Amor Falso - Série Endzone...

By MariaFernandaRibeir2

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"Fake" é uma jogada do futebol americano onde um jogador finge fazer um lance, mas faz outro. Heaven acha que... More

Aviso de gatilho + avisos
Prólogo
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Epílogo
Extra

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By MariaFernandaRibeir2

Heaven

Recebi alta hoje de manhã, e mesmo tendo visto aquele garoto cedo, já estou sentindo falta dele. Passar tanto tempo com uma pessoa em um lugar tão ocioso cria uma certa conexão. Mas, não posso sair de casa no estado em que me encontro: mais descabelada que um cantor de Heavy Metal após um show inteiro fazendo headbanger* e com mais sono que um urso no inverno. Me obriguei a acordar após a décima quinta hora de sono, e desci para comer com o papai. Ele suspirou aliviado ao me ver.

— É sempre bom te ver de pé, pedacinho do céu.

— Uma hora ei de levantar. O que você está vendo aí? — apontei a televisão.

— Uns vídeos seus pequena. Você sabe que vai pra faculdade logo, e eu vou ficar com a síndrome do ninho vazio.

Dei risada.

—Deixa de bobagem, seu Marcus. A faculdade é no país, não na Tchecoslováquia. E outra, você tem namorada, é só parar de bobagem e chamá-la para morar aqui logo. É uma casa grande, sozinho não será um ninho vazio, e sim uma floresta inteira.

—Você e sua perspicácia, filha. O que vai fazer com esse cabelo? Vai no baile hoje?

—Vou lavar daqui a pouco, e acho que não. Já estou quebrando muitas regras descendo e subindo as escadas com as minhas pernas, não aguento tanta emoção de novo.

Repouso ao máximo, o mínimo de esforço, disse o médico.

—Tem a cadeira de rodas da sua mãe aí, e o remédio que você está tomando controla o coração.

—E me faz parecer ter usado qualquer coisa ilícita, é por isso que tomo de noite, para dormir, não para ir a uma festa. — apontei.

—Ok, se você quer ficar em casa, fique. Só achei que ver seus amigos pela última vez fosse te fazer bem.

Isso me atingiu em cheio. É mesmo a última vez que vou ver a grande maioria deles. E se eu não for, talvez não os veja nunca mais.

—Vou ver se alguém pode ir comigo. — afinal, pilotar uma cadeira de rodas sozinha é bastante complicado.

Nem tentei falar com o Zack, não queria atrapalhar os planos dele com a Brittainy. A Lindsay também estaria ocupada. Passei pelo número do Peter e até cogitei chamá-lo é arriscar a vida dele, mas vi o nome de baixo e descobri uma pessoa que me levaria e provavelmente não acharia ruim.

—Como você ousa me acordar tão cedo?

—Boa tarde pra você também, Will.

—Tarde? Droga. — ouvi o barulho de algo caindo. Ele talvez. — Desculpa Heaven, estou atrasado para uma apresentação da Talita. O que você precisa?

—Eu queria saber se você pode ser minha companhia no baile hoje.

—Se eu conseguir sair da apresentação a tempo, sim, claro. Esteja pronta, por via das dúvidas.

Ele desligou. Meu pai nem levantou os olhos do jornal esportivo quando contei da minha companhia, o que foi uma reação boa, visto que quando contei do Greg ele cuspiu um monte de café na parede. A marca continua lá.

Não preparei nada elaborado para usar, porque atrasei graças ao sono da tarde. Tive ajuda para tomar banho, e coloquei o vestido de tule azul que alguém disse que realçava meus olhos. Coloquei os óculos e não sabia qual sapato colocar. A porta bateu contra a parede anunciando a entrada de alguém quando decidi por uma sandália de tiras.

—Ah não. Eu vim correndo do centro de dança e você sequer está pronta? — meu par resmungou.

—Você deu a entender que ia se atrasar, e o livro que você me deu é muito bom, fiquei entretida. — menti.

—Mentirosa. — ele pegou a sandália de tiras e calçou meus pés — O livro ainda está do jeito que deixei ele aqui de manhã. Você estava dormindo. Vamos logo, quem gosta de chegar por último é a Cinderela, não nós.

Fui carregada até o carro e ele voltou para buscar a cadeira. Fazia isso tão bem que tive que perguntar:

—Você já cuidou de algum cadeirante?

—Não, mas peguei um livro seu escondido pra ler e me senti mal por todas as dificuldades que os cadeirantes enfrentam. A Lou é minha inspiração agora.

Fiquei chocada.

—Você vai me devolver meu exemplar de Como Eu Era Antes de Você.

—Depois daquele final? Devolvo e de brinde vai o pote de lágrimas que derramei. Entendi o lance de sentir, mas era necessário me fazer chorar tanto?

Discuti com ele o porquê do final do livro ser daquele jeito, e ele estacionou na escola dizendo que não leria o próximo livro de jeito nenhum, mas o convenci antes de descer do carro.

—Só tenho até o segundo, então este é o tanto de sofrimento que você terá. Depois te emprestarei algo feliz para melhorar seu estado de espírito, prometo.

