Aquele Piloto (Romance Gay)

Door IanFontinele

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Aaron é jogador de futebol americano em uma escola particular de adolescentes importantes em Colorado (US). A... Meer

Correr Para Viver?
Me Intimide Com Seu Olhar
Ás Vezes Não Temos Escolha
Tudo Para Ficar Mais Próximo De Você
Uma Visão, Várias Vozes
Falta De Conhecimento Traz Ignorância
Impulsos Provocados Pela Raiva
A Mídia E A Falta De Privacidade
Quais As Consequências Dessa Paixão?
O Nervosismo Provocado Pela Falta De Informação
Por Água Abaixo
Uma Vida Em Exposição
Em Que Foi Se Meter?
Se Gosta Tem Que Tentar
O Outro Lado Da Mídia
Manipulação Mental Em Forma De Pessoa
Vitória Pública Merece Comemoração Particular
Foco Para Alcançar Os Sonhos
Descobertas E Emoções À Flor Da Pele
Uma Tragédia De Grande Impacto
Tudo Em Câmera Lenta
Consequências Doloridas
O Mundo Em Uma Nova Perspectiva
Uma Nova Rotina Com Liberdades
O Amor Sempre Ajuda A Vencer Obstáculos
Aceita Ser Feliz Comigo Pra Sempre?
E Aí, Tá Pronto?
Mais Invasão, Menos Paciência
Tente Segurar Sua Raiva
Não Divido O Que É Meu
Desconforto E Compromissos
Ódio Correndo Pelas Veias
O Nascimento De Um Novo Romance?
Início De Algumas Paranoias
Reconhecimento Merecido
Experimente O Gosto Amargo Do Meu Ódio
Deixe-me Descobrir Quem Realmente É Essa Mulher
Fim De Uma Fase
Amigos Não Dizem Adeus, Dizem Até Logo
Too Good At Goodbyes (Penúltimo Capítulo)
Olá, Vida Adulta (Último Capítulo Part I)
Olá, Vida Adulta (Capítulo Final)
Nota Final
Capítulo Bônus (Único)

A História Se Repete

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Door IanFontinele

×Visão de Aaron

– Aaron, o que você espera agora dos outros atletas que também foram pegos usando entorpecentes? – uma das mulheres da imprensa que estava no meio do aglomerado de pessoas pergunta.

– Aaron, é por isso que o rendimento de Mitchell não vinha sendo o mesmo? – outro jornalista pergunta.

– Aaron, você também usa alguma coisa? – outro pergunta, enquanto eu me espremia com os seguranças para entrar na delegacia.

– Aaron... – outros me chamam. Os microfones de todos estavam na minha direção, esperando alguma palavra, mas eu estava tão em choque que nem consegui olhar pras câmeras novamente.

Entrei na delegacia com muita dificuldade. Dentro dela, Liz estava sentada, com a mão no rosto e pensando no quão ruim seria aquele escândalo para sua família. Quando me viu, Liz ficou de pé e veio até mim, ela estava claramente abalada.

– Você sabia que ele estava traficando? – Liz me pergunta, segurando minha blusa com força e eu franzo a minha testa, estranhando aquela pergunta.

– O que? Não! – falo. – Nem sei o que esta acontecendo.

– O Mitchell foi pego com maconha adulterada, cocaína, ecstasy e altas doses de heroína. Você sabia disso, Aaron? – um homem de terno e gravata me pergunta, se aproximando, e eu dou alguns passos para trás.

– Não!

– Aaron, eu sou o advogado do Mitchell. – ele explica e eu olho para Liz, voltando a minha visão para ele em seguida. – Preciso saber de tudo, se você quiser ajudá-lo.

– Eu só sabia que ele usava maconha, mas aqui no colorado é permitido pra uso recreativo. – explico, um tanto quanto acanhado.

– É, mas o Mitchell foi pego com muito mais coisa. Você sabe onde ele conseguiu? Você sabe de quem é essa droga? – fico engasgado. Eu queria falar de Eddie, mas não sabia se isso poderia ferrar Mitchell ainda mais.

– O que ele disse? – pergunto, desviando a pergunta.

– Ele assumiu tudo. – Liz fala, bem assustada.

– Aaron, você sabia que Oliver Vahn, Clarck Joseph, Jayden Folks, Edwin Herk e Noah Solan usavam heroína? – o advogado me pergunta e eu me sinto extremamente pressionado.

