Viver com Eles

By Lady_Butterfly

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Vivia uma vida bem normal, rodeada de amigos. Talvez fosse mais do que normal já que tinha direito a luxos ao... More

Viver com Eles
1º Capítulo
2º Capítulo
3º Capítulo
4º Capítulo
5º Capítulo
6º Capítulo
7º Capítulo
8º Capítulo
9º Capítulo
10º Capítulo
11º Capítulo
12º Capítulo
13º Capítulo
14º Capítulo
15º Capítulo
16º Capítulo
18º Capítulo
19º Capítulo
20º Capítulo
21º Capítulo
22º Capítulo
23º Capítulo
24º Capítulo
25º Capítulo
26º Capítulo
27º Capítulo
28º Capítulo
29º Capítulo
30º Capítulo
31º Capítulo
32º Capítulo
33º Capítulo
34º Capítulo
35º Capítulo
36º Capítulo
37º Capítulo
38º Capítulo
39º Capítulo
40º Capítulo
41º Capítulo
42º Capítulo
43.º Capítulo
Epílogo

17º Capítulo

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By Lady_Butterfly

Nos dias que se seguiram, ainda que continuassem a trocar palavras pouco agradáveis, Dalila sentia que agora pensava um pouco mais antes de falar com Ricardo sobretudo quando a conversa acontecia em casa. Os quadros com as fotografias na sala faziam com que recordasse a conversa sobre os pais dos irmãos Gomes. Muitas vezes, durante as limpezas, parava diante de algumas fotografias, perguntando-se que tragédia teria levado aquele casal que sorria em todas as fotografias. Certa vez, deu por si a comparar o sorriso do pai deles com o mesmo sorriso que Ricardo mostra naquela noite em que falara dos pais. Ela concluíra que não sabia muito bem como era a personalidade do pai deles mas pelo menos aparentemente, Ricardo em comparação aos seus irmãos, era o que se parecia mais. Sobretudo na aparência.

Contudo, um espaço oco permanecia. A rapariga de cabelos loiros que ocasionalmente, em algumas fotografias abraçava Ricardo.

“Tudo leva a crer que seja a irmã mas eles nunca falam disso…”, pensou, olhando mais uma vez para a fotografia da sala antes de sair de casa.

- Mal começou o dia e já estás a sonhar acordada.

- É proibido?

- Não mas explica-me que prazer tens tu ao fazer-nos esperar por ti cá fora?

- Humpf…

- Deixa lá, Cardy. Não esperamos assim muito. Vamos andando?

O edifício da escola continuava com as últimas remodelações mas com o objectivo de não se perderem mais aulas, estas haviam sido transferidas para um novo edifício temporariamente. As salas ficavam muito cheias e as aulas desportivas passaram a ser apenas aulas em que corriam por algumas ruas da cidade. Claro que muitos dos alunos, aproveitavam para que assim que deixassem de ver o professor, começassem a caminhar.

- Está demasiado frio pra correr!

- Mas o que estás a dizer, Bárbara? Tens que correr para aquecer! – Disse Dalila, passando a sua amiga. – Huh? Não é a Esmeralda?

- Agora aproveita estas aulas para sair com o Ricardo. – Disse Bárbara, visivelmente cansada.

- E ele vai e nunca ninguém diz que ele saiu a meio da corrida. – Comentou aborrecida.

- Li esquece! Ninguém repreende os Gomes. – Falou Bárbara.

No fim das aulas, Bárbara e Dalila decidiram ir fazer algumas compras de natal juntas de modo a inspirarem-se mutuamente pois ambas tinham sérias dúvidas acerca dos presentes.

- O que achas deste perfume? Será que a minha mãe gosta?

- Hum…cheira bem. É suave. Acho que já encontraste o teu primeiro presente. – Respondeu Dalila.

- Menos mal já aqui estamos há quase uma hora. – Comentou Bárbara começando a rir-se juntamente com Dalila.

A atenção de ambas voltou-se para o ruído que se ouvia numa loja ao fundo do corredor.

- Será que estão a fazer alguma promoção especial? – Perguntou Dalila, espreitando para o exterior da loja de perfumes enquanto Bárbara completava o pagamento e esperava que o perfume fosse embrulhado.

