Amor Falso - Série Endzone...

By MariaFernandaRibeir2

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"Fake" é uma jogada do futebol americano onde um jogador finge fazer um lance, mas faz outro. Heaven acha que... More

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Prólogo
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Extra

Epílogo

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By MariaFernandaRibeir2

Você é minha luz nas horas mais escuras e profundas.
(How Deep Is Your Love - Bee Gees)

2018
Heaven

No primeiro inverno da faculdade, mais de seis meses depois do Fire Eagles ter se reunido pela última vez no baile de formatura, fomos convidados para ir até o sítio do irmão da Brittainy. Ele não estaria porque foi pai recentemente, mas liberou a casa para nós. Como eu e o Will somos universitários, nosso dinheiro não é grande o suficiente para fazermos viagens para mais longe, mesmo com as finança do livro, e realmente sentimos falta da turma, por isso pegamos o carro para ir ao Kansas.

— Dizem que essas terras são assombradas por pessoas que foram mortas na tentativa de conquistar este lugar. — minto, entediada e precisando de algo que me distraia enquanto na estrada.

Vendo filmes de terror com o Chefe na semana passada, descobri que ele não é fã de coisas medonhas. A cara dele após eu dizer isso é uma distração por si só.

— Mesmo?

— Uhum. Não foi algo bonito, você sabe, então eles rondam aqui, procurando por vingança. Minha mãe dizia que você precisa ficar quietinho no quarto a noite toda, se quiser voltar pra casa.

Ele relaxa.

— Espertinha. Você quase me fez borrar as calças de medo, mas a sua mãe não tinha como saber dessas histórias se ficou só alguns meses no país, e protegida pelo seu pai. De todo modo, há muitas lendas nessa região, o pé grande é uma delas. E os ETs, cujo muitos afirmam terem sido machucados por eles. Cuidado para não ser abduzida enquanto lê.

É a minha vez de sentir medo, até que ouço a risada dele. Justo.

— Relaxa, Heaven. As pessoas dizem ver ETs sim, mas não é frequente. Você não vai precisar do Sam Winchester para te resgatar deles, ok?

Resmungo um xingamento. Chegamos no sítio quando o Sol começa a se pôr, e a primeira pessoa que vejo me faz rir e chorar ao mesmo tempo.

— Pete! — corro pra pular nos braços do meu irmão.

Derrubo ele no chão e caio em cima. Ele xinga em alemão.

— Sabe que é verdade o que dizem da faculdade ser para adultos, né? Devo ter quebrado três ossos, obrigado por isso.

— Também senti sua falta, imbecil de lederhosen.

Ele revira os olhos.

— Não sou eu usando suspensórios. — puxa um dos meus, antes de nos colocar de pé em um movimento.

— Eu tô tão feliz que você está livre! Como você saiu, afinal? Conta direito, eu só sei que uma mulher te ajudou.

— Vocês acharam que iam se livrar de mim assim tão fácil? Não mesmo, garota. Recebi uma ajudinha da minha primeira testemunha de defesa, o que me fez deixar a prisão algumas horas atrás. Consegui outras pessoas ao meu favor, como o barman da festa e uma garota convidada, contatados por essa testemunha. Recebi o perdão do estado, ganhei uma advogada decente, e vim curtir um pouco antes de voltar pra casa.

A Julia, a advogada nova dele, ligou semanas atrás para todo mundo que era envolvido com ele de alguma forma para explicar o que aconteceu de fato no crime. Gostei dela por ter tirado minutos do tempo corrido de advogada para inocentar o meu irmão perante a todos que são importantes para ele, e principalmente por ter enfrentado o estado e aberto um processo contra ele pela condenação sem provas periciais válidas.

Um minuto, ele disse casa.

— Espera aí, você vai voltar pra Alemanha? Por que? Quando?

