A Cavaleira de Dragões (Compl...

By ladias08

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Ailin sempre tinha ouvido falar da guerra incansável travada nos reinos maiores. As heróicas histórias falava... More

Introdução
Epígrafe
1. O aço azul
2. Um contrato
3. O velho da floresta
4. Um nome para uma espada
5. Aquele que busca dragões
6. Selvagens
7. Confiar
8. Uma saída
9. Sopro de dragão
10. Entrelaçados
11. Sangue e chamas
12. O vestido azul turquesa
13. A história dos dois rios
14. Vínculo
15. Academia de dragões
16. Aprendiz
17. Os cinco aspectos
19. Dalia
20. Modesh
21. Senhores da esperança
22. Uma luz
23. Propostas
24. Experiências
25. A morte
26. Gaariel, o vermelho
27. Rei do ouro
28. Libertações
29. Vila branca
30. Reino da Areia
31. Abaixo
32. O dia do luto
33. A queda do Assassino de Racon
34. Reencontro
35. O campeão da Névoa
36. Inquietação
37. Metal e Carne
38. Fuga
39. O reino de Rubi
40. O Despertar
41. Vingança
Epílogo

18. O garoto das terras sem lei

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By ladias08

Ele trás vingança. Ódio. Caos. Desespero. Seu nome carrega o peso de quem é. E seu poder é ainda maior do que a lenda. - Relatos da general Alintanie.



— Nunca te ensinaram o quão errado é ouvir conversas escondido, meu jovem? — O reitor disse com um sorriso tenso.

Dei um passo para dentro da sala, fazendo minha melhor cara de desprezo.

— De onde venho, não existe certo ou errado.

O pai de Kiram imediatamente deixou cair o sorriso falso e me encarou sério.

— Não está mais nas terra sem lei.

Eu ri.

— Não estou mesmo?

O reitor levantou as sobrancelhas, e soltou uma pequena exclamação, antes de sair pela porta.

— Tenho coisas mais importantes para fazer, do que gastar meu tempo com crianças.

Vi a feição de Kiram se transformar de puro ódio em um sorriso genuíno assim que pousou seus olhos sobre mim.

— Vamos sair daqui. — Kiram chamou. — Ainda temos umas horas de estudos sobrando.

De repente comecei a ficar inquieta, estudos na biblioteca indicavam livros  e leitura.

Não seja uma covarde Lorilae, o primeiro passo para se tornar poderosa é descobrir o que te faz fraca, e corrigir isso.

Está preocupado comigo, Modesh?

Apenas tentando que fique ao menos um pouco menos idiota, e mais digna de ser minha cavaleira. Agora, você é o que me faz fraco.

Estou lisonjeada. Rebati irônica.

Apenas uma humana tola ficaria lisonjeada com uma ofensa.

Pelo visto nem toda essa sabedoria de dourado, te ensinou a compreender ironia. E se sou tola, é apenas um reflexo do que você é, ou não seria eu a ser obrigado a tomar como cavaleira, não é.

Um segundo de silêncio se seguiu, e eu podia sentir a irritação por trás das próximas palavras do dragão. Perda de tempo.



— Ama... rei. Amarei. Vo... cê. — Tentei, olhando as letras cuidadosamente copiadas no papel amarelado.

Era um poema, Kiram tinha dito, um famoso poema de amor, escrito centenas de anos atrás de um rei para uma mulher paga, que aqui chamavam de cortesã, que mais tarde viraria sua rainha, contra a vontade de toda sua corte. Ele tinha passado a última hora tentando me ajudar a melhorar minha leitura, o que não estava indo muito bem.

— De.. se... ses... be... não, desespe... — Bufei, e joguei o pedaço de papel para longe.

Estávamos em um sala reservada para estudos em grupo na biblioteca, e possivelmente ninguém nos ouvia, mas mesmo assim, odiava ser ruim em algo, mostrar em que não era tão invencível assim. Mesmo que apenas para Kiram.

O rastreador soltou uma risadinha, e recolheu o papel.

—Já vai desistir assim? — Ele falou. — Vi você nem ao menos hesitar em enfrentar dezenas de contrabandistas armados, um anevoado, e um dragão dourado. E vai perder para um pedaço de papel?

Grunhi. Tomando o papel na mão dele, para tentar decifrar o poema.

— Desespe... — Comecei, lançando um olhar irritado para Kiram, que apenas acenou, para que eu continuasse. — rada... mente. Desesperadamente.

Soltei um suspiro aliviado.

— Quan-quando tudo ru-ur.

— Ruir. — Corrigiu educadamente.

— Quando tudo ruir. — Li tudo novamente, saboreando a sensação de entender as palavras. — Es-ta-re-i com você. Quando o m-mun-do aca-bar. Fi-carei com você. Quando a né-vo-a ca-ir. Do-mi... Dormi...

—Dormirei. — Interveio.

