Amor Falso - Série Endzone...

By MariaFernandaRibeir2

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"Fake" é uma jogada do futebol americano onde um jogador finge fazer um lance, mas faz outro. Heaven acha que... More

Aviso de gatilho + avisos
Prólogo
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Epílogo
Extra

9

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By MariaFernandaRibeir2

Ameniza, ameniza,
Liberta-me, liberta-me,
Minha dor.
(Ameno - ERA)

Will

— Williams, sua mãe ligou e pediu pra você comer alguma coisa. — o Marcus avisou por volta da sexta hora de espera. Estava falando comigo, apesar do discurso.

Dor, mãe. Estou me alimentando de dor.

— Não quero.

— Garoto, Deus sabe o quanto eu queria te sacudir por você ferir a minha menininha pelas minhas costas. E só descobrir isso em um momento onde ela pode nunca mais voltar pra mim foi a gota d'água. Mas ainda assim... — ele fungou — ainda assim eu me preocupo com você. Com vocês todos. Minha esposa só me deixou uma filha e um enteado, mas este tem tantos problemas que preferiu seguir a vida longe. Vocês são como meus filhos. Então não me machuque mais morrendo você também.

Por respeito a ele, comi. Resolvi arriscar minha cabeça com uma pergunta:

— A Heaven não parece temer o Peter, por quê?

— Não sei. Por que ele é o irmão dela talvez? Ou porque ela sabe atirar e eu tenho uma arma em casa, pode ser isso também.

Ri um pouco ao imagina-la atirando em alguém.

— A Talita não confia em mim, e eu sou o único irmão que ela tem. — contestei.

Eu estava tentando aceitar isso. A Pam não pode ser sua âncora que te prende na dor se era sua maior alegria, minha mãe me disse alguns meses atrás e demorei para colocar em prática, mas antes tarde do que nunca, Tive meu tempo pra vivenciar as outras quatro fases do luto do meu modo, uma hora a aceitação terá que chegar. A depressão foi de longe a mais difícil, e pensar em reviver tudo isso novamente com a Heaven assusta a merda fora de mim.

Não, não amo ela. Mas ela foi quem mais me ajudou com as matérias nesses últimos meses, e mantive a burrada que é abaixar a auto-estima de alguém que não merece isso pelo simples fato de eu não querer ninguém próximo de mim. Ela só queria ajudar, matar alguém que estende a mão pra você pode ser muito doloroso.

— Marcus, o que aconteceu com a Heaven? — o Peter entrou na sala de espera com uma samba-canção de bichinhos e uma camiseta branca. Fingi engasgar para não demonstrar a risada. — Tá rindo do quê, babaca? Nunca viu um homem de cueca?

— Não rebata, Williams. — o Marcus resmungou — Ela precisou trocar o desfibrilador, algum fio arrebentado talvez, os médicos não disseram muito.

— Droga. Quem é esse cara, afinal? Ele é muito pálido pra ser o idiota da Califórnia. Eu te conheço?

— Will Bradbury, mas você me conhece como o cara que chutou sua bunda na final estadual.

— Bradbury como aquela família do incêndio na rua Fletcher?

— Era a minha família, obrigado.

— Oh, eu sinto muito. O que você está fazendo aqui? — ele era mais transparente que uma porta de vidro, nunca escondia a desconfiança ou o medo.

Isso em campo era uma maravilha... quando ele sentia alguma coisa. O que acontecia quase nunca.

— Eu fui o responsável por ela estar aqui. — falei com pesar.

O cara estreitou os olhos e me encarou como se eu fosse a próxima vítima dele.

— Ele quis dizer que foi quem percebeu algo errado e socorreu ela no primeiro instante. — o Marcus mentiu, e então me explicou quando ele foi ao banheiro — Você não vai querer ganhar a raiva daquele garoto. Quem mexe com as garotas dele não tem uma história muito boa, ou o final dela.

— Eu achei que ele era mau com as garotas.

— Ele finge que sim, eu não faço ideia do porquê. Mas nunca fez nada, e só me contou isso depois que foi preso ao tentar dizer pra Brittainy a verdade antes que... enfim, ele ficou irritado por eu ter cooperado na denúncia, afinal sou a coisa mais perto de um pai que ele tem, e explicou o que faz, e que não quer que ninguém saiba. Esse imbecil de Lederhosen*.

— Por que ele faz isso, então? Digo, não contar pra ninguém o que faz.

— Não sei, a Heaven é quem conhece toda a história dele, mas, oh! Ela está em cirurgia agora.

Meu Deus. Se eu precisasse de sentir um pouco mais de culpa na minha vida, era só ficar perto do Marcus, mas eu não precisava. Para não perder o resto de sanidade que eu tinha, fui até a cafeteria e chorei lá sozinho. A mão no meu ombro foi inesperada, e o dono dela mais ainda.

