Adib Jatene
Ainda estou de cama. Continuei por uns dias depois de acordar. Estou preocupado com Sarah... Erick não perde a oportunidade de maltrata-la. Eu não sabia que ele era assim, não sabia que ele seria capaz de tamanha atrocidade. Ele é um verdadeiro doente. Ele deveria tomar essas medicações pesadas, não ela. Não a minha Sarah.
Sei que estamos no final do ano. Está frio. Frio o suficiente para não me deixar dormir. Como conseguir descansar sem informações sobre Sarah?
Era meio de tarde quando consegui levantar escondido. O hospital está vazio como fica em feriados. Erick está dormindo em sua cama. Me aproximei devagar. Sono profundo. Filho da puta! Estuprador! Não tardei para me decidir. Fui até as medicações. Peguei uma de nossas injeções mais fortes; Uma que usamos em casos especiais para aumentar a crise.
– O que acha de sentir um pouquinho do que ela sente, babaca? – Sussurrei antes de injetar aquele líquido em seu corpo. Espero que seja internado! Espero que sofra! Que seja estuprado como fez com a minha Sarah! Maldito Griffin!
Não fiquei para assistir. Segui para fora dali. Não sei onde deixaram minha Sarah. Fui inicialmente ao seu quarto. Vazio. Fui para a solitária. Griffin e Saether não perderiam a chance de deixa-la naquele inferno.
Consegui a chave com a desculpa de examinar a paciente e tudo foi fácil. Entrei e a cena que vi foi perturbadora. Sarah estava de joelhos num dos cantos da sala. Sem roupas. Usou um vestido para passar em volta do pescoço. Não!!
– Sarah! – Gritei na tentativa que ela parasse, mas não foi o que aconteceu. Ela apertou ainda mais e acabou desmaiando na minha frente. Corri até ela e a peguei em meus braços, desenrolei o vestido de seu pescoço e o coloquei em volta de seu corpo. Ainda estou fraco, mas decidi carrega-la.
Está magra, parece pálida... Me parte o coração vê-la assim, eu deveria ter cuidado dela. Passei minhas mãos pelos seus cabelos e quando me dei conta já estávamos na enfermaria. As enfermeiras reclamaram de minha fuga, mas estavam ocupadas demais com o surto de Erick.
Ele gritava contido e se debatia na cama, mas agora minha atenção é Sarah. Minha Sarah. De olhos fechados, respirando tão pouco... Tão fraca... Dou um beijinho em seu rosto desejando que acorde, desejando que pelo menos uma vez alguém lá em cima escute a mim. Pelo menos essa vez.
Menina... Se você soubesse o quanto é importante para mim. Se soubesse que sonhei com você a cada hora que estive preso nessa cama... Se soubesse, você talvez não tivesse tanto motivo para chorar. Eu quero te tirar daqui. Eu quero e não vou mais esconder, não vou mais tomar aqueles remédios. Agora eu tenho um motivo para acordar todos os dias pela manhã. Quero ser o que você diz, eu quero ser o seu herói.