- Vai lá ver! Pode ser que tenha lá algo de interessante e eu já lá vou ter!

- Ok. – Concordou a jovem, vendo mais algumas raparigas passarem com grandes sorrisos na direcção de uma loja… - De esoterismo? Mas o que…?

Alguém veio contra ela e quase bateu contra uma vitrina. Ouviu um “desculpa” abafado e seguiu com o olhar um rapaz que entrou num corredor ao seu lado onde dizia “Em limpezas”.

Deu alguns passos para trás, tentando ver o que estava o rapaz a fazer e viu-o encostado à parede, tentando recuperar o fôlego.

- Outra vez… os Gomes disseram-me que isto era uma questão de controlo mas…

- Gomes? És um feiticeiro?

O jovem estremeceu, olhando de esguelha e virando-se rapidamente costas para ela, disse:

- Não olhes agora, por favor!

- Huh?

O rapaz de cabelos demasiado claros tirou uns óculos de sol do seu bolso e colocou-os no rosto.

- Estás bem? – Arriscou Dalila.

- Ehm, sim…

“A minha relação com feiticeiros não é das melhores mas este parece-me francamente inofensivo”, pensou ela.

- Não parece. Porque precisas de óculos de sol dentro de um shopping?

- Ehm…

- Como te chamas?

- Hé…Hélio. – Respondeu ainda desviando o seu olhar em outra direcção.

“Hélio? Hélio… ah sim! Será que é o tal que me falaram na festa? O que não tinha coragem de vir falar comigo?”, perguntou-se.

- Sou a Dalila e…bem, precisas de alguma coisa? Não me pareces muito bem. – Comentou, reparando que na mão do rapaz havia um… - Curriculum Vitae? Estás à procura de trabalho?

- Sim mas não é uma boa ideia. – Disse, suspirando demoradamente. – Não consigo ser normal em lado nenhum e esconde-te! – Puxou Dalila para o interior da casa de banho masculina.

- Okay,calma! O que estamos nós a fazer aqui dentro? – Perguntou a rapariga.

- Não quero que me vejam.

- Aquelas raparigas todas na loja de esoterismo?

- Só lá estavam duas e no minuto seguinte, estava com medo de estar naquela loja.

- Estavas a responder a um anúncio na loja?

- Sim, mas já deu para reparar que não correu muito bem.

- Qual é o teu elemento? Atracção fatal? É que eu não estou a sentir nada de estranho vindo de ti. – Perguntou divertida. – Não tens uma relação com o elemento do Filipe?

- E com a natureza. Ilumino os elementos primários.

- És mais importante que…

- Não. O meu pode ser parado por eles tal como os restantes. O meu elemento é o sol.

- O sol?

- Quem não gosta do sol, não é? – Perguntou com um sorriso amarelo. – Todos se sentem atraídos por esse elemento e se eu fosse um feiticeiro mais competente, poderia controlar a energia que irradio mas é inútil. Não consigo estar num sítio com muita gente sem que esse conjunto de pessoas acabe por querer agarrar-me.

- Estou a ver. – Comentou Dalila traumatizada com a ideia de ser agarrada onde quer que fosse. Nem queria imaginar algo assim. – E a fonte dessa irradiação…deixa-me adivinhar, acontece por contacto visual?

- Pois.

- Então trabalhar numa loja sem manter contacto visual…É um bocado difícil e estúpido.

- Eu prometi-lhes que ia tentar mas conviver com os humanos é mais complicado do que parece. – Disse num tom desanimado. – Sobretudo quando tens um elemento destes.

- Meninos o que estão a fazer aqui? – Perguntou a funcionária das limpezas ao ver os dois jovens dentro da casa de banho.

- Desculpe, vamos já sair. – Disse Dalila.

- Até um dia destes, Dalila.

- Ei, espera!

Mas já era tarde, o rapaz desaparecera.

“Há feiticeiros muito estranhos”

- Li onde estavas?

- Tive que ir à casa de banho.

- Então e a confusão? Era por causa de quê?

- Não faço ideia. – Mentiu Dalila. – E continuo sem saber o que comprar.

- Apenas para os manos Gomes?

