Attention - Min YoonGi

De _litmus

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Kim (S/N) era uma adolescente cheia de vida. Gentil, bondosa, extrovertida, e feliz, vivia com o pai em Busan... Mai multe

Prólogo
Um
Dois
Três
Quatro
Cinco
Seis
Oito
Nove
Dez
Onze

Sete

60 7 2
De _litmus

Obcecada

Tudo se perdeu, como folhas para o vento

Se sobrou algo de mim, no fundo, lá dentro

Luto pra encontrar, mas no fim eu nunca venço

Eu tento, mas é só perda de tempo

A cada dia estou mais frio, perdido em pensamentos

— Monster, Tauz

(S/N) não viu as paredes brancas do hospital por muito mais tempo. Depois do depoimento colhido, saíram o resultado dos exames, que indicavam que — apesar dos pesares — seu quadro era estável. Teria que tomar vários remédios no decorrer da semana, para evitar uma série de doenças, mas esse era um tratamento que poderia ser feito em casa. Encontrava-se no carro de SeokJin, e ambos voltavam para casa — "casa". O apartamento no prédio de época não era o que ela chamava de casa, e sim a realidade que a abatia.

Sua casa era a construção georgiana que se erguia no bairro central de Busan.

A Kim encarou as ruas pela janela, sem realmente vê-las e o silêncio era, de certa forma, reconfortante — depois de tantos gritos e lágrimas, era muito reconfortante.

A luz laranja do semáforo piscou, ficando vermelha em seguida, o carro dos Kim parou, como todo os outros.

(S/N) assustou-se brevemente com a mão de SeokJin, que ficou sobre a sua.

— Me perdoa. — ele sussurrou, encolhendo-se involuntariamente.

— Não há o que perdoar, tio Jin. — falou, a voz extremamente cansada. O corpo estava dolorido: o efeito do remédio passava.

— Juro pra você que vamos ser felizes outra vez, (S/N). — ele soou desesperado. — Juro que vamos, como antes.

— Eu sei que vamos. — mas a voz dela era vazia, como se ela estivesse oca por dentro. E de fato, era como se sentia.

— Nunca mais serei irresponsável com você. Nunca mais vou te deixar sozinha. — pela primeira vez, (S/N) prestou atenção em algo: o rosto do tio, a expressão de profunda tristeza. Ele parecia prestes a chorar; os olhos estavam repletos de lágrimas: o homem piscou, e elas despencaram livremente.

Antes que ele pudesse fazer algo, a sobrinha esticou o braço e secou seu rosto, dando-lhe um beijo casto na bochecha em seguida.

— Você nunca foi irresponsável, muito menos comigo. — ela conseguiu dar um sorriso, a custo de um esforço hercúleo. — Eu te amo, tio Jin. — a essa altura, os olhos já estavam marejados, então ela olhou para as próprias mãos, que estavam entrelaçadas. — Nós somos tudo um do outro... somos tudo o que temos, e você não falhou. Pare de se culpar, está bem?

A Kim afagou-lhe o braço e se recostou no próprio banco no exato momento em que o sinal abria. Olhou uma última vez para a repartição verde antes que o tio arrancasse, e tentou não imaginar nem perceber quais daqueles carros os seguiam — ela tinha certeza que SeokJin pedira uma escolta, descaracterizada para melhor segurança —, ou ainda se eram apenas os policiais.

Não haviam muitas certezas pela frente, mas a de que ela procuraria em cada rosto um perseguidor era garantida.

— Eu também te amo, (S/N), muito. — ele murmurou, e lhe sorriu. Dividido entre o trânsito e a sobrinha, comentou, após alguns segundos: — Não se esqueça do cinto.

O coração dela doeu com o dejá vú. Ela sempre se esquecia.

Naquele momento, quase pode ver o pai sentando ao banco do motorista, com um sorriso incrível e o ar brincalhão, ralhando com ela.

"Como vamos manter a ordem e fazer com que as pessoas cumpram as regras se nós não as respeitamos?" ele dizia.

(S/N) suspirou, colocando o cinto de segurança. Ela oscilava entre a sonolência e a consciência, cochilando algumas vezes, curvada pelo cansaço.

Entre os pequenos pesadelos que teve, havia outra certeza. Ao ouvir a voz de Mon-sik Ayato falando do pai daquela maneira, ela sabia.

Vingaria NamJoon. Ainda que isso fosse seu último ato.

[...]

O barulho das chaves parecia ecoar pelo corredor, enquanto Jin abria a "casa". Quando a porta foi aberta, (S/N) entrou, os tênis fazendo um baque surdo contra a cerâmica branca. Olhou ao redor, com um misto de familiaridade e estranheza e apenas assentiu quando ele perguntou:

— Quer tomar um banho... comer alguma coisa?

Assim que o tio trancou a porta, ela fez menção de ir ao banheiro.

— (S/N). — a Kim virou-se para trás, para o tio. — Fique tranquila, ok? Estamos seguros aqui.

— Escolta? — a compreensão se fez. Ele assentiu para a menina, que tentou esboçar um sorriso, sem sucesso.

Ela olhou, vazia, em volta uma última vez e foi para o banheiro. Assim que abriu a porta, quase teve uma síncope — havia alguém ali.

Vasculhou todo o banheiro com um terror crescente, mas não achou nada nem ninguém. Era paranóia, e apenas paranóia — a polícia estava ali. Eles estavam seguros.

