60 dias com eles

By dreamervick

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Julieta Fields é a garota mais certinha que Los Angeles conhece. Ela nunca se atrasou, nunca quebrou regras e... More

Intro + apresentações
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Epílogo
Agradecimentos

Capítulo 2

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By dreamervick

Para ser sincera, eu fiquei surpresa quando os pais deles os deixaram ir para o Chile de uma hora para outra. Thomas disse que foi difícil convencer a sua mãe, mas quando disse que teria comida de graça ela simplesmente se convenceu, jogando a mala de mão em seu rosto meia hora depois.

Era algo que eu estava torcendo para não acontecer.

— Juli, cadê minha mala? — Hillary grita ao pé da escada.

— Papai colocou no carro! — grito de volta já que estamos afastadas.

Minha casa está uma bagunça. Parece que passou um furacão por aqui, e os grandes responsáveis por isso somos nós, eu e a minha família. Não serei injusta, tenho que dar os maiores créditos disso para a Nathalie.

Seu dom é desorganizar as coisas.

— Vamos logo, garotas! O vôo é daqui a uma hora. — minha mãe nos chamou irritada com as mãos na cintura.

— Preciso retocar o meu batom. Fui beber água e borrou tudo!

Reviro os olhos e puxo Nathalie pelo pulso mesmo ela resmungando.

— Aí sua bruta! Eu estava indo, só ia retocar meu batom rapidinho. — ela reclama entrando no carro.

Meus pais já estão posicionados em seus devidos lugares quando entro no carro ao lado das minhas irmãs. Hilly está sentada na ponta direita, eu na esquerda e a Nathalie no meio com a cara no ar condicionado da frente. Ela parece estar com medo de toda a sua maquiagem borrar com o suor.

Pego os meus fones de ouvido dentro da bolsa e coloco na música mais bad que eu me lembre. Me sinto em um daqueles clipes quando faço isso.

Meu sonho finalmente irá se realizar hoje, e eu estou tão nervosa, alegre e ansiosa. Parece que o meu coração irá pular do meu peito a todo momento.

É um sentimento inexplicável.

Sorrio como uma tola enquanto olho para a janela e imagino como será a viagem, mas aí lembro que outras pessoas também irão...

E então o meu sorriso desmancha.

Meu sorriso realmente some quando minha mãe tira da bolsa cinco blusas estampadas estranhas, todas iguais.

Ah não! De novo não.

Ano retrasado eu e a minha família viajamos para uma casa de praia e nossa mãe nos obrigou a usar blusas combinando. Foi horrível. Todas as pessoas ficaram olhando. Eu me senti envergonhada. Tenho certeza que as minhas bochechas deveriam estar da cor de um tomate.

— Isso é tortura. — Hilly apoiou a cabeça na janela resmungando.

— Duvido que eu vou usar isso! Nem morta que vou vestir essa blusa mega cafona, mãe.

— Desculpa, mãe, mas eu também não irei usar.

Minha mãe nos lançou aquele olhar mortal

Mas aquilo não funcionaria comigo.

Eu não cederia por nada.

Não usaria aquela blusa estampada estranha nem morta.

[...]

— Aí essa blusa está apertada! Não trouxe tamanho maior não? — Hilly pergunta para a minha mãe.

— Eu estou horrorosa. Tirem isso de mim. — Nathalie grita fazendo-me revirar os olhos imediatamente.

— Eu estou péssima. — Resmungo.

Sim, todas nós cedemos. Ou isso, ou teríamos que lavar a privada na volta da viagem durante três semanas. E se tem uma coisa que fede é a privada da nossa casa.

Hillary come demais. Isso explica o cheiro daquela privada.

— Estão lindas! Deixa a mamãe tirar uma foto. — Ela pede com um sorriso de ponta a ponta em seu rosto. Susi pega a câmera em seu bolso da calça.

— Só não posta em nenhum lugar, mamãe. Não quero que a minha reputação acabe. — Nathalie avisa.

— Posta no Orkut! — Meu pai grita enquanto dirige. Usando seu óculos escuros gigantesco que ninguém da nossa família gosta.

Pelo menos nisso a Hilly, a Nathalie, eu, e a minha mãe concordamos.

— Pai, o Orkut nem existe mais.

— Sério mesmo?

— Lógico, pai!

— O que vocês, jovens, usam agora?

Nathalie responde por mim.

— O Face, o Instagram, o Twitter, o snap, entre outros aplicativos. — ela responde mexendo em seu celular.

— Não conheço nenhum. Depois criem uma conta para mim?

— Deus me livre! — Hillary grita assustada.

— Crio sim papai. Me segue! — o que Nathalie não faria por mais um seguidor não é mesmo?

Meu pai estaciona em frente ao aeroporto da cidade. Meu coração congela. É agora que meu sonho será realizado. Três anos com toda essa fantasia na minha cabeça valeram muito a pena.

Mas é aí que vejo os outros se aproximando do carro com as suas malas nas mãos. Todo o meu corpo estremece. Essas férias darão o que falar. Já estou até vendo!

Todos gargalham quando veem as nossas roupas. As minhas bochechas ficam como tomate outra vez. Hilly gargalha de nervosismo e Nathalie revira os olhos fazendo careta, e em seguida corre atrás do seu namorado.

— Oh, Deus! Preciso tirar uma foto de vocês com essa roupa. — Thomas ri tirando o celular do bolso. — Junta para a foto, Nathalie! Quero todo mundo juntinho.

Nathalie faz uma careta e mostra o dedo do meio para o Thomas.

— Não está ruim! — Kylie dá de ombros.

Sorrio animada com a sua confissão.

— Ah! Finalmente alguém não nos julgou e...