– O que? – questiono de volta, totalmente confuso. Minha cabeça estava atordoada.

– O conselho estudantil quer fazer um exame toxicológico, já que mais da metade do time principal usa entorpecentes. E alguns deles mais de um tipo. – ele explica e eu fico perplexo.

– Eu não sei o que... – começo a falar, mas nem consigo terminar.

– Quer dizer que você vai fazer também. Você usa alguma coisa? – eu o encaro. – Eu sei que o seu namorado já foi preso, acusado por tráfico.

– É, mas ele nunca traficou, ele assumiu coisa que não era dele. – falo, talvez mais do que deveria.

– Aaron, querido... – Liz fala, colocando as mãos no meu rosto e me olhando nos olhos. Ela tremia e parecia ainda mais aflita. – Você acha que o Mitchell assumiu o que não é dele também? Aaron, por favor... – dou alguns passos para trás. Eu não queria dizer nada antes de falar com Mitchell.

– Cadê esse filho do capeta?! – o pai do Mitchell fala, entrando na delegacia. Ele parecia estar possesso de ódio.

– Calma... vai com calma com ele! – Liz, a mãe de Mitchell, grita, mas Nolan ignora ela.

Mitchell estava sentado na sala do delegado e eu consegui ver pelo vidro quando o pai dele chegou na sala e bateu a porta com força, fechando-a. Toda a delegacia tremeu com o ato e ele logo começou a gritar com Mitchell dentro da sala. Dava pra ouvir tudo, já que o material das divisórias da delegacia era fino.

Mitchell estava recluso na cadeira e Nolan o puxou com força pela camisa, fazendo-o ficar de pé, dando-lhe um tapa nele em seguida. É, esse é o nosso prefeito: Um homem agressivo, extremamente conservador e... um verdadeiro ogro.

Ele jogou Mitchell na cadeira novamente, enquanto ele chorava, chorava com força. Nolan logo continuou gritando e eu podia ver Mitchell espremer a cabeça com as mãos, tentando não ouvir o que ele dizia.

– Você só me traz vergonha! Eu não sei o que fiz pra merecer uma decepção como você! – os gritos de Nolan ecoavam pela delegacia e todos assistiam calados, escutando aquilo.

Eu não podia ficar parado ouvindo aquele homem falar daquela forma com o meu melhor amigo e foi por isso que eu saí do meu lugar.

– Aaron... – Liz me chama, mas eu continuo andando e entro na sala.

– Você sempre fica em segundo lugar pra uma bicha e agora me traz uma vergonha dessas! – Nolan falava, quando eu cheguei perto dele. Minha mão pediu pra eu dar um soco bem dado nele, mas eu consegui me segurar.

– VOCÊ é o culpado disso tudo, seu animal. – rebato em alto tom e ele me olha.

– Como é que é? Eu que fiz ele usar drogas, por acaso? 

– Mas você o fez sentir tanto desprezo pela vida, que ele teve que fugir dos demônios nas drogas. 

– Me diz que demônios um garoto rico, que tem tudo pode ter? – ele pergunta, me encarando. Estávamos nos olhando nos olhos e eu temia que uma agressão saísse dali, mas não iria me encolher por causa daquele homem.

– Um pai que é um monstro, como você. – vejo a face de Nolan mudar, ele ia pular em cima de mim se não fossem os policiais para segurá-lo.

– Você me paga, seu imbecil! Você me paga! – ele gritava, enquanto os policiais o levavam para outra sala.

– Você tá bem? – pergunto a Mitchell que me olha, se levanta e me abraça.

– Obrigado... – agradece, quase sem voz, sentando direito na cadeira em seguida.

– Você vacilou, Mitchell. 

– É tudo daquela pessoa. – ele responde, nervoso, com voz trêmula, me olhando nos olhos.

– Você não tem que falar isso pra mim, você tem que falar isso pra polícia. – ele faz "não" com a cabeça repetidas vezes.

– Eu não posso. 

– Você tá usando heroína? – pergunto. Eu queria ouvir da boca dele.

– Desculpa... – Mitchell fala e eu desvio meu olhar dele, fechando meus olhos em seguida.

– Desculpa? Você tá estragando o seu corpo. – coloco o indicador no peito dele e dou algumas cutucadas fortes.

