Miro sua face dura e irritada, nada disso tira seu charme e beleza, só o deixa mais homem, ainda mais do que já é. Eu ainda estou tão chateada com o pensamento dele e Ágata juntos. Bem, ela demonstrou ser apaixonada por ele e se realmente fosse, não estaria com outra pessoa, o que me resta é pensar que estavam juntos.
Sinto-me tão estranhemente frustrada, com uma sensação ruim dentro do peito, uma confusão de sentimentos e eu quero chorar somente por imaginar que Frank pode beijar outra mulher como ele me beijou, que ele pode toca-la como fez comigo. E eu me senti tão bem, foi tão bom e eu simplesmente odeio saber que isso pode acontecer.
O que é ridículo já que ele não é nada meu, não existe nada entre nós dois. No entanto eu não consigo controlar meus sentimentos. E também tenho medo do que sou capaz de fazer ou de dizer quanto a isso que está acontecendo dentro de mim.
"E do que você é capaz?" Disparo cheia de uma coragem incomum que até fico assustada.
Ele me olha chocado e irritado.
"Não queira saber. Você não imagina o quanto eu estou me segurando, Eve." Ele grunhi cerrando os punhos.
E eu estranhamente não quero que ele se segure.
"Está se controlando por quê?" Provoco-o cruzando os braços.
Ele olha para mim e vira o rosto incrédulo e provavelmente surpreso com meu comportamento. A verdade é que estou descontrolada após ter visto Ágata saindo daquele quarto, Frank também tinha sumido e minha mente fez questão de criar paranóias que podem ser reais, eu tenho certeza que são.
Então sou pega de surpresa quando ele puxa meu braço colando nossos corpos.
"Você precisa parar de me provocar desse jeito, garota." Ele murmura, o tom de voz grave, seus olhos tomados de um brilho intenso fazendo um calor silencioso tomar meu interior.
"Eu não estou fazendo nada." Me defendo baixinho sentindo nossas respirações misturadas. "E... Eu quero que me solte." Falo com incerteza na voz implorando mentalmente para que ele não me solte, mesmo estando irritada com ele.
"Tem certeza que quer isso?" Dessa vez é ele quem está me provocando e eu sinto meus joelhos fraquejarem.
"Tenho." Fecho os olhos quando ele respira bem perto do meu ouvido e deixa um leve beijinho no lóbulo da orelha.
Engulo seco.
"Oh..." Solto um gemido involuntário e me arrependo logo em seguida arregalando os olhos.
"Quero tanto beija-la novamente." Sussurra com a voz grossa e todo o meu corpo fica mole.
Engulo outra vez Eu preciso resistir. Ainda estou chateada. Quando sinto os lábios dele indo de contato aos meus, eu preciso agir. Ele não deve ficar pensando que pode me beijar quando quiser e depois fingir que nada aconteceu como sempre faz. E se ele beijou mesmo a Ágata?
Sou o que? Uma brincadeira para ele? Por isso, o empurro com força o fazendo tropeçar na minha moleta que está no chão e cai sentado.
"Mas que diabos!" Berrou ele. "Por que está agindo assim?"
"Você queria me beijar." Respondo dando de ombros.
"E isso é ruim para você? Porque pelo que percebi, você gostou muito bem de ser beijada nas duas últimas vezes, pegou até no meu pau" Eu pisco irritada.
O que?!
"Eu só não quero que pense que pode me beijar a todo momento. Ainda mais depois de ter beijado aquela lá, e eu não peguei no seu..." Meu tom de voz sai mais dolorido do que eu queria.
"Ainda não entendi de que porra você está falando. Será que pode por favor explicar?" Bufa se levantando do chão e abrindo os braços.
"Ah..." Murmuro dobrando minha toalha.
"O que eu fiz?" Questiona e eu perco a paciência.
"Acha que eu não vi você e ela lá naquele quarto?" Minto parcialmente.
Eu não vi nada, só ela saindo com o batom borrado e a roupa amassada, logo depois ele chegou no quarto todo desalinhado e com cheiro de álcool.
"Não adianta mentir para mim. Não sou tão ingênua quanto você pensa." Afirmo.
"Você só pode estar ficando maluca... Além de ingênua está ficando louca. Eu estava lá fora no jardim bebendo com o meu tio, não que isso seja da sua conta!" Exclama me olhando como se eu fosse idiota.
Ele me chamou de louca?
"Ah, claro." Lanço-lhe um olhar desconfiado.
"É sério. E bom, não te devo explicações como disse, no entanto estou aqui dizendo para você que eu não tenho nada com Ágata e estava com o meu tio."
Dou de ombros querendo acreditar nele quando seu olhar é de verdadeira confusão e suas palavras de sinceridade. Olho para o lado escondendo a vergonha do meu ciúme ridículo e desnecessário.
"Me desculpe por tê-lo empurrado e o feito cair." Resmungo envergonhada.
"Espera, Eve. Isso tudo foi ciúmes? Ficou com ciúmes de mim?" Seu olhar zombeteiro me deixa com raiva de novo.
"Não." Reviro os olhos sentindo-me corar.
