P.O.V. PETER
Alguns dias depois...
"Peter, anda logo vamos nos atrasar!" Anabella bate na porta do meu quarto repetidas vezes. "O Ned e a Michie já devem estar nos esperando." Consigo imaginá-la na sala andando de um lado para o outro enquanto olha em seu relógio de pulso. Abro a porta e vejo-a com uma enorme mochila nas costas.
"Para quê tudo isso?" Pergunto ao sair do quarto e vê-la com uma mochila nas costas.
"São pequenas fantasias e os fantoches que encontrei para entretermos as crianças." Bella responde tirando o que parecia ser um cisco de minha blusa.
"Creia em mim, elas vão ficar bem entretidas com a surpresa que arrumei para eles e para você." Digo com um sorrisinho de satisfação.
"Espero que sim. Agora vamos!" Bella diz me puxando pela mão. "Tchau, May!" Ela grita. Tia May vem correndo da cozinha e dá um beijo em nossas bochechas.
"Tchau, amo vocês."
"Te amamos!" Correspondemos em uníssono e saímos.
Há alguns dias atrás Bella e eu fomos em um hospital da criança aqui de Nova Iorque e conversamos com os diretores sobre nossa proposta, explicamos todos detalhes e o porquê de querermos fazer aquilo. Primeiramente eles estranharam, mas compreenderam, ainda melhor apoiaram a ideia e ter pessoas lá para deixar aquele ambiente mais alegre. Fizemos alguns combinados e os diretores permitiram nossa ida. As apresentações e brincadeiras serão feitas em um pátio próprio para o lazer dos jovens pacientes. O gestor do hospital nos disse que haviam também adolescentes da nossa idade, então ele nos deu a ideia de levar algo mais do interesse de nossa faixa etária. Concluímos que música é uma coisa que todo adolescente gosta, entretanto não vamos fazer uma balada lá dentro, até porque precisamos respeitar o ambiente hospitalar. Em um momento que Anabella não estava na conversa eu precisei falar com o gestor sobre a visita ilustre de Tony Stark, perguntei se não causaria muito alvoroço. Tudo bem, ele não acreditou e ainda não acredita que eu conheço o Senhor Stark, então ficamos em um dilema horrível.
"Ai eu estou ansiosa! Muito ansiosa!" Diz Bella saltitando, a essas alturas eu já estava segurando sua mochila.
"Treinamos algumas histórias para fazer o teatro de fantoches, mas ainda assim eu estou nervoso." Digo enquanto caminhávamos na calçada do hospital. Já dava para ver Ned e Michelle nos esperando na entrada.
"Ah, você leva jeito com crianças, relaxa, Petie. Lembro do dia que aquela meninha no metrô te deu balinha porque você dizia que ela estava idêntica à Princesa Elsa com aquele vestido azul, ainda mais porque ela segurava uma pelúcia do Olaf nos braços." Diz Bella rindo ao relembrar a cena. A garotinha era muito lindinha, seus cabelinhos eram um tom de loiro quase branco.
"Fico surpresa ao ver que uma única vez não se atrasaram." Diz Michelle sendo Michelle.
Entramos e paramos no vestiário do hospital para nos caracterizarmos com alguma fantasia ou enfeite. Não era nada especial, apenas alguns narizes de palhaço, perucas divertidas, tiaras que piscavam para as meninas, gravatas que soltavam bolhas de sabão para Ned e eu, também colocamos os jalecos do próprio hospital que os funcionários emprestaram. Criamos o codinome de "Médicos da Alegria". A ansiedade de Bella já havia me consumido por completo. Anunciaram nossa chegada, todas as crianças, a maioria tinha entre dois e nove anos, esperavam no pátio embaixo de uma área coberta, alguns brincavam e outros desenhavam com giz de cera no papel. Todas faziam algo, mas nenhuma alegria pura em seus rostos, a maioria usavam uma camisola do hospital e algumas tinham um suporte que segurava o soro que pingava em suas veias. No rosto de Bella, uma alegria, a alegria que ela estava disposta a transmitir para todos que ali estavam, tanto eu, como Ned e Michelle estávamos dispostos a ajudá-la nessa missão.
"Pessoal, estão preparados? Lembram o que vão fazer, não é?" Bella pergunta.
"Eu vou contar histórias para os pequenos." Michelle diz apontando para uma bolsinha de livros que carregava.
"Eu vou acompanhar e fazer palhaçadas na hora que a Michelle for contar as histórias e na hora que você e o Peter forem apresentar o teatro de fantoches." Diz Ned ajeitando seu clássico chapéu por cima de uma peruca verde, estava parecendo uma alface em sua cabeça.
