Todas As Coisas Mais Simples...

By FelipeDamazio

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Após o divórcio de seus pais, Igor passa a morar com sua tia, na tentativa de desviar-se do conflito estabele... More

epígrafe
Um
Dois
Três
Quatro
Cinco
Seis
Sete
Oito
Nove
Dez
Onze
Doze
Treze
Quatorze
Dezesseis
Dezessete
Dezoito
Dezenove
Parte II - L'appel du vide
Vinte
Vinte e Um

Quinze

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By FelipeDamazio

Junto-me à mesa do café. Todos os outros membros já estão presentes, calados enquanto comem — e instalado naquele meio havia a mesma tensão de quando estávamos em volta da fogueira no dia anterior; alguns inquietos, outros sonolentos. Laryssa e Angelina desjejuam como se aquela briga não tivesse acontecido. Tiago come um pão de queijo e retribui minha fitada com uma expressão de satisfação, como se dissesse "bom-dia" sem dizer.

Desvio meu olhar para Anita, que toma sem vontade um suco de laranja. Ela está distante e cabisbaixa; sabe que eu a estou encarando, mas não me olha.

Havia ficado alguns minutos lá, enquanto Anita chorava sentada no sofá. Não aguentei vê-la daquela forma, sofrendo por algo que eu causei. As lágrimas dela passaram a ser minhas e só consegui parar de chorar quando Danilo e Angelina retornaram para a sala. Por mais que eu ainda estivesse encantado com tudo que Tiago e eu havíamos feito naquele lago, naqueles minutos eternos, meus pensamentos conflitavam bastante. Aquela era a minha vida, minha felicidade. Porém, Anita sempre foi muito importante em tudo que vivi e, portanto, não merecia estar naquela situação injusta. Queria poder conta-la que nada era sua culpa e que todas as coisas que acontecem são apenas sobre mim, sobre meu eu. Contudo, eu precisaria explicar o que nem mesmo eu ainda consigo entender. Como diria que estou apaixonado por Tiago? E o que aconteceria depois? O que ela diria? O que eu responderia?

Simplesmente não sei.

Quando me declarei para Anita, não imaginei que ela pudesse terminar com Caio para ficar comigo. Naquele dia eu me senti o garoto mais realizado do mundo, mas também fiquei preocupado com a possível recorrência daquela sensação desagradável ao nos beijarmos, aquela frieza dos meus lábios. Não era como se o beijo dela fosse horrível; era doce e suave e representava muito bem quem é Anita; porém eu nunca conseguia relaxar, não conseguia me concentrar nos nossos lábios enquanto todo o êxtase daquela ação nos consumia — da forma que ocorre quando beijo Tiago. Com o tempo, fui me acostumando a beijá-la, e o que antes era desconfortável, se tornou nada. Apenas nada.

Não sei ao certo o que sou, não sei se sinto atração apenas por garotos, na verdade, não sei se o que sinto pode sequer ser denominado como "atração". A única coisa que sei nesse instante é que gosto do Tiago e me sinto melhor quando estou com ele. Isso, por agora, já basta. Sendo errado ou certo, sendo confuso ou óbvio, sendo passageiro ou eterno, a única coisa que eu sei é que gosto dele, muito.

— Estava pensando em fazermos uma trilha — Caio dispara e concentra seu olhar em mim. — Só eu, você e Danilo, como fazíamos sempre que vínhamos aqui.

— Apenas nós três? — Danilo questiona enquanto seu olhar carregado de preocupação percorre as figuras de Angelina e Laryssa.

— Sim. Sinto falta disso. Desde que Anita e eu terminamos e posteriormente a Barbie e o Ken anunciaram para o Albuquerque que, de fato, eram um casal, venho me sentindo uma vela, que existe apenas para iluminar o romance dos outros — ele solta um leve sorriso e finaliza: — Não é por mal, mas vocês não imaginam o quanto agradeci quando Danilo me contou que ele e Elena haviam terminado. Céus, acho que uma dúzia de fogos foi pouco para comemorar esse dia!

