III - Liberdade Para Irrecupe...

By ThallesTerassan

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Da sequencia de Rebelião dos Irrecuperáveis, Pandora Moon, 28 anos, castigada pelo passado agora se vê fazend... More

Comunicado da diretoria
Prólogo
ATO 1
ATO 2
ATO 3
ATO 4
ATO 5
ATO 6
ATO 7
ATO 8
ATO 9
ATO 10
Especial 10k
ATO 11
ATO 12
ATO 13
ATO 14
ATO 15
ATO 16
ATO 18
ATO 19
ATO 20
ATO 21
ATO 22
ATO 23
ATO 24
ATO 25
ATO 26
ATO 27
ATO 28
ATO 29
ATO 30

ATO 17

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By ThallesTerassan

Tudo se corrompe, inclusive o amor

     — Isso aqui está silencioso demais, Brok. Consegue sentir alguma coisa ao redor? — perguntei a ele enquanto iluminava o caminho por onde passávamos.

     — Tudo o que sinto é dores nos pés. Não é nada fácil andar nesse monte de mato descalço. Provavelmente já estou cheio de feridas.

     — Que agonia! — respondi — voce não precisa fazer isso se não quiser.

     — Na verdade eu preciso, Pan, tudo o que me resta é o meu sentido aguçado.

     Meggie era uma criança muito quieta e raramente se intrometia em nossos diálogos. A propósito, essa menina me lembrava alguém, eu só não sabia quem. A garota estava demonstrando firmeza, mas lá no fundo eu sabia que o medo a dominava de uma forma tão devastadora que seus olhos permaneciam arregalados o tempo inteiro. Forçar uma criança a esse tipo de situação é algo que somente funcionários loucos do Insanity Asylum fariam. Seria eu, uma futura funcionaria louca?

     Ela não foi obrigada a estar aqui, pensei. E também não está sendo forçada a nada.

     — Meggie, está tudo bem? — perguntou Brok enquanto caminhávamos em passos lerdos.

     — Sim — respondeu em seguida.

     Logo nosso pequeno momento de paz cessou quando ouvimos algum barulho adiante.

     — O que foi isso? — questionou Brok, segurando em minha mão.

      Sem responde-lo, tentei captar alguma coisa, e então, mais barulhos surgiram, desta vez estava em toda parte. Galhos, folhas, matos, se mexiam e mesmo assim continuávamos procurando. Até que parou.

     Tudo voltara ao silencio.

     Meu corpo paralisou junto com os demais. A respiração ficou fraca, o coração desacelerou e a vista foi melhorando conforme o tempo. Nada foi o suficiente para encontrarmos algo.

     — Pan, estou ficando levemente assustado — respondeu Brok — são barulhos que eu conseguiria perceber se fosse alguma coisa por perto.

     — Assustado é uma palavra que já estou lidando a um tempo, meu amigo — soltei sua mão e tomei a dianteira do grupo, jogando a luz da lanterna para todas as direções possíveis. Minha adrenalina com certeza estava maior que antes e minha testa escorria um suor gelado que passava pelas minhas bochechas e parava em meus lábios, fazendo engoli-lo.

     De repente, Meggie soltou um grito muito alto ao ver algo caindo de cima de uma das arvores para as costas de Brok.

     O mesmo também gritou. Ao apontar a lanterna para o rapaz, uma criança de olhos brancos e pele acinzentada estava agarrada em suas vestes. Ela produzia um som agudo pela boca e tentava arranhar sua cabeça com uma de suas mãos. Brok tentara pegar a criatura mas ela parecia ter cravado suas unhas nas costas dele. 

     — BROK! NÃO! — Exclamei desesperada. Entreguei a lanterna para Meggie e corri para ajudar a desprender a criatura. Brok se mexia e dava passos para trás conforme era atacado ferozmente na cabeça.

      — PORRA! TIRA ISSO DE MIM! TIRA ISSO DE MIM! — O rapaz tentava puxar o bicho com os dois braços enquanto rodava seu corpo e cambaleava. Ao me aproximar, pude ver com nitidez uma das crianças zumbis, completamente descontrolada e mortal.

     Saquei de meu bolso o facão prateado e cravei em sua nuca no qual fez o caminhante se desprender imediatamente, espatifando-se no chão. Não comemoramos muita vitória pois logo após muitos outros começaram a pular das arvores como uma chuva de cadáveres.

     — ESTÃO TODOS EM CIMA ! CUIDADO! — Alertei a eles. Meggie pegou um pedaço de tronco e atingiu uma das crianças no rosto, enquanto Brok golpeava outra com os pés. Puxei o facão de volta para mim e fui perfurando todos que vinham em minha direção. Os gritos ensurdecedores das criaturas doíam meus ouvidos, e a lanterna que Meggie segurava havia caído no chão, iluminando a parte oposta donde estávamos. Devido a claridade da lua e a adaptação da nossa visão noturna, conseguimos enxergar melhor.

     O estardalhaço era tanto que chamou a atenção de outros caminhantes que vinham da parte térrea. Estavam tentando nos cercar. Um deles pulou para me atacar mas Meggie se colocou na frente e o atingiu com o pedaço de tronco.

     — NÃO VAMOS DAR CONTA DE TODOS, TEMOS QUE VOLTAR! — Gritou Brok.

     Três dos caminhantes se jogaram em cima de Meggie arranhando-a e tentando morde-la, a garota caiu no chão e gritou mais alto ainda. Com a faca que eu segurava, arremessei em um golpe certeiro nas costas de uma delas, a outra puxei pelos cabelos e a joguei longe. A terceira criatura, Meggie empurrara para o lado levantando-se rapidamente.

