60 dias com eles

By dreamervick

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Julieta Fields é a garota mais certinha que Los Angeles conhece. Ela nunca se atrasou, nunca quebrou regras e... More

Intro + apresentações
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Epílogo
Agradecimentos

Capítulo 29

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By dreamervick

Sento em uma mesa no canto e Matthew me acompanha sentando na minha frente, a única coisa que nos separa é uma pequena mesa de madeira.

— Vai beber alguma coisa? — Ele pergunta distraído, olhando para a decoração acolhedora do bar. Ele é pequeno, tem poucas mesas e poucas cadeiras, no máximo umas seis ou sete já que a maioria das pessoas sentam em frente ao balcão para facilitar o pedido das bebidas. O bar por incrível que pareça é bem aconchegante, as luzes são escuras para dar um clima mais noturno, tem uma lareira no canto que não está acesa por conta do aquecedor que já está ligado. Do outro lado do bar eu consigo ver um pequeno palco onde as pessoas estão indo para cantar, é uma espécie de Karaokê. É um lugar que com toda certeza o meu pai gostaria de conhecer, ainda mais pela bebida.

— Eu não bebo.

— Eu já deveria imaginar. — Ele abre um sorriso. — Como você não vai beber, eu também não irei. Vamos pedir batatas fritas.

Rio e desvio o meu olhar do seu.

— Não precisa, Matt, pode beber se você quiser. Eu não ligo. — Dou de ombros. Eu lidei a vida inteira com o meu avô afogando as suas mágoas na bebida, já estou acostumada em ver as pessoas a minha volta beberem.

Ele me encara por alguns segundos como se estivesse esperando eu mudar de ideia, mas eu não mudo, e então ele desvia o olhar e chama o garçom, que no mesmo segundo corre até nós.

— Boa noite! O que vocês irão querer?

— Uma porção de batatas fritas e um copo de Whiskey. — Ele pede sorrindo e o garçom assente com a cabeça indo até o balcão, onde todos os outros funcionários estão trabalhando.

— Tem certeza que não se incomoda se eu beber?

— Tenho. Não tem problema algum, Matthew. — Abro um sorriso para tranquiliza-lo.

Ficamos em silêncio por alguns segundos.

— Nem parece que já se passaram um mês e dezoito dias. O tempo passou tão rápido. — Comento rindo. — Nem acredito que a competição de skiing é daqui à dois dias. Você vai participar?

— Provavelmente não. Agora eu só quero esquiar por diversão, não quero mais todo aquele peso da competição em minhas costas, ainda mais porque eu sou uma pessoas extremamente competitiva, não daria certo.

— Entendo. — Digo. — Estou muito feliz por você ter voltado à esquiar. Consigo ver em seus olhos que está feliz com tudo isso.

— Muito. Eu achei que eu nunca iria conseguir voltar para a pista, sabe? E agora parece que tudo mudou...sei lá parece que eu nasci para fazer isso entende? É uma loucura. Obrigado Julieta, por fazer isso acontecer.

— Você não precisa me agradecer. Lembra que você fez uma cirurgia e ficou de cama durante sete dias por minha causa? O que eu fiz por você não chegou nem perto do que você fez por mim. Obrigada.

Paramos de falar quando os nossos pedidos chegam. Como as minhas batatas enquanto o Matthew bebe o primeiro copo de Whiskey, ele pede mais um, e mais um, e mais um, e quando vejo ele já bebeu uma garrafa inteira sozinho. Não se passaram nem duas horas direito e já consigo ver um bêbado em minha frente. Meu Deus o que eu fiz para merecer isso?

— Eu vou pedir mais uma garrafa de bebida. — Ele me avisa levantando e andando cambaleante até o balcão.

— Matthew, já está na hora de parar de beber. — Aviso gritando para ele conseguir escutar do balcão.

— SÓ MAIS UMA DOSE! — Ele grita gargalhando e se juntando a um grupo de homens mexicanos que estão bebendo, dançando e cantando várias músicas em espanhol com um visual bem nativo do seu país. Eles usam sombreros e mantas, é engraçado. Todos eles parecem estar bêbados também. 

Pego o meu celular no bolso da minha calça jeans e ligo para o Thomas. Ele é a única pessoa que pode me ajudar nesse momento já que minha mãe e o meu pai brigariam comigo, a Nathalie iria me ignorar assim como a Kylie, o Jason com toda a certeza deve estar dormindo já que ele sempre dorme cedo, e a Hillary ainda é uma pré-adolescente.

Disco o número do Thomas e no segundo toque ele já me atende.

— Alô? Quem é?

— Sou eu Thomas, a Julieta.

— Não tenho dinheiro, não adianta nem pedir. — Ele avisa.