— Como você consegue ser tão escroto, Caio? — Elena indaga rindo com cinismo.

— É errado dizer o que penso?

— Não Caio, não é — Elena graceja e volta a comer.

— Ainda bem, né? — ele pigarreia e retoma a atenção a mim: — Vamos fazer essa trilha ou vocês vão oficializar nosso distanciamento?

— É claro que vamos com você — Danilo responde. — Acho que realmente precisamos conversar como antes.

— Vocês cinco vivem numa pressão de manter algo que naturalmente acaba — Angelina comenta. — Admiro isso em vocês. É imaturo, mas é fofo. De verdade.

— Enquanto ainda estamos juntos, vivendo esse último ano, precisamos continuar sendo os mesmos — Caio replica. — Sei que quando esse ano acabar, muito do que éramos irá embora. Querendo ou não, a amizade é uma coisa passageira, mas enquanto ainda estivermos juntos, não devemos temer o futuro, devemos realizar momentos que ficarão na memória. Por isso vocês todos estão aqui hoje.

— A amizade só é passageira quando se permite que ela seja — retruco.

Angelina tateia seus dedos na mesa, forçando uma expressão reflexiva.

— Sabe, Igor? Você é tão fofo — e pisca com malícia — que as vezes acabo te achando meio "afetado".

— "Afetado"? O que quer dizer com isso?

— Sei lá. Sensível demais... Digamos... Gay.

A comida quase para na garganta quando ouço as palavras maldosas da menina. Caio me encara consecutivamente como se esperasse alguma reação embaraçosa minha. Todos os outros o seguem e fixam o olhar em mim, com exceção de Laryssa, que mantem uma expressão insossa na face. Anita não pisca, embora imite Laryssa com seu olhar indiferente, enquanto Tiago parece querer dizer algo.

— Posso saltar na cara dela agora ou espero acabarmos de comer? — embora ameaçadora, a voz de Laryssa soa serena enquanto come seu sanduíche lotado de bacon.  

— Calma, linda! Não estou querendo ofender ninguém. É que é difícil, quase raro, encontrar garotos tão sensíveis como o Igor.

— Você compreende o que fala? — Laryssa questiona.

— Claro que sim. Aliás, adoro os gays! Os acho super divertidos e amáveis, por sinal.

— Nem todo gay é "super divertido e amável" — Tiago adverte. — Isso é uma generalização absurda. Às vezes é melhor ficar calada, algo que você deveria aprender.

— Tanto faz. Aqui não tem nenhum gay mesmo. Ou tem? — ela me encara com o cinismo de sempre e depois volta a comer.

— Meu irmão é gay — Laryssa retruca — e ele nem sempre é pomposo. Ele é humano como qualquer um de nós e também vive seus dias amargos. Às vezes ele consegue, até mesmo, ser mais insuportável que eu. Não é por ser gay que se tornou um personagem caricato de algum sitcom.

Angelina se cala, mas mantém o ar de desdém até quando saiu do cômodo, mantendo a sua pose. Enquanto isso, eu torcia para que Laryssa repetisse o que fez ontem. Ela merecia.

No meu quarto, separo uma muda de roupa no fundo da mochila, visto-me e deito na cama na espera de Caio e Danilo. No ócio, capto o celular do bolso e por impulso vou até a galeria de fotos. Numa pastinha haviam algumas fotografias do ano anterior, de todos nós cinco. Era meu aniversário de dezesseis anos. Anita e Caio ainda namoravam, assim como Elena e Danilo. Eu estava no meio dos dois casais; sorrindo. Não consigo lembrar o que estava sentindo, então prefiro apenas pensar que meu sorriso era genuíno, que eu realmente estava feliz ali, aproveitando o momento com os meus amigos.

Mal noto quando Anita rasteja pelo quarto, melancólica. Senta-se ao meu lado na cama e de viés confere o que estou vendo no celular. Ela sorri delicadamente.

— Esse dia foi incrível — ela parece relembrar de algo. — Não tem nem um ano, mas parece que já faz tanto tempo. Éramos tão mais próximos...

