Popstar

By wolfistar

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Aquela em que James Potter é integrante de uma boyband, todo mundo na internet jura que wolfstar é real, Pete... More

Disclaimer
Prólogo
I - Ressaca, popstars e destino cruel.
II - The Lily's Horror Show.
IV - But I'm so caught up in drama!
V - Real Friends.
VI - Nothing good starts in a getaway car.
VII - I'll go wherever you are.
VIII - I will let you down, let me go.
IX - Baby, can we dance through an avalanche?

III - Déjà-vu.

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By wolfistar

NOTAS: ~limpando as teias de aranha~

olaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaar!

e aí, amores, tudo bem? então, como vocês podem ver, eu não morri! maaaaaas passei por um bloqueio ENORME e horrível que não me deixou escrever nada, o que foi muito angustiante, mas life isn't easy, né, mores?

de qualquer forma, cá estamos nós com um novo capítulo que vai fazer muita gente querer me matar, mas, como eu disse acima: LIFE ISN'T EASY e se não é pra fazer os leitores sofrer, então eu nem tava aqui.

ohhhhh!

AVISOS DE GATILHO: este capítulo contém citações à ansiedade, pânico noturno, medicações para dormir, referências (embora muito, muito leves) a relacionamento parental abusivo e menções a comportamentos não muito saudáveis como beber demais. Nada disso está explícito, entretanto já vou deixar avisado que estes serão tópicos muito revisados no decorrer da fanfic :(

PS: gente, já vou pedindo desculpas adiantadas porque eu tenho lido MUITA fanfic em inglês (basicamente desde maio estou lendo apenas fanfics em inglês), então pode ser que, em algum momento ou outro, eu tenha traduzido literalmente alguma frase que faz muito sentido em inglês, mas não tanto em português. Eu revisei e tudo o mais, mas meu cérebro pode ter bugado e não ter me deixado encontrar esses errinhos. Me perdoem :(

~~~~~~e eis aqui que a coisa começa a ficar séria~~~~~~~

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[APARTAMENTO UNIVERSITÁRIO 512 | QUINTA-FEIRA – 12 DE OUTUBRO, 2017]

— Eu não acredito que você foi capaz dessa monstruosidade, Lily Evans! — A voz de Marlene foi a primeira coisa que ela ouviu ao adentrar o próprio apartamento.

Suspirando fortemente, sabendo que precisaria de todas as suas forças para o confronto que estava prestes a iniciar, Lily ergueu os olhos para encarar a amiga que estava sentada na única poltrona da sala, pernas rigidamente dobradas, braços cruzados sobre o peito e a expressão de alguém prestes a cometer um assassinato.

Lily gemeu.

— Pelo amor de Deus, Marlene, não seja tão dramática! — Ela bufou e rolou os olhos antes de soltar a mochila pesada e cheia de livros em um dos sofás próximos à TV.

— Dramática? — Marlene repetiu, inclinando-se para a frente e estreitando os olhos para Lily. — Você esconde que vai entrevistar a maior boyband de todos os tempos, a boyband sobre a qual eu venho falando incessantemente nos últimos quatro anos, a única boyband que contém o cantor que você beijou e esqueceu e você ainda se atreve a me chamar de dramática por ficar irritada por isso? Ora, vamos, Lily, você não pode ser tão burra assim!

— Ei! — Lily reclamou, sentindo as bochechas esquentarem ao lembrar sobre o beijo. O maldito beijo. Como se ela precisasse de mais problemas envolvendo celebridades estúpidas, honestamente. — Eu não contei porque eu sabia que você surtaria! E, bem, olha só: você está surtando!

Antes, porém, que Marlene pudesse responder, Alice apareceu na entrada da cozinha, parecendo muito mais composta que Marlene, embora sua expressão não fosse muito amigável.

A garota arqueou uma sobrancelha julgadora para Lily.

— É claro que ela está surtando, Lily! É do The Marauders que estamos falando! Pelo amor da porra, eu estou surtando! Quando você pretendia nos contar? Ou você esperaria até depois da entrevista para deixar escapar um “ei, pessoal, vocês nem sabem: ontem entrevistei a boyband dos sonhos molhados de vocês, não é legal?” — Alice bufou. — Honestamente, Lily, você é mais inteligente que isso.

— Argh! Eu odeio o Frank! Eu ia falar para vocês-

— Quando? — Ambas as garotas perguntaram, fazendo-a se encolher e sentir as bochechas esquentarem.

— Em breve-

— Tipo nunca? — Marlene retrucou.

— Não! Eu ia falar, ok? Mas, bem, vocês descobriram antes. — Lily deu de ombros, sentindo-se exausta. A semana fora um inferno, ela não dormira direito (o que não era novidade), não comera direito e ainda tivera todo o estresse adicional envolvendo essa maldita boyband e... é, claro, Emmeline. Porque aparentemente, mesmo depois de dois anos, isso ainda era uma coisa.

