Amor Falso - Série Endzone...

By MariaFernandaRibeir2

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"Fake" é uma jogada do futebol americano onde um jogador finge fazer um lance, mas faz outro. Heaven acha que... More

Aviso de gatilho + avisos
Prólogo
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Epílogo
Extra

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By MariaFernandaRibeir2

Eu quero saber o que é o amor,
Eu quero que você me mostre.
(I Want To Know What Love Is - Foreigner)
Heaven

Metade do verão passei trocando livros com o Will, e lendo bastante. Ele passou a ficar mais aqui do que na casa dele, já que eu o chamava quase todos os dias para ler pra mim, porque mesmo com óculos me dava dor de cabeça. Ele ansiava pelo dia do julgamento do Greg, eu temia pelo do Peter. Haviam dias em que eu o arrastava para qualquer coisa divertida que tinha na cidade, e apesar de reclamar muito, sei que ele gostava; e haviam dias como hoje, onde ficávamos esparramados no sofá fazendo nada.

Quero dizer, nada é o que falamos ao meu pai. Digamos que me viciei na boca dele.

— Você exercerá qual nanoemprego depois de formada? — ele pergunta, me olhando bem próximo.

— Não sei. Estou em dúvida entre as ênfases que devo escolher, mas tenho tempo ainda. Cerca de 750 dias até eu ter que decidir, tempo suficiente para ler muitos livros e beijar muitas bocas. — brinco, e ele fica sério.

— Muitas bocas? No plural?

— É, eu não tenho namorado. — continuo — E estarei na faculdade, época de aproveitar a vida enquanto o sistema não me transformou em uma máquina perfeita ainda.

— Você não pode aproveitar a vida com só uma boca pra beijar? — entendo a insinuação, mas ignoro ela.

— De quem? Do Greg? Prefiro que a boca dele o acompanhe para a prisão, muito obrigada.

Tenho medo de admitir sentir algo por ele, porque ele esconde algo de mim, eu sinto isso. E se ele não confia em mim o suficiente para dizer o que é, não vou entregar meu coração para ele. Errar dessa maneira uma vez foi suficiente.

— Por que você se recusa a me aceitar como o que quer que eu seja na sua vida? — pergunta frustrado.

— Porque você está escondendo algo de mim. — jogo limpo — Você não confia em mim, e relacionamentos são construídos na base da confiança. Me diz, Will. O que você não me contou sobre você?

Ele desvia o olhar do meu.

— Você sabe tudo sobre mim. — diz na defensiva.

— Não, eu sei tudo o que os outros sabem sobre você. Dá pra perceber o problema? O Greg me colocou no grupo dos outros durante todo o relacionamento...

— Não me compare com ele. — sibila raivoso.

— ...e você está fazendo o mesmo. Pior, os outros, os nossos amigos, meu pai, caramba, até o Peter sabe o que é. Posso ver nos olhos deles, na desconfiança. Ou você me fala o que é, ou pode ir embora e só voltar quando for me contar.

Irritado, ele senta ereto. Não mudo de posição. Espero que ele aja, mesmo que vá me machucar. A verdade machuca, mas não perdura; já a mentira é um band-aid estancando uma hemorragia. E eu cansei de vê-lo sangrar.

— Você publicou uma notícia mentirosa sobre mim no jornal da escola. Em que dizia que eu havia incendiado a minha casa pelo meu "vício" em drogas. — ele para. Eu espero. — O vicio que fez o Greg incendiar tudo. Nunca fui tão humilhado em toda a minha vida quanto no momento que li aquilo. As palavras diziam que... eu prendi a Pam e deixei ela lá. Não é verdade.

Ele para pra limpar algumas lágrimas, e sento ao lado dele procurando conforta-lo com a minha presença. Ele sabe que eu sei que não é verdade.

— Aí eu... eu quis revidar. Você e o Zack eram muito amigos, então toda vez que você estava perto por causa dele, mas com ele longe o suficiente para não escutar, eu te colocava pra baixo. Você dizia que queria nadar, eu dizia que o xixi da piscina ia deixar seu cabelo mais feio do que já era. Começou assim, até ficar... até ficar difícil. Sua luz apagou, você parou de procurar o Zack, e ele não tinha muito tempo pra te procurar, então você ficou sozinha. Sozinha com as minhas palavras.

A dor dele me contagiou. Encosto minha cabeça no ombro dele e ele me abraça muito triste.

— Eu queria te machucar, Heaven. Queria te machucar o suficiente para você sumir da minha vida, e eu nunca lembrar das palavras daquele jornal. Eu queria te punir. Mas eu aprendi a lição. Machucar o outro por algo que é meu é tão errado quanto punir alguém por algo que eu fiz. Na festa onde você passou mal, eu já estava cansado de só causar dor a todos que me rodeavam. Ia te pedir desculpas sinceras e arrancar a dor a força. Sabia que nunca seria o mesmo depois de perder minha irmãzinha, a angústia me tomou. Você me salvou de muitas maneiras naquela noite.

Entorto a cabeça.

— Não entendi. Eu te tirei de cima do guarda-corpos de uma ponte? — pergunto curiosa.