—É bom que empreste mesmo, ou te chamarei de Inferno como o seu irmão. É o único nome cabível a alguém que me empurra coisas que me fazem sofrer. Precisarei de algo do tipo Pollyana.

Ele me empurrou para dentro e se assustou com o grito da Lindsay ao me ver ali. Não consegui acompanhar o que ela disse, e nem o que a Brittainy falou, o remédio fez efeito e minha cabeça saiu de sintonia. Sentamos na mesa do time, e o sonolência me atingiu em cheio.

—Ei bonita, nada de dormir agora. É uma festa, a última da escola, vamos aproveitar. Quer comer algo? — o Will perguntou.

—Um travesseiro.

—Eu sabia que você era diferente, mas não imaginava que era doida. — sorriu brincando — Vou pegar alguns canapés.

Fiquei sozinha por segundos, o garoto voltou rápido.

—Sabe, estão dizendo por aí que você é minha namorada. — comentou divertido. — É engraçado como um pouco de benevolência vira um romance na cabeça das pessoas.

—Você parece beijável, mas eu lembraria se fosse meu namorado. As pessoas são doidas.

—Eu pareço beijável, é?

—Sim, nada sentimental, é só uma questão do rostinho bonito. Eu te beijaria, se não estivesse incapacitada de me mover. — enfiei um canapé na boca.

Estava quase engolindo quando ele disse...

—É contra a lei você dizer que quer me beijar, seja o motivo qual for, e ocupar a boca depois. Sério Heaven, é errado fazer isso comigo.

Engoli com dificuldade depois dessa, e bastou ver o movimento de deglutição para ele selar os lábios nos meus. Provei o sabor dele e o frescor de amoras me viciou. Quando respiramos um pouco, tomei coragem.

—Gostei da sua pasta de dentes, posso experimentar mais um pouco?

Ele riu na minha boca.

—Sempre que você quiser, linda.

E me permiti viciar naquele gosto.

Will

Gosto muito do fato da Heaven tomar iniciativa. Afundei na boca de algodão doce dela, só parando com um pigarro alto chamando nossa atenção.

—Eu apreciaria se os senhores tivessem um pouco mais de pudor. — o Marcus apontou minha mão alta na perna dela. — Ninguém está afim de ter um estudo público da paixão humana.

—Desculpa, papai. — ela respondeu envergonhada.

—Não me peça desculpas, só saibam onde fazer cada coisa. — suavizou a voz pra ela, diferente do olhar que me lançou.

Ensinei ela a fazer origami para focar minha atenção em algo menos doce. Tinha certeza que o Marcus ainda estava olhando de algum lugar, apesar de não ousar levantar o olhar.

—Meu pai é assim mesmo, mas é inofensivo. Acho que perder a mamãe tão cedo fez com que ele ativasse o modo desconfiado.

—Eu sei disso, ele ainda é meu treinador.

—Me esqueço que você joga. Vai continuar na faculdade ou fazer origami é seu projeto de vida? — brincou.

—Não. — ri — Vou continuar. Escolhi Princeton por eles terem um time.

Ela ficou boquiaberta, mas fechou a boca e se calou.

—O que foi?

—Vamos para a mesma universidade.

Parei de dobrar o papel, e notei que ela estava falando sério.

—Isso não é tão ruim. Talvez nem nos vejamos. — dei de ombros.

—O quê? Meu maior sonho, desde que conheci o Greg, era estudar em um lugar com alguém que eu gostasse. Seria a Califórnia com ele, mas agora é Princeton, já me inscrevi lá, e terá você também!

Frio subiu na minha coluna. Beijar é uma coisa, isso é outra.

—Você não gosta de mim, Heaven. — murmurei.

—Por que não?

— Eu não sou legal. E quando você lembrar, vai se arrepender de ter achado que sim.

—Will, eu não sei o que você fez para ter achado que não merece perdão. Matou alguém? Tirou uma criança da família? Atropelou um bichinho e saiu correndo? — fiz não para os três — Roubou? Não? Então ainda tem salvação. A gente é humano, cara. Não sou uma juíza para te condenar pelos seus erros.

—E se você achar que devo ser condenado quando lembrar?

—Aí eu vou avaliar se o que te faz culpado é maior que a vontade que tenho de te beijar.

Eu estava gostando muito dessa garota brasileira de sotaque californiano, atitude presente, coração gigante e os olhos mais bonitos do mundo. Gentilmente tirei os óculos dela dos olhos.

—Agora você é só um borrão. — reclamou.

—Desculpa, quero que os seus olhos sejam a última coisa que eu vejo antes de...

Como sempre, ela tomou a iniciativa e não me deixou terminar de falar, enfiando a língua na minha boca sem que eu pudesse respirar antes de entender o que estava acontecendo.

É, eu podia facilmente ficar com essa menina de atitude incontrolável. Com ela eu não preciso ter medo do amanhã, ao contrário, eu anseio por ele e pelo próximo passo dela.

*O famoso "bater cabelo".

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