— Pelo amor de Jesus Cristo, Lily! Você não pode “esperar” para contar esse tipo de coisa! Isso é o tipo de coisa que você explode os nossos telefones com mensagens no momento em que descobre! — Marlene ergueu-se da poltrona, parando-se para enfrentá-la e Lily deu um passo atrás, apenas por precaução. Uma Marlene enfurecida nunca era uma boa pedida para a saúde física de alguém. — Eu sou a maior fã desses caras! — A morena se exaltou, bufando em indignação. — Desde antes de eles vencerem o X-Factor, Lily! Desde o momento em que eles apareceram naquele programa eu já estava apaixonada! Eu fiz camisetas ridículas e usava sempre que um episódio começava, pelo amor de Deus! Limpei a casa inteira de livre e espontânea vontade por um mês inteiro sem reclamar para que minha mãe pagasse o ingresso para um de seus shows como presente de formatura do meu GCE¹ e você sabe que eu odeio limpar qualquer coisa! — E então ela apontou para Alice. — Allie vendeu o casaco Burberry favorito dela, que ela ganhou naquele sorteio quando começamos a universidade e que ela nunca poderia comprar sozinha, só para ir num fodido show do The Marauders! — Marlene passou as mãos pelos cabelos, encarando Lily como se ela fosse a pior desculpa de um ser humano que já vira (o que não era bem uma mentira, se Lily fosse sincera). — Eu- ugh! Eu não entendo você, honestamente! Você tem todas essas oportunidades incríveis de conhecer essas pessoas incríveis e você só... fode tudo toda a maldita hora! — E então, como se ela não pudesse mais segurar, Marlene adicionou: — E, merda, eu nem sei porque eu estou começando a falar isso, Lily, mas eu já comecei e não vou me parar agora. É só- Frank tem razão, você sabia?

Confusa sobre para onde diabos aquela conversa estava indo – embora tivesse uma vaga ideia de que estava entrando em terreno arenoso e que, provavelmente, não acabaria bem para ela se fosse levar em consideração a expressão tormentosa no rosto de Marlene – Lily deu mais um passo para trás, o que foi um erro, pois ela acabou batendo no aparador e derrubou um dos muitos porta-retratos que estavam lá. Ela não se abaixou para ver o estrago, muito intimidada pelo olhar de Marlene para fazer qualquer coisa a não ser balbuciar.

— O que-?

— Você está aterrorizada, Lily! — Foi Alice quem respondeu, fazendo com que Lily franzisse o cenho em incompreensão.

Do que diabos elas estavam falando?

— Eu não entendo e-

— Sério? — Alice rolou os olhos, sarcástica. Lily odiava quando as pessoas eram sarcásticas com ela, embora amasse ser sarcástica com as pessoas; ela supôs que era a lei do retorno ou qualquer coisa assim, entretanto, antes que pudesse aprofundar esses pensamentos, Marlene a interrompeu em uma explosão:

— Você escreve todas essas músicas incríveis para o Frank e para todos esses outros artistas e a maioria delas se tornam hits e você nem se deixa levar o crédito! Você usa um nome falso e, bem, seja o que for, eu entendo que nem todo mundo quer ter o rosto estampado por aí, mas nós sabemos que esse não é o seu caso! — Cada uma das palavras atingia Lily como dar de cara em uma parede de concreto. Ela sentiu como se todo seu fôlego tivesse sido roubado e não conseguia recordar como diabos deveria recuperá-lo.

— Por que- por que vocês estão falando sobre isso? — Lily precisou firmar-se no aparador, sentindo como se suas pernas fossem feitas de gelatina: muito trêmulas e fracas para sustenta-la. — Que diabos isso tem a ver com não contar para vocês sobre The Marauders?

Marlene passou uma mão pelo rosto, parecendo muito perto de ter uma quebra mental. Percebendo isso, Alice acariciou-a de forma reconfortante no ombro antes de dar um passo para a frente, olhando para Lily com a expressão cheia de algo muito semelhante a pena. Lily não gostou do modo como aquilo fez seu estômago apertar.

— Você não vê, Lily? — A voz de Alice era suave, um grande contraste com os gritos de Marlene, mas tão preocupado quanto. Lily soube imediatamente que doeria ouvir suas próximas palavras, mas ainda assim, ela não pensou que doeria tanto: — Tudo o que você tem feito nos últimos dois anos é se esconder! Você escreve canções sobre coração partido, mas não vai falar com ninguém sobre o que está por trás delas. Você toca em pubs precários e caindo aos pedaços todos os Domingos porque sabe que ninguém lá vai te ver, porque não quer que ninguém te veja, mesmo que você sempre sorria quando o bar está lotado. Você desperdiça o seu talento e se força a estudar algo que você odeia porque uma vez alguém falou que você não era boa o suficiente. Você trabalha em uma rádio, mas se encolhe toda vez que uma das suas músicas tocam. Você sequer é capaz de falar para suas melhores amigas sobre entrevistar a banda favorita delas! E tudo porque você beijou um dos integrantes enquanto estava muito bêbada para lembrar e agora está com medo de que alguma de nós faça algo que te deixe reconhecível para ele, porque você está aterrorizada de acabar se envolvendo com algum popstar de novo e ter seu coração partido de novo.

Um riso que parecia demais com um gemido escapou dos lábios de Lily. Seus olhos ardiam e sentiam-se embaçados por conta das lágrimas estúpidas que ela não iria derramar.

— Uau. — Ela conseguiu falar, a voz rouca por ser forçada através do grande nó que parecia haver em sua garganta. — Uau, vocês- parece que vocês realmente pensaram sobre isso, não é?

— Estávamos pretendendo fazer uma intervenção, sim. — Marlene disse, seus olhos fixos sobre o rosto de Lily como se estivesse absorvendo todas as suas reações. Alice não estava muito diferente.

Lily riu novamente, incrédula.

