Viola e Rigel - Opostos 1

By NKFloro

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Se Viola Beene fosse um cheiro, Rigel Stantford taparia o nariz. Se ela fosse uma cor, ele com certeza não a... More

O Sr. Olhos Incríveis
A Cara de Coruja *
A segunda impressão
O pesadelo *
O Pedido
O Presente
O Plano
O Livro
A Carta
O Beijo
A Drums
A Raquetada*
O Queixo Tremulante
Cheiros
Os Pássaros *
O Pequeno Da Vinci
O Mundo era feito de Balas de Cereja
O Dia do Fundador
BOOM! BOOM! BOOM!
A Catedral de Saint Vincent
Ela caminha em beleza
Anne de Green Gables
O Poema
Meu nome é Viola
Cadente
Noite de Reis
Depósitos de Estrelas
70x7
A loucura é relativa
Ó Capitão! Meu capitão!
E se não puder voar, corra.
Darcy
Cupcakes
Capelletti e Montecchi
Ensaio sobre o beijo
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Metamorfose
Perdoar
Natal, sorvete e música
Anabelle
Clair de Lune
Eu prometo acordar os anjos
Red Storm
Purpurina da autora: O que eu te fiz Wattpad?
Palavras
Como dizer adeus
Macaco & Banana
Impulsiva e faladeira
Sobre surpresas e ameixas
Infinito
Como uma nuvem
Sobre Rigel Stantford (Mad Marshall Entrevista)
Sobre Viola Beene (Mad Marshall Entrevista)
Verdades
Rastejar
O Perturbador da Paz
Buraco Negro
O tempo
A Promessa
O tempo é relativo
Olá, gafanhoto
Olhos de Safira
O caderno
De volta ao lar
A Missão
A pior noite de todas
Grandes expectativas e frustrações maiores ainda
Histórias de amor e outros desastres
Sobre escuridão e luz
Iguais
Sobre CC e RR
Salvando maçãs e rolando na lama
O infame
PRECISAMOS FALAR SOBRE PLÁGIO
Promessas

Show do Prescott

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By NKFloro

Abro os olhos lentamente e pisco algumas vezes antes que as retinas consigam finalmente se adaptar à claridade.

Tento virar para o lado ao ouvir uma voz, que reconheço como sendo a do meu pai, só que meu pescoço dá um estalo e uma pontada aguda atinge em cheio a base da nuca. Meu rosto inteiro se contorce de dor e sinto a maior vontade de vomitar.

― Ei, cuidado aí. ― meu pai pede. De pé ao meu lado, ele empurra meu ombro para baixo enquanto forço o tronco para cima. ― Fique quieto.

― Meu braço ― digo num tom vergonhosamente choramingado ― O que aconteceu com ele?

Uma tipóia mantem meu braço esquerdo colado ao corpo. Antes que ele responda a lembrança da queda da escada surge na minha cabeça, assim como a da culpada por ela.

― Você teve uma crise, caiu da escada e sofreu uma fratura no braço. Não é nada sério, mas precisará fazer alguns exames ― explica. ― Como bateu a cabeça, queremos descartar uma possível concussão.

― Eu vou ter que usar gesso?

― É isso aí, garotão.

Ótimo! Excelente! Agora eu terei de usar uma droga de gesso e ainda corro o risco de ter sofrido uma concussão. Embora eu ache isso improvável, visto que não sinto dor e a minha memória nunca esteve melhor... ou esteve?

Eu me lembro que a Cara de Coruja esteve aqui mais cedo, eu fingi que estava dormindo para não ter de olhar na sua cara sardenta, mas só conseguir pegar no sono de verdade depois que ela deu no pé, e agora nem sei por quanto tempo dormi... Horas? Semanas? Meses? Vai saber. Minha cabeça está uma confusão e isso deve ser efeito colateral dos trocentos analgésicos que tomei; é isso que está me afetando, os remédios.

― Como se sente? Melhor?

Defina melhor, quero responder. Mas é o meu pai e o melhor que eu posso fazer por mim mesmo é não bancar o engraçadinho. E não é por nada não, mas ele parece um zumbi do The Walking Dead de tão acabado, vai precisar de muitas horas de descanso se quiser voltar a parecer um ser vivo.

― Sim. ― respondo, engolindo saliva amarga com gosto de remédio, o que só serve para aumentar a náusea.

Volto a insistir na ideia de me sentar e a enfermeira, que até então fingia estar alheia a nossa existência, dispara na minha direção pedindo para que eu fique quieto. Não que precise, meu pai já está com a mão no meu ombro, me segurando firme no lugar e me encarando com sobrancelhas juntas.