"Quatro Mosqueteiros, aí vamos nós." Unimos nossas mãos direitas no meio de um semicírculo que formávamos e levantamos em direção ao céu. Entramos determinados a levar a alegria àquele ambiente. De inicio já fomos surpreendidos pela calorosa e carinhosa recepção, todas as crianças se puseram prontas para ver o que proporcionaríamos naquela tarde de sábado. Todas estavam concentradas e se divertiam com a contação de histórias de Michelle em alguns pequenos momentos de suspense da historieta Ned fazia feições de pavor o que causava risos contínuos em todos. Bella e eu estávamos espalhados pelo pátio ora conversando com as crianças, ora brincando com elas enquanto ouviam a história escolhida. Aquele lugar triste realmente havia mudado para melhor em poucos minutos. Fizemos o teatro de fantoches com um certo toque de humor que tirava risos até dos adultos que estavam presentes. Ao fim do teatrinho fomos nos divertir com o pessoal com a mesma idade que nós, o melhor de tudo é que eles pareciam se divertir tanto quanto nós quatro nos divertíamos. Os jovens que conseguiam se levantar dançavam conosco, os que não podiam por debilidade de sua saúde cantavam alto e gesticulavam com os braços e a cabeça. A forma como Anabella dançava sem se importar se estava acertando os passos ou se estava errando-os transmitia uma pureza e alegria contagiante. Aquilo era amável. Sinto o celular vibrar em meu bolso, pego-o e atendo.
"Pirralho, já cheguei." Diz Senhor Stark por meio da chamada de voz.
"Isso é ótimo! Como o Senhor vai entrar? De Homem de Ferro ou de Tony Stark?" Pergunto.
"O que você sugere?"
"A Mark XLVII está aí?" Pergunto. "Usa ela."
"Como mestre do improviso já sei o que fazer." Consigo ouvir uma risadinha no fundo.
"Obrigado, Senhor Stark!" Agradeço.
"Eu não acredito que eu estou te ajudando impressionar uma garota." Ele bufa.
"Gratidão eterna, Senhor Stark!" Rio em meu subconsciente e desligo o telefone.
"Quem era?" Bella vem até mim para perguntar.
Escuto barulhos de propulsores, todos para e olham para cima, ali estava o Homem de Ferro, não só ele, mas também a Viúva Negra com seu traje de couro preto abraçada a armadura. Isso é uma chegada em grande estilo. Fiquei surpreso com a presença dela, pensei que viria apenas o Senhor Stark, no muito o Happy, mas isso é melhor ainda. Os dois pousam na área descoberta sobre o gramado. A máscara da armadura se abre revelando o rosto do meu patrão.
"Olá, criançada!" O alvoroço começa como eu já havia imaginado. Crianças, pais dos pacientes, médicos, enfermeiros e adolescentes gritavam e tiravam fotos. Os adultos pareciam muito mais animados. Ned pulava de um lado para o outro, Michelle estava desacreditada, ela nunca conhecera Tony Stark pessoalmente como Anabella e Ned.
"Surpresa!" Digo para Anabella que estava boquiaberta.
"Eu não acredito!" Ela me olha estarrecida, assim como Michelle e Ned.
"E aí, pessoal, vocês estão bem?" Senhor Stark pergunta.
"Siiiiiiiiiim." A resposta na voz das crianças ecoa por todo o local.
"Sabem quem eu sou?"
"Homem de Feeeeerro."
"E essa moça ruiva aqui ao meu lado?"
"Viúva Neeeeeegra." Ao final dessa resposta Natasha se dirige para o meio das crianças e é recebida com muitos beijos e abraços.
"Peter, eu não sei o que dizer. Muito obrigada!" Anabella me abraça fortemente.
"Você e eles merecem." Retribuo todo carinho.
"Caraca, tu conhece o Tony Stark mesmo. O Flash iria morrer de desgosto se estivesse aqui." Michelle solta um sorriso maléfico no final.
"Quarteto da Alegria, vocês podem vir aqui?" Senhor Stark pede improvisando um apelido para nosso grupinho. Caminhamos até onde ele estava. Natasha estava no meio das crianças com um menininho em seu colo. "E aí, pessoal, o que vocês querem fazer?" Senhor Stark pergunta abrindo e saindo de sua armadura.
"Eu acho que o Tony deveria contar sobre as aventuras dele como Homem de Ferro e a Natasha suas aventuras como Viúva Negra. O que vocês acham, amiguinhos?" Anabella pergunta para em voz alta. Me admiro como ela tem facilidade de interagir assim, em público.