— Intervenção? E o que eu sou? Um maldito episódio de How I Met Your Mother? — Ela passou uma mão pelo rosto acalmando os fios rebeldes e finalmente se afastou do aparador, sentindo como se todos os ossos em seu corpo houvessem se transformado em chumbo.

Lily pensou que teria uma conversa estressante quando chegasse em casa, mas em sua cabeça ela teria de lidar apenas com uma Marlene exaltada e uma Alice emburrada e não com uma fodida intervenção, pelo amor de Deus!

Ela não tinha qualquer energia dentro de seu corpo para aturar aquilo.

— Olha, Lily, nós sabemos que não somos o Frank e que não vivemos com você pela-vida-inteira-e-eternidade como ele, mas nós te conhecemos, tudo bem? Nós sabemos como você costumava ser e-

— As pessoas mudam! — Lily praticamente gritou.

— Sim, elas fazem, mas, Lily, você não mudou, você... é como- — Marlene tinha os olhos brilhantes também, quase como se quisesse chorar. Lily não iria se deixar amolecer por isso. — É mais como se você tivesse morrido, Lily! Você brinca e ri e é sarcástica. Você sai e bebe e dança. Você continua sendo a melhor amiga que poderíamos pedir, mas, Lily, toda vez que alguém não está olhando você simplesmente não está lá! E rasga o meu coração perceber que eu não estou fazendo nada para te ajudar, porque você simplesmente não deixa!

— Eu não sou um maldito caso de caridade, Marlene! — Lily gritou e deu dois passos para a frente, até estar enfrentando as duas meninas que a encaravam, assustadas pela explosão. — Eu não preciso da sua pena, tudo bem? De nenhuma de vocês! Só preciso de tempo!

Foi a vez de Alice rir, incrédula.

— Você teve dois anos, Lily! Isso é tempo o suficiente para que cansemos de te ver sofrendo por aí!

Um silêncio pesado se seguiu àquelas palavras. Nenhuma das três parecia respirar.

Lily foi a primeira a desviar o olhar, deixando-se vagar até deparar-se com o porta-retratos que havia derrubado.

Era uma foto de dois anos e meio atrás onde ela, Alice, Marlene e Frank apareciam todos sorridentes e divertidos, braços uns sobre os outros, bochechas coradas das muitas bebidas; em cada um de seus pescoços, crachás de identificação estavam pendurados, cada um deles dando acesso ao backstage de um dos shows de Emmeline.

Lily sentiu sua garganta apertar, um gemido escapou por entre seus lábios. E então, ela estava chorando.

Não foi intencional e, honestamente, ela não fazia ideia de onde diabos aquilo estava vindo, mas... era só que ela estava cansada.

Fodidamente exausta, na verdade.

Lily sabia que não era a mesma garota da foto, a Lily de dois anos atrás sorridente e enérgica; sabia que havia partes dela que ela não mais mostrava para ninguém, exceto quando ela estava escrevendo músicas e derramando sua alma em versos; ela sabia que estava trabalhando demais, estudando demais, saindo demais e bebendo demais. Sabia que não era saudável fugir de relacionamentos como ela fazia, que não era saudável ficar com pessoas em festas e sempre ir embora na manhã seguinte. Ela sabia que precisava falar com alguém porque guardar tanta angústia fazia mal, mas Frank não estava lá e ele era o único que sabia lê-la sem que ela precisasse dizer as malditas palavras e, bem, esse era todo o problema, não era?

Falar.

Porque falar parecia muito como admitir que estava quebrada. Admitir que estava irremediavelmente magoada. Tanto que, todos os dias, ela acordava no meio da noite suada por conta dos pesadelos; que ela tomava medicação para dormir mais noites do que não; que ela precisava tomar chá durante o dia para não acabar adormecida durante as aulas ou o trabalho; que ela tinha mais ataques de ansiedade do que nunca; que, toda vez que ela começava a gostar de alguém, aquela voz soava em sua mente, falando que ela não era o suficiente, que era um erro.

Porque falar parecia muito como reconhecer que ela não era a mesma e que nunca voltaria a ser.

Lily estava aterrorizada.

E, por isso, ela se deixou ser abraçada por suas melhores amigas, tão apertado que ela quase não conseguia respirar, mas, pela primeira vez em muito tempo, era de uma forma boa. Ela se deixou chorar seu coração, deixou seus soluços soarem altos, deixou-se ser consolada.

E então, quando a exaustão finalmente recaiu sobre ela, deixando-a mole e sonolenta, Lily se deixou ser arrastada para o quarto, onde ela afundou nos travesseiros.

Antes de adormecer, porém, Lily rebobinou suas duas últimas semanas e o fato de que sua vida parecia ter saído ainda mais fora de controle.

Ela culpou The Marauders por isso.

—--

Ao deixarem o quarto de Lily, dez minutos depois da garota ter adormecido, Alice e Marlene, retornaram para a sala apenas para depararem-se com a mochila de Lily que havia ficado sobre um dos sofás e que estava semiaberta.

Iluminada pela luz da TV, a capa de uma revista podia ser vista pela pequena abertura.

Marlene esticou-se e puxou-a, sentindo-se congelar ao ler a manchete: “EMMELINE VANCE E GWENOG JONES ASSUMEM QUE ESTÃO NAMORANDO!”.

Ao erguer os olhos, deparou-se com o olhar temeroso de Alice.

— Merda. — Elas disseram.