- Hum, a ti não te vou contar acerca do teu presente. – Comentou Dalila divertida.

- E aos teus pais? Agora que penso nisso… - Notou uma sombra no rosto da sua amiga. - Li?

- Os meus pais já não estão cá para poder receber presentes. – Disse Dalila, olhando para uma vitrina com vestidos de noiva.

- Desculpa Dalila, não queria…

- Não faz mal. Apenas perguntaste e… já sei o que fazer!

- Huh?

- A minha mãe sempre me disse, os melhores presentes são os feitos por ti e não comprados nas lojas! – Disse Dalila satisfeita, olhando para outra loja.

- E o que vais fazer?

- Comprar os materiais. – Concluiu satisfeita consigo própria por ter tido uma boa ideia.

No fim das compras, ambas decidiram jantar juntas no shopping. Comeram umas sandes com dois sumos de lata e enquanto conversavam, Bárbara parou de rir um pouco e Dalila olhou para trás. Reparou que numa mesa um pouco discreta estava o Ricardo com a Esmeralda.

- Hum, pensei que a levasse a comer num restaurante pela cidade.

- Importas-te se formos embora, Li?

- Sim, vamos.

“Não sei como pode ela sentir ciúmes daqueles dois? Se ele ainda fosse alguém que valesse a pena”, pensou.

 

- Podias ter respondido e terminado a conversa antes.

- Não quis prever… - Disse com um leve sorriso. – Vou tentar respeitar o teu espaço e também pensar seriamente no que me disseste. Boa noite, Dalila.

“Definitivamente, precisamos de sair daqui”, concluiu em pensamentos acompanhando Bárbara.

- Vemo-nos amanhã na escola.

- Até amanhã, Li! – Disse, despedindo-se da amiga que começou a caminhar um pouco mas depois lembrou-se que regressar a casa à noite e sozinha seria uma tarefa impossível, além do perigo que iria representar e por isso, entrou num café próximo e enviou uma mensagem a Filipe perguntando-lhe a que horas sairia do trabalho mas o rapaz respondeu-lhe que iria ter um encontro ‘caliente’ depois do trabalho e que por isso, pedisse ao seu irmão Ricardo que a acompanhasse. Querendo escapar a essa hipótese, enviou outra mensagem mas desta vez a Tiago. Este nem sequer respondeu e quando finalmente, decidiu sair do café quase esbarrou em Ricardo.

- Hum, não sabes voltar para casa?

- Vou fazer isso agora mesmo.

- Na minha companhia porque à noite e sozinha? Nem pensar.

- Eu sei cuidar de mim.

- Nota-se por isso é que estavas à minha espera no café.

- Tu leste os meus pens…

- Não li coisa alguma mas é um bocado óbvio.

- Não foste acompanhar a tua namoradinha a casa?

- Os avós vieram buscá-la. O Tiago está no cinema com a Jéssica por isso, não te irá responder tão cedo por isso, sugiro-te que não esperes que a sessão de cinema e namoro termine.

Contrariada, começou a seguir o rapaz que caminhava à sua frente, observando o céu.

- Ricardo?

- O que foi?

- O mar fica muito longe da cidade?

- Não estamos na época de ir à praia por isso penso que é desnecessário explicar-te a localização.

- Não vou mergulhar no mar enquanto neva, estou apenas a…

- É afastado e não vou dizer-te nada porque prefiro saber que estás por perto.

- Ah sim?

- Tu atrais o perigo. És uma azarada de primeira, ainda tropeças em algum feiticeiro na praia ou quem sabe o mar ainda te leva.

- Claro…ah é verdade, por falar em feiticeiros, pode-se dizer que esbarrei com um…

Ricardo parou de andar, voltando-se para a rapariga.

- O que aconteceu? Ele fez-te alguma coisa?

- Ehm, não. Ele estava a fugir de uma multidão de raparigas.

- Huh?

- Chamava-se Hélio. O seu elemento é o sol.

- Ah…o Hélio. Continua à procura de emprego.

- Não está com muita sorte.

- Enquanto não controlar a sua magia, duvido que consiga viver com outros humanos por perto.

- Raparigas queres tu dizer.

- Não. – Disse, voltando a caminhar. – Se alguém trocar olhares com ele, o sexo não importa.