"Siiiiiim." Todos gritam, inclusive eu, devem ser inúmeras histórias.
"Okay, okay, primeiro vou-lhes contar como eu me tornei o Homem de Ferro..." E assim Senhor Stark desativa sua armadura, fecha a mesma transformando-a em uma mala portátil, depois ele senta-se em uma cadeira que estava por perto. Todos se aproximaram para ouvir tudo desde os primórdios da criação do herói até agora. Estava bastante interessante, descobri coisas hilárias, por exemplo: Happy que bancava o fortão já perdeu uma luta contra Natasha, que estava infiltrada como apenas uma secretária de Senhor Stark, mas na verdade estava lá para monitorá-lo a mando de Nick Fury para a proposta da iniciativa Vingadores. Natasha derrubou o pobre Happy no chão com facilidade. Ouvir fatos até que cotidanos do Senhor Stark e da Nat era excelente. Todos prestavam máxima atenção em suas versões da batalha de Sokovia que os dois Vingadores contavam.
"E o Homem-Aranha é mesmo o seu filho?" E em um piscar de olhos sou citado no assunto.
"Eu acho que eu vou fazer um teste de DNA com o pirralho, todos falam que ele é meu filho." E isso causa risos em todos.
"Mandou bem, Peter, aquela ali que é a garota que te conquistou?" Nat pergunta para mim.
"Sim, ela é linda, não é mesmo?" Digo apreciando Anabella de longe.
"Você tem bom gosto." Nat concorda olhando para o mesmo ponto que eu. "Você ainda não contou para ela, não é?"
"Não pretendo contar. Isso pode ser perigoso, quanto menos pessoas souberem melhor." Digo mexendo em um gravetinho que estava no chão.
"Mais cedo ou mais tarde ela vai descobrir. O Secretário Ross todos os dias pressiona o Tony para agilizar a reunião de inserção do Homem-Aranha na equipe, querendo ou não pessoas vão saber sua verdadeira identidade, Peter." Nat diz.
"Mas não é obrigatório eu revelar minha identidade." Afirmo.
"Com a nova proposta do Steve e do Clint de ainda termos uma mão no volante, por certo a ONU e o Estado vão exegir a apresentação dos integrantes em âmbito não só nacional, como também mundial. É melhor ela saber por você do que por uma notícia no jornal das nove na TV."
"Vou pensar sobre isso. Obrigado, Nat." Agradeço.
"Disponha. Olha lá, todos pensam que você é um tipo de filho perdido do Tony que ele deixou em segredo para protegê-lo."
"Nesse caso minha existência faria mais sentido." Digo estralando os dedos.
O projeto ocorreu muito bem. Melhor ainda do que eu esperava. A tarde foi cheia de surpresas, e ao final de tudo percebíamos a diferença do ambiente. A alegria no rostinho das crianças não tinha preço. Saber que eu ajudei era melhor ainda. Sentia satisfação de ver aquilo. Todos despediram de nós com um abraço forte e caloroso. Ao final tiramos uma foto reunidos com todas as crianças.
"Em nome do hospital e de todas as crianças e adolescentes gostaria de agradecer pela iniciativa de vocês. Vocês proporcionaram uma incrível tarde para os pacientes, por certo eles nunca esquecerão este dia." Diz o diretor do hospital.
"Agradecemos por ter permitido nossa vinda." Anabella como sempre muito bem posicionada diante de tudo.
"Ah, e a portaria do hospital encheu de jornalistas e fãs quando descobriram que dois Vingadores estavam aqui. Eles também lotaram a porta dos fundos." O diretor diz.
"Tudo bem, nós passamos pela portaria. Vamos, pirralho e amigos do pirralho." Esse apelido já se tornou um hábito comum do Senhor Stark. "Romanoff, hoje você dirige!" Ele joga a chave do carro e Nat pega no ar.
"Pode deixar!" Ela concorda girando a chave nos dedos.
"Peter, tem muita gente lá fora." Bella fala segurando em meu braço.
"Caraca, me sinto uma pessoa famosa." Diz Ned ajeitando sua roupa na busca de ficar apresentável diante das câmeras.
"Não passa vergonha, Ned!" Michelle alerta.
"Como vamos voltar para casa?" Pergunto para os três.
"Gasolina está cara, mas pelo jeito vou ter que levar vocês." Diz Senhor Stark abrindo a porta da recepção. Instantaneamente flashes de câmeras e pessoas com microfones nas mãos vêm para cima de nós.
"Tony, você poderia nos dizer o que estava fazendo neste hospital infantil?"