X—X

[HOGSMEADE PLACE, 713 | QUINTA-FEIRA – 12 DE OUTUBRO, 2017]

— Ela é ótima, Remie! — Mary concluiu, suspirando com entusiasmo para o garoto enquanto terminava de se despir.

— Posso imaginar. — Remus murmurou com um sorriso. — Fico feliz que conheceu alguém tão legal logo no primeiro dia, Mary. Estava preocupado que tudo fosse uma merda.

— Eu também. — A garota assentiu, vagando para o closet e abrindo uma gaveta de onde puxou seus pijamas. — Foi uma ótima surpresa.

O sorriso no rosto de Remus aumentou ainda mais, entretanto, antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa, a porta foi aberta e, por ela, Sirius adentrou.

Seu cenho franziu imediatamente ao observar a garota seminua parada no meio do quarto e então ele se voltou para Remus com uma sobrancelha arqueada.

— Oh, estou interrompendo a sessão de strip-tease? Porque eu posso voltar mais tarde se preferirem. — Ele disse, no que Mary apenas rolou os olhos.

— Hey, você. — Remus chamou-o, o rosto suavizando enquanto o observava se aproximar.

— Oi. — Sirius cumprimentou-o, ainda com uma carranca para Mary.

— Pelo amor de Deus, Sirius! — Remus bufou.

— Okay! — Sirius suspirou e passou uma mão pelos cabelos antes de se atirar no meio da cama, deixando-se afundar. — James está quase terminando de fazer a janta. E prometeu cupcakes! Mas agora, ele e Peter estão discutindo por conta de um host de rádio. Estava entediado-

— E então decidiu vir nos incomodar? — Mary, que finalmente terminara de colocar o pijama, se aproximou de Sirius, empurrando-o para o lado de modo que tivesse espaço para se deitar junto a ele.

— Cale a boca, Macdonald. — O garoto disse, mas não havia calor por trás das suas palavras enquanto ele puxava Mary mais para perto para que pudesse acomodar a cabeça em cima de seu estômago.

— Ei! — Ela reclamou, mas não se moveu.

— Shiu. — Sirius disse. — Fique quieta! Se puder parar de respirar, também, isso ajudaria. Toda essa agitação torna difícil de descansar sobre você.

— Vá à merda, Black. — Mary resmungou e então começou a acariciar os cabelos de Sirius com familiaridade.

Remus, que estava acostumado com toda aquela cena, sorriu para ambos com carinho.

— Não pareça tão presunçoso, Moony. Não cai bem para você. — Sirius estreitou os olhos em sua direção, mas piscou logo em seguida. — Já ficou sabendo sobre nova melhor amiga da Mary?

— Oh, sim, Mary estava me falando sobre ela agora mesmo. — Remus assentiu, recebendo um sorriso malicioso de Sirius como resposta.

— E ela também te disse o quanto essa amiga era bonita?

— Sirius- — Mary começou, mas ele a interrompeu.

— E que Mary estava cheia de olhos-de-coração para cima dela?

— Eu não estava! — Desta vez ela realmente empurrou a cabeça do garoto para longe, erguendo-se e cruzando os braços para encará-los com o cenho franzido. — Deixe de ser ridículo, Sirius.

— Eu só pensei em comentar... — Sirius deu de ombros, ainda sorrindo maliciosamente.

— Oh, eu deveria me preocupar com essa informação? — Remus sorri, divertindo-se com a forma como Mary estava se contorcendo diante de seus olhos, corada.

— Pelo amor de Deus, vocês dois! Por que não começam logo a acasalar e me deixam em paz? — Mary retrucou, irritada, fazendo com que Remus e Sirius caíssem em gargalhadas diante de sua indignação, o que lhes rendeu travesseiradas no rosto. Como nenhum dos dois era conhecido por desistir diante de batalhas, ambos trocaram um olhar silencioso que alarmou Mary, mas então era tarde demais e a guerra de travesseiros já havia começado.

Somente pararam quando a porta foi aberta novamente.

— O jantar está pfmf— — James começou a falar, mas foi interrompido por uma almofada direto no rosto que o fez tropeçar contra o beiral da entrada.

Entretanto, antes que ele pudesse reagir, os três se encaminharam rapidamente para fora do quarto, praticamente correndo em direção à cozinha numa competição estúpida para ver quem chegava primeiro.

É claro que toda essa batalha já estava perdida antes mesmo de eles começarem, pois, assim que alcançaram a cozinha, deparam-se com um Peter muito bem servido, alimentando-se do que parecia ser comida suficiente para abastecer um batalhão.

Sirius, Mary e Remus apenas suspiraram em derrota.

— Eu juro por Deus, vocês três parecem crianças! — James resmungou quando chegou à cozinha, sentando-se ao lado de Peter e começando a se servir.

Como se fossem um, os três apenas deram de ombros, sabendo o suficiente para não negarem uma verdade.

—--

Mais tarde, quando todos estavam deitados e somente Sirius e Remus encontravam-se sentados no sofá fingindo assistir um reality show estúpido na TV enquanto, na verdade, trocavam olhares conhecedores, Sirius finalmente deixou suas suspeitas escaparem – o que, honestamente, fora muito difícil de segurar por todas aquelas horas.

— Você tem a revista com a foto do James beijando aquela ruiva? — Perguntou, no que Remus franziu o cenho em sua direção.