– Eu não queria... – ele tenta falar, enquanto lágrimas começam a cair de seus olhos.

– E por que fez, Mitchell? – dessa vez é ele que desvia o olhar, mas volta a me olhar em seguida. Mitchell pisca e faz com que algumas lágrimas desçam ainda mais.

– Foi um dia que eu tava em casa. Pensei que minha mãe tinha chegado de umas compras que ela tinha ido fazer com uma amiga, mas aí era meu pai. – ele começa, se afastando de mim. Mitchell estava de costas pra janela da sala e para todos, que assistiam e escutavam o que ele falava com atenção. Como eu disse... as paredes eram finas.

– Continua. – peço e ele põe as duas mãos na cabeça, Mitchell respira fundo, puxando toda a secreção nasal que tinha vindo com o choro. Ele parecia atordoado, perdido.

– Ele tava com uma mulher, aos beijos, tirando a roupa no escritório. Ele viu que eu vi e veio pra cima de mim. – Mitchell deixava lágrimas caírem de seus olhos aos montes, ainda mais do que da última vez. Cada vez que piscava, seus olhos pareciam ficar ainda mais vermelhos. – Meu pai me bateu tanto, Aaron... ele usou um dos ferros de colocar as bandeiras pequenas pra me bater, dizendo que eu estava bisbilhotando a vida dele.

– Mitchell, isso é muito sério.

– É por isso que eu não tava mais tomando banho no vestiário com todo mundo. – Mitchell fala, levantando a blusa e eu posso ver as marcas do ferro em sua barriga, desvio o olhar pra fora e olho sua mãe, que chorava bastante. – Fui pra casa daquela pessoa aquele dia e ele me disse que a heroína ia fazer parar de doer e aí eu fiz. Eu usei, Aaron... – continua chorando e eu não aguento, tenho que abraça-lo. – Eu usei! – grita e eu sinto a força dos músculos de Mitchell me abraçando com força. Ele estava desesperado. 

– Tá tudo bem, Mitchell. – digo de forma suave, colocando minha mão atrás de sua cabeça, enquanto nos abraçávamos.

Olho pela porta e vejo que Liz, estava com a mão no rosto e chorava, mas tentava disfarçar isso. Ela reprimia os olhos com força, enquanto as lágrimas desciam.

Na delegacia, todos estavam calados. Nolan estava em outra sala, ele não tinha escutado o que Mitchell falou, apenas permanecia conversando com o delegado. Liz, depois de se recuperar, entrou na sala. Mitchell me soltou e encarou-a por algum tempo, em seguida ela abriu os braços e eles se abraçaram.

– Eu vou tirar você daquela casa, meu amor. – Liz fala. – Você vai ficar bem, tá bom? – Mitchell confirma com a cabeça, sem dizer nada.

×°×

– Eu quero saber o que eu posso fazer pra tirar meu filho daqui. – Liz fala, enquanto está de frente para o delegado. Alguns dos pais dos envolvidos e eu estávamos na sala onde ele tinha conversado com o pai de Mitchell, esperando para saber o que aconteceria a partir de agora.

– Liz... –Nolan tenta falar com ela e ela o encara.

– Não dirija uma palavra a mim, Nolan. Eu vou cuidar de você depois. – ela o corta.

– Bom dia, senhores. – meu pai fala, chegando na sala com uma cara boa, como se tudo estivesse na mais completa paz. Ele provavelmente não tinha dimensão do que estava acontecendo ali, naquele momento.

Já era de manhã e mesmo assim o movimento lá fora não parava. Aos poucos, os outros pais foram chegando e enchendo a sala em que estávamos. Mitchell estava na sala do delegado, sentado no chão com as pernas encolhidas e com os braços segurando-as próximas ao seu peito.

– O conselho escolar quer fazer um exame toxicológico em todos os jogadores, pra saber se mais algum anda usando substâncias entorpecentes. – o delegado explica e meu pai parece surpreso, me olhando.

A minha única reação é dar de ombros pra ele, mostrando que não estava envolvido nisso tudo.

– Como você sabe que os outros que estavam com Mitchell usam? – um dos pais pergunta. Pela semelhança, parecia o pai de Noah.