— Meus pais ainda pareciam normais. Ou, pelo menos, tentavam parecer.

Anita acaricia minha face e finaliza num abraço carinhoso.

— Amanhã teremos um jantar em família na minha casa — diz enquanto se afasta. — O meu pai convidou meu tio e alguns membros da igreja. Gostaria que você estivesse comigo.

— Igreja? Bem... você sabe que não gosto muito...

— Por favor! Sei que você é meio descrente, mas eu preciso de você ao meu lado.

— "Precisa"?

— Passei a noite inteira tentando entender o que houve ontem. Acho que talvez eu tenha me precipitado. Estou nervosa em relação aos vestibulares e ao meu futuro, então, de certa forma, acabo me sentindo esquecida. Achei que depois do que compartilhamos, iríamos ficar mais próximos, mas, na verdade, senti que o sexo nos distanciou. Passei a última semana me questionando e criando várias teorias sobre o motivo disso ter ocorrido. Talvez eu esteja sendo egoísta e aí acabo não entendendo o que está acontecendo contigo. Agora, analisando o todo, até sinto que estou negligenciando seus problemas. Isso é tão confuso!

— Anita, você não é a culpada por nada do que está acontecendo.

— Mas eu sou sua namorada e, acima de tudo, sua amiga. Só preciso te entender para poder ajudá-lo e consertar o que estamos vivendo. Ainda vejo um futuro para nós dois e agora consigo compreender como essa coisa com os seus pais te afetou. No que depender de mim, iremos juntos superar isso.

— Então você não quer um tempo?

— Você quer?

Olho nos seus olhos. Eles brilham carregando a esperança de que eu negue sua pergunta.

— An-Anita... eu... estou tão... perdido — titubeio, passando as mãos pela face.

Caio e Danilo adentram ao cômodo, puxando-me da cama enquanto conversam sobre futebol. Ela parece incomodada com isso, mas eu, por outro lado, sinto-me aliviado por ter conseguido fugir daquela pergunta. Não sabia se queria responde-la.

Nós três seguimos pelo interior do bosque, onde se iniciava uma extensa trilha pela coxilha. Vimos o reflexo do lago entre as árvores e logo o margeamos, caminhando sobre a terra úmida. Inevitavelmente a lembrança da noite anterior invade os meus pensamentos. Um sorriso espontâneo brota em meu rosto, mas forço para que suma. O que Tiago e eu vivemos será só nosso, velado e memorado para sempre naquele lugar.

Cessamos os passos ao ouvir o cantarolar estridente de algumas arapongas. Ficamos as admirando até elas saltarem dos galhos de um alto salgueiro e voarem rumo ao sul.

— Se vocês tivessem asas, para onde voariam? — Danilo questiona baixinho, olhando fascinado para o céu desnudado.

— Eu? Acho que talvez voaria para Londres.

Se essa pergunta fosse feita há uma semana, provavelmente eu diria que voaria o para o mais alto que eu pudesse alcançar para ver a extensão de todo céu azul pacífico e sentir, nem que por alguns minutos, uma vida mais livre; o gosto da liberdade e não estar mais atado aos problemas que vivo e por depois, voar ainda mais alto, sem cessar, até me desfragmentar. Mas agora, honestamente, não voaria para lugar algum. Estou bem onde estou, ao lado de Tiago. Quero que continue assim. Desejo estar com ele.

— Londres? — Danilo questiona com confusão.

— De repente me deu vontade de conhecer esse lugar.

— Imaginei que você diria que "voaria para o passado".

— Até diria isso, mas acho que asas não me fariam desafiar o contínuo espaço-tempo, e estou feliz vivendo o agora, mesmo que isso soe estranho de dizer. E você? Voaria pra onde?

— Pra qualquer lugar longe da Angelina — Danilo gargalha.

— Eu te avisei que ela não seria fácil, meu amigo — retruca Caio de repente.

— Ainda gosto da Elena, sabe? A gente se completava e... Angelina é tão superficial.

— Até agora não entendo como ela conseguiu te trair.