— Por quê?

— Hm, tem algo que eu queria conferir, na verdade. — Sirius deu de ombros, fingindo-se de desinteressado. Remus, que o conhecia melhor do que qualquer outra pessoa, não comprou aquilo, é claro.

— Sirius...

— Pode ser que eu tenha encontrado a garota hoje, mas eu teria que conferir para ter certeza? — Ele praticamente cuspiu, odiando o fato de não conseguir manter nada de Remus por mais do que alguns fodidos segundos, pelo amor de Deus!

Remus estreitou os olhos por alguns instantes, observando-o silenciosamente. E então ele sorriu, malicia brilhando em seus olhos.

— Você só pode estar brincando comigo! — Remus praticamente pulou do sofá, correndo em direção a um armário onde ele lembrava de ter guardado a edição para poder irritar James depois. — James não vai admitir, mas ele está totalmente a fim dela! Eu juro por Deus que ele estava escrevendo no moleskine dele ontem e não deixou ninguém chegar perto! Não duvido que em breve teremos uma nova música com algo como “eu nem sei o seu nome, mas eu me apaixonei pelos seus lábios”.

Sirius precisou abafar uma gargalhada com as mãos, com medo de acabar acordando alguém.

Quando, por fim, conseguiu controlar-se, ele aceitou a revista que Remus esticava em sua direção.

E, oh sim, ali estava: mesmo casaco, mesmo cabelo e ele podia jurar que ele vira uma pulseira parecida com a da foto no pulso da garota enquanto ela digitava seu número no celular de Mary.

Seus olhos arregalaram, felicidade estampada em todo seu rosto.

— Oh, meu Deus, Remus! Você sabe o que isso significa? — Sirius perguntou, voltando-se para o outro que parecia tão feliz quando ele.

— Material de chantagem? — Remus questionou.

— Material de chantagem! — Sirius confirmou.

E era em momentos como aquele que Sirius percebia o quanto amava sua vida.

X—X

[APARTAMENTO UNIVERSITÁRIO 512 | SEXTA-FEIRA – 13 DE OUTUBRO, 2017]

Lily acordou duas horas antes do despertador, suada e tremendo.

Ela não conseguia lembrar o que havia sonhado, mas sabia que deveria ser o mesmo de sempre: a casa da sua infância, as mesmas paredes e sofás, seus pais. E então, seus olhos furiosos e suas palavras cortantes.

Os pesadelos nunca mudavam e eles eram ainda piores porque continham muitas verdades. Muitas cenas vividamente reais. E, por isso, eram tão fodidamente assustadores.

Com um suspiro, afastou-se da cama, sentindo o corpo latejar dolorido como se ela houvesse entrado em uma briga na noite anterior.

— É o que acontece quando você chora seus olhos fora, aparentemente. — Ela resmungou consigo mesma e encaminhou-se para o banheiro, correndo diretamente para o chuveiro. Lily deixou a água correr por seu corpo, lavando um pouco da tensão e do constrangimento pelos acontecimentos da noite anterior.

Quando, por fim, os nós de seus cabelos haviam desaparecido e seus ombros sentiam-se mais relaxados, Lily finalmente saiu do box e, com resignação, voltou-se para o espelho, esticando as mãos para limpar o embaçado, deparando-se com uma imagem deplorável do próprio rosto.

— Parece que você tem muito trabalho pela frente, Evans. — Murmurou para o reflexo antes de puxar sua bolsa de maquiagens e começar a trabalhar.

Vinte minutos, várias camadas de base e corretivo e três xícaras de café depois, Lily saiu de casa, ignorando o fato de que ainda era muito cedo para ir para a rádio.

Quando ela chegou, meia hora antes do horário habitual, suada, por ter optado por caminhar ao invés de pegar o metrô ou o ônibus, e ofegante, McGonagall apenas arqueou uma sobrancelha em sua direção, mas absteve-se de comentar, o que Lily agradeceu aos céus.

Ela não sabia se poderia lidar com perguntas naquele dia.

Ela não sabia se poderia lidar com perguntas em qualquer dia.

Sem perder tempo, Lily correu para o próprio escritório, desligando o celular – porque ela definitivamente não precisava das mensagens que sabia que Marlene e Alice estariam enviando o dia inteiro – e deixou-se afundar em meio à e-mails, documentos e programações para edições futuras de seu show.

X—X

[RIDDLE MANAGEMENT | SEXTA-FEIRA – 13 DE OUTUBRO, 2017]

James sentia-se inquieto ao percorrer os corredores tão familiares daquele prédio. A verdade era que ele sempre se sentia daquela forma quando era solicitado— vulgo obrigado – a comparecer em alguma reunião naquela empresa.

Ele sabia que daquela vez não seria diferente, principalmente porque, se sua intuição – e todas as provocações de Peter – estivesse certa, ele sairia de lá com mais um contrato em mãos e, provavelmente, uma nova namorada falsa em vista.

O que era uma grande, grande merda.

Ele realmente amava sua vida, é claro, e jamais reclamaria de todos os benefícios que recebia, assim como o fato de dividir uma banda com três garotos incríveis que haviam se tornado como irmãos nos últimos anos.

James amava poder cantar para milhares de pessoas e ouvi-las cantando de volta. Amava poder escrever suas músicas e ter pessoas interessadas nisso. Amava as regalias, as viagens pelo mundo, todas as oportunidades e reconhecimento que recebiam.

