POV Bia
Finalmente os raios de sol começaram a aparecer por entre a janela do quarto da Alice. Eu estava tão ansiosa e nervosa que passei a noite toda acordada. Não consegui dormir nem por um minuto, por mais que tentasse adormecer, eu simplesmente não conseguia. A minha cabeça não parava por um minuto, estava coberta de pensamentos e preocupações desde que tive aquela enorme discussão com o Gui.
Eu sei que talvez não foi a melhor forma de lhe explicar as coisas, mas com o calor da discussão acabei por falar tudo, deixando-o chateado com isso. Saber que ele ficou triste comigo deixa-me completamente desorientada. Eu devia ter falado com ele antes de tomar a decisão de vir viver com a Alice por uns tempos. Eu errei e sou madura o suficiente para perceber que com esta atitude apenas pensei em mim, mas no fundo, tomei esta decisão para o bem dos dois, para o bem do nosso relacionamento.
Eu estou com medo que a nossa relação caia numa rotina e só de pensar que um dia o nosso amor pode acabar, assusta-me muito. Só quero que o Gui perceba estas minhas dúvidas e preocupações em relação aos dois.
- Já estás acordada? – Eu olhei para a cama ao meu lado e a Alice olhava para mim atenciosamente.
- Na verdade, nem consegui dormir nada! – Eu admiti suspirando. A Alice sentou-se e logo olhou para o seu telemóvel.
- São 7 da manhã, Bia! – Ela falou deitando-se novamente.
- Desculpa se te acordei. - Ela sorriu e piscou-me o olho.
- Eu percebo, amiga! Podias-me ter acordado. - Ela falou e eu neguei.
- Não consigo parar de pensar no Gui e na nossa discussão. – Admiti e logo os meus os olhos se encheram de lágrimas.
- Calma, Bia! – Ela logo se levantou sentando-se ao meu lado, abraçando-me de seguida. – Ele só precisa de um tempo para processar todas as coisas que aconteceram. – Eu aconcheguei-me no abraço da minha melhor amiga.
- E se ele não me perdoar? – Eu perguntei deixando as lágrimas rolarem pelo meu rosto.
- Tu és doida. - Ela falou olhando para mim. - É claro que ele vai-te perdoar. O Gui ama-te, Bia. - Ela falou com toda a certeza que eu precisava de ouvir.
- Eu também o amo muito! – Ela sorriu.
- Então não te preocupes. - Ela pediu limpando as minhas lágrimas. - Quando menos esperares, ele vai dar sinais de vida. – Eu sorri ligeiramente e abracei-a.
- Obrigado por tudo, Alice! – Eu agradeci e ela sorriu.
- Depois pagas-me e com juros! – Eu olhei para ela admirada e acabamos por gargalhar.
- Parecias o David a falar. - Eu brinquei e ela sorriu.
- O David por vezes consegue ser uma péssima influência. – Ela brincou e eu sorri animada.
- Desculpa se te acordei! – Eu desculpei-me de novo.
- Não te preocupes com isso, Bia! - Ela pediu. - Mas já que estamos acordadas que tal irmos tomar um belo pequeno-almoço. – Ela sugeriu e eu sorri assentindo.
- É uma ótima ideia! – Ela sorriu e logo saímos do quarto em direcção à cozinha.
POV Harry
PUM!
Eu abri logo os meus olhos após ouvir um barulho no corredor. Olhei para o meu lado e a Bela dormia profundamente.
Mas o que será que foi este barulho?!
Eu olhei para o relógio e marcava sete e quinze da manhã. Preocupado com o tal barulho levantei-me e decidi sair do quarto para ver o que se passava.
- Faz pouco barulho! – Eu ouvi o David sussurrar no seu quarto e logo vi que o barulho vinha de lá. Mas eles já estão acordados a uma hora destas e ainda por cima num feriado.
- Eu não tenho culpa, isto é que caiu do nada! – Ouvi o Gui responder e achei muito estranho. Andei até ao quarto do David e logo entrei sem fazer barulho.
- Mas que barulho vem a ser este? – Eu falei assim que entrei no quarto.
- QUE SUSTO. - O David gritou e logo colocou as mãos à boca, como se fosse adiantar de alguma coisa. Ele já tinha gritado, o que vale é que tanto a Bela como a Letícia têm um sono muito pesado.
