Uma Vida Em Exposição

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×Visão de Aaron

– Você é ainda mais lindo pessoalmente... – A mulher que me maquiava comenta. Ela é bem simpática e engraçada, desde que cheguei no estúdio fazia brincadeiras pra tentar melhorar meu nervosismo. – Não é Alaric? – pergunta ao rapaz que a ajudava.

– Sim, ele é uma graça. – o rapaz fala e eu sorrio.

Após ser maquiado, fui andando para o estúdio, é um programa ao vivo e fui obrigado a ir depois da escola. Eu só queria ir pra casa jogar vídeo game já que estava longe de Finn, mas minha mãe me obrigou a ir pra aquele lugar.

– Ele é considerado o melhor atleta do estado, um rapaz engraçado e de uma índole incrível, além de beleza comentada desde que foi visto pela primeira vez. Hoje a nossa entrevista vai ser com... Aaron McDevitt. – vou andando até a apresentadora com um sorriso falso no rosto, olhando para as câmeras como se eu fosse a pessoa mais feliz do mundo.

Hoje eu tenho consciência de que uma pessoa não é o que você vê na televisão ou nas redes sociais. Muitas pessoas, aparentemente, felizes são totalmente infelizes na sua vida pessoal. Muitas dessas que sorriem demais em fotos ou em entrevistas, voltam para tristeza, quando entram em casa e isso é... péssimo.

– Muito obrigado, Cassie. – me sento na outra cadeira do estúdio, de frente pra ela.

– E então, vamos começar pela sua escola. – concordo com a cabeça.

– Claro. – no telão ao lado, os comentários no Twitter sobre a minha entrevista passavam em uma velocidade enorme, deixando quase impossível a leitura dos mesmos. A entrevista estava acontecendo em um horário de pico adolescente, por ser após a saída do pessoal da escola.

– O primeiro jogo já está marcado, como vem sendo a tensão durante esse tempo para treino? – Cassie pergunta e eu sorrio, entrelaçando minhas mãos sobre a mesa.

– O técnico Bratt consegue fazer milagres com aquele time. – ela concorda, mostrando que entende o que eu digo. – Todos nós trabalhamos muito para manter o senso de equipe para que ocorram bons treinos e posteriormente um ótimo jogo, mas ele sabe fazer com que o nosso foco não seja perdido.

– Claro que sim. Os seus pais apoiam sua carreira de jogador de futebol americano? Tem expectativas de continuar jogando quando for pra faculdade? – reflito, respirando fundo e sorrindo em seguida, mais uma vez.

– Claro que sim, estava pensando em ir pra Universidade daqui, do Colorado mesmo e jogar por lá. 

– É muito importante continuar a carreira de jogar, certo? –ela pergunta e eu concordo com a cabeça, umedecendo a boca com a língua e me preparando para responder, enquanto gesticulava.

– Eu acho importante sim, sempre foi um sonho pra mim e desde muito novo meu pai sempre me apoiou nos meus sonhos. – concluo. Isso era verdade, quando eu falei que queria jogar futebol americano, antes mesmo do meu pai ser eleito, ele me apoiou bastante, como ninguém antes.

– Concorda comigo, Aaron que... – ela olha mais uma vez para a ficha de perguntas e eu já sabia que tinha algo errado. – É importante também mostrar a representatividade em meio as pessoas, já que não existem muitos jogadores homossexuais assumidos no meio do esporte? –  meu sorriso dá uma leve neutralizada.

– O que? – pergunto de volta, como se não tivesse ouvido. Minha vontade era tomar aquela ficha dela e rasgar, afinal eles tinham me colocado em uma emboscada.

– Bom, se quiser falar da sua homossexualidade... – eu não acreditava que ela estava falando isso.

– Desculpe, é que eu não achei que fôssemos falar da minha vida pessoal. – corto, segurando exaltação.

Aquele Piloto (Romance Gay)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora