Neste grande e alegre dia, todo o reino celebra o nascimento do príncipe real. O bom rei Chanyeol e seu companheiro, recebem a visita de um velho amigo. As trompetas e o locutor anunciam a chegada de tão prestigiado convidado.
– Suas majestades reais, rei Minhyuk e o príncipe Jungkook. – ditou, enquanto ambos se aproximavam. Jungkook reverenciou os reis, enquanto o pai o olhava orgulhoso. Seu pequeno alfa estava se tornando um rapazinho muito educado. Chanyeol ergueu-se do trono e abraçou o amigo com entusiasmo.
Os dois monarcas havia muito que sonhavam unir seus reinos. Por isso, anunciariam hoje que Jungkook, filho de Minhyuk, e Jimin, filho de Chanyeol, viriam um dia a casar-se.
O Jeon mais novo se aproximou dos dois, com uma caixa dourada nas mãos, que guardava o presente destinado a seu futuro esposo. O pai incentivou-o a ir em direção ao bebê, e assim ele fez.
O jovem príncipe trouxe seu presente, e admirou seu futuro esposo. O rei Baekhyun se aproximou amavelmente, envolvendo seus ombros com suavidade, enquanto encarava o recém nascido e a criança encarava seu filho com uma careta e não muito impressionado. Em seguida, as trompetas soaram novamente para anunciar a chegada das três fadas boas.
– Suas mais honradas e exaltadas excelências, as três boas fadas. – anunciou o locutor outra vez, enquanto as ditas desciam do céu. – Dona Flora, dona Fauna e dona Primavera. – pousaram a medida que seus nomes foram ditos, e andaram até que estivessem diante do berço da criança, a olhando com sorrisos simpáticos. Logo se puseram diante dos reis, saudando-os.
– A criança abençoaremos com um só presente. Nem mais, nem menos. – disse Flora, para em seguida voltar a estar de frente para a bebê. – Lindo príncipe, meu dom será o dom da beleza. – balançou a varinha, soltando faíscas avermelhadas que pousaram suavemente no pequenino. Fauna se aproximou.
– Meu príncipe, meu dom será o dom de cantar. – e todo o processo ocorreu novamente, mas desta vez com faíscas esverdeadas.
– Doce príncipe, o meu dom será... – Primavera começou, mas foi interrompida com o violento abrir da porta, ao mesmo tempo que o palácio foi invadido por Malévola, que surgiu junto a um estrondoso trovão em imensas chamas esverdeadas.
– Ó, é a Malévola! – Fauna exclamou, horrorizada.
– O que ela faz aqui? – Primavera questionou com desprezo, enquanto Flora tentou a fazer calar-se.
– Ah, mas que aglomeração brilhante, rei Chanyeol. – sorria de lado, desdenhando. – Realeza, nobreza, cortesões e... – riu, levando o olhar as fadas. – Que graça, até a ralé. – se referiu as elas, que precisaram segurar Primavera para que a mesma não avançasse. – Eu realmente, com tristeza, estranhei não ter sido convidada. – pontuou, ao passo que Diablo, seu corvo de estimação, pousava em seu cajado.
– Não é bem-vinda. – Primavera retrucou.
– Não sou? – fingiu surpresa. – Ah, Deus, que terrível situação. – e voltou a carregar o sorriso desdenhoso, enquanto acariciava Diablo com as pontas dos dedos longos. – Julguei que tivesse sido apenas um descuido. Bem, sendo assim é melhor que eu me vá. – ameaçou se retirar, sabendo que a bondade do rei Baekhyun a impediria de ir.
– E... não está ofendida vossa excelência? – e assim o rei perguntou timidamente, com um olhar culpado, enquanto Chanyeol o envolvia de maneira protetora.
– Ó não, não, majestade. – voltou a sorrir enquanto os encarava mais uma vez. – E provando o que lhe digo, eu também vou agraciar a criança. – as fadinhas se amontoaram ao redor do pequeno Jimin, buscando protegê-lo. – Ouçam bem, todos vocês. – começou o discurso, batendo com o cajado no chão, calando todos os presentes naquele salão. – O príncipe crescerá em graça e beleza, e amado por aqueles que o conheçam. Mas... – Baekhyun era acolhido pelos braços de Chanyeol, que a encarava ameaçadoramente, enquanto o menor a olhava assustado. – Antes do pôr do sol do seu décimo sexto aniversário, ele picará o dedo no fuso de uma roca e morrerá!
– Ó, não! – Baekhyun, segurou o bebê, completamente apavorado enquanto Malévola ria da situação.
– Prendam essa criatura! – ordenou Chanyeol aos guardas, que avançaram com suas lanças.
– Para trás, seus tolos! – e voltou a desaparecer em meio às chamas esverdeadas. Baekhyun ainda abraçava a criança, triste, enquanto encarava o marido cabisbaixo, afagando suas costas.
– Não desesperem-se, majestades. Primavera tem seu presente a dar. – Flora os tranquilizou.
– Então, ela quebrará essa terrível maldição? – Chanyeol questionou, esperançoso.
– Não, senhor! – Primavera negou. – Malévola tem poderes grandes demais. – acrescentou Flora.
– Mas não ganhará. – Fauna disse, guiando Primavera para a criança.
– Mas... – estava apreensiva, com medo de não ajudar o suficiente.
– Faça o possível, meu bem. – Fauna sorriu amigavelmente, encorajando-a.
– Gentil príncipe, se por um desumano malefício num fuso picar seu dedo. Com um presente de bondade, anularemos a maldade. A morte não o levará. Você adormecerá, e de seu sono sairá. Um beijo doce o despertará. – e assim, suas faíscas azuladas tocaram o belo príncipe, enquanto o salão era coberto pela nuvem de tristeza.