— Não. Você morreu. Ver você sem vida nos braços do Zack me fez correr para o hospital. Esqueci os meus problemas e só pensei nas possibilidades sobre você. Se ficaria bem, se acordaria. Aí, quando fui ver o meu psicólogo e ele disse que eu precisava consertar as coisas com você, levei isso a sério. Eu devia isso à você. E agora estou pagando minha dívida. Me desculpa.

— Pagando eternamente, eu espero. — digo sobre a insinuação dele só não ter se entregado a dor por minha causa — Não vou prometer não ficar brava quando e se eu lembrar do que você me disse. Mas vendo o que vejo de você hoje, sei que é um garoto bom, que sabe que se me machucar tenho um pai feroz. — sou obrigada a excluir o Peter dessa equação, já que ele escolheu se anular da própria vida. — Não me desaponte por confiar em você, Will. Posso parecer uma boneca frágil, mas saiba que eu secretamente enviei bombons com uma surpresinha para o Greg na semana passada. Isso porque eu conhecia um pedacinho dele.

Ele respira aliviado.

— Não tenho mais nada grave escondido de você. Falei coisas feias, mas não vou repetí-las.

— Este jornal que você falou sobre, tem como eu vê-lo? Quero saber o quanto preciso pedir desculpas, já que estamos sendo honestos aqui. — digo.

No site da escola tem todas as impressões do jornal, mesmo esta que saiu de circulação logo, segundo ele. Entro no site pelo meu computador e demoro a achar aquela semana em meio a tantas datas, mas ele me ajuda. Quando leio as palavras escritas... eu nunca escreveria tamanha barbaridade. Sem dizer os erros que mostravam que não passou pela revisão presente no jornal.

— Will, tem algo de muito errado aqui. Todos esses erros seriam corrigidos pela professora de redação. Sempre enviei todos os arquivos para ela, que corrigia e enviava diretamente para o jornal.

Abro o e-mail e procuro pelo arquivo enviado. Clico, e lá está a minha pesquisa. Lembro de ter feito ela, e de ter continuado dormindo com o causador de tudo, uma vozinha acusa na minha cabeça. Calo ela. Fico esperando uma reação dele, que fica mais estático que um cabelo esfregado no balão.

Me assusto pra caramba quando ele quase joga a cadeira no chão para me beijar. Resmungando pedidos de desculpas, ele permite que eu faça o que quiser com a boca dele. Mordisco o lábio inferior, e ganho um aperto na coxa de retribuição.

— Me desculpa, Heaven. Me desculpa. — Ele repete isso toda vez que para pra respirar, então quando nos afastamos, preciso dizer:

— Já te desculpei, Will, uns três minutos atrás, lembra? — brinco.

— É que... eu fiz você chorar. Uma vez só, mas fiz, a Brittainy me disse. E eu não quero que você ache em momento algum que aquilo foi preliminar para isso, o amor pode até surgir do ódio, mas é muito mais complicado do que alguns beijos e é isso aí. Eu precisei de fazer muita terapia, e você vai se lembrar alguma hora. Ódio é algo muito ruim, muito profundo, uma erva daninha. Arrancar tudo é necessário para o amor florescer. Não que eu te ame agora. — acrescenta rápido.

— Nós já discutimos isso. Eu sou a pessoa com problema de memória, e você é o único a demonstrar sinais de amnésia. Prometo ser a primeira a chutar sua bunda se eu me magoar com algo que você fez, hoje ou meses atrás. Feliz agora? Vou te deixar chorando em posição fetal por semanas, e te fazer sofrer de saudades como se minha vida dependesse disso. É o que você queria ouvir? — espero que ele saiba que estou brincando. Parcialmente, mas ainda assim.

— Por favor, faça isso. Eu mereço.

Rindo de como ele diz isso, beijo ele. Não sei por que pedi tanto tempo com o Greg, se emaranhar meus dedos nesse cabelo macio é tão mais prazeroso que ouvir os "não toque no meu cabelo, o penteado" dele.

Mesmo que isso não dure para sempre, mesmo que acabe em lágrimas e dor, eu quero que sejamos felizes juntos enquanto durar. Mesmo durando só este verão, ou só até o inverno chegar e as lembranças dele fazerem com que se afastar seja a melhor opção, e assim eu ficar sozinha no frio do inverno americano. Eu quero arriscar, quero sentir a adrenalina continuar pulsando nas minhas veias, o desejo de ficar tonta com mais um beijo.

Quero me sentir viva depois de tanto tempo vegetando pelo Greg. O Will é o cara certo para fazer isso porque, em meio à tempestade, ele foi quem me puxou pra chuva e me mostrou que molhar um pouco pode ser bom, porque a força das gotas não é a mesma durante todos os momentos; nem sempre é forte o suficiente para machucar, às vezes é bastante para refrescar. É certo que ele já foi a neve que me queimou, mas se agora está lutando para ser o Sol que me aquece, vou esperar tudo descongelar para decidir o que faço com esses sentimentos frescos.

Torço para podermos deixar florescer coisas boas, expulsando o gelo melancólico, assim como faz a primavera nos jardins congelados, trazendo vida aos nossos corações machucados.

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