" Você é muito possessiva." Zomba "Imagino que se tivéssemos algo e você se quer pensasse que eu tivesse feito algo, o que você seria capaz de fazer. Se me empurrou agora por uma bobagem, depois então eu poderia nem estar vivo." Caçoa dando risada.
"Você é muito exibido, Frank. Não tem nada de ciúmes não!" Me defendo e ele gargalha. "Argh. Idiota." Balbucio.
"Ora mas quem diria ela sabe xingar, Hoje você mostrou suas garras. Fiquei com medo." Ri com escárnio se divertindo com a minha cara.
"Ah, deveria mesmo." Digo colocando a escova que ainda estava em minha mão, em cima do criado mudo.
"Estou curioso agora, para saber do que mais elas são capazes de fazer." Frank se aproxima mais um pouco de mim e sinto seu hálito de álcool mais forte.
"Vai ficar querendo saber." Respondo ríspida. "Você está bêbado?" Olho-o.
"Claro que não. Para me deixar bêbado, preciso de uma caixa de uísque inteira." Sorri convencido.
Ele está tão estranho.
"Mas, eu quero que fique claro para você Eve, que nós não temos nada um com o outro. Não é porque você beija alguém, que passa a ser prioridade da pessoa." Diz olhando para mim e minha boca se abre incrédula.
Meu peito se aperta e sinto-o doer como não deveria. Suas palavras causam em mim o efeito que não deveria causar, a verdade é que ele tem razão e dói, estranhemente dói. Tento segurar uma lágrima que teima em cair e viro para trás fingindo estar pegando algumas peças de roupas minha na cama, engolindo em seco o nó na garganta e a tristeza que de repente se apossou de mim.
Ele está tão certo e eu sou tão idiota por pensar que ele poderia sentir alguma coisa por mim, o mesmo que sinto por ele. Que ele queira ser meu assim como quero ser dele, que eu me senti especial em seus braços, mas acabo de constatar que nunca fui. Para ele isso tudo é tão normal, eu preciso aprender que não estou mais no meu país, as pessoas não são como eu imaginava e a culpa é somente minha por inventar e fantasiar uma pessoa que não existe.
"Você é mesmo um idiota e um canalha." Murmuro baixinho colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha. Limpo uma lágrima escondida.
"Já me falaram coisa pior." Sorri de lado tocando em meu braço me virando para frente.
Como pode ser tão arrogante?
" Eu vou descer. " Digo já impaciente, com o olhar no chão para que ele não os veja avermelhados.
"Não vai não. Fica aqui comigo." Pede me olhando sério dessa vez.
"Não sei se devo. Tenho algo para fazer aqui?" Questiono.
"Me fazer companhia enquanto arrumo minha mala para irmos embora."
Quero rir.
"Você nunca fez questão da minha companhia." Aponto. "E você só trouxe uma mochila."
"Não diga isso, Eve. E também, você disse que estou bêbado, então não posso ficar muito sozinho, estou um pouco tonto." Coloca a mão na testa de forma dramática.
"Você acabou de me dizer que não estava bêbado e que era preciso uma caixa de uísque para derrubar você." Rebato, estreitando os olhos para ele.
"Talvez eu tenha bebido uma caixa." Diz e percebe que não vai me convencer. "Tudo bem, mas você fica perto de mim então. Pode ser?" Hesito por um instante e então eu assinto.
"Que horas iremos para casa?" Percebo o que falei e corrijo. "Digo, que horas voltaremos para sua casa." Pigarreio.
"Eu queria aproveitar que ainda está claro para sair, daqui a pouco anoitece e se já estivermos na metade do caminho será mais vantajoso."
"Não confio em viajar com você assim, além de estar bêbado, eu queria ficar para o jantar. A comida está tão deliciosa desde ontem que..."
"Tudo bem. Ficaremos para o jantar e amanhã de manhã pegaremos a estrada bem cedo" Ele me dá um sorriso que eu hesito em retribuir pois ainda me sinto chateada, mas o faço assim mesmo.
"Vou esperar lá embaixo, acredito que queira tomar banho e vai precisar do quarto vago para se trocar." Enrubesço timidamente quando lembro da visão que tive dele sem camisa.
Ele é tão... Forte e aparentemente deve ser boa a sensação de tocá-lo sem a camisa.
"Está bem. Me espere lá." Volto dos devaneios e saio do quarto suspirando.
Com tudo isso, ainda não consigo me sentir bem e satisfeita. Nada me tira da cabeça o que ele me disse lá dentro, que um beijo não te faz propriedade da pessoa, o que ele quis dizer? Ah, claro. É bem nítido o que ele quis dizer. Que vai ficar com quantas mulheres ele quiser, o nosso beijo não significou nada e nada mudou em sua vida.
E isso me deixa ainda mais triste porque para mim significou muito, foi o meu primeiro beijo, todas as sensações que senti quando ele me tocou, foi algo tão único que eu nunca vou considerar como nada demais.
Agora eu entendo o porquê dizem que gostar de alguém dói, eu me apaixonei por Frank muito rapidamente e não posso ficar negando isso para mim mesma. Estou apaixonada por alguém que não sente o mesmo e só de início isso já é ruim demais.
Tadinha da Eve.
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