Amor Falso - Série Endzone...

By MariaFernandaRibeir2

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"Fake" é uma jogada do futebol americano onde um jogador finge fazer um lance, mas faz outro. Heaven acha que... More

Aviso de gatilho + avisos
Prólogo
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Epílogo
Extra

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By MariaFernandaRibeir2

Heaven

Eu estava tão feliz que quebrei minha cama com o Will naquela noite. Tão feliz que pensei em comprar um presente de Natal até para o mala sem alças e sem rodinhas que o Chefe é — e incrivelmente não eram alças e rodinhas que eu tinha em mente.

Tão feliz que eu podia gritar para o mundo ouvir. Mas preferi gritar isso na boca do Will, é mais educado. Ele não reclamou de nada, pelo contrário, ficou feliz comigo. Pela manhã, mesmo exausta, saí da cama quebrada e descobri os nomes responsáveis pela minha felicidade.

Julia e Elle. Julia, a nova advogada do Peter, conseguiu reunir todas as provas de defesa que o Reagan, o advogado antigo dele, havia escondido. Eu disse que aquele cara odiava o Peter. Elle, a vítima viva do carro do Anthony.

Quem diria que o cara tinha companhia? Enfim, a Elle estava na última festa do jogador assim como a Marianne, e acabou entrando no carro do Anthony em uma tentativa de fazê-lo não dirigir drogado, e o bom coração a colocou no olho do furacão. Felizmente, não se feriu no acidente, e pôde lembrar de quem o entorpeceu, livrando o Peter. A Julia não disse quem, mas eu sabia quem era.

— Linda, — o Will surgiu de pé atrás de mim, — por que você está escrevendo um novo livro?

— Não é um livro. São formas de deportar uma pessoa.

— Por que você vai deportar seu irmão?

— A irmã dele. — corrijo — Porque, perto dele, ela vai destruir tudo que ele ama. Se eu pudesse, colocava eu mesma ela num barquinho de madeira e mandava remar até a Europa. — sorrio.

— Não sorria assim, Heaven, que medo.

Meu sorriso só aumenta quando anoto mais um modo, de acordo com documentos oficiais. Não vou forçar a Anne a sair, mas usar o que ela fez para fazê-la ir. O Will aperta meus ombros e se abaixa para me dar um beijo.

— Suas anotações são dignas de serviços de inteligência. Esteja pronta para sairmos em uma hora.

— Will, podemos passar na casa do Peter? Preciso pegar algumas coisas lá. — ganho um olhar desconfiado — Nada que ele não me deixe mexer, juro.

— Tudo bem. Você tem a chave ou vai invadir?

— Eu não invadiria a casa dele, ele tem armadilhas.

Vamos direto para a casa quando saímos, e estranho não ouvir os latidos do cachorro dele quando o carro para. Obviamente, ele deve ter pedido que alguém ficasse com o animal. Quando piso no gramado ouço a respiração inconstante do cachorro na cerca do vizinho.

— Ei Amigão, como vai garoto? — acaricio a cabeça dele.

— Garoto? — o Will soa confuso — É uma fêmea.

— Não, não é... — olho para baixo e vejo oito tetas.

Não acredito que o Peter tem uma cachorra há um ano e não sabe o sexo dela. Eu não tinha como saber, a única vez que visitei aqui nesse ano, ele prendeu ela no quintal porque tinha brincado na lama e ia tomar banho assim que eu saísse.

— Amigão, eu só espero que você não engravide. O Peter enlouquecerá se voltar pra cá e encontrar filhotinhos. — afago ela.

Provavelmente viverá por eles. Checará de hora em hora se todos estão respirando, alimentará todos com os suplementos caríssimos indicados pelo veterinário, porque faz bem para eles, pagando com o dinheiro que ele não tem, mas trabalhará em dobro pra arranjar, e fará todos dormir cantando. Este é o pai que o meu irmão é.

Vou para dentro da casa dele e pego as contas que ele precisa pagar, algumas já vencidas, e saio da casa, trancando-a. Ele se desdobra mais do que é saudável para bancar a Vivian e a Gwen, então pagarei as contas atrasadas dele até se resolver com aquela víbora. É o mínimo que posso fazer depois de tudo que ele fez por todos.

— Contas? Como você vai pagar? — o cenho franzido do Will é de pura preocupação.

— Minha bolsa na faculdade é integral, e eu recebo uma mesada do meu pai desde que nasci. Você pode achar que não é um investimento inteligente, mas saber que o Peter não terá com que se preocupar é o que me dá mais paz hoje, agora que o Greg está preso.

— Se você se sente bem com isso, faça. Eu não vou te julgar por ser uma boa samaritana.

O vizinho espreita a janela, preocupado com os sons vindos da casa.

— Se eu fosse vocês, não invadiria aí. O último que tentou saiu de ambulância.

Ergo a mão com a chave.

— Sou a irmã dele.

Ele fecha a janela com força e tranca a porta. Fui confundida com a Annelise, que ótimo.

— Agora ele acha que sou a outra irmã dele, bacana. Vamos sair antes que ele chame a polícia.

Entramos no carro e ele ri.

— As pessoas não conseguem diferenciar você de alguém que nem tem seu sangue? O que o Peter dá para essas pessoas?

— Nada, e este é o ponto. A reclusão dele faz com que todos suponham demais.