— Não, Inferno, casa no Nebraska. Faz cinco anos que eu chamo os Estados Unidos de casa, tonta. Se eu tivesse dinheiro para voltar à Alemanha, teria feito isso há dois anos, ou simplesmente não teria ido para a prisão pagando por um advogado que não me odiasse, ao invés de um promotor público que me quer longe. A Julia está trabalhando de graça até que eu possa pagar. Outra, com a Vivian indo para onde deve em breve, a Gwen vai ficar comigo em tempo integral, e eu não posso sair do país enquanto uma investigação com o meu nome no meio estiver acontecendo. — ele vê algo atrás de nós e sorri — E não é como se eu quisesse sair também.

Olho pra trás e suspiro ao ver uma cabeleira ruiva.

— Ela? É ela quem está te fazendo ficar aqui?

— Você não me ouviu? — ele diz, relutantemente tirando os olhos da garota para me olhar — Minha filha, uma investigação...

— A líder de torcida do Fire Eagles. — acrescento a lista — Por que você gosta de brincar com o que não pode ter?

— Ei, não me julgue assim, Inferno. Eu só a vi uma vez antes de hoje, é uma surpresa boa reencontra-la. E, ao menos que ela esteja com alguém, por que não posso tê-la?

Cogito perguntar onde ele viu ela antes, mas não tenho tempo. Um grito infantil estridente ecoa pela mata que cerca a fazenda.

— Papai! — a Gwen corre para abraçá-lo. — Você não sumiu de novo!

O Zack aparece atrás dela, como se estivesse tentando alcançar a prima.

— Liebe. — ele faz cócegas na filha — Eu disse que ia passar as férias vendo desenho com você, não disse? Derren. — cumprimenta o meu amigo com um aceno de cabeça.

— É uma vergonha você não saber pronunciar o sobrenome da sua filha. — o Zack provoca.

— Oh, fique tranquilo. É uma vergonha pra mim também que ela seja a única pessoa capaz de pronunciar o meu. Ela, que só teve cinco anos para aprender.

Puxo o Will para dentro, procurando deixá-los terem o momento deles.

— Seu irmão está de volta, o seu mundo voltou a girar no eixo. — meu namorado diz no meu ouvido — Você está bem com tantas emoções?

— Se ainda estou de pé, pode ter certeza que estou bem. — beijo ele, que me dá a opção de ir socializar ou para o quarto.

Escolho o quarto. Dirigir de Nova Jersey para o Kansas é cansativo demais, e deitar é mais que um desejo, é uma necessidade. No entanto, o Will não parece tão cansado quando tranco a porta.

— Qual livro você quer ler?

— Livro? Não quero livros, estive com palavras na cabeça por um mês direto. É o primeiro verão da faculdade, que tal curtirmos a vida?

— Ok. Livros são maneiras de curtir a vida, de outras pessoas, mas ainda assim.

Estraguei meu namorado totalmente. Ele gosta mais de livros que de mim?

— Eu sei que você está ansioso para saber o final da história, mas o livro pode esperar, entende? Finalmente nos livramos do Chefe. — corro uma unha pela parte de trás do pescoço dele.

— Achei que você estivesse em paz com ele. — segura minha cintura.

— Estou, mas isso não o torna menos desagradável. Ele coloca maionese na pizza!

Sou empurrada de costas na cama, e ele paira sobre mim.

— Você coloca mostarda em tudo.

— Não em tudo. A pasta de dentes é só o que está dentro do tubo, juro. — faço o sinal de juramento brincando.

Ele acha um ponto macio no meu pescoço e brinca com a boca nele. Tento não fazer barulho, mas ele sabe quais lugares usar para me provocar. Aí descubro que ele é adepto da tortura.

— Faz muito tempo que não vemos nossos amigos, podemos fazer isso depois.

— Não. — choramingo — Eles já esperaram um ano, mais alguns minutos não matarão.

Ganho total atenção quando deito de costas na cama. Meu rosto, meu pescoço...

— Heaven! — este, infelizmente, não é o Will.

É o Peter. E ele está furioso. Saio da cama com o grunhido do meu namorado repercutindo a minha decepção por ter que levantar, mas abro a porta.

— Eu posso saber por que no seu livro tem uma cena minha preso naquela árvore infernal? — ele balança o exemplar quando gesticula.