Ela me interrompeu.

— Está péssimo. — Completa.

Fico calada. Será que está tão ruim assim mesmo?

Matthew parece silencioso, então resolvo quebrar o gelo.

— O que houve? Está calado. — eu pergunto sem muita animação.

— Você me ligou semana passada dizendo que me ama e falando com uma voz insuportavelmente meiga. Quer que eu reaja como? Estou com medo de você! — ele confessa e eu reviro os olhos em resposta.

— Você é um idiota. Fiz isso porque o Jason e Nathalie estavam me vendo.

Matthew parece aliviado.

— Graças à deus! Pensei que você estava realmente ficando louca.

— Nunca chegarei no nível de loucura  de gostar de você. Aí já é decadência.

— Você é maligna!

— Só com você.

— Limpa aqui do lado da sua boca!

Toco no canto da boca realmente achando que é alguma coisa.

— O veneno está escorrendo.

Fecho os punhos e cerro os olhos enquanto o idiota gargalha.

Dou um empurrão em seu braço.

— Eu não te aguento mais!

— Vai ter que me engolir. Afinal, nós vamos passar sessenta dias juntos. E acredite, será tao ruim para mim quanto será para você.

O meu semblante muda. Fico mais irritada que o normal, até o meu pai aparecer ao nosso lado enquanto os outros conversam.

— O que houve? Briga de casal?

— Fica tranquilo, sogrão! Está tudo muito bem por aqui. — Matthew se finge de inocente e passa o seu braço pelo meu ombro dando um leve beijo em minha bochecha. Minha vontade é de dar um soco em sua face, mas a única coisa que faço é sorrir como uma tola, afinal, preciso manter essa mentira que eu mesma inventei.

— Ótimo! Vamos entrando. — meu paizinho nos chama com animação.

Fazemos o check-in, passamos por milhares de setores, e depois de um bom tempo finalmente embarcamos nesse grande avião. Opto por sentar bem ao lado da Hillary e da Kylie. A minha mãe senta ao lado do papai. Thomas e Matthew sentam juntos e Jason e Nathalie sentam lado a lado.

Observo a vista do avião quando ele finalmente decola. Meu coração está batendo muito rápido. Eu esperei tantos anos por esse momento que nem parece que realmente está acontecendo.

— Eu estou tão feliz! Amo a minha vida. — penso alto demais.

— Opa! Eu odeio a minha. Que coincidência né? — Kylie diz irônica enquanto folheia uma revista.

— Por que? — pergunto curiosa.

Ela fecha a sua revista e me encara, parecendo estar impaciente.

— Me dê um exemplo de uma pessoa que goste da própria vida. Sem ser o meu irmão. Ele se acha o centro do mundo, não vai responder nada que preste. — ela dá de ombros.

Procuro alguém pelo canto do olho. Meus pais estão dormindo, a Hilly também. Jason e Nathalie estão se beijando como loucos. A única pessoa que me sobra é o Thomas.

— Thomas, você gosta da vida? — eu pergunto olhando para a poltrona de trás.

Ele faz uma careta, passa a mão pelo queixo em um sinal pensativo e por fim, me responde.

— Eu toco a minha vida que nem toco violão.

Fico um pouco confusa.

— Isso é bom?

— Eu não sei tocar violão.

Kylie começa gargalhar ao meu lado. Viro-me pra Matthew e faço a mesma pergunta, desejando mentalmente ouvir dele uma resposta que preste.

— Claro que sim. Está vendo essa gostosura na sua frente? Como não ser feliz sendo o Matthew? — ele brinca rindo e apontando para si mesmo.

Eu desisto.

— Eu te avisei! — Kylie ri.

O resto da viagem eu passo lendo alguns livros e escutando música. O tempo vai mudando pouco a pouco. Quando me dou conta, percebo que está anoitecendo. As pessoas vão apagando os abajures ao lado de sua poltrona e no fim, apenas o meu fica aceso no meio de toda aquela gente dorminhoca. Estou sozinha.

Não gosto de dormir em aviões. Eu sinto medo. Muito medo na verdade. Os filmes de terror também não me ajudaram a combater esse medo.

Levanto da poltrona e vou até o banheiro lentamente para não acordar ninguém.

Faço as minhas necessidades, limpo minhas mãos e faço um coque bem horrível em meu cabelo. Quando eu tinha uns doze anos a minha tia me chamou para ir em seu salão pela primeira vez. Eu estava toda feliz. Naquela época ela era dona de um salão de beleza perto da sua casa. Eu pedi para ajudá-la. Eu queria não ser inútil. E depois de insistir muito ela se rendeu e me deixou fazer o cabelo de uma das suas clientes. Eu fiz uma grande bosta. Deixei o cabelo daquela mulher duro, laranja e feio. Ela deve me odiar até hoje. Enfim, sou uma péssima cabeleireira, nem um coque consigo fazer direito.

Caminho novamente para a minha poltrona, mas paro quando escuto passos vindos atrás de mim. Olho pelo canto do meu olho e vejo uma sombra.

O meu coração acelera e a minha respiração vai ficando mais pesada. Quanto mais aperto o passo, mais a pessoa atrás de mim faz o mesmo.

Chego a um ponto de tanto desespero que começo a gritar e correr por todo o avião. Todos acordam em um pulo. Os abajures são ligados e todo mundo fica desesperado achando que é algum problema com o avião.

Mas depois a atenção se volta para mim.

Olho para trás e não vejo ninguém.

E é aí que eu entendo que eu sou uma idiota.

Estava fugindo da minha própria sombra, e aquele barulho de passos também eram meus.

Matthew me olha nos olhos e prende o riso.

Ainda terei que aguentar muita coisa pela frente.

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