— Eu não te liguei para pedir dinheiro, idiota. Liguei para você me ajudar à levar o Matthew para casa. Ele está muito bêbado.

— Onde vocês estão?

— No bar do Franklin. Naquela cidadezinha de compras perto da pista.

— Chego em dez minutos. Só não deixa ele beber mais.

— Tudo bem. — Sorrio admirando a preocupação do Thomas com o Matt.

— Não quero que ele acabe com toda a bebida. Eu também quero beber.

— THOMAS! — Grito vendo toda a minha admiração ir para o ralo. Ele é um idiota mesmo.

A ligação é encerrada, já que o Thomas desliga na minha cara.

Quando olho para o Matthew mais uma vez vejo ele bebendo tequila, cantando e dançando uma música em espanhol junto com os seus novos amigos mexicanos. É engraçado, mas ao mesmo tempo deplorável, já que ele não dança nem canta bem. Matthew está com um sombrero gigante em sua cabeça, provavelmente algum dos mexicanos emprestou para ele.

Levanto correndo da cadeira e vou até ele o mais rápido que posso. Tiro a garrafa de tequila da sua mão e o puxo para o canto do bar. Matthew está tão cambaleante que quase cai em cima de mim.

— Chega de bebida! Agora nós dois vamos para o hotel, você vai tomar um banho e vai dormir.

— Ahhhhh por que? — Ele faz bico enquanto aperta a minha bochecha como se eu fosse um bebê. — A vida é tãooooo lindaaaaaa! Acho que eu vou começar a surfar aqui no Havaí. — Ele grita com a voz embriagada.

— Matthew, chega! — Afasto as suas mãos do meu rosto. — Vamos embora.

Ele revira os olhos e desvia o olhar.

— Poxa! Para de ser tãoooooo chata assim. — Ele pede. — Você é muito bonita sabia? Seu cabelo vermelho parece fogo, eu adoro isso. — Ele diz pegando uma mecha do meu cabelo e enrolando em seu dedo, seria uma cena extremamente fofa se ele não estivesse bêbado.

Os seus amigos mexicanos o chama novamente, Matthew distribui beijos pela minha bochecha e em seguida ele anda até os seus amigos, esbarrando em tudo o que vê pela frente.

— ¡Estoy de vuelta personal! — Ele grita quando chega perto dos seus amigos que também gritam com felicidade erguendo os seus copos e bebendo tequila de novo. Dá onde o Matthew aprendeu a falar espanhol?

Eu desisto. Volto para a minha mesa e espero o Thomas chegar para tomar as rédeas da situação. Eu estou tão cansada e sem paciência que se eu me estressar mais um pouco é capaz de eu sair socando a cara de todo mundo desse bar, inclusive a do Matthew.

Mexo no celular, respondo algumas pessoas e depois de uns cincos ou seis minutos vejo Thomas entrar pela porta da frente. Seus olhos parecem estar perdidos, mas quando ele me vê ele sorri e vem andando até mim, eu aponto para o Matthew antes mesmo dele chegar perto. Thomas para no meio do caminho e observa o meu namorado falso perder a linha. Ele gargalha e volta a andar até mim.

— Parece que o Matthew fez novas amizades! — Ele gargalha mais uma vez. — Amizades super educativas e seguras.

— Só tira aquele idiota de lá antes que eu mesma faça. Já aviso que não será de uma forma pacífica. — Ergo a faca na direção de Thomas, que se afasta com os olhos arregalados. Rio por dentro, não acredito que ele acha mesmo que eu vou esfaquear alguém.

— Sim, senhora! — Ele ajeita a postura e bate continência como se fosse um soldado.

Vejo Thomas se afastar e ir até o Matthew e os seus amigos. Acredito que agora fique tudo bem. Thomas tomará as rédeas da situação.

Pelo menos era isso que eu pensava até ver ele tomar uma garrafa de tequila de uma vez só enquanto todos os outros gritam e aplaudem o mesmo que se junta ao grupo.

Isso só pode ser brincadeira.

Levanto da cadeira de novo e puxo o Thomas para o canto do bar assim como eu fiz com o Matthew há alguns minutos atrás. Ele não está cambaleante nem nada do tipo, só está com um bafo forte de bebida.

— Que merda você está fazendo?

— Calma, Julieta. É tudo parte do meu plano. Vou fingir ser amigo deles para depois atacar.

Reviro os olhos.

— Isso é sério mesmo?! Nós não estamos em um filme, Thomas. Só tira o Matthew de lá e vamos embora.

— Eu vou seguir o meu plano. Vai dar tudo certo, você vai ver.

— Mas se você ficar bêbado?

— Eu não vou ficar bêbado. — Ele diz com certeza em sua voz. — Eu nunca ficaria.