― Quieto aí.

No exato momento em que a enfermeira chega ao leito, o diretor Prescott irrompe pela porta e, considerando o olhar que o meu pai lhe lança, eu não queria de jeito nenhum estar no lugar dele.

Descanse em paz, Sr. Prescott. Espero que o diabo celebre sua chegada pondo mais lenha na fogueira.

O sorriso do diretor morre mais rápido que o Boba Fett em O Retorno de Jedi, e se a minha cabeça não estivesse rodopiando eu daria boas risadas da sua cara.

Pra piorar, a enfermeira não para de me perguntar como me sinto e passar a mão enrugada no meu braço. Esquivo-me e a mão dela pousa no colchão. Nunca vou entender essa necessidade que algumas pessoas têm de ficar o tempo todo tocando as outras. É chato pra caramba, e um bocado invasivo.

― Oh, querido, você vai ficar bem ― ela diz. Mas não estou realmente prestando atenção, ocupado demais com o Show do Prescott, que acaba de começar e promete bons esquetes.

― Pode arrumar o travesseiro? ― peço à enfermeira Talbot. E ao tentar me sentar para ver melhor a sessão de puxa-saquismo, sinto uma fisgada no braço fraturado e volto ao lugar.

Isso é o que eu ganho por andar com a Cara de Coruja.

O diretor se aproxima e estende a mão para o meu pai, apenas pra ser ignorado. Pobre criatura.

Estico os lábios num projeto de sorriso. A enfermeira Talbot desaprova minha atitude, está escrito na sua cara que me acha um idiota. E a reciproca é verdadeira.

― O jatinho chegou ― o diretor anuncia.

― Já era tempo.

― Jatinho? ― minha voz sai chiada e confusa. ― Para que precisa de um jatinho?

― Para explorar as profundezas do oceano ― a resposta do meu pai me pega de surpresa. Eu podia estar morto a esta altura, era de se esperar que ele levasse isso em consideração e pegasse um pouco mais leve. ― Não faça perguntas idiotas, Rigel. 

― Como se sente, garoto? Pronto para uma nova? ― o diretor cospe para mim, ignorando o alerta do meu pai sobre perguntas idiotas.

― Sim, ele saltará da escada novamente tão logo saia dessa maca. Ora, Prescott, se não tem o que falar, fique calado. Mesmo o maior dos idiotas consegue se passar por esperto se mantiver a boca fechada.

O diretor afrouxa o nó da gravata e engole em seco, quase engasgando. É uma figura patética com seu terno marrom mal cortado e peruca torta.

― O Rigel se ausentará da escola por alguns dias, eu o levarei a Londres para realizar os exames ― comunica. ― E depois de tudo que aconteceu ele merece um descanso deste lugar.

Finalmente alguém está provando do próprio veneno. Essa é apenas uma das incontáveis qualidades do meu pai, ele tem o dom de pôr as pessoas em seus devidos lugares, nem precisa se esforçar para isso. Ele não deixa margens para questionamentos, sua palavra é a lei que impera neste lugar.

Pergunto-me se alguém, além do vovô Adolf, já ousou desafiá-lo. Caso a resposta seja sim, não me resta muito a fazer a não ser lamentar pelo pobre infeliz.

Abro um sorriso orgulhoso, que desaparece tão logo me recordo das palavras da Cara de Coruja. As coisas que ela dissera antes de eu despencar da escada retornam à minha mente como um tsunami.

Olho bem para o meu pai, quero lhe fazer um monte de perguntas, mas esse não é o momento.  A lembrança da sua discussão com a mamãe na sala de estar, a veemência com que ela o acusara de subornar o banqueiro para que ela ficasse com a livraria. Estou convencido de que a mulher da livraria  é a mãe da Cara de Coruja, a tal Eliza Beene, não apenas porque ela tem uma livraria, mas pela maneira como o meu pai olhava para ela naquela foto estúpida do teatro.

Não consigo parar de observá-lo, eu pensei que o conhecesse, que sabia exatamente quem ele era, agora parece haver uma lacuna separando o homem que eu conheço daquele que subornou o banqueiro para que Eliza Beene pudesse ficar com sua maldita livraria.

O que mais ele esconde? Se estivéssemos sozinhos eu perguntaria, juro que faria, acontece que nem a enfermeira nem o diretor arredam pé, e pra completar acabo de descobrir que consegui uma passagem para Londres.