– Eles estavam no carro, junto com Mitchell e estavam sob efeito de cocaína. Eles mesmos admitiram que tinham usado não só cocaína, como outras drogas. – o delegado responde e o homem resmunga.

– Nossos filhos então só são usuários, certo? Já que o Mitchell assumiu a posse de toda a droga que estava no interior do veículo, eles não precisam dar satisfações se são usuários. – uma das mães fala.

– Pra nós não, mas pro conselho esportista escolar, sim. E ele já foi notificado sobre isso. – o delegado rebate.

– Merda. – ela fala em baixo tom.

– E o Mitchell, tem fiança pra isso? – Liz pergunta. Ela queria tirar ele dali o mais rápido possível.

– Sim, mas a fiança não desfaz o fato de que ele vai ficar preso por no mínimo 6 meses em uma clínica de recuperação para viciados. – o delegado fala e os olhos de Liz se enchem de lágrimas. – Pra onde o Mitchell vai, ele vai passar pelo processo de desintoxicação da heroína com profissionais altamente treinados. Ele me assumiu que usa heroína, cocaína e maconha. Mas perto da heroína e da cocaína, a maconha não é nada. – Liz concorda com a cabeça, passando a mão no nariz em seguida.

– E quando ele sair? – Nolan pergunta.

– Quando ele sair, um dos senhores vai ter que assinar um termo, afirmando que ele vai passar pelo segundo processo do tratamento para se livrar totalmente da heroína, que se chama manutenção. – o delegado explica, de forma séria.

– Quanto tempo dura essa manutenção? – Liz pergunta. Ela tremia, enquanto o delegado falava.

– Até 2 anos. 

– Nós estamos liberados? – os pais dos meus outros colegas perguntam. Eles estavam apressados para sair dali.

– Não. Quero fazer um interrogatório com os filhos de cada um de vocês. Achamos que essa droga não é do Mitchell, e acreditamos que ele esteja vivendo o que eu já vi acontecer não uma ou duas vezes e sim mais de 10. – o delegado explica. Ele deveria ter seus 30 anos, estava com blazer preto e blusa social branca por baixo. Barba bem feita, cabelo arrumado e seus olhos, cor castanho claro, vidrados em cada um naquela sala.

– Eles são obrigados a depor? – um dos pais pergunta.

– Claro que não, mas se vocês são solidários... – o delegado começa, mas deixa o fim da frase para interpretação pessoal.

– Tudo bem. – o homem diz, se encostando novamente na parede.

– E sobre o tratamento, eu acredito que vocês devam fazer com os filhos de vocês também, afinal... eles também estão viciados em heroína e cocaína. – todos concordam.

– Sim, senhor. – um dos pais diz.

– Eu quero falar em particular com o Aaron agora. – todos saem, meu pai ainda me olha mais uma vez antes de sair e eu desvio meu olhar. – Pode se sentar. – ele fala e eu faço. – Bom, tem algo a me dizer?

– Como o que? 

– Quem é o dono daquela droga. – ele questiona de forma direta, colocando suas mãos sobre sua mesa, se ajeitando na cadeira, entrelaçando seus dedos e me olhando de forma séria, sem piscar. – O que vocês conversaram dentro da minha sala foi gravado, mas eu preciso do nome do verdadeiro dono.

– O Mitchell não disse nada? 

– Ele tá surtado. Ele já deve estar sentindo o efeito da falta da droga. Vamos, Aaron... me faz livrá-lo disso, me faz acabar com esse looping. – pede, quase em tom de súplica. Eu sabia que ele queria ajudar de verdade.

– Não estou envolvido nisso, eu não posso falar nada.

– Você pode me ajudar a pegar esse homem, Aaron. Se eu pegar e fizer ele confessar, livro o Mitchell de um fiança milionária. – me sinto ainda mais inclinado a falar tudo.

– Se quem for pagar vai ser o Nolan, eu tenho que dizer que até queria ver. – vejo o delegado sorrir.

– Vamos Aaron... me ajuda. – ele pede, ficando sério novamente.

– Eu não posso. – fico de pé.

– Tudo bem, eu vou encontrar esse covarde que induz qualquer pessoa a assumir seus atos.

– Como vai descobrir? Você nem anda no subúrbio.

– Eu não, mas outros policiais sim. Agora você pode ir. – me dispensa e eu dou as costas.

