O que os olhos não podem ver ✔

By KarinaTavares417

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Aos onze anos, Pietra conhecia o amor através dos livros românticos que lia. Ao receber seu primeiro pedido p... More

I - Infância
II - O pedido
III - Choque de realidade
IV - Primeiro passo
V - Cores
VI - Alarme falso.
VII -Família
VIII - Amor de mãe
IX - Fuga
X - Sem saida
XI - Relacionamento
XII - Nem tudo é perfeito
XIII - Verão
XIV - Bolsa de estudos
XV - Festa
XVI - Sobre verdades
XVII - Ricardo
XIII - Preto sem branco
XIX - Poesia
XX - Viagem
XXI - Cidade
XXII - Lucas
XXIII - Amigos
XXIV - Recomeço
XXV - Tempo
Comunicado
XXVI - Passado
XXVIII - Descrições
XXIX - O caso dos porquinhos
XXX - É hora do circo [ parte I ]
XXX - É hora do circo [ parte II ]
XXXI - Preto com branco
XXXII - A valsa.
XXXIII - Atividades
XXXIV - Questão de tempo
XXXV - Bloco de notas
XXXVI - Conselhos de amor
XXXVII - O que os olhos não podem ver
XXXVIII - Visita Surpresa
XXXIX - Dizer Adeus
XL - Volta para casa
XLI - Retomando o caminho
XLII - Formatura
Epílogo
Agradecimentos
AVISO

XXVII - Primeiro beijo

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By KarinaTavares417

Seguimos em direção ao chiqueiro, que ficava a esquerda da casa, em uma parte mais baixa com declive. O local era bem iluminado e os porquinhos estavam presos - isso não valia para o cheiro do local.

- Devia ter trago um pregador pra por no nariz. - Resmunguei.

- Estou acostumado porque lá em casa o cheiro é igual. - Comentou Matheus.

- Não me disse que também criava porcos. - Olhei pra ele intrigada. - Se soubesse também o havia colocado na lista de possíveis alvos dos sequestrador.

- Uai, pensei que ele só roubasse gente rica. - Deu de ombros.

- Não vejo diferença entre porcos de gente rica ou pobre - Apontei pra frente - O cheiro do animal é igual em qualquer circunstância.

Ele concordou com a cabeça e demos uma volta completa pra saber onde ficaríamos.

- Ali! - Apontou Matheus, para a árvore a poucos metros de nós. - Tem pouca iluminação. Deve ser um bom lugar para nos escondermos.

- Verdade. - Assenti e seguimos até o local. Adiantei, armando minha cadeira e pondo minha mochila em meu colo. Pela distância, iria precisar do meu binóculo.

Ai, caramba! - Pensei comigo.

- Eu esqueci meu binóculo! - Falei irritada comigo mesma.

- O Senhor T tem um. - Comentou Lucas sentando ao meu lado - Matheus, você poderia pedir a Rosana, por favor?

O rapaz levantou num pulo.

- Está bem. Eu já volto!

Fiquei vendo ele partir pelo mesmo caminho que viemos e nem percebi que o silêncio havia tomado conta do lugar. Cocei a garganta de leve e vi ele sorrir.

- O que houve, Pietra? - Lucas perguntou.

- Como assim o que houve?

- Sua respiração. - Pontuou - Ela está mais rápida que o normal

- E desde quando você sabe como é minha respiração? - Indaguei.

- Você é fácil de identificar, Pi. - Comentou com um sorriso - Tirando a essência que só você tem, você rir pelo nariz. Tudo pra não chamar atenção, né?

- Isso tudo mundo sabe.

- Quando está nervosa o ritmo de sua respiração fica acelerado. - Contou - Quando está tímida ele se estende e quando está irritada ele fica mais alto. Porém, o que mais gosto é quando está dormindo. Você respira serenamente, embalando qualquer um ao som dela.

Sorri tímida pra mim mesma.

- Acho que está reparando demais em mim.

- Isso não é de hoje. - Relembrou novamente.