- O que é que vocês andam a aprontar a uma hora destas? - Eu perguntei curioso, percebendo que ele estavam vestidos como se preparassem para sair.
- Nós estamos a preparar-nos para sair. – O David explicou.
- Até aí já percebi! - Eu brinquei. - Mas hoje é feriado. Estás sempre a queixar que tens que acordar cedo por causa das aulas e hoje acordam cedo. – Comentei em tom de brincadeira e eles gargalharam baixinho.
- Digamos que eu tenho algo para remediar com a minha namorada! – O Gui falou e eu sorri ligeiramente.
- E tu é que foste o cabecilha deste plano, não é? – Eu perguntei para o David e ele sorriu ligeiramente.
- Por acaso não, pai! O Gui é que teve a ideia, eu vou só ajuda-lo a montá-la. – Ele explicou-me.
- Ok, eu vou voltar para a cama porque é muito cedo. - Eles concordaram. - Vocês os dois tenham juízo! – Eu pedi e eles assentiram. – Boa Sorte, vais precisar, Gui! – Eu brinquei e ele suspirou.
- Obrigado pelo apoio, Tio Harry! – Eu gargalhei e saí do quarto voltando para o meu quarto.
Deitei-me de volta na cama e logo senti a Bela abraçar a minha cintura, deitando a sua cabeça no meu peito.
- Onde é que estavas? – Ela falou baixinho e com voz de sono.
- Fui ver o que os rapazes estavam a tramar! – Eu sussurrei e ela assentiu ligeiramente.
- Não gosto quando sais da cama! – Ela falou manhosa e eu sorri ligeiramente.
- Porquê? – Eu perguntei.
- Ela fica fria e vazia! – Ela falou e depositou um beijo no meu peito. – Assim é melhor, muito melhor. – Ela falou quase adormecendo outra vez. Aposto tudo que ela não se vai lembrar disto quando acordar realmente.
- Dorme, Rainha! – Eu depositei um beijo na sua testa e logo fechei os meus olhos para voltar a adormecer.
POV Gui
- Quando é que eu mando a mensagem à Bia? – Eu perguntei ao David assim que chegámos ao local, onde eu colocaria o meu plano em prática.
- Não mandes mensagem! - O David pediu-me. - Liga-lhe e sê bem sério e seco. – suspirei. – Diz para ela vir ter contigo daqui a uma hora. – Ele falou enquanto descarregava do carro as malas com as coisas para a surpresa.
- Ela vai pensar que eu quero acabar tudo com ela, David! – Eu falei enquanto tirava o telemóvel do bolso.
- Essa é a ideia, Gui! - Ele explicou. O meu amigo quando quer consegue ser mais mauzinho que eu. - Depois quando ela chegar e ver o que tu preparas-te isto tudo para ela, vai saber muito melhor. – Eu sorri ligeiramente.
- Tu não prestas. - Eu brinquei enquanto marcava o número da Bia.
Afastei-me um pouco esperando que ela atendesse.
- Gui! - Ela perguntou assim que atendeu. Tenho que seguir com o plano.
- Sim, sou eu! - Respondi sério.
- Podemos falar? – Ela perguntou-me com algum receio.
- É para isso que estou a ligar, Bia. - Até eu me estou a surpreender com a minha capacidade de encenação. - Eu quero encontrar-me contigo, precisamos de por um ponto final nisto. – Eu falei.
- Um ponto final? – Ela perguntou e eu sei que neste momento ela estaria prestes a chorar.
- Claro, que mais seria? – Eu deixei a pergunta no ar. – Eu vou estar no parque da cidade daqui a uma hora. Até já. – Eu falei e logo desliguei a chamada.
Ela quando souber a verdade vai-me matar por ter sido tão estúpido.
Eu voltei para o sítio onde o David estava. Ele já estava a montar tudo, conforme combinámos. Peguei numa placa onde tinha escrito linda e sorri.
- Então, ela vem? – O David perguntou.
- Acho que sim! Eu fui tão estúpido com a minha princesa. - Eu falei arrependido e o David suspirou.
- Não te preocupes com isso. - Ele pediu. - Mãos-à-obra que ainda temos algumas coisas para fazer. – Ele falou e eu sorri com a sua animação.
- Obrigado pela ajuda, David! – Eu agradeci e ele sorriu.
- Deves pensar! Eu logo penso em alguma coisa para me pagares. – Ele falou e eu gargalhei.
