A FILHA DO FOGO : DESPERTAR (...

By Luis_Storyteller

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"O que preciso que você entenda Anne, é que o destino não é imutável. Basta uma decisão, um erro, um encontro... More

Capa
Elenco
Ao leitor
Prólogo - Uma reunião curiosa
Capítulo 1 - Garras, dentes e favores
Capítulo 2 - Nova na cidade
Capítulo 3 - De volta ao lar
Capítulo 4 - Quando as coisas parecem dar certo
Capítulo 5 - Desavenças na matilha
Capítulo 6 - Um cliente chato
Capítulo 7 - Exposto
Capítulo 8 - Uma recuperação estranha
Capítulo 9 - Conversa de lobos
Capítulo 10 - A sombra do inimigo
Capítulo 11 - Revelações sob lanternas de papel
Capítulo 13 - O mundo secreto
Capítulo 14 - Wulfenkind e o deus do fogo
Capítulo 15 - Uma mensagem
Capítulo 16 - Futuro & Destino
Capítulo 17 - Um sonho real
Capítulo 18 - Uma guerreira
Capítulo 19 - Treinamento e sentimentos
Capítulo 20 - Luta sangrenta
Capítulo 21 - Ataque surpresa
Capítulo 22 - A caçada começa agora
Capítulo 23 - Segredos do mundo secreto
Capítulo 24 - O demônio de Jersey
Capítulo 25 - A filha do fogo
Capítulo 26 - Futuro incerto

Capítulo 12 - Um fim de encontro marcante

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By Luis_Storyteller


Anne olhava para o lobo de pelos negros e olhos azuis parado a sua frente sem saber o que fazer. Isso não pode ser real. Não pode.

Como que para ter certeza de que aquilo não era um sonho, ela se agachou e esticou uma mão para tocar a cabeça do animal. O lobo ficou muito quieto e seus olhos pareceram transmitir sua permissão.

Os dedos de Anne acariciaram os pêlos negros, sentindo sua textura e sua... realidade.

Então a luz fantasmagórica tornou a envolver o lobo e quando se foi, Kol estava ali, agachado no chão junto a ela. A mão de Anne estava alisando seus cabelos negros e ela notou como estes eram macios. Os olhos azuis dele a estudavam com cautela.

— Você não vai gritar e sair correndo, vai? — ele perguntou, com aquele sorriso de lado que o deixava muito atraente.

— Como você fez isso? — Ela perguntou, se levantando rapidamente para colocar alguma distância entre os dois. O que você é? Um lobisomem? ??

Kol ficou de pé, sem fazer movimentos bruscos, como se estivesse se esforçando para não assustá-la ainda mais. Ele torceu o nariz diante da última pergunta dela. Parecia ter ficado irritado com aquilo, mas respondeu assim mesmo.

— Eu sou um Wulfenkind, — Disse, com muita calma enquanto se afastava um pouco mais dela, respeitando seu espaço.

Anne ficou parada, piscando os olhos, enquanto tentava contextualizar o que Kol estava dizendo. Ele deve ter percebido sua confusão, porque logo continuou a se explicar.

— O nome vem do alemão, ou mais precisamente, do antigo idioma nórdico. O termo era usado para se referir a humanos com a habilidade de se transformar em lobo. Mas, não, nós não somos nada como os lobisomens que você deve estar imaginando.

— Então... o maluco que me atacou... — Ela tentou colocar as ideias em ordem.

— Ah sim, o Desaurido. — Ele confirmou.

— O que ? — Anne perguntou quando ele disse aquilo.

— O Desaurido. — Kol repetiu e voltou a se sentar em uma das pedras em volta da nascente.

Mesmo tentando parecer neutro e despreocupado, ela notou que seus olhos não deixavam de analisá-la

— De certa forma, ele também é um Wulfenkind, mas diferente da maior parte de nós, ele decidiu se entregar a seu lado animal, esquecendo sua parte humana. — Kol explicou com muita calma. — Nós chamamos aqueles que fazem isso de Desauridos porque não os vemos mais como um de nós.