— Por que é engraçado? Eu não disse o seu nome, só disse que um garoto ficou preso na árvore pela bermuda. Foi o dia mais engraçado da minha vida.

— Sim? Você não precisou colocar o meu nome para aquele schwachsinnig chamado Zack rir da minha cara ao ler isso.

— Peter, eu não posso te ajudar por você ter conhecido ele naquele dia. Ele viu você pendurado lá. Meu Deus, que conversa esquisita. Se ajuda, também coloquei do dia que ele ficou com medo de descer do escorregador do parquinho e você precisou descer com ele. Não cito o nome de ninguém e não são cenas que exprimem um trauma marcante.

— Diga por ele! Nunca mais usei bermudas, e você sabe como esse país é quente? — reclama.

— Você está usando um shorts agora. — aponto.

Ele bufa. É um shorts bonitinho, não do jeito que o Peter usaria, amarelo. Amarelo?

— O que aconteceu com as suas roupas pretas? — pergunto estranhando.

— Esqueci em casa. Me prometa que não há mais nada comprometedor sobre mim nesse livro.

— Há ainda o seu julgamento. Não acho que seja comprometedor, foi horrível para mim e eu precisava colocar pra fora.

Ganho um olhar passivo.

— Ah, Inferno... se eu soubesse que te causaria tanta dor, teria voltado para casa ao invés de ir a prisão.

— Você fez o melhor para você, Peter, e é isso que deve ser feito. Indo para a Alemanha você perderia tudo que importa para você. A Gwen, suas roupas pretas, a Noelle.

Ele não nega nada. Nem mesmo a presença da ruiva nas coisas importantes. Quando volta para o quarto, noto que ela não está no quarto dela, na frente do nosso e escuto a voz dela no quarto do meu irmão. Balanço a cabeça e tranco a porta.

— Me lembre de nunca entrar no quarto do Peter sem bater. — digo, retornando a cama.

— Ah, se você sair do quarto. — ele continua de onde parou.

Dou um tapinha nas costas dele, sinalizando que não é só de agora que estou falando, principalmente porque agora ele encontrou a Noelle e sei que não vai ficar só por isso. Só quero ver onde isso vai dar. Não tenho a chance de verbalizar isso, ele deixa minha pele de lado e alcança a boca.

— Eu amo que você queira cuidar do seu irmão, amo que você queira cuidar da sua sobrinha, amo que tenha se preocupado em não magoar ninguém com seu ponto de vista no livro. Eu amo você, Heaven.

Tento não ficar emocionada, mas ouvir isso... ouvir que sou amada por alguém que me ama mesmo... é mais do que minhas pálpebras aguentam. Ele beija cada lágrima que cai, e demonstra todo o amor que preciso sentir.

A noite inteira.

2022

Olho uma última vez o projeto de uniforme esportivo desodorizante que criei, enquanto olho para o vídeo do último jogo do Will tentando captar quais partes tem mais contato com o suor. Coisa que a nanotecnologia me obriga a fazer. Eu poderia fazer isso simplesmente pegando o uniforme e sentindo a umidade, mas não, muito obrigada. Não é só suor que suja ele também. Anoto uma observação sobre um detalhe que percebo no vídeo e viro a cabeça quando escuto alguém se aproximar devagarzinho.

— Não é hoje que você vai me assustar, Will.

Ele grunhe.

— Nem hoje, nem nunca. Você sempre escuta o menor ruído.

— De nada, coração. — digo olhando para a cicatriz no meu peito. — O que você quer?

— Te convidar para sair, linda. Você tem ficado sentada por tempo demais, achei que dar uma volta faria bem.

Aceito o convite. Ele segura minha mão enquanto caminhamos por Seattle. Quando ele veio para cá para jogar, um ano atrás, eu não vim junto. Tínhamos brigado e dado um tempo, o que durou só até ele me ligar de uma livraria querendo ajuda para escolher um livro. Percebi naquele dia o quanto eu sentia falta de discutir com ele trivialidades literárias, e de ter que pagar com beijos quando eu contava um spoiler.