– O Mitchell vai ser preso? – pergunto, antes de sair.

– Em uma clínica de reabilitação. – conclui e eu saio da sala.

– Mãe! Não deixe que me levem, mamãe! – Mitchell grita, enquanto alguns guardas o levam para fora da delegacia.

– Espera! – falo, correndo até ele e o abraçando. – Eu te amo. – meus olhos logo se enchem, os dele também quando me solta.

– Aaron... pode... pode falar dele pra eles. – Mitchell fala gaguejando. Ele estava ainda mais atordoado do que tempos atrás.

– Mitchell, você vai ser caçado. – ele da de ombros diversas vezes. Seus olhos estavam inchados, vermelhos e olhavam para todas as direções, como se ele não conseguisse se focar em nada. Mitchell estava suando, mesmo aquele lugar possuindo um ar condicionado que deixava tudo bem frio.

– Não, não vou. Não deixa ele continuar... – ele pede e é levado pelos policiais.

Quando eu olho pra trás, o delegado está fechando a sua porta, após assistir Mitchell ser levado.

– Senhor! – o chamo e ele me olha.

– Sim? – pergunta, enquanto me aproximo correndo dele.

– Eddie. Eddie Shakn. – falo e o delegado confirma com a cabeça, andando com pressa até sua mesa.

×°×

– Filho, a gente pode conversar? – meu pai pergunta, quando vou passar pela sala pra ir até a cozinha, procurar algo pra comer. Eu estava feliz que ele estivesse em casa.

– Sim. – me aproximo dele.

– Você ou o Finn usam algo? – pergunta e eu me sento de frente pra ele, no sofá.

– Pai, o Finn já usou, mas ele tá limpo faz tempo. Eu, outro dia fui até fazer uma brincadeira com ele, fingindo que ia fumar um cigarro de maconha e ele tacou pela janela do carro, com raiva. – ele percebe minha sinceridade.

– O Finn... já foi preso. – meu pai comenta, como se eu não soubesse.

– Não era dele. – cruzo meus braços.

– Ele que te disse isso? 

– É, e eu sei que não era dele. – repito, completamente convicto.

– Então você não tem nenhum vício? – meu pai pergunta, apenas para se certificar.

– Só o próprio Finn. – olho ao redor, vendo que minha mãe vinha em nossa direção, com seu livro na mão. – E eu odeio quando me sinto em cárcere de privado na minha própria casa. – falo e ela me olha. Meu pai encara minha mãe e me olha novamente.

– O que quer dizer com isso? – meu pai pergunta, enquanto eu continuo encarando minha mãe.

– Eu não tô deixando ele ver esse rapaz. Quero ele longe do Aaron. – minha mãe fala.

– O que? Quem você pensa que é? O mundo inteiro já sabe que eles estão juntos, quer esconder de quem? – meu pai pergunta em alto tom e eu o olho. Ele encarava minha mãe, sem acreditar no que ela dizia.

– Não se mete, você nem fica em casa. – meu pai fica de pé.

– E você fica? Não pode separar o nosso filho de quem ele gosta, principalmente se for um rapaz de bom coração. 

– Mamãe andou tomando meu celular também, vendo minhas mensagens e redes sociais. Ela contratou mais seguranças e mandou o Austin me levar pra escola todos os dias. – falo. Eu estava com raiva dela, queria vingança.

– Eu passei uma semana e meia fora de casa e é isso que acontece? Você é louca?

– Louco é você. Eu não quero aquele rapaz próximo do Aaron.

– O que você sabe de ser mãe? – meu pai pergunta.

– Como é que é? – minha mãe pergunta de volta, se aproximando do meu pai.

– Você fez o Aaron crescer cheio de traumas, queria abortá-lo e já fez questão de falar isso pra ele quando ele tinha 7 anos. Se eu vivo falando que o Nolan é um monstro por cometer violência corporal com o Mitchell, digo que você é no mesmo nível, mas com violência mental. – meu pai fala, em alto tom, enquanto eu assisto calado.

– Você não pode falar assim comigo. – meu pai sorri, um sorriso satisfatório e irônico.

– Me entrega o celular dele, agora. – meu pai estende a mão.

– Não. – minha mãe fala e meu pai sorri, me olhando. Ele olha pra ela em seguida e fica sério novamente, instantaneamente.

