, eu o amo tanto para vê-lo com outra.

A senhora Zuleide Salim perdeu a postura, gritando com a Elizandra, chamando um monte de nomes feios e desejando que ela apodreça no xadrez. O juiz viu-se obrigado a pedir sua retirada da sala, para se acalmar e só retornar quando estiver ligeiramente bem.

Logo a seguir a minha intervenção foi requisitada, expliquei exatamente aquilo que tivera acontecido naquela noite, bem antes de minhas memórias se perder na bebedeira e de cair num sono profundo. Em seguida o advogado de defesa e o meu, fizeram suas questões.

A sessão terminou, e a outra foi marcada para daqui a duas semanas onde será conhecido o veredicto final...

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