— Você lembra de quando eu vim pra cá seis meses atrás? — pergunto.

— Nunca esquecerei. Você trouxe um monte de finais felizes de livros numa cesta e pediu que eu pegasse um, para que fosse nossa meta. Não sei como vou te tornar uma princesa, mas não posso desistir. — brinca.

— Eu estava torcendo para você pegar aquele, só para ver como me tornaria uma. — entro no clima.

Paramos de andar quando alcançamos a margem do Green Lake. Ele suspira profundamente.

— Às vezes você sente como se estivesse sonhando? Que tudo isso não passa de uma ilusão?

— Sim. — respondo — É bom demais para ser verdade, às vezes, e nesses dias eu sonho que sou aquilo que era com o Greg. Inútil. E aí... — me viro para encara-lo, mas ele está ajoelhado com uma caixinha na mão.

Ah não.

— Will, o que você acha que está fazendo? — quase grito, tamanho o meu pânico.

Ele sabe que não quero casar. Que me apavora só a ideia de ter que entrar numa igreja ou no lugar que for e caminhar até o altar para encontrá-lo. Para dar minha mão a ele. Pelo amor de Deus, eu uso minha mão para escrever!

— Calma, não é o que você está pensando. Estive planejando esse momento desde que li, pela segunda vez, os livros da garota caçadora, que tem aquele cara que só usa preto e tem asas, pode invadir a mente alheia... — ele é péssimo para guardar nomes de livros, mas é claro que sei do que ele está falando. — Esse sorriso maquiavélico significa que você não vai me dizer o nome, não é?

— Não desde que você amassou meu marcador dele.

— Agora eu já sei qual é. — sorri — Continuando, na série há uma parte que a garota se torna parceira do... bem, parceiro dela. E isso basta para eles, lembra? Nada de casamentos, festas, só o simples fato de um aceitar o outro como quem querem ao lado. Achei que seria legal se fizéssemos isso.

Ajoelho na frente dele.

— Se seremos duas partes de um inteiro, não há razão para eu estar numa posição mais alta que você no momento que eu concordar.

Ele me mostra a correntinha que me fez achar que eu teria que dar uma de America, chutar as bolas dele e sair correndo. Ele coloca a minha em mim. Coloco a dele nele, sabendo que ela não ficará lá todos os dias da vida, afinal ele ainda é um jogador. Ele segura meu rosto, um sorriso estampando os lábios.

— Isso é um sim?

— Não, estou gastando minha pobre coluna para fingir que eu não disse que me ajoelhei para concordar, o que você acha?

O risinho que ele emite me faz sorrir.

— Você não muda nunca.

— Você esperava que eu mudasse? — provoco, cutucando a barriga dele, e levantando.

— Nunca. É a espera pela próxima resposta espertinha que me faz continuar com você. — mente.

— Ah, por favor, até parece que você está comigo pelas minhas respostas e não pela minha tapioca! Estou magoada agora. — levo a mão ao peito, atuando.

— Pela tapioca, pelas respostas, pelos beijos... por você ser você. Por nunca ter nos levado a um amor falso.

Me viro para ele, e ele tromba em mim. Claro que isso tinha que acabar com nós dois caídos na grama de um parque escuro.

— Eu não mereço os créditos por essa ultima coisa sozinha. Um casal é constituído por dois indivíduos, lembra?

Esfregando a cabeça após a batida contra o chão, ele diz:

— Lembro. Agora minha indivíduo vai me levar para casa e ler pra mim até minha cabeça parar de doer, já que ela me derrubou.

O ajudo a levantar, e tiro a grama das costas dele.

— Culpada.

Ele segura minha mão quando caminhamos de volta. De volta para a nossa casa, onde nunca precisamos fingir nada e cultivamos o amor mais verdadeiro que é possível encontrar. O amor pelo que o outro é, pelo que somos por trás do que o mundo enxerga.

E, claro, pelos livros. Não posso esquecer do que uniu nossos corações, não é verdade?

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