– Fui eu que comprei, tecnicamente ele é meu, assim como essa casa e tudo que tem dentro dela. Me entrega agora, eu não vou falar novamente. – meu pai ordena e minha mãe entrega o celular. – Pega. – ele me entrega meu celular. – E vai direto pro seu quarto. – faço, sem questionar.

Me jogo na minha cama e entro no meu Instagram, indo diretamente na conta de Mitchell. Na foto de perfil ele estava com o uniforme do time, sorrindo para a câmera. Na sua última foto, a maior parte dos comentários eram de "força", pedindo para que ele ficasse bem, como se ele fosse ver isso onde ele estava.

Em certas situações eu me pegava pensando que as pessoas, às vezes, fazem de tudo apenas para fingir que são boas. Como quando postam fotos e textos gigantescos na linha do tempo de quem faleceu, para mostrar aos outros o quanto era uma pessoa próxima do falecido, sendo que quando ele era vivo, sequer mandava mensagens. Isso também acontece em aniversários, quando as pessoas postam fotos com o aniversariante com legendas enormes, mas sequer fazem uma força para ir vê-lo ou fazer uma surpresa...

A parte mais estranha, é que ninguém acha isso estranho. As pessoas curtem e comentam, como se fosse incrivelmente belo ver outras pessoas implorando por atenção.

No Twitter de Mitchell, diversas pessoas falavam o que pensavam do escândalo que estava envolvendo a escola e todo o time.

"Vocês falando mal do Aaron só porque ele é gay, sendo que a maioria do time são viciados." – Catarina pelo Twitter.

"Grande time, o capitão é viado e o que seria o novo capitão, é drogado. Go Panthers!" – Maik pelo Twitter.

"Quero ver como o Aaron vai reerguer esse time depois de vir um escândalo atrás do outro." – Hugo pelo Twitter.

"Vocês ainda têm esperança? Tenho certeza que até o Aaron vai vazar dessa amizade furada." – Fouk pelo Twitter.

E foi aí que eu comecei a digitar: "Todos já sabem oq aconteceu com o Mith. Oq eu tenho a dizer é q ele é uma ótima pessoa e isso não muda pelas coisas q ele passou a usar." – Primeiro tweet.

"Mitch é uma pessoa foda, coisa q a maioria dos que julgam os outros aq n são e a índole dele continua perfeita, mesmo passando por tudo isso" – Segundo tweet.

"Só quero dizer que eu tô com ele até o fim, como ele sempre esteve comigo e o time está firme e forte, assim como nossa amizade." – Terceiro tweet.

Meus tweets viralizaram com apenas alguns minutos e logo foram surgindo frases absolutas de carinho e apoio ao que Mitchell estava passando. Claro que todos sabiam que ele não era santo, mas uma parcela grande dos nossos seguidores sabia que Mitchell sofria agressões dentro de casa.

"E aos haters e homofóbicos eu tenho uma frase: Eu voltei e agora pra mostrar que não deixei de ser homem por ser gay." – Quarto e último tweet do dia.

Depois disso, joguei meu celular de lado e sequer olhei mais qualquer rede social. Comecei a pensar em Mitchell e em tudo o que aconteceu nas últimas horas.

Na escola, tudo ficou estranho. Segunda eu pude voltar a ir com o meu carro, estava com o casaco do time, minha bolsa no ombro e olhar atento em todos que me encaravam. Próximos da porta, diversos paparazzi estavam parados, tirando foto da minha chegada, provavelmente pra virar alguma reportagem sobre a minha rotina após a denuncia do uso de drogas por jogadores.

Pros que estavam esperando alguma coisa nova, eu tinha uma novidade mais tarde. Estava de volta e tinha cansado de me esconder. Minha mãe me enfiou em um buraco por uma semana e meia, mas a minha paciência para essa situação já tinha se esgotado. Na nossa mesa, Amber e Alec estavam sentados, conversando.

Quando cheguei, joguei minha bolsa na mesa e ambos me encararam, provavelmente procurando palavras pra começar a falar.

– E então... – Amber começa.

– Os exames toxicológicos vão começar essa semana. – falo.

– Alguma restrição? – Alec pergunta.

– Não posso sair do perímetro da minha casa até a escola. 

– E o Finn? – Amber pergunta.

– Não posso ir até ele. – falo e eles respiram fundo.