Revirei os olhos, engolindo seco.

- Por que tem sempre que lembrar do passado? - Indaguei em tom baixo - O que há de tão bom lá que precisa sempre surgir em nossas conversas?

- Você sabe bem o que existe. - Falou sério. - E admito que sempre quis saber de você, o motivo de querer omitir isso.

- Prometemos que não falaríamos mais nisso.

- E eu cumpri. - Ele virou sua cabeça pra mim e aquilo me causava arrepios, porque parecia que ele estava me olhando, o que me deixava super sem graça. - Até agora. Eu não contei para Ricardo ao perceber que mesmo namorando ele, você não havia contado. Só fiquei intrigado quando ele me contou que ele tinha sido seu primeiro. - Ele riu sozinho. - Pra quantos mais você mentiu sobre isso?

- Isso não é da sua conta. - Resmunguei.

- Não, mesmo. Porém é engraçado a forma que mente pra si mesma e acaba acreditando nessas mentiras.

- Que mentiras?

- Você é boa em inventar histórias, Pietra. - Falou, se acomodando em sua cadeira. - Assim como gostava de ler, você também sempre foi muito boa com palavras. Senão me engano, Ricardo me contou que estava participando de concursos de redações, você chegou a passar?

- Sim. - Suspirei alto, o fazendo rir novamente.

- Não é surpresa, você querer acreditar na mentira de que eu não fiz parte da sua vida. Que fui o primeiro a te beijar e o seu primeiro amor.

- Você é tão babaca!

- Por que não contou pra ele? - Perguntou - Porque quando brigaram e chegou a me chamar de gay, você não disse o real motivo de ter ficado com raiva de mim? Mais uma vez.

- Porque quem manda na minha história sou eu, Lucas. E você foi um erro que não devia ter acontecido. - Vociferei.

Ele maneou a cabeça, afirmando. E sorriu de canto.

- Como disse, você é boa mesmo em acreditar em suas mentiras, porém elas continuam sendo mentiras, Pietra.

- O que você está insinuando? - Questionei.

- Como você disse ao Matheus, Deixaaaaa. Rolaaaaar.

Revirei os olhos, pensando que deveria ter ficado calada. Agora as lembranças iriam voltar com força total e em meio ao silêncio daquele lugar, elas simplesmente ganharam voz.

Está bem, mas lembrem do que disse no início. Certas coisas foram melhor apagar e esquecer, sabe? Fingir que nunca tinha acontecido e acho que cumpri um bom papel, ocultando de vocês isso. Aquela carta foi um erro. Lucas foi um erro. Eu queria mesmo apagar aquelas lembranças da minha mente. Queria mesmo que Ricardo, depois daquela Rave tivesse sido, não apenas meu primeiro beijo, como meu primeiro amor. Teria sido perfeito, mas a vida não segue o roteiro que desejamos, como nos livros que lemos. Infelizmente, o clichê da nerd e o popular havia entrado na minha vida. O babaca jogador de futebol e tão cobiçado pelas meninas.

Não, ele não era apenas aquilo.

Aquele dia na quadra, eu vi que tinha me precipitado e poderia sim ter tirado conclusões erradas ao seu respeito. Eu sou uma boa observadora e nada tinha me passado despercebido. Na biblioteca, nas aulas, no recreio e no caminho de volta. Aquele olhar azul sempre me seguia e quando dei por mim, em meu pequeno coração crescia um sentimento confuso que não queria admitir pra ninguém.

Nossas trocas de olhares se tornaram constantes e ele passou a notar minha atenção retribuída na mesma medida. Eu estava um ano na frente dele e de alguma forma, ele conseguiu entrar na minha sala e colocar um bilhete dentro do meu caderno. Havia acabado de voltar da minha aula de educação física e ao abrir minhas coisas, o pequeno papel caiu.

Uma colega vendo o que tinha acontecido, me entregou e sorri agradecida. Ao ler, vi que a letra era meio torta, mas era legível. Ele me fez sorri como uma boba, a cada linha da referencia que ali estava escrita.