— Meu Deus... — Anne levou uma mão à cabeça. Se sentia um pouco tonta. Queria que Kol risse daquilo tudo e dissesse que estava apenas brincando com os medos dela, mas seus instintos lhe diziam que não era o caso. — Então o que vi... o rosto dele...

— Sim, você não imaginou nada daquilo. Nós não precisamos adotar uma forma completa de lobo, podemos escolher ficar em alguma coisa entre o meio das duas.

Anne começou a caminhar, irrequieta, pela pequena clareira. A cada passo que dava, resmungava para si mesma.

— Bem a minha cara. Me mudo para uma cidade do tamanho de um ovo, onde nada acontece! Mas é claro que eu iria encontrar um jeito de ser vítima de um... de um...

— Desaurido? — Ofereceu, Kol. Ele a olhava com um misto de compreensão e piedade.

— De um Desaurido! — Ela concordou, desesperada.

— Olha, se te faz sentir melhor. Isso não foi ao acaso. — Ele riu um pouco e disse. — Ele estava caçando você.

Aquilo fez com que Anne parasse no lugar. Voltou a encarar Kol. Como é que isso deveria me fazer sentir melhor?

— Me caçando? Por que? O que fiz a ele??? — Ela disparou a perguntar.

Nada daquilo fazia sentido.

— Está mais para o que você é do que para o que fez. — Kol disse e então, prevendo outra chuva de perguntas, continuou. — Não foi sua culpa, é que o seu cheiro é realmente apelativo para quem tem um olfato apurado, como o nosso.

Anne se lembrou imediatamente de como o sujeito tinha cheirado o salão da lanchonete, assim que passou pela porta, naquele dia.

Aquilo tinha lhe parecido estranho. E depois, ele tinha feito aquele comentário sacana sobre ter adorado o cheiro dela.

Além do mais, ele também a tinha acusado de ser uma semideusa. Uma semideusa indefesa, para ser bem exata. Ela podia ter batido a cabeça na parede quando ele a atacou, mas conseguia se lembrar muito bem de cada detalhe daquele dia, até o momento em que perdeu a consciência.

— Você disse que ele estava atrás de mim pelo o que sou. — Anne disse, percebendo a parte da explicação de Kol que a tinha perturbado mais do que todo o resto. — O que isso quer dizer?

— Você é uma semideusa. — Ele respondeu sem rodeios e sem nenhum vacilo ou traço de brincadeira. — O cheiro de vocês é uma coisa bem característica e fácil de notar, se um souber o que está procurando.

— Ah tá, agora isso já está ficando bem ridículo. — Ela riu, não conseguiu se controlar.

Kol apenas a olhou e esperou que percebesse que aquilo não era piada alguma. Quando Anne entendeu que ele realmente acreditava nas maluquices que tinha dito, sua risada se desfez.

— Eu não sou uma semideusa! Isso é ridículo! Se fosse, acho que já teria notado. — Disse, colocando as mãos na cintura.

— Eu duvido muito disso. A maior parte de vocês não se dá conta do que são. — Kol falou sem dar importância ao que ela disse.

— Semideuses não deveriam... sei lá, ter super força e disparar trovões ou raios?

Foi a vez dele rir.

— Não sei quanto a disparar trovões, mas já percebi que sua capacidade para aguentar uma surra e se recuperar é incrível.

Anne, inconscientemente, levou uma mão até o curativo em sua cabeça.

As imagens da noite anterior, quando descobriu que onde deveria ter um corte profundo não havia sinal de qualquer ferimento, a assaltaram como um enorme anúncio luminoso que dizia: "Você sabe que ele está certo".