- Ok…isto ainda é mais assustador do que eu pensava. Ainda bem que ele pôs os óculos escuros. Não me quero imaginar a persegui-lo? Ouve, não há nada contra esse efeito?

- Ele tem que aprender a controlar a quantidade de energia que irradia e até lá, use óculos de sol ou então não olhes para ele caso se voltem a encontrar.

- Que plano fantástico. – Comentou ironicamente ao entrarem no bosque.

Repentinamente, ouviu o uivar de um lobo e deteve-se.

“Não…ainda não me habituei a ideia destes animais andarem por aí”, pensou, tentando não dar a entender que estava com medo mas então reparou que Ricardo também parara de andar e estava em silêncio como se esperasse por algo.

- Dalila esconde-te aí atrás! – Disse, apontando para uma das árvores que tinha um tronco com espessura suficiente para dar um bom esconderijo.

A rapariga obedeceu sem fazer perguntas pois o rapaz estava algo silencioso e retirara a sua varinha. Ela abaixou-se sem nunca perder Ricardo de vista pois embora estivesse com algum receio do que fosse aparecer, também não queria perder nada do que fosse acontecer.

Viu o azul dos olhos do rapaz intensificar-se por alguns minutos e de seguida, Dalila viu uma sombra que se movia com alguma dificuldade, encostando-se em algumas das árvores. Observando com mais cuidado, percebeu tratar-se de uma rapariga com trajes algo estranhos.

 Uma túnica acinzentada que estava em muito mau estado assim como a própria rapariga que sangrava imenso e deteve-se com algum temor ao ver Ricardo.

- Por favor… - Pediu ela. – Não vais ganhar em…

- Esconde-te ali atrás. – Disse-lhe Ricardo apontando na direcção onde estava Dalila.

- Não vais…?

- Vai! Rápido! Eles não devem demorar!

Com uma dificuldade visível, a rapariga dirigiu-se à árvore onde estava Dalila. E apesar da sua surpresa ao ver outra pessoa ali, nada disse, deixando-se cair no chão, encostando-se ao tronco. Lutava por controlar a respiração e pressionava o seu estômago na tentativa de estancar o sangue que escorria.

Repentinamente, ambas ouviram vários passos mas a rapariga ferida limitou-se a prender a respiração e nem sequer se moveu, ao contrário de Dalila que procurou espreitar com cuidado. Viu vários rapazes aproximarem-se. Traziam varinhas numa mão e espadas, lanças e escudos na outra. As suas indumentárias também se caracterizavam por túnicas num tom bege que estava manchado por sangue.

- Gomes?

- Lamento a invasão do teu território mas estamos à procura de uma bruxa.

“Bruxa? Esta rapariga é uma bruxa?”, perguntou-se Dalila olhando para a rapariga ao seu lado.

- Não a terás visto?

- Não poderias usar a tua vidência para nos guiar?

Ricardo guardou a sua varinha e calmamente, respondeu:

- Lamento, apenas vos posso dizer que seguiu aquela direcção mas não a pude seguir pois não queria comprometer o vosso trabalho.

- Entendo. Lamentamos o incómodo e agradecemos a informação.

Um dos rapazes olhou de esguelha na direcção onde estava Dalila que se escondeu rapidamente.

- O que foi? – Perguntou Ricardo. – Não têm nada para caçar? O que estão aqui a fazer?

Todos, incluindo o rapaz mais desconfiado passaram por Ricardo pedindo mais uma vez desculpa antes de desaparecerem na escuridão. Esperando alguns minutos antes de ir na direcção das raparigas, assim que Ricardo se aproximou, abaixou-se ao lado da rapariga que estava num sofrimento bem visível.

- Obrigada… - Agradeceu entre gemidos. – Eu juro que nunca fiz mal…

- Eu sei. – Afirmou Ricardo, colocando a mão na testa da rapariga e murmurando algumas palavras mais baixas. – Tiveste apenas a má sorte de te cruzares com caçadores. Preciso tratar desse ferimento. – Olhou para Dalila. – Fica aqui ao lado dela, não demoro. Vou rapidamente a casa e volto com algumas coisas que irão ajudá-la.

- Não a podes levar?