"Eu me apaixonei por ela quando estávamos juntos. E me apaixonei ainda mais nos anos que ficamos separados. - Diário de uma paixão.

Do seu eterno amigo. Só amigo."

Sorri ao terminar de ler e guardei aquele pedaço de papel pra mim. Nos dias seguintes, durante os recreios nossos olhares continuaram. Minha convivência com Mari estava distante e como vivia mais sozinha, aquele segredo pertencia apenas a nós. Somente a gente sabia o que nossos olhos guardavam, porém só ficava neles. Eu não tinha coragem de ir até ele e nem ele vinha falar comigo. Ele continuava sendo popular e cobiçado por todas, por isso ficava feliz em manter aquela distância.

Contudo, nem tudo dura para sempre. Certa vez, estava indo pra casa após o reforço. Era uma das minhas primeiras semanas e fui surpreendida por ele do lado de fora da escola. Ele estava parado sozinho, com uma perna escorada na parede e as mãos dentro dos bolso da calça, vi ele esboçar um sorriso ao perceber que me aproximava.

- O que faz aqui? - Perguntei parando a sua frente.

- Achei que precisava de companhia pra casa. - Deu de ombros - Já está tarde e acho perigoso uma linda garota andar sozinha.

Sorri tímida com o elogio e comecei a andar, porém ele se juntou ao meu lado.

- Já que nos tornamos amigos, pensei que era hora de te contar meu segredo. - Falou enquanto desviada para o lado para ver se tinha alguém ali por perto.

Aquilo só podia ser brincadeira.

- Que segredo? - Indaguei, voltando pra ele.

- Já se esqueceu do dia da arquibancada? - Perguntou chocado, como se aquilo tivesse acontecido no dia anterior.

- Isso já faz um ano, Lucas.

- Eu tenho uma boa memória.

- Percebi. - Comentei nervosa, voltando a olhar a nossa volta e dessa vez ele acabou percebendo.

- Procurando alguma coisa?

- Não. Só estou vendo se está mesmo sozinho aqui.

Ele parou segurando em meu braço, fazendo meu corpo voltar para ele. Olhei para ele com desdém e ele me fitou sério.

- Você sabe que não sou mais aquele garoto de antes, Pietra. - Falou firme - E que se abrir espaço, vai ser difícil me tirar do seu coração.

- Você é tão convencido! - Tirei sua mão, mas fui surpreendida pela outra que segurou subitamente minha cintura, me fazendo tremer na base.

- Eu estou apaixonado por você, Pietra. - Declarou, fazendo minha respiração parar - E sei que também sente o mesmo por mim, não tem como negar.

- Como pode afirmar isso? - Sussurrei.

- Está escrito nos seus olhos. - Ele firmou seu olhar nos meus e me vi presa neles. - E se sente o mesmo que eu. Tenho certeza que também estou em seu coração. - Ele pegou minha mão e a pôs em seu peito, me trazendo a clareza de que assim como o meu, o dele também batia acelerado como se fosse explodir.

Abaixei minha cabeça, pensativa. E minha mente não pensava uma coisa, senão que sim. Ele tinha completa razão, mas eu não podia ser fácil assim.

- Você deve estar louco, Lucas. - Voltei a andar e ele retomou seu posto, porém agora na minha frente, passando a andar de costa, em plena rua que por sorte estava deserta. - Acho que o bando não está fazendo bem a você.

- Há um ano, você me rejeitou por não gostar de mim. - Relembrou, me fazendo olhar novamente pra ele - E nestes doze meses, você confirmou o quanto era diferente das outras. Passei a ver em você, a garota mais incrível que já conheci. Você até pode tentar esconder das outras pessoas, mas eu te vejo, Pi. E você é tão linda que sei que não te mereço, mas como um egocêntrico apaixonado, eu preciso saber se você gosta de mim.