— Dormirei com você. — Li a frase inteira em um fôlego, me lembrando das palavras que tinham acabadas de serem ditas por mim. — Mor-rei... morre-rei por você. Vi-verei em você, por você.

As palavras ditas rapidamente me tiravam o fôlego, uma história de amor, que poderia ter um fim trágico, pela névoa que os assombrava da mesma forma que agora, nos assombrava.

— Esta-rei, fi-carei, dormirei, morrerei, viverei, ao seu la-do. — Continuei. — A-go-ra, e a-laem.

— Além.

—Agora e além. — Repeti, com um suspiro. —Por-que te a-mo sim-pe-le... simples?

Kiram assentiu.

— Porque te amo simples-mente.

Amor. O sentimento por trás daquelas palavras era estranho para mim, o laço forte entre duas pessoas, franzi o cenho, algo que definitivamente não era possível para mim. Não para o assassino de Racon.

— Está bem melhor. — Kiram falou orgulhoso. —É apenas uma questão de prática, quando começar a aprender a sua relação com Modesh poderá inclusive usar a magia dele para aprender as coisas mais rápido, dourados tem magia semelhante a todos os outros dragões, e essa é a habilidade dos azuis.

— Por que não disse isso antes? —Resmunguei. —Me pouparia de todo esse trabalho.

Kiram riu.

— Para um cavaleiro conseguir usar a magia draconica, sua relação com seu dragão deve ser inabalável, devem pensar e se portar como um, e devem conhecer um ao outro, cada parte escura do que faz o seu par. Já que para utilizar a magia de um dragão o cavaleiro deve procurar fundo na mente do outro, extrair sua energia, fazer isso sem que estejam íntimos o suficiente seria uma violação. — Kiram explicou.

Uma imperdoável. Modesh avisou, deixando claro a gravidade por trás de seu tom de voz.



Quando Kiram finalmente me deixou para cuidar de seus afazeres eu resolvi explorar. Tinha pelo menos uma hora livre depois de comer um incrível prato enorme de ensopado, e planejava usa-la bem, com uma longa caminhada pelos terrenos da academia, não podia me dar ao luxo de ficar sedentária.

Tinham dito que aquele lugar se estendia por quilômetros, para atender as necessidades dos dragões de caça e voo. Escolhi uma direção aleatoriamente, decidindo pegar o caminho do bosque. Assim que entrei na cobertura das árvores percebi a trilha limpa de terra batida, pela qual segui.

O lugar era incrível, não parecia surrado pela a constante intervenção humana como os bosques das terras sem lei. E vez ou outra eu podia ouvir um animal correr para dentro de um arbusto pelo som dos meus passos.

Andei, vez ou outra me deparando com um grupo de magos, que analisavam plantas cuidadosamente, apenas para anotarem furiosamente suas impressões em pranchetas finas de madeira. Andei, até que estava longe demais para ver qualquer outro mago, segui a trilha até que o barulho dos dragões que treinavam com seus cavaleiros na parte da frente da academia, já não mais chegavam até mim.

O bosque era muito fechado naquela parte para qualquer dragão andar pelas árvores, ainda me sentia inquieta perto deles, mesmo os domados há séculos atrás me lançavam olhares hostis desconfiados quando tinha que passar perto demais de algum deles.

Apenas parei de andar quando a trilha encontrou um riacho. Estreito, mas com correnteza veloz. A água parecia limpa, mas eu sabia bem as consequências de beber água diretamente do rio. Me sentei em uma pedra próxima, e respirei longamente o ar, sentindo o cheiro de terra molhada e orvalho. Fechei os olhos por um breve segundo, quando um barulho tão baixo quanto uma respiração, fez meus sentidos ficarem em alerta. Esperei, cuidadosamente levando a mão até Estupidez.

Outro barulho, mais alto dessa vez, anunciou a presença de observadores. Estragando meu momento de sossego. Depois de tanta leitura miserável.

— Vão falar logo o que querem, ou planejam ficar se escondendo como ratos? — Perguntei, já irritada.

Uma risada se seguiu, me fazendo virar para trás, sem levantar da pedra. Um jovem moreno e alto saiu de atrás das sombras de uma arvore, não demorou para outros dois fazerem o mesmo. Todos eles eram robustos, não apenas por causa de músculos obtidos por meio de exercício e treinamento, mas também pela quantidade de comida fácil que deviam ingerir naquele lugar, e pareciam tão jovens quanto eu. O olhar malicioso no rosto daqueles garotos já me indicou suas intenções. Minha mão saiu de Estupidez, não iria desonrá-la com algo assim.

— Olha só o que temos aqui. — O moreno começou.

— O garoto das terras sem lei. — Outro terminou.

— São bem ensinadinhos, hein? — Zombei, fazendo-os lançarem olhares confusos para mim. — Toda essa coisa de terminarem as frases um dos outros. — Ou são amantes vorazes, ou são macaquinhos de trupe...