— Nada é concreto. Às vezes só fazemos besteira; agimos e somos impulsionados a fazer o que nosso corpo ou nosso coração e instinto clamam — Danilo replica. — Não a culpo. Quem nunca fez uma besteira na vida?

Sentamos em uma rocha e Danilo retira do seu bolso um saquinho de maconha prensada, enrolando na seda.

— O que está rolando entre você e Anita? — Caio me pergunta.

— Não sei bem ao certo.

— Como não sabe? Anita é sua namorada.

— Ontem ela me pediu um tempo.

— Um tempo? — Danilo indaga. — Ela te ama. Como ela iria querer um tempo?

— Talvez o Igor não a ame — Caio reage.

— Claro que eu a amo — contradigo por impulso.

— Não parece. Sabe qual é a minha impressão disso tudo? Que você não se sentia bem ao me ver com ela, que fez o que fez por puro egoísmo.

— Caramba, Caio! Você ainda não conseguiu superar?

— Não é sobre mim, Igor, é sobre como você usa as pessoas. É tipo como se você não conseguisse pensar em cada um como um indivíduo. Me parece que as pessoas precisam funcionar ao seu favor.

— Isso é ridículo!

— Você acha? — ele arqueia a sobrancelha. — Então me diga: qual foi a última vez que você perguntou para Anita, para mim, Elena e Danilo se estamos bem? Parece que tudo sempre precisa ser do seu jeito e é como se nós fôssemos só meros figurantes na sua história.

— Eu me importo com todos vocês, juro que me importo, mas a minha vida...

— Viu? — me interrompe com fúria. — Você está fazendo de novo. É sempre a sua vida, seus problemas familiares, sua mãe e seu pai! Eu também tenho meus problemas, tá legal? Todos temos, mas nem por isso eu criei uma situação para separá-lo de Anita por sentir que estou sobrando e muito menos a trato como se fosse dispensável. Isso não é uma discussão, apenas estou te dando um toque.

— Criar toda uma situação? Você está indo longe demais agora.

— Eu não quero jogar na sua cara uma coisa que aconteceu há quase um ano, mas sei o que você fez, sei as intrigas que armou para que Anita deixasse de confiar em mim.

Sobressalto e a voz se perde no caminho. Não sabia mais o que responder. Eu não tinha o que responder, na verdade. Caio não estava mentindo ou exagerando. Eu sei o que fiz.

Há um ano, Anita passou a desconfiar que Caio pudesse estar tendo um caso com Karina, uma das garotas que cercam Angelina. Ela me questionou, clamando para que eu contasse o que sabia. Tenho ciência de que o que fiz foi errado, mas quem nunca errou? Quem nunca foi egoísta e colocou a própria vontade acima da vontade dos outros? Eu também estava cansado de não fazer mais parte da vida dos meus amigos.

Aquela desconfiança foi minha deixa.

Tudo ocorreu em abril, logo depois do meu aniversário. Os ensaios do teatro anual do Albuquerque tinham se iniciado. Caio e Karina foram designados como protagonistas e ambos precisaram se dedicar mais, passando muito tempo juntos. Eu, da forma mais suja, me aproveitei da situação.

— Você é meu amigo, um dos meus melhores amigos, mas não titubeou ao insinuar que eu estava traindo Anita com a Karina. Ficou claro que a sua intenção era de nos separar.

Sinto um peso enorme nas minhas costas.

— Eu... eu sempre gostei da Anita. Você também sempre soube disso. De certa forma você também foi egoísta em começar algo com ela sabendo do que eu sentia.

— Mas nunca inventei histórias ainda que você a trate como uma ninguém.

— Caio, qual é o seu problema? — Danilo interfere. — Achei que quisesse passar um tempo conosco, como no passado, e não que quisesse revirar o passado com coisas que já não importam mais.

— Como já disse, não estou discutindo. Só quero que o Igor entenda que ele precisa olhar mais ao redor, compreender as pessoas e não só apenas ele. Anita não merece ser tratada como ele a trata. Não estou falando isso porque tenho algum tipo de interesse nela, mas sim porque ela ainda é minha amiga e amigos se preocupam uns com os outros.