- Otário! – Eu falei e logo comecei a colocar as placas no seu devido lugar.
POV Alice
- Eu sabia, Alice! Ele vai acabar tudo comigo e eu não vou aguentar. – A Bia chorava tanto que até o meu coração doía.
Eu nunca imaginei que o Gui fosse tão radical. Eu sei que ela errou, mas não acho que seja caso para terminarem.
Há aqui alguma coisa que não bate bem.
- Tem calma, amiga! Aconteça o que acontecer, eu estou aqui para te apoiar. – Eu falei enquanto conduzia a caminho do parque onde o Gui a esperava.
- Obrigado por vires comigo! – Ela falou enquanto limpava algumas lágrimas que tinha nos olhos.
- Não tens que agradecer, linda. É o mínimo que posso fazer pela minha melhor amiga agora! – Eu sorri passando-lhe alguma segurança.
Passado alguns minutos estávamos a chegar à entrada do parque. Procurei por um lugar para estacionar o carro e logo encontrei um. Saímos calmamente do carro e eu andei com ela até à entrada do parque.
- Bom dia! – Eu olhei para quem tinha falado e logo vejo o David andar na nossa direcção.
- David? – Eu perguntei surpreendida.
- O próprio! – Ele brincou animado.
- Presumo que tenhas vindo com o Gui! – Eu falei e ele logo chegou perto de nós e dá-me um pequeno selinho e um pequeno abraço na Bia.
- E presumes muito bem, amor! – Ele falou e sorriu para as duas. Como é que ele ainda consegue sorrir com isto tudo.
- Onde é que está o Gui? – A Bia perguntou e o David sorriu ainda mais.
- Isso vais ter que descobrir sozinha, Bia! – Ele falou em enigma e eu olhei para ele desconfiada.
- Sério, David. Onde é que ele está? – A Bia voltou a perguntar mais nervosa e o David logo lhe entregou um envelope.
- Está aí a resposta! – Eu olhei curiosa para a Bia que logo abriu o envelope e leu o que tinha escrito no papel lá dentro.
- Mas o que vem a ser isto? – Ela perguntou e o David abraçou-me por trás.
- É só seguires o que o envelope diz e logo saberás. – Ela suspirou e eu confesso que também não estava a perceber.
- Tenho que ir sozinha? – Ela perguntou e o David assentiu. – Tanta coisa para acabar as coisas comigo. Eu já volto! – A Bia falou e seguiu um caminho.
- Posso saber o que se passa? – Eu virei-me para o David e ele sorriu mostrando as suas covinhas.
- Digamos que o teu namorado ajudou o seu melhor amigo a preparar uma surpresa para a Bia. – Ele falou todo convencido e eu sorri animada.
- Sério! Quer dizer que o Gui não vai acabar com ela? – Eu perguntei e o David gargalhou.
- Claro que não, linda. Ele ama demais a Bia para fazer uma coisa dessas. – Eu sorri e dei-lhe um selinho.
- Visto que estamos aqui também. Podíamos aproveitar para namorar um pouquinho! – Eu pedi carinhosamente e ele sorriu abraçando-me pela cintura, puxando-me mais para perto.
- A minha namorada tem umas ideias fantásticas, sabias? – Ele falou e eu sorri assentindo.
- Amo-te! – Eu falei junto dos seus lábios.
- Eu também te amo, princesa! – Ele falou e logo uniu os nossos lábios com carinho.
POV Bia
" Vamos brincar um pouco?
Sim!!!
Ok!
Segue sempre em frente e toma atenção a tudo ao teu redor!
Aguarda novas notícias minhas.
Gui! "
Caminhava com calma pelo parque e assim como pedia no papel olhava tudo ao meu redor. Eu não estou a perceber porque é que ele está a fazer estas coisas. Se ele quer acabar comigo, podia fazer isso logo. Só queria ir para casa e entupir-me de gelado enquanto choro por dias.
Eu continuei o caminho em frente e logo avistei outro envelope igual ao que tinha na mão, prendido a uma árvore.
Eu suspirei e logo tirei o envelope da árvore e abri-o.
"Parabéns!
Encontras-te o 2º envelope.
Agora quero que continues o teu caminho em frente.
Mas deixo-te um incentivo para continuares.
És linda."
Eu sorri ligeiramente com o que li e confesso que estou a começar a gostar desta "brincadeira".