Não que isso seja ruim, muito pelo contrário, esse tempo longe da Cara de Coruja me permitirá pensar com mais clareza sobre tudo e eu terei oportunidades de sobra para confrontar meu pai e arrancar a verdade dele, mas antes preciso arranjar coragem para fazê-lo.

Talvez seja melhor perguntar à minha mãe, ela não me faz tremer e suar frio. É isso, aproveitarei meu atual estado para fazer um pouco de drama e amolecer seu coração antes de partir para as perguntas difíceis. Por enquanto, continuarei agindo como se não soubesse de nada.

Depois de um tempo eu me sento na maca com a ajuda da enfermeira, meu pai continua conversando com o Prescott, e graças a falação desenfreada da mulher diante de mim não consigo entender o que dizem, pesco uma frase solta aqui, uma palavra solta ali, e isso é tudo.

Soaria muito mal educado se eu mandasse a mulher calar a boca? Acho que sim, a criatura é mais velha que o Taj Mahal, e minha mãe ficaria muito decepcionada se soubesse que fui rude com uma múmia viva.

Esforço-me para não prender a respiração, a enfermeira Talbot usa um desses perfumes baratos com cheiro de talco que ferem as narinas.

― Rigel ― meu pai chama, se aproximando a passos largos. ―, a Sra. Talbot o acompanhará até o quarto, tome um banho e ponha uma roupa limpa. Encontro você daqui a meia hora, tenho que acertar algumas coisas com o Prescott antes de partirmos.

― Acertar o quê?

― Apenas faça o que eu disse. ― Grande resposta essa. ― Senhora Talbot, pode levá-lo agora.

Levá-lo? Fala sério!

Eu não estou inválido, caramba! Meu braço pode estar ferrado, mas as pernas continuam funcionando.

― Venha, querido. ― a enfermeira pede, enlaçando meu braço que não está esfolado para me ajudar a levantar. Puxo o braço para longe e lhe lanço um olhar atravessado.

― Eu posso fazer isso sozinho.

Vou aproveitar a viagem a Londres para lhe comprar um perfume decente, algo que não feda a bunda de bebê. Não que eu alguma vez tenha cheirado a bunda de um, só acho que deve ser esse o odor.

― Eu só queria ajudar.

― Ajudará mais se não ficar me tocando ― digo com um pulo da cama.

O olhar que a Sra. Talbot me envia não é melhor que o olhar que o Alex DeLarge lança a suas vítimas em Laranja Mecânica, e algo na sua atitude me diz que ela estava torcendo para me ver derrapar no piso e rachar a cabeça.

― São ordens do seu pai ― ela bufa. ― Não seja tão cabeça dura.

― Meu pai não mandou que ficasse me tocando, apenas que me acompanhasse até o quarto. Agora se puder fazer o seu trabalho em silêncio, eu agradeço. Apesar de a minha cabeça estar latejando, sou perfeitamente capaz de me virar sem suas instruções.

Disparo à sua frente, aproveitando a distração do meu pai, que continua debatendo alguma coisa com o Prescott, e é quando os portões do inferno se abrem à minha frente.

O tempo fica suspenso.

Sinto como se todo o sangue tivesse evaporado do meu rosto ao avistar a maçaroca ruiva. Parada à porta da enfermaria está Viola Beene, oscilando na ponta dos sapatos e sorrindo para mim como uma maníaca.

Eu posso ter sobrevivido à queda, mas certamente não sobrevirei a isso. 

Olá, gafanhotos!

Sim, Viola e Rigel está de volta! 

Eu sei que foi um capítulo pequeno, mas eu pretendo postar o próximo ainda essa semana. Quero concluir logo o livro, para só então retirá-lo para revisão. Não sei se voltarei a postá-lo aqui depois que retirar, pretendo revisar e enviar pra editora que entrou em contato comigo há um meses ou mesmo publicar na Amazon. 

Não vou me estender nas notas para não dar spoiler do final. Mas para os mais sensíveis, vai um aviso: preparem os lencinhos. 

A quem continua aqui comigo depois de tudo eu só agradeço. 

Não sei se viram, mas eu postei um livro de capas. Caso se interessem, está disponível no meu perfil.

Obrigada por todo apoio e carinho de vocês. Estava vendo o livro e me surpreendi com os quase cem mil comentários deixados aqui.

Muitos kisses!

Preparem-se para se despedir de Viola e Rigel! 

Ah, o que acham que vai acontecer no próximo capítulo?

Aesthetics da Jah!

Obrigada!

Não lembro se postei antes.

Muitos kisses!

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