[...]

Thomas está bêbado.

Espero alguma reação do Thomas contra o que eles estão fazendo, mas para a minha infelicidade ele só se junta ainda mais com eles e bebe também. A situação só piora quando Matthew e Thomas decidem cantar juntos no Karaokê a música Time of my life. A voz dos dois está tão embriagada e eles estão tão cambaleantes que os dois parecem mais palhaços do que cantores.

Ligo para a Kylie que depois de muito tempo atende, de início ela não aceita vir até aqui para me ajudar, alegando não estar nem aí para os dois, mas depois de muitas ligações e depois de eu encher muito sua cabeça ela acaba aceitando. Em menos de dez minutos ela chega, com um facão na mão.

— Está louca? Quer matar todo mundo do coração? — Corro até a entrada do bar me juntando a ela.

— Essa é a única forma de assustar esses retardados mentais. Vem me ajudar! Trouxe um para você também. — Ela tira o outro facão da bolsa.

— Eu não vou segurar isso! — Me afasto.

— Está na hora de você deixar de ser uma pimentinha e virar um pimentão. Vamos lá, Julieta! Vamos acabar com esses garotos e levá-los para o hotel porque eu já estou sem a mínima paciência. Esse lugar está fedendo a cocô de cabrito. — Ela faz uma careta.

— Pimentão?

— Isso, Pimentão! Vamos lá. — Ela passa por mim esbarrando no meu ombro e jogando o facão na minha mão. Kylie anda em passos duros até o Matthew e o Thomas, que continuam cantando feito idiotas.

— Acabou a papagaiada! O dono do canil está esperando os dois cachorros que fugiram para beber. — Ela grita apontando o facão para o Matthew e Thomas, deixando todos em nossa volta assustados.

— NÃO FALA DE PAPAGAIOS! O SALSICHA ADORAVA ELES. — O Thomas grita e começa a chorar ao lembrar do seu passarinho que morreu. Matthew abraça o amigo.

— Viu o que você fez, Kylie? Sua insensível! Acabou com o coração do garoto, e fez ele lembrar de memórias antigas que destroem a sua felicidade. Thomas está tão triste. — Matthew defende o amigo enquanto todos os clientes correm para fora do bar com medo da Kylie e do seu facão. Ela foi apelidada por todos como a garota do facão.

— Desculpa, Thomas! Eu não queria te fazer lembrar do salsinha. — Ela se desculpa abaixando o seu facão e abraçando o Matthew e o Thomas.

Será que a Kylie foi para o lado dos bêbados?

O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI?!

A minha paciência se esgota. Vou até os três e com o meu facão na mão eu aponto para cada um deles como se eu fosse um monstro. Eles se assustam.

— ACABOU! TODOS PARA O HOTEL AGORA. — Grito.

— Muito bem, Julieta! Você virou um pimentão. — Kylie aplaude e Thomas e Matthew fazem o mesmo enquanto gargalham. Thomas gargalha tanto que acaba esbarrando na televisão e destrói o karaokê.

Puxo a orelha do Matthew e do Thomas enquanto eles gritam. Rumo para a saída do bar, mas sou parada por um homem alto e forte que usa um avental com o símbolo da loja.

— Olá! Pode me dar licença? — Grito sem um pingo de paciência.

— NÃO! — Ele grita.

— Quem é você? — Kylie pergunta atrás de mim.

— SOU O FRANKLIN! — Ele grita.

Ops! Ele é o dono do bar.

— Vocês fizeram toda a minha clientela ir embora e destruíram o meu karaokê. Agora eu vou acabar com cada um de vocês.

Meu corpo estremece. O cara vai matar a gente.

— Franklin, desculpa mas eu sou hétero e não vai rolar nada entre a gente, entende? Não quero ficar com você. — Thomas declara com o olhar tristonho e com a voz embriagada.

Thomas já é um idiota normalmente. Essa idiotice triplica quando ele fica bêbado.

O homem fica ainda mais bravo.

— Cala à boca, Thomas. — Kylie resmunga antes do Franklin correr atrás da gente como um louco. Nós fugimos para fora do bar, mas ele continua nos perseguindo.

— Pimentão, usa os seus poderes e faça alguma coisa. — Thomas pede gritando enquanto corre do homem.

— NÃO ME CHAME ASSIM. — Grito.

Matthew está bem mais atrás de nós pelo simples fato de estar muito mais bêbado que todos. Ele parece um pontinho no meio da neve com um sombrero gigante na cabeça. É bem hilário. Ele corre todo desengonçado e desesperado.

— CORRAM, ELE ESTÁ CHEGANDO MAIS PERTO! — Thomas grita.

É. Eu estava mais certa do que eu imaginava. Será uma longa noite.

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