Era só que, assim como havia todas aquelas partes boas, também havia aquela parte que o forçava a caminhar por aqueles corredores, tão cedo da manhã que ele nem tinha certeza de que estava, de fato, acordado, para fazer algo que provavelmente faria com que se odiasse pelos próximos meses.

Não ajudava, também, que ele pudesse jurar ter visto uma ruiva muito parecida com a das fotos enquanto dirigia através de um cruzamento. James precisou de toda sua força de vontade para se obrigar a prestar atenção na estrada e não bater em nenhum carro por conta de sua surpresa (e, talvez, nervosismo. Não que ele fosse admitir tal coisa, é claro).

Era só que, bem-

Deus, até admitir para si mesmo aquilo fazia com que se sentisse estúpido, honestamente.

A verdade era que James não conseguia parar de pensar na garota. Na maldita garota.

O que era ridículo, porque ele sequer lembrava do todo muito bem. Ele lembrava de algumas frases e de alguns beijos, mas era tudo borrado demais para que ele estivesse preso daquele jeito.

E era simplesmente ridículo que ele continuasse sonhando com olhos verdes e cabelos ruivos e que, magicamente, todas as novas canções que ele estava escrevendo se transformassem em odes a paixões impossíveis e metáforas sobre bebidas e one night stand (o que sequer havia acontecido, pelo amor de Deus! Eram apenas beijos!).

Ele não precisava de Sirius resmungando em seu pescoço para saber quão patético ele estava sendo. Mas, o que era: ele simplesmente não podia controlar aquela linha de pensamento.

Patético, James, simplesmente deplorável.

— Bom dia, Sr. Potter. O Sr. Riddle está esperando por você. — A recepcionista simpática sorriu para ele e ele percebeu que, mais uma vez, haviam trocado a funcionária.

Bem, ele não podia deixar de imaginar que, tão ruim quanto sua gestão era com a banda (principalmente com Remus e Sirius), eles deveriam ser ainda piores para as pessoas com quem lidavam diariamente.

Era bastante nauseante de pensar, se ele fosse sincero.

Mentalmente, James desejou boa sorte para a garota, perguntando-se por quanto tempo ela duraria ali. Por fora, ele apenas sorriu simpático e se encaminhou para adentrar no escritório de Tom Riddle que era, possivelmente, o cara mais assustador da Inglaterra.

—--

Exatamente como pensara, James saiu de lá com não apenas um, mas dois contratos, porque, aparentemente, ele não estaria namorando apenas uma pessoa no próximo mês, mas sim duas.

Não pela primeira vez, James questionou-se se valia a pena continuar com tudo aquilo. Se o preço da fama não era alto demais para que ele custeasse.

Horas depois ele ainda não tinha a resposta.

Como sempre.

X—X

[UNIVERSIDADE DE DURMNSTRANG | SEXTA-FEIRA – 13 DE OUTUBRO, 2017]

— Você parece exausta. — A voz que a despertou de seu transe sonolento veio acompanhada de uma Mary muito sorridente.

Lily sorriu automaticamente em resposta enquanto observava a garota ocupar a cadeira em frente a ela na mesa do refeitório.

— Oi! — Ela cumprimentou-a, a voz rouca de desuso, enquanto endireitava as costas contra a cadeira. — E aí, como foi o dia de aulas?

— Menos cansativo que o seu, aparentemente. — Mary comentou e então, como se ela fosse algum tipo de mágica (ou talvez fosse apenas o cansaço de Lily que a estivesse enlouquecendo), empurrou um cupcake tirado de Deus sabia onde para a frente de Lily. — Coma. — Mary ordenou e Lily ficou muito feliz em fazer o que foi dito.

Assim que mordeu o primeiro pedaço, Lily gemeu.

— Deus! Isso é incrível! — Disse, sentindo o organismo agradecer pelas doses de açúcar depois de várias horas sem comer absolutamente nada. — Você precisa me dizer onde você compra, porque eu juro, Mary, esses cupcakes são a melhor coisa inventada pelos seres humanos depois do chá.

— Chá? — Mary franziu o cenho, recebendo um olhar estreito de Lily.

— Por favor, eu gosto muito de você então não estrague isso dizendo que não gosta de chá! — Lily gemeu, a voz saindo abafada por estar com a boca cheia de bolo.

Mary encolheu os ombros, culpada.

— Eu não gosto de chá..., mas eu tenho outro cupcake?

— Bem, suponho que isso é melhor do que nada. Acho que ainda vou te manter por perto. — Lily sorriu para ela, fazendo com que a garota risse. — Mas, ei, sério, de onde são esses cupcakes?

Mary parou de rir imediatamente ao ouvir a pergunta e Lily franziu o cenho, perguntando-se o que poderia ter dito que causou aquele comportamento.

— Hum, bem- — Mary meneou a cabeça, encarando o tampo da mesa como se fosse a coisa mais interessante do mundo. — Meu, hum, colega de quarto, Jam- Jay, ele fez.

— Oh! — Lily arregalou os olhos, chocada com o fato de que alguém que não fosse mágico ou um padeiro (que, honestamente, era basicamente o mesmo para ela), fosse capaz de fazer algo tão delicioso quanto aquilo. — Uau! Diga para ele que estou disposta a doar meus órgãos em troca de uma dúzia desses.