— Ela é tudo que a mulher que mais amou deixou pra ele. Bem, tem eu também, mas parece que sou um ímã para conclusões precipitadas que causam ódio. — o nosso maior rival me consolou.

— Não é uma conclusão precipitada, eu fazia aquilo sabendo que estava machucando, Peter. — precisava que ela ficasse longe, e recorri ao método medieval.

Que droga é ser o pior pesadelo de alguém.

— Não precisa me fazer querer quebrar todos os seus dentes, amigo. O que eu estava tentando dizer é que, ele não está tão bravo assim com você, e sim assustado com a perspectiva de perder a Heaven.

— Por que você está sendo tão legal?

— Me diz, quando foi que vocês do Fire Eagles me deixaram explicar alguma coisa que acham que eu fiz?

— Certas coisas não têm explicação. — resmunguei.

— E são exatamente essas coisas que são uma precipitação de alguém que sente raiva de mim. O Zack nunca me perdoou por eu ter engravidado a Vivian, mas nunca procurou saber o que aconteceu. O que posso te dizer é que, aquela mulher é uma manipuladora sem consideração que usa a minha filha atrás de uma cascata de mentiras, mas no momento de ser mãe de verdade larga com ele, com a Marianne, caramba, com o Marcus até. Isso você pode perguntar pro seu capitão, ele não vai mentir.

— Bem, por que você não conta a verdade, então?

— Porque eu amo a Gwen.

Ele me deixou sozinho com essa resposta vaga. Tentei não pensar muito nisso, e logo o médico disse que a cirurgia da Heaven estava terminada, que ela já estava no leito da UTI há meia-hora e que ela estava viva.

— Viva? Mesmo? O coração tá batendo normal? Eu não matei ela?

— Sim, garoto. Você pode entrar pra vê-la depois dos familiares, quando ela estiver pronta.

Eu quase beijei o Peter na boca tamanha minha alegria. Esperei ser chamado, e quando fui fiquei nervoso.

E se ela não quiser me ver? Terá razão, eu respondi à dor que ela me causou machucando ela. Roubei a alegria dela pelo egoísmo de não querer vê-la no roxo.

— Ela não está totalmente recuperada, se você tiver alguma notícia forte para dar, espere um pouco mais. — o médico me instruiu — Talvez ela fale coisas sem nexo por causa da anestesia e talvez nem acorde, não se assuste.

Hesitei antes de entrar, a dúvida me inundando. O que de pior pode acontecer? Ela está viva! Entrei, e ela me olhou grogue.

— Quem é você?

— Will. Bradbury. O cornerback do Fire Eagles, o time da sua escola... — expliquei devagar, esperando que as sinapses dela não me relacionassem a quem realmente sou.

— Não sei quem você é. — me interrompeu, convicta.

— Williams? Camisa 33.

— Nunca te vi. O Zack está aí fora? Ou o Tim. Eles são engraçadinhos, provavelmente te mandaram aqui para zoar com a minha cara. Acertei? — a fala dela era arrastada como a de um bêbado, mas entendi.

Como ela lembra do Tim e não de mim? Ele entrou na escola há um ano só!

— O incêndio na rua Fletcher, a notícia que você publicou. Era a minha família. — lembre, por favor, quase pedi.

— Oh, eu lembro desse incêndio. Era a sua família? Sinto muito. — a compaixão dela me deixou aterrorizado.

As sinapses não eram nada nesse problema, me relacionar a qualquer coisa era impossível se ela esqueceu quem sou. Não sabia se ria por ter a chance de recomeçar as coisas com ela ou se chorava por ter que recomeçar e correr o risco de fazer uma burrada de novo.

~~~~

— O diagnóstico precisa de mais exames e que ela esteja completamente sã, o que só acontecerá quando tirarmos ela do coma, mas me parece amnésia seletiva, que é quando o paciente perde a capacidade de se lembrar de todos os acontecimentos que aconteceram em um período. Provavelmente não é só o garoto aí que sumiu da memória dela, outras coisas ficarão evidentes, o cérebro esconde memórias que podem causar dor a um indivíduo. Como você disse ter machucado ela, pode ser essa a causa. Posteriormente ela lembrará, mas enquanto isso você será um estranho. — o neurologista me disse.

O Peter resmungou alguma coisa incompreensível e perguntou:

— Ela não lembra do ex-namorado também?

— Não sei dizer, posso perguntar. No entanto, os testes indicaram que o que ela aprendeu na escola está intacto, ou seja, poderá ir para a faculdade normalmente.

— Essa é sua chance de se redimir. — o Marcus falou — Se você conseguir fazê-la acreditar que você é legal e manter essa ideia depois que ela lembrar de tudo, estará perdoado. Se não, esqueça que já fui seu treinador.

Engoli em seco. Sou eu contra um ex-tenente, um projeto de agente do FBI e uma memória instável. Que Deus me ajude.

*Lederhosen são calças alemãs de couro com suspensório.

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