O olhar dos jovens endureceu.

— Não sabe com quem está falando.

— Nem ao menos me importa.— Rebati. —Agora seria muito agradável, se me deixassem curtir meu momento de paz, antes de ter que voltar para junto de mais ensinadinhos como vocês. Façam, enquanto estou pedindo com educação.

Os garotos se mexeram inquietos, sem muita certeza sobre o que eu estava falando. Não eram apenas os inteligentes que iam para aquele lugar?

— Acho que teremos que ensinar algo para você, aprendiz.

Levantei uma sobrancelha e ri em deboche, encarando as espadas que desembainhavam, todas com a pedra marrom incrustada na lamina, o símbolo dos cavaleiros de dragões da academia da madeira.

Lorilae?

Não se preocupe, só estou me divertindo.

Modesh não respondeu, quando os três investiram contra mim.

Seus movimentos eram precisos, ainda mais do que eu imaginava. A habilidade que o loiro tinha com a espada me fez sacar uma adaga. Não usaria Estupidez, isso era certo, mas infelizmente, para ele, aquela era o tipo de arma que tinha sido treinada para usar. Desviei de um deles, e pulei para trás tentando deixar minhas costas viradas para uma árvore grande. acertei o punho na adaga com força, na cabeça do mais distraído dos cavaleiros.

Por mais habilidosos, eram lentos, e tinham a certeza da vitória como uma fraqueza. Nunca esperariam que um jovem das terras sem lei saberia como lutar, muito menos daquela forma.

Com outro giro, desviei de um golpe poderoso, e dessa vez usei o punho para acertar em cheio a mandíbula de um deles, que caiu no chão. Bloqueei golpe atrás de golpe, pensando em maneiras de não matá-los. Tudo acabaria em um segundo, se eu pudesse realmente usar aquela adaga, mortalmente afiada. Com um bufo, eu joguei a minha arma para longe, levantando meus punhos na altura do rosto, aquilo ia ter que ser do modo antigo.

Espadas, contra minhas mãos. Sorri. Mesmo não sendo adversários tão empolgantes, aquilo ia ser interessante.

Tola.

Os dois homens que ainda restavam de pé, torceram os lábios em sorrisos amarelos. Quando o moreno preparou um golpe, me abaixei, rodopiando com a perna estendida, a fim de acertar o pé de apoio do meu atacante, que caiu. Aproveitei os segundos para parar o golpe do outro, dando um passo para longe do caminho de sua espada e segurando sua mão em punho, usando a força de meu ante braço para quebrar o braço esticado que segurava a espada.

Só restava um, percebi quando o homem caiu gritando por causa de um braço quebrado. Fraco, pensei.

Estava fácil assim e nem ao menos tinha ficado com raiva.

O moreno, para minha surpresa parou de atacar com fúria, para plantar seus pés no chão, melhorando sua postura, agora que percebia que eu não era uma adversária qualquer. Eu pisquei para ele, com um sorriso zombeteiro, e levantei o dedo indicador, fazendo um sinal para que viesse, como se fazia aos cachorros.

Ele grunhiu, e eu gargalhei. Quando o golpe veio, mas não da maneira simples que eu esperava, por muito pouco errando minha cabeça. Franzi o cenho, e soquei, mas agora eu não consegui me aproximar. Desviei de mais um golpe do cavaleiro, que tinha concentração agora estampada em seu semblante. Acertei um chute na parte de trás de sua perna de apoio, mas ele não caiu. Sua base estava sólida. Talvez, não deveria ter abandonado a adaga. Tinha outras armas comigo é claro, mas aquilo era agora uma questão de honra. A espada do jovem me acertou de raspão no braço quando fui ousada demais para me aproximar rapidamente com um soco.

— Vou acabar com você. — Ele falou.

A dor irradiou pelo meu braço direito, quando senti o familiar formigamento que minha raiva sempre trazia. Outro golpe veio, mas dessa vez eu era mais rápida, muito mais do que ele poderia prever, com um movimento certeiro de torção em seu punho desarmei sua espada, e passei para suas costas, segurando seu pescoço firmemente com o braço. Assim poderia facilmente matá-lo se quisesse.

Apertei, o jovem soltou um barulhos estrangulado, e bateu em meu braço com a mão. Se rendendo.

Eu ri, e apertei um pouco mais, vendo que o primeiro desacordado agora manifestava sinais de consciência, enquanto o que estava com o braço quebrado apenas me olhava, em pânico.

Quando finalmente soltei o moreno, ele caiu no chão procurando desesperadamente por ar, seus amigos agora cambaleavam em sua direção.

— Agora aprendam: Nunca mexam com o garoto das terras sem lei. — Falei por fim.

— O que está acontecendo aqui? — Uma voz grave e desconhecida, gritou furiosa, atrás de mim.



Oláaaa, segunda feira chegou com mais um capítulo novinho para vocês, oq acharam?


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