     — Use a faca que te dei, ou vai acabar morrendo!

     — Não sou uma assassina! — retrucou ela chutando o rosto da criatura que ela derrubara.

     Brok, em um ato repentino, pegara Meggie no colo e disparava para longe do local.

     — PAN! VAMOS! — Gritou ele.

      o Segui, mas logo o rebanho de cadáveres também. Eles não iam parar enquanto não nos desfigurassem até a morte. São bichos selvagens, com sede de morte. Era mesmo assustador o que os drenadores eram capazes de fazer.

     Elas nos seguiam de todas as formas, umas pulavam os galhos como macacos, outras corriam de quatro com as bocarras abertas, grunhindo e esticando os braços para a frente e outras, corriam com duas pernas mesmo.

     Meggie soluçava de desespero, eu não sabia o que me deixava mais apavorada, se era seu choro ou os gritos das criaturas. Passamos por um caminho diferente do qual fizemos para tentar despista-los mas nada adiantava, os caminhantes continuavam a espreita. Mais uma vez, encontrava-me frustrada por estar voltando para o sitio, implorando para que sobrevivêssemos.

     Brok e Meggie foram os primeiros a chegarem nos jardins do sitio, enquanto eu, logo atrás.

     As arvores acabaram, e o campo ao nosso redor ficou limpo. Conseguimos atrasar as criaturas fazendo diversos trajetos diferentes.

     — Eles sumiram de vista, mas vão aparecer logo mais — disse Brok ofegante, colocando Meggie no chão.

     Ao olharmos para o sitio, avistamos alguém na porta da entrada, com uma espingarda em mãos. O vento fazia suas vestes brancas se mexerem e seus cabelos amarrados em um coque se soltarem. Meggie, ao ver a mulher, parara de chorar.

     — Joice esta aqui — disse a Brok. Tudo o que eu consegui fazer no momento era ir em sua direção. Esqueci por segundos a existência dos caminhantes e acelerei os passos, com os punhos fechados fitando seu olhar que não desprendia do meu. Ambas em um conflito visual. Mas a minha aproximação não era apenas para enxerga-la melhor.

     — Sua vadia! — atingi seu rosto com um tapa que a fez cambalear para trás e quase derrubar sua arma. Seu rosto virou abruptamente para o lado em que foi golpeado, mas Joice não se defendeu e nem disse alguma coisa. Na sequencia peguei em seu colarinho e a prensei na parede atrás — Me deixou ir embora porque sabia que eu morreria neste lugar, não é? Se não fosse devorada por demônios eu seria morta pelos caminhantes. E o que voce pretendia fazer com o Brok? Fale alguma coisa ou eu te mato aqui mesmo —concluí sacando a faca de meu bolso e encostando em seu pescoço.

     — Pan! Não faça isso com ela! — ordenou Meggie.

     Joice continuava a me encarar.

     — Eu disse que era perigoso, não disse? Estava fugindo com uma das minhas crianças?

     — Eu é que faço as perguntas, agora — apertei a lamina em sua pele ao ponto de faze-la sangrar.

     — Apenas sigo ordens, Pandora — respondeu a mulher — minha liberdade depende disso.

     — DEPENDE DO QUE? — Gritei.

     — PAN! ELES ESTÃO VINDO! — Alertou Brok na mesma hora. Os caminhantes saíam das sombras das arvores e adentravam o campo aberto em um rebanho desgovernado. Logo tomaram todo o jardim.

     — Olha só o que voce fez, sua idiota! Condenou todos nós! — Disse Joice empurrando-me para o lado e apontando sua espingarda para as criaturas. Ela saiu na frente, passando por Meggie e Brok e começou a atirar. Algumas foram atingidas, mas ao mesmo tempo que caíam, outras passavam por cima e voltavam a vir em nossa direção.

     — Meu Deus! O que é isso?! — Exclamou Eleonor assustada, chegando ao local junto com Amanda e Dianna.

     — Voltem para dentro! — ordenou Joice.

     — Pois eu vou ficar para ajudar — retrucou Dianna, piscando para mim, já com uma faca em mãos e correndo para cima dos caminhantes. Meggie ficou por perto enquanto eu pensava em alguma coisa útil para resolver aquela situação caótica.

     — Preciso de armas maiores, pontudas — disse a Meggie.

      Ela acenou com a cabeça e correu para a parte de trás do sítio.

     Joice disparava contra as criaturas em miras perfeitas. Mas não seria o suficiente para a quantidade de caminhantes que apareciam. Quando atingidas pelo tiro, um buraco profundo formava em seus rostos cinzentos. Era de fato uma arma potente. Já Dianna, a mais velha das crianças e a mais habituada com as criaturas sabia exatamente onde golpeá-las para matar, era rápida e precisa em todos os ataques.

     Meggie retornou aos jardins segurando um tridente enferrujado e entregou para mim.

     Mesmo querendo acabar com Joice eu teria que me unir a ela para resolver essa bagunça, mas isso não muda o fato de que depois disso ela terá que cuspir todas os segredos que escondia. Se é que haverá um depois. Segurei firme minha nova arma e perfurei a garganta de uma das criaturas com vontade. Minhas costas doíam e minhas pernas latejavam. Lembrei que eu não era mais uma criança saudável e sim uma adulta desgastada que passara bons anos sentada passando compras em um super mercado.

     Talvez, devido a quantidade de adversários, morreríamos todos aqui.



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