– Que merda. Sua mãe continua no pé? – Alec pergunta e eu faço um "não" com a cabeça, sorrindo em seguida.

– Não, ela foi pra França. Ainda bem.

– O treino é daqui a pouco. Não vi nenhum dos caras que assumiram usar drogas aqui. – Alec fala e eu concordo com a cabeça, também não tinha visto.

– Bom dia, galera. –Tom fala, se sentando conosco.

Logo depois dele, sentam Blaney, Evan, Edgar, Martin e Simon. Alguns desses que se sentaram, eram jogadores que não eram titulares, outros sim. De qualquer forma eles estavam ali, me olhando.

– Oi, que foi? – pergunto, encarando cada um dos caras que estavam na nossa mesa.

– Você é o capitão. Queremos liderança. Estamos sem 6 dos nossos titulares que começam no campo. – Tom fala.

– Quem decide quem joga é o Bratt, não eu.

– É, mas você tem influência. De qualquer forma, saiba que todo mundo que tá aqui dá apoio pro Mitchell. Ninguém julga ele e estamos todos limpos. – Blaney rebate e eu vejo que é de forma sincera.

– Eu agradeço o apoio de vocês, de verdade. – eles confirmam com a cabeça.

Todos tomamos café e vimos nossas aulas, já na hora do treino, nem as líderes de torcida estavam animadas para treinar. Elas estavam sentadas sobre os bancos da arquibancada e esperavam para ver o que ia se suceder.

– Bom, todos aqui tem uma ficha para os exames toxicológicos e de qualquer substância que não seja do seu corpo. Vou entregar uma pra cada um, preciso da autorização dos pais. – meu treinador fala. – Galera, o que aconteceu me destruiu. Vocês sabem o quanto que converso com vocês sobre os vícios e sobre tudo isso. O quanto eu luto para que vocês sejam saudáveis.

– No caso do Mitchell, ele não tava bem faz tempo. – falo.

– E você deveria ter dito. – meu treinador rebate.

– Alguém ia me escutar? Outra que ele só usava maconha, quando ele usou heroína pela primeira vez, sequer me disse. 

– Agora não é o momento pra discutir de quem é a culpa. – meu treinador corta aquela discussão, antes que comece. – Nós somos um time que precisa de substituições. Então vamos lá. O primeiro time de titulares era formado por Aaron, Evan, Clarck, Oliver, Edwin, Jayden, Noah, Mitchell, Tom, Blaney e Alec. Como o Mitchell, Clarck, Oliver, Edwin, Jayden e Noah estão suspensos por tempo indeterminado para o tratamento de seus vícios, eles serão substituídos por... – o treinador continuou falando a formação nova do time, falando as novas táticas e tudo que podia, afinal nosso primeiro jogo se aproximava. – Última coisa.. eu preciso que sejam sinceros agora... mais alguém usa alguma coisa? – todos me olham.

– O que foi? Eu sou totalmente limpo. – falo e eles respiram aliviados.

– Então tá, vão treinar. – todos saem, correndo pelo campo e indo para os devidos posicionamentos para o treino.

O resto do meu dia escolar correu normalmente. Almocei com meus amigos, mas é claro que a todo momento me vinha a saudade da risada de Mitchell e das brincadeiras idiotas dele. Eu parecia estar assombrado, sentia como se ele estivesse todo o momento comigo. Na hora da saída, pela quantidade dos sons de flashes, o que eu esperava que acontecesse, aconteceu: Finn estava encostado em seu carro, na frente do colégio e abriu um sorriso largo quando me viu.

Eu fui andando até ele com meus amigos e quando cheguei bem próximo, me joguei em seus braços e lhe dei um beijo. Imediatamente começou a se formar uma multidão tirando foto daquilo, mas ele nem parecia ligar.

– Boa tarde. – Finn fala pra Alec e Amber que cumprimentam ele de volta. – Como foi a aula? – ele pergunta e eu continuo o abraçando meio torto, encostando a lateral da minha cabeça em sua clavícula.

– Chata, como sempre. – respondo.

– Você disse que não podia ver o Finn... – Alec fala confuso e eu sorrio.

– Não, eu disse que eu não podia ir até o Finn, por isso pedi que ele viesse até mim. – beijo ele mais uma vez e dou ainda mais fotos para todos os paparazzi. 

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