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O rei Chanyeol, receoso por seu filho, decretou que se queimassem todas as rocas e fusos do reino. E assim foi feito. Flora observava do alto da torre da sala do trono, a imensa fogueira.
– Que coisa horrível. – se dirigiu as duas outras, que estavam sentadas mais à frente.
– Venha, tome uma xícara de chá, querida. – Fauna convidou, usando a varinha para invocar três xícaras e um bule. – Eu sei que ele terá salvação. – serviu Primavera.
– Bom, uma fogueira não destrói Malévola. – esta última pronunciou, comendo um biscoito amanteigado que fizera aparecer.
– Certo que não. – Flora recolheu a xícara, tomando um pequeno gole. – Mas então o quê? – questionou, pensativa.
– Bem, talvez se rogarmos a ela... – sugeriu Primavera, tomando mais chá.
– Rogar!? – Flora a olhou surpresa.
– É a Malévola! – Fauna a repreendeu.
– Ela não pode ser tão má. – justificou-se.
– Ó, ela pode. – Flora retrucou, se afastando.
– Eu posso transformá-la num sapo capenga. – sugeriu Primavera, emburrada.
– Isso é coisa que você nem deve pensar. – Fauna a respondeu, fazendo sumir o bule.
– Nem sabe e nem pode. – Flora tornou a aparecer. – A nossa mágica só dá certo para o bem.
– Só quando lida com o bem trazendo felicidade. – completou Fauna.
– Bom, isso me faria feliz. – Primavera tomou seu último gole de chá, observando Flora andar de um lado para o outro.
– Deve haver algum jeito. – pareceu ter uma brilhante ideia. – E há!
– E há?
– Que jeito, Flora? – Fauna perguntou curiosa, indo em sua direção.
– Eu vou trocar... – e de repente cobriu a boca, alarmada. – Silêncio. – sussurrou, cobrindo as bocas das outras. – Até as paredes tem ouvidos. – manteve o tom e olhou em volta, buscando pela presença de outra pessoa. – Sigam-me. – encolheu com ajuda da varinha e foi acompanhada pelas outras até uma pequena casinha de porcelana, que era na realidade um porta-taças banhado a ouro, a qual fecharam para garantir que ninguém as ouvisse. – Eu vou transformá-lo em flor. – finalmente revelou, sorridente.
– Malévola? – Primavera soou confusa.
– Não, não, bobinha. O príncipe.
– Ó, ele será uma linda florzinha. – Fauna imaginou, animada.
– Entendam, uma flor não toca em fusos.
– Não tem dedos. – Primavera apontou para as mãos.
– É verdade.
– Ele estará sempre protegido. – a expressão alegre de Primavera murchou.
– Até Malévola descobrir.
– É, isso... Ó, Deus. – Flora notou, entristecendo também.
– Ela sempre arruina suas lindas flores. – lembrou Fauna.
– Tem razão, e na certa espera que façamos algo assim.
– E o que é que ela não espera? – raivosa, Primavera sentou-se em uma grande taça de ouro. – Ela sabe tudo.
– Ela não sabe. – Fauna retrucou. – Malévola não sabe de nada sobre o amor, bondade ou alegria de ajudar aos outros. Eu acho que ela não é realmente feliz. – Flora iluminou-se com uma ideia.
– É isso! – exclamou. – É certo! É a única coisa que ela não compreende e não espera. – anunciou sorridente. – Vamos fazer um plano com cuidado. – disse, pensativa. – Vejamos, o chalé do lenhador... sim está abandonado. Sei que os reis não serão a favor, mas quando explicarmos ser o único jeito...
– Explicar o quê? – indagou Primavera.
– Acerca das três camponesas criando uma criancinha dentro da floresta.
– Ó, bem. Que gentileza delas. – Fauna sorriu.
– Quem são elas? – Primavera perguntou.
– Virem as costas. – pediu para que se olhassem no reflexo de uma das taças, e assim as vestiu como camponesas, assustando-as.
– Somos nós? – Fauna indagou, alegre.
– Aham.
– Nós? – Primavera estava incrédula.
– Vamos cuidar do bebê? – Fauna estava muitíssimo animada.
– Por quê não? – Flora sorriu, enquanto Primavera mudava a cor de suas vestes de rosa para azul.
– Vou gostar disso! – anunciou Fauna.
– Mas teremos que alimentar. – Primavera voltou a se aproximar.
– E lavar, vestir e ninar o bebê. E eu adoro! – acrescentou Fauna, fantasiando.
– Você acha que podemos? – perguntou apreensiva.
– Seres humanos podem, e nós também. – Flora soava confiante.
– Com a nossa mágica ajudando. – Primavera deu-se por vencida, gostando mais da ideia.
– Sem mágica! – Flora foi em sua direção alarmada. – Me deem suas varinhas agora. E vamos guardar nossas asas também. – usou-as para fazer sumir as asas das amigas.
– Viveremos como mortais? – Primavera fugiu dela, desacreditada. – Por dezesseis anos? – a outra assentiu, despreocupada. – Mas é que não sabemos como. Nunca fizemos nada sem mágica!
– E é por isso que Malévola não irá suspeitar. – retrucou Flora.
– Mas quem lavará e cozinhará?
– Ah, nós tentaremos. Deixe comigo. – Flora finalmente tomou-lhe a varinha. – Venham agora. Vamos ver suas majestades. – Saíram da casinha, usando mágica uma última vez para que voltassem as alturas normais.
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E assim, os reis cheios de tristeza, viram o seu tesouro mais precioso, seu único filho, desaparecer dentro da noite. As fadas cuidaram para serem o mais discretas possível, enquanto Fauna carregava com cautela o bebê. E assim se foram.