A polícia — ela odiava tanto a polícia, aqueles que tinham indiretamente tirado a vida de seu pai: era o emprego amado, parte da vida dele, era a essência de NamJoon. Era de onde tinha saído Jackson Wang. Era, depois do traficante vigarista, sua pior inimiga: arrastava seu tio ao mesmo caminho, e a ela, mesmo que por vingança. Era um círculo vicioso, um caminho de ódio, e no fim, era dela que dependia — era o que movia sua vida.

(S/N) chorou de ódio, as lágrimas pareciam ferver em sua pele. Ela abriu a torneira da banheira e esperou, despindo-se e se sentando na beirada enquanto enchia.

Ignorou o pulo involuntário que lhe ocorreu quando uma brisa fria tocou suas costas e entrou na banheira quando ela se encheu.

A água quente a acalmou, e (S/N) se sentiu segura para esticar o braço e pegar o sabonete. Estava totalmente ensaboada, esfregando-se, tentando tirar a sujeira imaginária, impregnada em si.

E de repente, numa ilusão ótica, o homem ruivo estava sorrindo para ela, sufocando-a na banheira.

Os gritos desesperados ecoaram, e em segundos, SeokJin estava ali. (S/N) se debatia na banheira, e quando ele pegou-a pelos ombros e disse que estava tudo bem, a sobrinha o encarou, o olhar tornando-se menos enevoado e aterrorizado, até que pareceu se situar. Os olhos lacrimejavam, mas não pelo sabão que os machucava, fazia-os arder.

— Está tudo bem, meu amor. — garantiu Jin, abraçando-a superficialmente: a menina mergulhara na banheira, não se esquecendo por meio segundo que estava nua. — Está tudo bem agora, você está segura.

— Me desculpa tio Jin. — falou rápido, e as lágrimas despencavam, os soluços que a atingiam faziam-na tremer. Ele esperou que se acalmasse e perguntou:

— Você quer que eu fique aqui? — antes que (S/N) negasse, completou: — Fico ali, parado na porta, de costas.

Ela não só não queria que SeokJin visse as marcas que o desgraçado deixara. Estava aterrorizada, e ele era seu único porto seguro. E se Jin fosse a cozinha preparar o jantar e ele o pegasse? A polícia estava escoltando-os, mas seu pai morrera sob a "cobertura" de vários policiais.

Não. Não podia perder Jin também.

— Obrigada. Eu amo você.

[...]

— Bom dia, (S/N). — A sra. Jung disse, para a figura curvada diante do computador. A luz do quarto estava apagada e, quando ela acendeu a lâmpada, entrando com a bandeja, a garota piscou para a claridade.

— Bom dia, sra. Jung. — cumprimentou após alguns segundos. O coração desacelerou aos poucos, a medida que se dava conta de que era apenas a sra Jung trazendo seu café da manhã.

Não que fosse uma exigência de (S/N). Mas se a mãe de Kai não trouxesse a comida, ela não comia — achava que não faria falta, e digeria aquilo apenas pela consideração, pelo trabalho que ela tivera de preparar algo.

A sra. Jung estava sendo como um anjo para os Kim.

— Ficou acordada a noite inteira? — ela sondou, observando a aparência da menina. Olheiras profundas e um pouco arroxeadas marcavam a pele morena, que ficara meio pálida. Os cabelos estavam desgrenhados e alguns fios se prendiam na pele dela, grudados pelo suor. Os olhos perdidos estavam vermelhos e ela parecia prestes a desmaiar. — Você está bem?

— Só fiquei sem sono. — sussurrou, pela dor de cabeça. Em seguida pegou um dos sanduíches preparados e o mordeu: o estômago embrulhou, dizendo claramente que não queria aquilo, mas engoliu, tentando sorrir. Pareceu apenas muito doente e magra. — Obrigada, está uma delícia sra. Jung.

A mãe de Kai olhou-a preocupada. (S/N) sentia todo o corpo dolorido, mas isso agora era uma coisa cotidiana.

— Por nada, querida. — ela acariciou os cabelos bagunçados e ressequidos da Kim. — Quando acabar, tome um banho, está bem? E descanse. Pelo menos até a hora do almoço.

A menina assentiu, engolindo outro pedaço do sanduíche com dificuldade. Bebeu goles do café, na esperança de que o líquido melhorasse o enjoo e assim que a sra. Jung passou pela porta, abandonou o café-da-manhã tentando não vomitar.

Odiava se forçar a comer, mas a mulher estava ajudando seu tio como podia.

Ela minimizou a janela do programa, que trabalhava numa atualização: demoraria um pouco até estar pronta, talvez quinze minutos. Era o que precisava.

(S/N) pegou uma toalha, roupas íntimas e um blusão, indo até o banheiro. Agora que as marcas estavam desaparecendo — passara-se duas semanas desde o estupro —, ela podia dispensar o uso das calças de moletom, sempre quentes demais. Estremeceu contra o porcelanato frio do cômodo e bocejou, enquanto jogava as roupas que usava no chão.

Uma ducha fria e rápida depois, vestiu o blusão, com energia revigorada. Voltou ao quarto e resolveu terminar o café, para o caso da sra. Jung aparecer — engoliu rapidamente o que restara do sanduíche natural e mais outro, mas deixou o último, chegando em seu limite. O café estava frio, e permaneceu intocado: (S/N) atacou o suco, bebendo em goladas por causa da garganta seca. Depois, fez um ruído de satisfação mesclado ao cansaço e se sentou, pegando o notebook.

A atualização acabara de se concluir, o que fê-la pensar que estava melhorando quanto a noção de tempo — quase um milagre. Ou talvez, sede de vingança, já que ela precisava correr contra o tempo e ter muita noção dele depois do que descobrira. Mal podia esperar SeokJin chegar. Iam ter uma conversa séria.

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