— Sim, eu sei que o ferimento em sua cabeça sumiu. — Kol disse, como se pudesse ler claramente através dela. — Eu poderia sentir o cheiro se ainda estivesse aí.. — Disse, Tocando levemente a ponta do nariz com seu indicador.

— Eu não entendo, como uma coisas dessas é possível? — Anne perguntou quase sussurrando, como se apenas dizer algo como aquilo em voz alta tornasse real tudo o que estava escutando.

— É o seu sangue divino, ele te torna melhor do que um humano em muitos sentidos. Até onde sei, cada semideus adquire certas habilidades especiais. Você deve ser capaz de regenerar suas feridas como parte de seu pacote divino.

— Regenerar... — Anne repetiu aquele pedaço de informação. Como que para assimilar aquilo tudo.

— Aposto que sua resistência a dor também deve ser boa. — Kol continuou. — Nenhum humano poderia ter aguentado o ataque de um Wulfenkind da forma que você aguentou.

Anne se aproximou dele, respirou fundo para controlar as emoções. Tinha algumas, melhor dizendo, muitas perguntas explodindo na cabeça, mas decidiu focar na mais importante delas.

— Tudo bem então, se isso é verdade, de qual Deus sou filha? — Exigiu. — Porque minha mãe morreu me dando a luz, isso não soa muito divino, não acha? Minha herança divina vem do meu pai, o que nunca se deu ao trabalho de me conhecer? Ele é Deus do que? Do abandono?

Cada pergunta fazia seu sangue esquentar cada vez mais, a raiva e frustração começaram a tomar conta dela e Anne sentiu lágrimas ameaçando se formar nos olhos.

Kol se levantou, ignorando completamente suas perguntas. Começou andar para a pequena trilha pela qual haviam chegado ali.

— Entendo que tenha muitas perguntas. — Disse, sem nem olhar para ela. — Mas este não é o lugar para falar sobre estas coisas.

Anne se apressou a seguir Kol pela floresta. Ela pediu para que voltasse, mas ele a ignorou e continuou a seguir a pequena trilha.

Eles já estavam quase na metade do caminho de volta ao festival quando ela perdeu a paciência, correu, segurou seu braço e o forçou a olhar para ela.

— Não, você não vai fazer isso! Não pode jogar tudo isso em cima de mim e sair andando sem me dar algumas respostas. — Disse, com um olhar de desafio no rosto.

Kol parou, olhou bem para ela, sua expressão era a de alguém que não ia mudar de ideia. Os olhos deles travaram, um no outro, e Anne sentiu calafrios percorrerem sua espinha. Ele precisava mesmo ter um um olhar tão penetrante?

— Primeiro, — Kol disse, tirando a mão dela de seu braço, com delicadeza. — eu já dei algumas respostas a você. Segundo, não disse que vou te deixar sem explicações.

— Então porque está indo embora?

— Por que preciso saber se você realmente quer saber o resto da história.

Ela quis dizer que, com certeza era o que queria, mas por algum motivo não encontrou as palavras.

— Você sabe onde moro. — Ele continuou, sua voz tinha um tom tranquilo e sincero. — Volte para seus amigos, se divirta esta noite, pense em tudo o que já contei. E se amanhã pela manhã ainda quiser saber mais eu vou estar esperando por você.



Depois do final inesperado que seu encontro com Kol teve, Anne voltou ao festival e procurou por Julia e Jack.

Ao encontrá-la sozinha, os dois perguntaram onde Kol havia ido e ela inventou uma desculpa qualquer, sobre ele ter tido uma emergência familiar e que por isso tivera que ir embora.

Jack foi fácil de enganar, mas Julia viu nos olhos dela, que aquilo não era verdade.

No caminho de volta para a fazenda, Jack preencheu todo o espaço para conversa, contando sobre cada jogo que tinha ganho no festival e sobre como tinha caído nas graças de pelo menos três garotas diferentes.