Será que foi para acabar comigo que ele pediu para vir aqui?
Eu continuei o meu caminho e logo cheguei a um lugar onde tinha que virar para a direita ou para a esquerda.
Quando olhei para a árvore na direita reparei que tinha uma placa branca com a letra A e outra com a letra E. Na árvore à esquerda tinha duas placas com a letra O e a letra I.
Comecei a olhar para todos os lados à procura de outro envelope e logo o vejo colado a um banco do jardim. Eu sorri e corri para o ir pegar.
" Olá outra vez!
3º Envelope encontrado.
Estás quase perto de mim.
Como já deves ter reparado nas árvores estão algumas letras.
Quero que escolhes a direcção que vais seguir e tragas contigo as letras.
Elas serão importantes.
Vais ter que escolher apenas um direcção e apenas uma te levará até mim!
Boa Sorte, princesa!"
Eu suspirei e olhei para as letras e tentei pensar o que poderiam elas significar, mas confesso que nada me ocorria.
- Vou seguir o meu coração! – Eu falei e logo escolhi as letras A e E.
Eu continuei o meu caminho pela direita. Eu estava a sentir-me uma criança enquanto procura os ovos de chocolate na pascoa. Estou desejosa para chegar até o Gui e perceber o porquê disto tudo. Eu só espero que as decisões estejam corretas.
- Menina! – Eu ouvi alguém falar e logo vejo o jardineiro caminhar até mim.
- Bom dia. – Eu falei e ele sorriu.
- Bom dia! mandaram-me entregar isto para a menina! – Ele falou e logo me passou um envelope igual aos outros e eu sorri.
- Muito obrigado! – Ele assentiu e voltou a andar para fazer o que estava a fazer.
"Uau! Estou impressionado!
4º e último envelope encontrado.
Acho que escolhestes as letras corretas.
Vai até ao lago e logo perceberás para que servem as letras."
Continuei a caminhar e agora em direcção ao lado do jardim, assim como pedia no envelope. Assim que cheguei comecei a observar com cuidado tudo a minha volta e logo vejo umas placas no chão que tinham algumas letras. Eu olhei e o que via era: _MO-T_!
Eu sorri abertamente e percebi que tinha que completar a palavra.
AMO-TE!
- Parabéns, a palavra está correta! – Eu virei para trás e o Gui estava encostado a uma árvore enquanto sorria.
- Pensava que estavas chateado comigo! – Eu falei baixinho e ele andou até mim.
- Eu não consigo ficar chateado contigo por muito tempo! – Ele admitiu puxando o meu rosto para o olhar.
- Mas no telefone tu estavas tão sério! Eu pensava que ias acabar comigo e que eu nunca mais ia... - Ele não me deixou acabar e logo uniu os nossos lábios num beijo urgente. Eu correspondi a esse beijo com todo o amor e carinho que tenho por ele.
- Eu amo-te, Bia! – Eu sorri e uni os nossos lábios num selinho.
- Desculpa, amor! Eu não devia ter tomado aquela decisão sem dizer nada, eu pensava que estava a fazer o melhor para nós. – Eu tentei explicar e ele juntou as nossas testas.
- Eu não vou dizer que não fiquei magoado com isso, porque me magoou! Mas eu sei que realmente é o melhor para nós e para a nossa relação. – Eu sorri e abracei-o.
- Eu amo-te muito, fofinho! – Eu falei e ele gargalhou.
- Estou perdoado? – Ele perguntou e eu sorri.
- Eu é que tenho que pedir perdão. - Eu falei e ele negou. - Adorei a surpresa. - Eu admiti ainda admirada com tudo o que ele preparou para mim.
- Ainda bem que gostaste, mas ainda não acabou! – Ele falou e eu olhei para ele curiosa.
- Não!? – Eu perguntei e ele negou pegando na minha mão e arrastando-me para um lugar. Quando chegamos onde ele queria, vi uma toalha no chão com algumas coisas boas para comer.
- Eu espero que ainda não tenhas tomado o pequeno-almoço! – Ele sussurrou ao meu ouvido e eu sorri.
- Na verdade ia para comer quando me ligas-te. Não tive mais vontade. - Eu admiti e ele gargalhou.
- Ótimo, então vamos comer. Hoje o dia é nosso, amor. - Ele beijou-me e eu abracei-o com força.