- E o que você quer que eu fale? - Parei subitamente e ele fez o mesmo ainda na minha frente - Que eu gosto de você e que estou apaixonada pelo rapaz que cita diário de uma paixão?

Ele assentiu, me fazendo rir.

- E o que isso vai mudar em nossas vida, Lucas? - Questionei. - Se sabe realmente quem sou, sabe que somos completamente diferentes.

- Diferenças que nos une, você não vê? - Insistiu.

- Não será isso que as pessoas irão dizer.

- E quem liga para o que dizem, quando isso só cabe a gente? - Questionou, me fazendo suspirar e me sentar num banco próximo de onde estávamos.

- Tudo nos separa, Lucas! - Disse entristecida, quando ele sentou ao meu lado.

- Não se separa o que não se pode ver.

Lucas segurou em minha mão, me fazendo olhar para elas.

- Eu não preciso do seu para sempre, só desta noite. - O olhei e fui novamente presa em seu olhar.

Assenti timida e ele abriu um largo sorriso.

Fomos até uma pracinha que ficava ali próxima, onde um parque humilde estava aberto. O único brinquedo descente era uma roda gigante e não vimos um lugar melhor para nossa noite.

Antes de entrarmos no brinquedo, ele beijou minha testa e senti todo o seu carinho emanar sobre mim. Ele comprou uma maçã do amor pra mim, ao qual dividimos e logo após entramos.

Lá no alto, sentindo a brisa em meu rosto que senti que tudo estava perfeito. O momento, o sentimento e a pessoa.

- Eu amo você! - Ele sussurrou em meu ouvido, me fazendo arrepiar e sorri nervosa.

- Eu também te amo, Lucas. - Ele sorriu da mesma forma e começou a aproximar sua cabeça da minha, mas parou de repente.

- O que houve? - Perguntei. - Eu fiz algo errado?

Eu estava nervosa, mas ele segurava em minhas mãos.

- Não. Só estou gravando bem essa cena na minha mente. - Disse me fazendo sorrir - Se um dia eu não ver mais você, quero lembrar pra sempre da primeira garota que eu amei.

Ele correspondeu ao meu sorriso e pondo sua mão em meu rosto, o puxou pra ele, encostando assim delicadamente nossos lábios.

Apenas uma noite. Uma das mais incríveis da minha vida.

Agora você deve estar se perguntando, porquê eu escondi isso de vocês, certo? Então, como eu disse desde o inicio. O Lucas, é um egocêntrico babaca. E pelo visto, ele dizia isso para todas que queria conquistar. Pelo menos foi o que pensei quando, dois dias após aquela noite, a escola toda ficou sabendo que ele havia firmado o namoro com Carolina. Uma novata da escola que era bonita pra caramba e que não passou despercebida por ele. Ele foi logo levantando a patinha e mijando pra marcar território. Amor rápido esse dele, né? Cretino. O pior foi sofrer de amor por ele, sem que ninguém soubesse. Eu chorava como uma louca em meu quarto, na biblioteca e até durante o banho. Então eu vi, que ele não merecia espaço na minha história. Não merecia minha citação sobre como ele saiu vitorioso com a historia da carta e que fui molenga demais por me deixar levar.

Se eu menti? Omitir. Porém, por uma boa causa. Ricardo não merecia saber disso. Ninguém merece saber. Contudo, a vida nos prega peças e lá estava eu, conversando novamente com o cretino de uma noite.

E novamente, uma única noite

[>>]

Notas da autora:

Olá, gentem! Tutupom?

Então, lembram que eu disse que iria reescrever a história? Então, aproveitei essa "feriado" do jogo do brasil para acertar vários furos e acrescentar umas coisinhas nela (até títulos novos eu postei gente, está fofíssimo). Tanto que o último e esse capítulo está segundo as novas mudanças. Se você é leitor antigo, deixo claro que os capítulos já foram repostados desde o primeiro e caso tiver um tempo para maratonar novamente para ler estes detalhes fiquem a vontade.

Beijos a todos. ♥

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