Anne ficou grata por só ter que rir das piadas dele e concordar com a cabeça para algum comentário ao qual ela não estava prestando atenção.

Assim que ficaram a sós no quarto da casa, Julia desatou a fazer perguntas sobre o encontro dela com Kol.

— E então? Vai, me conta tudo!

— Não tem o que contar, de verdade. — Anne disse, esperando desesperadamente que aquilo satisfizesse a curiosidade da amiga, mas sabendo que aquilo não seria verdade. — Nós passeamos pelo parque, jogamos em algumas barracas e jogamos conversa fora durante um tempo.

— E depois? O que ele fez?

— Depois o celular dele tocou. Alguém na família dele precisou dele, como eu disse, e ele teve que ir embora.

Anne lutava para manter sua voz em um tom que não traísse o que sentia. Como poderia explicar a Julia que seu mundo inteiro tinha sido atirado ao ar? Não dá para explicar, simplesmente não dá.

Ela viu que nada do que tinha dito havia convencido a garota, mas Julia devia ter percebido que tinha algo errado, porque colocou uma mão sobre a dela.

— Desculpa, não queria te pressionar nem nada. — Ela disse, controlando os ânimos. — Se aconteceu alguma coisa e você não quer falar. Tudo bem.

Anne se sentiu mal por cortar a amiga daquela forma, mas sinceramente, era melhor do que a opção.

— Não é isso, juro. — Disse, pressionando a mão de Julia. Ela juntou o máximo de sua força de vontade para fazer suas palavras soarem de forma genuína. — Realmente não aconteceu nada, nosso encontro foi interrompido bem antes de começar. — Ela deu um sorriso triste.

— E por que você não veio nos procurar antes?

— Não queria arriscar te encontrar com alguém e acabar sendo vela. — Anne deu de ombros e tentou parecer constrangida. — Não sirvo para esse tipo de coisa.

Julia riu, parecia que tinha aceitado a história dela. Anne fez a melhor cara que pôde de frustração para dar credibilidade a mentira.

— Na próxima, você me procura. — Disse, apertando a mão dela. — Nunca teria te deixado sozinha no festival se soubesse como sua noite ia acabar. Amigas são para isso, certo?

— Certo. — Anne concordou e aceitou o abraço da amiga, quando ela se atirou nela.

As duas se trocaram e caíram na cama feito pedras. Julia caiu no sono sem demora, mas Anne apenas fingiu dormir e quando escutou a respiração pesada da amiga, se levantou e foi até a janela do quarto.

Não abriu a janela para não esfriar o cômodo e incomodar Julia. Sentou no parapeito da janela e olhou para a lua no céu.

Era noite de lua cheia e ela imaginou se, em algum lugar da imensa floresta de pinheiros que cercava a fazenda, um lobo de pelos negros e olhos azuis espreitava a região.

Levou a mão ao pescoço e buscou ali o pingente de pedra de ônix que sempre usava. A única coisa que tinha sobre sua mãe e sobre suas origens.

Nunca soube nada sobre ela e muito menos sobre seu pai, mas agora, a oportunidade para conseguir algumas respostas tinha se apresentado. Por mais loucas que essas respostas possam ser.

Ela considerou suas opções e compreendeu que, na verdade, não tinha uma. Sabia que não conseguiria seguir em frente sem saber o que Kol tinha para lhe dizer.

Quando encarou seu reflexo no vidro da janela, viu em seus olhos verdes que já tinha sua resposta.

Estava para levantar quando notou dois corvos pousados no teto da picape de John. Tinha certeza de que eles não estavam ali antes e não vira quando eles pousaram ali.

Por um momento teve a impressão de que as aves olhavam diretamente em sua direção e então, como se combinado, as duas grasnaram ao mesmo tempo e ergueram vôo.

Logo, tinham desaparecido na noite, deixando Anne com uma sensação estranha no peito.

Como se alguma coisa importante estivesse para acontecer.


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