Me calo novamente, ainda com aquele peso sobre as costas. Era o peso da culpa. Sinto-me uma pessoa horrível porque, de fato, fui antiético. Infelizmente o Caio tem razão. Venho andando tão preocupado com os meus interesses que acabei me esquecendo das pessoas ao meu redor, as mais importantes da minha vida — meus amigos.

Quando tudo se tornou esse caos? Parece que qualquer passo que eu venha a dar, indiretamente irá afetar uma pessoa. É como se eu tivesse que ser responsável pelo mundo inteiro. Isso me cansa e me esgota. Tento ser uma boa pessoa, mas nunca é o suficiente.

Eu só quero ser feliz. Por que é tão difícil?

Todos os dias tenho que me preocupar com quais palavras usar, como me comportar, como agir e reagir. Mesmo sempre me oprimindo, me filtrando, ainda preciso ser melhor porque parece que nunca sou bom o bastante. Talvez, se eu tivesse asas, eu poderia voar para bem longe todas as vezes que esse peso cai sobre mim. Dessa forma, poderia fugir dessas cobranças, desses chamados.

O resto do dia passa depressa. Fizemos uma maratona de filmes que, no fim, não foram os mesmos que eu e Anita selecionamos. Aguardamos os motoristas de Caio e Angelina retornarem e assim todos nós voltamos para nossas respectivas casas.

Tiago e eu não nos falamos durante todo aquele dia, ainda que a minha vontade fosse estar ao seu lado o tempo inteiro. Enquanto assistíamos a segunda trilogia de Star Wars eu só queria poder estar no lugar de Luiza, que adormecera nos seus braços.

Já é quase meia-noite quando chegamos em casa. Ao entrarmos, Laryssa e eu nos deparamos com tia Olívia. Está sentada no sofá como se estivesse nos esperando há bastante tempo. Sua fronte enrijecida, suas sobrancelhas franzidas e seus olhos foscos indicam que estamos em apuros.

— Não acredito que vocês saíram sem me avisar — esbraveja. — Você foi tão inconsequente quanto sua prima, Igor! Mesmo não morando com seus pais você continua tendo apenas dezesseis anos e eu sou sua responsável enquanto estiver sob este teto, entendeu? Ambos desde agora estão de castigo!

— Quanto exagero — Laryssa sussurra, cruzando os braços.

— Exagero é eu ter uma filha de dezessete anos que se comporta como uma mulher amargurada de meia-idade. Estou esgotada com você e não sei mais o que fazer. Amanhã acompanharei vocês dois até a terapia.

— Me acompanhar até a terapia? — Laryssa pergunta, desacreditada.

— Sim. Acompanhar você, mocinha! Prometi a Cassandra que irei acompanhar o Igor na terapia e já que irei fazer isso eu aproveitei para marcar uma sessão para você.

— Nunca! Nunca! Nunca! — repete atônita. — Você só pode estar ficando louca se acha que eu vou contar meus podres para uma terapeuta "dedo-duro"!

Laryssa desaparece exasperada no lanço de degraus. Tia Olívia chama seu nome inúmeras vezes, mas independente do tom de sua voz, ela não retorna.

— E você? — agora eu sou a vítima. — Não me diga que está envolvido nas tramoias da sua prima também...

— Não, tia. Me desculpe. Eu só estava com medo de falar com minha mãe.

— Sua mãe não é nenhum monstro, Igor. Ela te ama e sente saudades. Você nem responde as mensagens dela. Ela se preocupa com você e com seu bem-estar. Não acha que já está na hora de conversarem?

— Talvez sim, tia. Talvez.

Talvez aquele realmente fosse o momento de conversar com minha mãe. Quem sabe assim ela poderia me explicar o motivo de tudo ter acontecido como aconteceu naquela fatídica noite, e eu poderia contar sobre o Tiago. Poderia dizer que beijei um garoto e gostei.

Eu estou pronto para cortar os laços que restaram e me libertar daquelas amarras. Tudo irá depender do que ela me disser.

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