A mão dele na minha é o que faz minha raiva passar. Durmo por uma hora assim que chegamos na interestadual, sendo acordada quando meu celular toca.

— Um tal de Imbecil de Lederhosen está te ligando.

Pego o aparelho da maneira mais desajeitada possível, quase jogando ele da janela no processo. Atendo com a respiração de um maratonista.

— Pete?

— Você conhece outra pessoa que usa Lederhosen? — brinca.

Faço muita força para não chorar. Ouvir a voz dele é tão bom.

— Como você está?

— Irritado, obviamente. Muito irritado.

— Oh, claro, como pensei que você estaria feliz por sair da prisão? Que bobagem a minha! — ironizo.

— Heaven, eu não posso soltar fogos se vou para um lugar horrível pra mostrar a duas pessoas o que o vicio pode fazer, saio de lá e nada mudou. Pior, a Gwen estava no meio dessa vez, e pela cara dela sei que isso aconteceu mais do que uma vez. É meu direito ficar irritado.

— A Gwen está bem também? Machucada? — eu mataria quem ferisse minha sobrinha. Posso até não ser uma tia muito presente, mas a minha falta lá não diminui o quanto ela importa pra mim.

— Está perfeitamente bem, inclusive aproveitou que o "papai voltou" para pedir pra comer as porcarias da tia Heaven.

— Ela não disse porcaria. — aponto.

— Claro que não. Diferente de você, ela tem educação. Como vai a faculdade, aliás?

Diferente de mim, rá! Não fui eu quem passou a adolescência de castigo pela boca suja, Patrowski.

— Normal, muita matéria, nada que a escola não tenha me vacinado para.

— Que barulho é esse? Você está em um carro ou é um furacão?

— Carro. Voltando do julgamento do Greg para Princeton.

Ele xinga em alemão. Depois eu é que não tenho educação.

— Não acredito que perdi isso, eu estive esperando por anos! Droga, estou triste de verdade. Você filmou?

Dou risada e o Will aperta minha mão, um sorriso feliz no rosto por me ver tão feliz.

— Não, não filmei. Talvez você devesse perguntar ao juiz se ele tem uma gravação. — provoco.

— Você quer me ver na prisão pra valer, me coloque perto daquele juiz. Juro que eu vou... hm, não Gwen, isso não é de comer, é naftalina, faz mal. Schatz*, o papa** já vai fazer a comida, tenha calma.

Conversamos um pouco mais, e menciono a viagem ao sítio do Sebastian cujo fomos convidados a ir em poucas semanas, querendo que ele vá. Ele não responde se vai, e pergunta o que eu acho dele entrar no FBI quando tiver a idade para isso. Respondo o que acho: se tivesse sido eu a capturada, não olharia nunca mais na cara de alguém da polícia. Ele se despede depois que respondo, alegando precisar se ajeitar em casa. Fico olhando para a ligação encerrada no celular, um sorriso de extrema felicidade no meu rosto. Limpo uma lágrima que escapa.

— Suponho que ele já esteja em casa. — meu namorado me lembra que não estou sozinha aqui.

— Sim. Sim, ele está em casa com a Gwen. O mundo dele está no lugar.

— Acho muito bonita essa relação de vocês. O mundo dele só está no lugar quando o seu está, e o seu só está no lugar quando o dele está. Como a Terra e a Lua.

— Todas as tentativas dele de me odiar só me deixavam mais intrigada. Ele levava a caixa do meu cereal favorito para o quarto dele, para que eu soubesse que não era para mim, um ato infantil de revolta, mas, mesmo assim, toda vez que pedia, eu tinha uma vasilha cheia. Ele acordava primeiro para ter o controle da TV, mas era só eu acordar que deixava no único canal que eu assistia.

— Ele quer fingir que te odeia, fingir que você não representa pra ele o tanto que faz. Pode ser o medo por você ter o mesmo problema da mãe de vocês, ele não quer te amar tanto se pode te perder. — eu sabia que ele entendia isso.

— Eu sei que é isso. Vá mais rápido, toda essa alegria me deu uma ideia para a minha história! — peço animada.

Ele tira um caderno e uma caneta do porta-luvas.

— Não estamos em condições de dirigir sem parar, só vamos alcançar seu computador daqui muitas horas, e não queremos que você perca a ideia, não é? — sorri.

No melhor momento desde o início da minha vida, a inspiração me sacode com força. Não deixo uma vírgula de fora, tendo noção de que vou tirar muitas vírgulas e palavras dali ainda.

— Ei Will, será que eu posso te chamar de xuxuzinho para deixar o apelido da história mais real?

— Inferno, não. Por que vou ser chamado de um mini legume aguado? Você pode colocar outros nomes pra mim, como por exemplo, preciosidade do meu coração, razão de eu respirar, amor da minha existência...

— Tá decidido, vai ser Will mesmo. Entenda: eu nunca vou te chamar assim.

— O que eu ganho se você passar a me chamar de um destes, então?

— O apelido bobo não basta?

Ele gargalha, e eu descrevo o som da risada dele em palavras. Ah, esse livro vai dar muito certo se depender dele. Ele é a inspiração perfeita pra mim. Olho para o céu limpo lá fora e agradeço ao Cara lá de cima por escrever certo em linhas tortas. Se não fosse um bocado de linhas tortas no meu caminho, eu nunca teria ficado com o Will no momento certo.

*Apelido alemão carinhoso, que significa tesouro, amorzinho.
**Papai em alemão.

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