- Não é seguro. – Disse a rapariga um pouco mais calma. – Ele sabe que não é seguro que mais gente saiba disto.

- Não demoro. – Disse, desaparecendo rapidamente na escuridão.

As duas jovens ficaram na escuridão do bosque e Dalila observava com algum cuidado a bruxa que parecia muito mais calma, após o toque de Ricardo que Dalila deduziu tratar-se da tal tranquilidade que ele era capaz de dar, através do seu elemento.

- Samuel… - Murmurou.

Dalila olhou para a rapariga ao seu lado e ficou na dúvida se deveria realmente, questioná-la sobre aquele nome.

- Estás a falar de…?

- Veloz como vento, já aí vem. – Afirmou a rapariga e poucos segundos, depois Ricardo surgia da escuridão com um frasco na mão.

- Se chegas assim tão rápido porque é que demoramos sempre uma eternidade para lá chegar? – Perguntou Dalila.

- Porque não te quero carregar. Peso a mais, velocidade a menos.

A rapariga resolveu não responder porque não queria alongar a conversa que provavelmente, acabaria com ela com vontade de atirar-lhe algo para cima.

- É uma poção de recuperação. Tratará das feridas mais profundas mas a tua energia deverá demorar algumas horas a recompor-se. – Disse, encostando o frasco já aberto à boca da rapariga que começou a beber. – No entanto, dar-te-ei energia suficiente para te afastares o mais que puderes deste lugar.

- Obrigada… - Disse a rapariga assim que ele afastou o frasco mas agarrou a gola do casaco do rapaz, aproximando-se o suficiente para beijá-lo rapidamente.

 A atitude da bruxa surpreendeu ambos.

- Para que foi isso? – Perguntou Ricardo.

- Pareces-te muito com o Samuel… - Murmurou com um sorriso.

- O meu pai já não está… - Disse num tom mais baixo.

- Eu sei mas se estivesse, a tua mãe teria impedido algo assim…algo que esperei da rapariga que aqui está.

- Huh? – Balbuciou Dalila. – Ouve, eu não me interesso minimamente por ele. A quantas pessoas terei que dizer isso? Eu ainda estou mentalmente sã.

- Isso do mentalmente sã, também já é exagerar. – Comentou Ricardo. 

- Cala-te!

A jovem riu-se, sentando-se com o corpo mais firme mas ainda assim com sinais de alguma fraqueza. Ricardo ajudou-a a manter-se sentada e entrelaçou a sua mão na da rapariga que fechou os olhos, suspirando.

- Nada de troca de energia, eu sei. – Disse ela com um sorriso e suspirando novamente, como se o rapaz lhe tivesse a proporcionar sensações agradáveis, apenas através daquele toque. – O elemento da água é deveras divino.

O rapaz separou as suas mãos e disse:

- Penso que poderás afastar-te agora. Será melhor que te dirijas para o lado do mar.

- Muito obrigada. – Disse, segurando a mão do rapaz que a retirou rapidamente, dizendo:

- Não gosto de todas essas formalidades.

Ela sorriu.

- Tens mais dele sendo tu próprio do que essa personalidade que moldaste. – Disse, levantando-se e sorriu também a Dalila antes de sair a correr pelo bosque.

- Do que estava ela a falar?

- Do que não sabe.

- Não foi isso que me pareceu.

- Chega de perguntas. Mexe-te, vamos para casa.

- Espera lá… - Disse Dalila, começando a andar atrás do rapaz. – Se ela conheceu o teu pai…quantos anos tem ela? Parecia-me nova.

- Possuímos a capacidade de enganar o tempo mas não devemos utilizá-la a menos que as leis mágicas o ditem, ou seja, que sejamos necessários mais tempo do que uma vida humana é suposto durar.

- Quantos anos tens?

- Não sejas ridícula, temos ambos 17 anos.

- Sei lá, tu às vezes pareces-me de uma dimensão alternativa. Podias estar a viver há séculos.

- Não te preocupes. Não pretendo viver mais do que penso ser o suficiente.

“Mais do que pensa ser o suficiente?”, pensou para si mesma, optando por não alongar aquela conversa que como sempre acabaria com ele a deixá-la a falar sozinha.

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