"Já ouviu aquele ditado que a curiosidade matou o gato?" Alguns riem pela resposta do meu chefe.
"Bom, pelo que evidencia você e a senhorita Romanoff estavam fazendo uma visita às crianças do hospital. Como surgiu essa ideia de vir para uma visita vespertina?" Uma jornalista pergunta.
"A ideia não foi minha. Foi um projeto desenvolvido por esta mocinha aqui com a ajuda do meu estagiário e os amigos." Senhor Stark diz colocando uma mão no ombro de Bella e a outra no meu.
"Qual o nome de vocês?"
"Anabella."
"Peter."
"Michelle."
"Ned."
"Anabella, como surgiu essa ideia de vir até o hospital infantil para realizar o projeto?" A jornalista posiciona o microfone na frente do rosto de Bella.
"Foi um pouco impulsivo. Enquanto estava indo para escola pude observar uma placa com uma frase sobre amor ao próximo, daí eu tive a ideia e conversei com meus amigos e eles aceitaram. Confesso que nem sabia da parte de Tony Stark e Natasha Romanoff virem, foi ideia do Peter." Ela diz com uma naturalidade nata.
"Vocês poderiam nos dar uma entrevista separada?" A repórter nos pergunta.
"Desculpa, moça, mas minhas crianças precisam fazer o dever de casa." Senhor Stark diz enquanto caminhava até o carro. "Vamos."
"Tchau!" Quanto carisma e simplicidade de Bella ao despedir dos fotógrafos e repórteres.
"Cara, eu vou andar no carro do Tony Stark com a Viúva Negra junto." Ned dá pulinhos.
Entramos no carro. Sim, coube todos nós e não ultrapassamos a carga que o veículo suportava. Um carro tão indiscreto como Senhor Stark. Ele e Nat foram nos bancos da frente. Ned e Michelle desceram primeiro, eles moravam mais perto. Meu amigo nunca esquecerá esse dia, já Michelle estava um tanto quanto estupefata, ele não desacreditava que eu realmente conhecia Tony Stark como todos daquela escola, mas também não tinha certeza e quando percebeu que era verdade se assustou. Tomara que aquelas fotos e reportagens não saiam no jornal, muito menos na TV. Fama é a última coisa que eu quero.
"Pode deixar, eu também desço aqui." Digo assim que o carro para na porta do prédio de Bella.
"Beleza, porque ainda tenho que levar a Pepper em um jantar. Romanoff, sobre o que é mesmo o jantar?" Senhor Stark coloca a mão na cabeça parecendo tentar se lembrar.
"É o aniversário dela. Você nem comprou o presente." Nat responde colocando as mãos no volante do automóvel.
"Eu te dou o meu cartão e você compra algo que ela vai gostar." Diz o mesmo.
"Eu vou comprar coisas do meu interesse também como um pagamento por ter te lembrado." Nat diz com um sorriso sem mostrar os dentes e meu chefe revira os olhos.
"Deseje felicidades a senhorita Potts." Diz Bella.
"Até mais!" Eles se despedem e saem com o carro.
"Ahhhhh!" Bella grita assim que o carro se distancia. "Obrigada, obrigada, obrigada! Estava me segurando para não gritar de tanta alegria por você ter pedido para o Tony ir e levar a Natasha."
"Eu não sabia que ela iria. Só pedi ao Senhor Stark." Sou sincero.
"Muito obrigada! Foi ótimo, excelente, perfeito. Saiu muito melhor do que eu imaginava. Eu nem sei como agradecer." Ela solta um suspiro no final.
"Ah, você sabe..." Olho-a arqueando uma sobrancelha.
"Aproveitador."
"Aproveitador, não. Sou esperto." Faço uma breve correção e puxo-a para mim.
"Já disse que gosto dessa sua ousadia, Parker?"
"Ainda não, Clarke."
"Eu amo essa sua ousadia." Celamos nos lábios em um beijo misturado com emoção.
"Isso já virou costume." Digo e sinto seu sorriso iniciar-se junto do meu.
***
Aqui está o capítulo, leitores queridos. Me desculpem se ficou muito bom, é porque realmente estou em tempo para escrevê-lo. Nos próximos capítulos espero deixar os capítulos mais emocionantes. Até porque está perto da história tomar outro rumo, talvez bom, talvez ruim.
E o Capítulo Especial vencedor escolhido por unanimidade foi a Proposta 2: O Que Aconteceu Quando a Tia May Descobriu Que o Peter Era o Homem-Aranha. Na próxima semana ele estará aqui para vocês lerem.
XOXO