Mary voltou a rir e Lily deu tapinhas mentais nas próprias costas por conseguir tirar a expressão esquisita do rosto da garota.

— Ei, você não disse que as suas amigas estudam aqui? Por que está sozinha?

Foi a vez de Lily parar de sorrir, limpando a boca das migalhas enquanto sentia as bochechas esquentarem.

— Oh, bem, talvez eu esteja... fugindo delas? — Lily murmurou.

— Isso foi uma pergunta ou uma afirmação? — A sobrancelha de Mary arqueou em questionamento.

Suspirando, Lily fechou os olhos por alguns instantes, sentindo a exaustão retornar com força ao lembrar da conversa que tivera na noite passada e do fato de estar ignorando todas as chamadas de Alice, Marlene e, é claro que sim, Frank durante todo o dia.

Ao voltar a abri-los, deparou-se com o olhar preocupado de Mary que a perscrutava com uma carranca.

Bem, mais uma para adicionar às pessoas que se preocupavam-desnecessariamente-com-Lily-Evans. Honestamente, Lily era muito patética.

— Nós discutimos ontem. Elas me disseram algumas coisas que talvez eu precisasse ouvir, mas que talvez eu não estivesse muito disposta a escutar. — Deu de ombros, fingindo-se de desinteressada, embora sentisse o completo oposto. — Estou evitando-as infantilmente o dia inteiro porque sinto que minha cabeça vai explodir se eu não tiver um tempo para pensar longe de suas expressões julgadoras.

Mary ficou em silêncio por alguns instantes após Lily terminar de falar, encarando seu rosto como se procurasse alguma coisa. Fosse o que fosse que ela houvesse encontrado lá, a garota sorriu, simpática e esticou uma mão para a de Lily, apertando-a.

— Bem, se você quiser, podemos matar os próximos períodos e gastar assistindo Netflix em alguma sala vazia. — Mary disse, um sorriso convidativo espreitando por seus lábios.

— Essa pode ter sido a melhor proposta que já recebi durante toda minha vida. — Lily respondeu e imediatamente ergueu-se, puxando a garota pela mão enquanto se afastava do refeitório, ignorando deliberadamente o local onde Marlene e Alice se encontravam sentadas e a observavam com desconfiança.

Ela já tinha preocupações suficientes para o dia, levando em conta o fato de que, em pouco mais de três horas, estaria entrevistando a maior boyband do mundo em um estúdio cheio de câmeras para todo o planeta assistir.

Sendo assim, Lily deixaria para se preocupar com suas amigas quando chegasse em casa.

—--

Assim que a ruiva sumiu pelas portas, praticamente correndo e arrastando uma garota que Marlene podia jurar reconhecer, ela voltou-se para Alice que já a estava encarando, incrédula.

— Aquela é-

— Não pode-

Ambas arregalaram os olhos, estupefatas.

— Alice! — Marlene ofegou.

— Marley! — Alice respondeu no mesmo tom.

— Aquela era a Mary Macdonald, não era?

Alice assentiu.

— Foi o que eu pensei.

Marlene sentiu o choque espalhar-se por seu corpo, mas este foi substituído quase imediatamente por desconfiança.

— O que diabos a Lily está fazendo com ela? — Indagou, voltando a encarar a entrada por onde as duas garotas haviam desaparecido. — Ela não estava estudando em Oxford?

— Hm, não, eu tinha visto no Tumblr algo sobre ela se mudar para Londres, mas eu nunca pensei- — Alice se interrompeu e respirou fundo. — Marlene. — Ela chamou, firme, seus olhos castanhos cheios de horror. — Você não acha muito estranho que, logo após Lily ter beijado James Potter, ela esteja saindo com a Mary Macdonald?

— Eu...

— Pense comigo, Marlene: Lily têm estado esquisita desde que essa reportagem saiu! E ela quase não para em casa-

— Mas isso é por que ela está trabalhando dois turnos na rádio, Alice, não seja boba! — Marlene interrompeu-a, não gostando do que a amiga estava sugerindo.

— Bem, tudo bem, mas... Marley, ela está toda sigilosa e esquisita e ela jura que não lembra de beijar o James, mas, honestamente, Marlene! É James Fucking Potter! — Alice passou as mãos pelos cabelos, nervosa, olhando para os lados para ter certeza de que ninguém a ouviria. — E ontem ela chorou quando falamos sobre popstars e tudo o mais e, ok, eu sei que ela teve todo esse problema com aquela-que-não-deve-ser-nomeada, mas, vamos! E se ela chorou porque está envolvida com ele, mas não pode nos dizer?

Os olhos de Alice estavam arregalados enquanto fixavam-se sobre ela.

Marlene não estava convencida.

— Allie... eu amo você, juro, mas você precisa parar de ler essas teorias do Tumblr. Estão começando a afetar a sua cabeça, sério. — Marlene disse e então se ergueu, puxando a mochila e suspirando ao pensar nos dois períodos que ainda faltavam até poder ir para casa.

— Marley, sério! Você sabe que essa indústria é louca! Você sabe que essa gente usa mais contratos de não-divulgação do que trocamos de meia! Não pareça tão chocada! — Alice murmurou, seguindo-a.

— Você está louca!

