Saturno e o Astronauta Azul [...

By smfreire

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Nicholas é um garoto prodígio. Mais alto, mais bonito e mais inteligente que os outros de sua idade, pivô do... More

Prólogo
PARTE UM: Aurora
Azul
Ovelha negra
Plutão
Utopia
Pé-no-chão
Os melhores
Esporte sangrento
Melhor música de todas
Dinastia
Tudo em mim
Guerra de corações
Mistério do amor
Paraíso
Diamantes
Nossa conversa
Música de amor escondido
Amor no cérebro
Dois pedaços
Rouxinol
Mar negro
Florescer
Incondicionalmente
Vênus
Mascarado
Visões de Gideão
Fique comigo
PARTE DOIS: Ocaso
Amaldiçoado
Antigravidade
Cruel
Atlântida
Sozinho
Azul e amarelo
Ambulância
Os céus nos ajudem
Pássaro de inverno
Despedaçando
Fantasma
Cidade da morte
Instável
Resgate-me
Um lugar solitário
Oceanos
Fugitivo
Raízes antes de frutos
Seu fantasma
Virando páginas
Árvore da misericórdia
Astronauta
Embalado no amor
Aleluia
Parque enferrujado
Estrelas
Blusa
Leve-me a uma igreja
Demônios
Garoto perdido
I: Nós nunca aprendemos
III: Por que estamos sempre presos
IV: Fugindo das balas?
V: É o sinal dos tempos
VI: Temos de fugir daqui
Iluminado
Abençoado
Entregue e negado
Sortudo
Sonho ruim
Redenção
Como salvar uma vida
Coelho Roger
Farelo de pão
Correndo com lobos
Não tenho um coração
Famosas últimas palavras
PARTE TRÊS: Alvorada
Respire
Pedaços do coração
Voar para longe daqui
Única exceção
Monção
Consequência
Carruagem
Dispositivos Inúteis
Perseguindo carros
Asas
Destino
Netuno
Terra
Mercúrio
Saturno
Anéis de Saturno - Epílogo
(passe o bastão)
E o astronauta decola.

II: Já passamos por isso antes

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By smfreire

— Henry é um puta homem, Jesus — comentou Lola, fechando o vestido dourado que usava. Era colado em seu corpo largo e curvilíneo, brilhante.

— Você precisa parar de me jogar para ele.

— Eu não estou, Dan. É só que... Faz quase um ano, você está se reerguendo e talvez seja hora de deixar ir. Como deixou seus pais irem.

— Meus pais me odeiam. O Nicholas me ama.

— Sei disso, mas... as coisas dão errado, o mundo gira e a gente segue. É assim que a vida funciona. Siga, bebê.

— Se algum dia eu largar do Nick, eu sigo. Até lá, quero ficar estagnado.

Henry fumava um cigarro quando chegaram à sala. Ele usava uma blusa verde-chá que contrastava em sua pele escura e prendera os cachos loiros num meio-rabo-de-cavalo. Talvez fosse um puta homem numa vida em que Daniel estivesse solteiro.

O ginásio estava igual a todos os outros anos, com as bolas, luzes e faixas. Os times de basquete e vôlei sempre tinham um banner com a bandeira da escola entre eles, balançando alto na parede. Era a primeira vez que Nicholas não estava na foto.

— Você está bem? — perguntou o garoto Lewis, com a mão no ombro do latino. Lola e Tyler caminhavam de mãos dadas à frente. — Precisa de algo?

— Relaxa. Eu só estou... observando.

Eles sentaram-se junto ao resto do time na arquibancada, atropelados pelas grandes bolas cinzentas. Daniel esticou-se para pegar uma.

— Não sabia que você curtia caras, Lewis — gritou Andrei.

— Tendo buraco e sabendo gemer, estamos aqui. — Henry sorriu, ao que o garoto revirava os olhos e batia na cabeça dele com uma bola. Tyler riu. — Não, eu não curto caras. Até onde saiba.

Daniel observou-os conversar.

— Tem certeza que está bem, cara?

— Só estou pensando. — Deu de ombros. — É a primeira vez que venho sem ele, sabe? E tudo me lembra das coisas que a gente fez aqui.

— Você pode me contar essas coisas. Eu adoro histórias de amor.

— Isso não me soa muito hétero.

— Não é. — Henry retorceu o rosto numa careta. O resto do grupo conversava atrás dele, como se os dois estivessem numa bolha. — É só que eu nunca me apaixonei, ainda que tenha... Bem, deitei com algumas garotas e beijei um cara, mas nunca olhei para alguém e pensei "vem cá, senta aqui para assistirmos a Fórmula Um juntos". Então gosto de ouvir dos outros. Aquece o coração de pedra.

— Por isso eu nunca te vi acompanhado de ninguém? Porque você não consegue olhar para alguém de maneira diferente?

— É, basicamente. Pessoas já gostaram de mim, mas nada que me fizesse sentir feliz.

— Eu sinto muito.

— Não sinta. Isso me deu um colete à prova de decepções amorosas ridículas como as do Andrei.

— Ah, pelo amor. Até eu criei um colete para isso, Jesus.

Henry riu. Ele parecia algo distante.

— Nós quase nos beijamos naquela pista. — O garoto apontou para o centro do ginásio, onde um casal dançava junto. — Ele estava olhando para mim enquanto dançávamos, e eu nunca me senti tão amado como me senti naquele momento.

— Nunca?

— Nunca, tenho noventa por cento de certeza. — Mordeu a boca. — É porque ele estava prestando atenção em mim de verdade, como nunca tinha prestado antes. Foi quase como se estivéssemos nos reconhecendo ali, no meio de uma ridícula música dos anos oitenta.

— Você percebeu que o amava naquele momento ou antes?

— Naquele momento, acho, porque foi a primeira vez que estive disposto a pensar sobre o assunto. Ser gay não é fácil.

— Eu imagino, embora não possa dizer que é difícil ser hétero.

— Ser hétero não é difícil! Eu gostaria de sê-lo.

— E não estar com o Nicholas? — Lewis ergueu uma sobrancelha. — Vocês são melhores que um casal hétero, devo dizer.

— Obrigado por isso, mas... é que tudo seria mais simples. Teríamos nossas famílias ainda, e o mundo inteiro não ficaria contra nós dois.

— Quer um conselho de quem precisou amadurecer cedo demais? — Cedo. A mãe de Henry havia sido uma alcóolatra quando ele era pequeno, o garoto sabia, e a mulher morrera de cirrose quando o filho tinha apenas sete anos.

É. Cada um de nós é fodido de um jeito único.

— Quero. Por favor.

— Não queira o amor de alguém que não te aceita por aquilo que você é. É um amor tóxico, e você merece muito mais que isso, Daniel.

— Mas eles são meus pais...

— Você não tem de amar alguém porque é sangue. Cuidaram de você, criaram você, mas e agora? O que fizeram? Não estou dizendo que eles são pessoas ruins, mas se relevaram toda a vida do filho por causa de algo que nasceu com você, não merecem seu tempo perdido.

Daniel respirou fundo e abaixou os ombros.

— Obrigado por isso também.

Henry balançou a cabeça.

— Ei, seus merdas, vocês deviam ir dançar — gritou Tyler de seu lugar.

— Eu tenho cara de quem dança, Ty? — reclamou o latino.

— Quer mesmo que eu responda, baixinho?

— Vai ser divertido. — Henry ofereceu a mão. — O pior que pode acontecer é você pisar no meu pé.

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