— E Lily está, possivelmente, namorando James Potter escondida! Isso- oh, meu Deus! Marlene! É por isso que ela não nos contou sobre a entrevista! — Alice parou de andar, boca escancarada diante da suposta revelação. Esticando-se, ela segurou Marlene pelo pulso, fazendo-a parar também. — Ela não queria que soubéssemos, porque provavelmente descobriríamos sobre os dois!

Marlene suspirou, cansada.

Lentamente, afastou-se do aperto de Alice e depositou ambas as mãos sobre os ombros dela, encarando-a profundamente.

— Pare de falar merda, Fawcett! — Era uma ordem.

X—X

[HOGWARTS RADIO STUDIO | SEXTA-FEIRA – 13 DE OUTUBRO, 2017]

Lily observava as mãos suarem com apreensão.

Ela estava tremendo – o que parecia ser sua condição de vida naquela sexta-feira, honestamente – e sentia-se enjoada. Não tinha certeza de por quanto tempo aguentaria ficar em pé sem acabar vomitando seus órgãos nos pés de alguém.

Dez minutos. Dez. Minutos. Dez fodidos minutos.

Era o tempo que faltava até que aquela maldita boyband adentrasse naquela porcaria de estúdio e destruísse sua vida.

Enquanto encarava o microfone à sua frente sem conseguir enxergá-lo, Lily questionou todas as escolhas em sua vida que levaram àquele momento. Ela odiou todas elas, amaldiçoando uma a uma enquanto sentia uma vontade imensa de possuir uma TARDIS para poder viajar no tempo e voltar até o segundo em que tudo começou a dar errado para poder dar uns tapas em sua própria cara.

Deus, seu estômago estava revirando. Gotas de suor deslizavam por sua testa e ela sentia-se tensa como uma corda de violão. Ela queria morrer.

Cerrando os punhos, Lily contou até dez. E então de novo. E de novo. E de novo.

Ela estava se preparando para recomeçar quando a porta do estúdio foi aberta.

Respirando profundamente, Lily ergueu os olhos para a entrada, pronta para aceitar o seu destino (por favor, a quem ela estava tentando enganar? Ela NUNCA estaria pronta para aceitar qualquer destino que envolvesse entrevistar James Potter).

X—X

[APARTAMENTO UNIVERSITÁRIO 512 | SÁBADO – 14 DE OUTUBRO, 2017]

— LILY EVANS! — O grito de Marlene veio como um caminhão desgovernado, acertando sua cabeça com força enquanto a garota irrompia pela porta do quarto, algo que parecia muito com uma revista na mão e a expressão de “estou-prestes-a-enfartar-e-a-culpa-é-sua” estampada em sua face.

— Que merda-? — Lily começou a perguntar, a voz rouca pelo desuso, enquanto tentava se desenrolar das cobertas que eram uma bagunça à sua volta.

— QUE MERDA? PELO AMOR DE DEUS, LILY! ISSO VAI SE TORNAR UMA COISA, ENTÃO? EU VOU CONTINUAR ENTRANDO NA PORCARIA DO SEU QUARTO A CADA DOIS FINAIS DE SEMANA PARA ESFREGAR UMA MANCHETE NA SUA CARA? — Marlene estava definitivamente tendo uma quebra mental.

— Do que diabos você está falando? — Lily forçou-se a perguntar, sentindo a cabeça latejar e a garganta seca, o gosto em sua língua fazia parecer como se ela tivesse comido carne de algum animal morto no dia anterior.

Ela estava, obviamente, de ressaca.

— DO QUE DIABOS EU- UGH, OLHE ISSO! — E então, muito como um déjà-vu, revistas estavam voando em sua direção e acertando-a na cara.

Ao afastar os papéis do rosto e empurrá-los para o lado, Lily percebeu três coisas:

A primeira: o lado direito de sua cama, no qual ela nunca dormia, estava quente, quase como se alguém houvesse acabado de levantar.

A segunda: Lily estava muito descansada, como se ela houvesse realmente, realmente dormido bem, coisa que fazia muito tempo que não acontecia, pois ela não dormira bem no que deveria ser o último século (ou mais provavelmente os últimos dois anos).

E, a terceira: uma camiseta estava pousada sobre sua mesa de cabeceira, quase como se houvesse sido tirada às pressas e atirada à esmo em meio ao desespero de se despir. A camiseta claramente não era de Lily.

De olhos arregalados, voltou-se para a revista, sentindo imediatamente o estômago despencar ao encarar as letras garrafais que cobriam a foto de capa: “JAMES POTTER FOGE DOS PAPARAZZI (APÓS ENTREVISTA COMPROMETEDORA) ACOMPANHADO”

Antes que ela pudesse reagir (provavelmente gritar e rogar aos deuses pela própria morte), porém, a porta do banheiro de seu quarto foi aberta e, por ela, ninguém menos que James Potter sem camisa (SEM. CAMISA) saiu.

— Hum... oi? — Ele murmurou, olhando entre as duas garotas com os olhos castanho-esverdeados arregalados.

Lily realmente quis morrer.

Marlene desmaiou.

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NOTAS: ¹ GCE seria uma espécie de ensino médio para os ingleses :)

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não me matem, eu juro que vou descrever como foi a entrevista! (não sei quando, mas vou)

o próximo capítulo já está começado, então não vai demorar muito!

por favor, me contem o que estão achando, sim? ficarei muito feliz em vê-los por aqui!

dúvidas, sugestões, xingar a autora e etc, estou sempre no twitter @wolfistar ♥

beijos e até breve ♥

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