Amor Falso - Série Endzone...

By MariaFernandaRibeir2

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"Fake" é uma jogada do futebol americano onde um jogador finge fazer um lance, mas faz outro. Heaven acha que... More

Aviso de gatilho + avisos
Prólogo
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Epílogo
Extra

4

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By MariaFernandaRibeir2

2014
Heaven

Tudo estava dando certo na minha vida. Com o último ano do ensino fundamental quase finalizado, pude relaxar finalmente após tanto tempo cheia de tensão pelas provas. Meu pai continuava achando estranho o Will ser tão introspectivo, mas eu já não ligava. O que saía da boca dele geralmente não fazia sentido algum.

—Inferno, seu cara que não posso falar o que é seu te enviou uma carta hoje. De repente me sinto usando um fraque e cartola, e um monóculo, graças ao meio de comunicação arcaico que ele usou. Odeio essa imagem que criei de mim, fraque? Nunca vou usar isso. — o Peter titubeou na porta do meu quarto.

Levantei e peguei a carta da mão dele.

—Cartas não são arcaicas. As faculdades ainda enviam as respostas da admissão por cartas.

—Sim, são muito arcaicas quando a dita cuja foi enviada em abril e ela chega em junho só. No mundo moderno inventaram uma coisa chamada e-mail, você envia e chega na hora ou pouco depois. Imagina só se ele estiver contando que estava morrendo e já está morto?

—Falei com ele no telefone hoje cedo.

—Sonhar é de graça. Ah, eu também investiguei aquele cara que você me pediu.

—Eu não pedi nada.

—É claro que não, mas fiz mesmo assim, só por precaução. Will Bradbury não tem nenhum antecedente criminal, vive com a família sem nenhuma briga relatada, e a única ocorrência ligada ao sobrenome dele foi um incêndio na casa antiga, com uma vítima fatal. De nada.

—Uma vítima fatal? Quem?

—Não posso responder isso, já falei demais. Por favor, não chega perguntando nada ligado a isso pra ele, é um assunto bem delicado. Vai por mim Inferno, ao menos que você queira lidar com o demônio em pessoa, é melhor não perguntar. Tenho que sair, problemas pra resolver. Tchau.

Isso só alimentou mais minha curiosidade. Pesquisei o nome do cara no Google e saíram várias notícias do tal incêndio, em vários veículos. Abri três antes de achar o fato completo. Ele perdeu uma irmã pequena queimada viva nesse incêndio, coitadinha. Achei algo sobre isso no Facebook do Zack também (que foi? Não é só a Brittainy que tem curiosidade) e descobri o que queria.

"Hoje, a pequena Skylar Pamela deixou o mundo pra alegrar o céu. Vá em paz pequena Sky, um dia te encontraremos aí em cima!"

Ah, ela era muito bonitinha.

—O que você está fazendo aí?

Dei um pulo tão grande que não sei como não quebrei o teto rebaixado dessa parte do meu quarto. Tentei esconder a pesquisa do meu pai.

—Pesquisando.

—Heaven, esse assunto é muito sensível pro Williams. Ela era o céu dele na Terra, os minutos de paz e tudo mais, e ainda está lidando com o luto. Se quiser perguntar algo a ele sobre isso, sugiro que espere mais alguns meses. E não coloque nada disso na mídia novamente.

—Eu saí do jornal desde que eles alimentaram a briga do Zack e do Pete. Esqueci de te contar, mas foi porque entrei no grupo de ciências e fiquei ocupada com os projetos.

—Não tem problema. Esses garotos só vão manter isso até os hormônios diminuirem, confia em mim. Depois disso, nada mais será lembrado.

Dei um sorriso falso, porquê, por mais que o Peter fingisse não se importar em perder muito das semanas da filha, e que não ter quase ninguém acreditando nele não machucava, e o Zack ignorar tudo ligado ao nome dele, eu sabia que essa briga iria longe.

Esperei meu irmão chegar em casa acordada, porque queria ajuda com a língua estrangeira que escolhi - alemão, e já que ele é fluente por ter nascido no berço dela, seria o melhor professor que eu poderia ter. Esperei até tarde e nada dele. Cochilei nas almofadas e acabei sonhando com um dos piores dias da minha vida, graças a preocupação do momento.

—Heaven, ei. — meu irmão me balançava. Ele esperou que eu abrisse os olhos pra dizer: Acho que vou ter que me mudar, mas é para o seu bem, ok?

—O que aconteceu? Pete, você está todo sujo de terra!

Todo mesmo. A mamãe faria ele lavar a roupa com a língua.

—Vou dar a versão resumida. Minha irmã por parte de pai está envolvida com drogas, e eu disse para ela que se ela parasse de usar aquilo e voltasse pra Alemanha, que eu assumiria a culpa de um acidente de carro que, indiretamente, ela causou hoje. Com morte e tudo mais. Tudo vai a julgamento um dia, mais cedo ou mais tarde, e como uma celebridade morreu, jornalistas quererão mais informações sobre mim. Se eu morar sozinho eles não vão importunar à você ou ao Marcus, ou ao Fire Eagles, que tinha uma ligação com o Anthony e terão que aguentar o peso dessa perda já sem perguntas, com vai ser pior.

—Espera aí. Anthony? O Richardson?

—É. Tudo vai virar um caos, e eu não quero que o cataclismo te atinja, então vou pra cidade vizinha, mais perto da minha escola. Tudo bem pra você?

Acordei exaltada com aquela sensação de "claro que não tá tudo bem pra mim" entalada na minha garganta de novo. Nunca entendi porquê o Peter fez isso pela Anne, mas há muita coisa que não entendo dele. Eu só sabia que descobrir o incidente na casa do Will foi o que despertou aquela memória. Será que ele chorou tanto quantos os alunos da escola? Ou será que foi ele que, de alguma forma, começou o incêndio? Isso explicaria muita coisa, mas acho que não foi o que aconteceu.

—O quê que você está fazendo acordada à essa hora, Inferno? Acorda cedo. — o Pete disse ao entrar em casa.

—Eu estava dormindo, acordei agora com o desconforto do sofá. — menti — Ei Peter, posso fazer uma pergunta?

—Já fez.

—Por que você continua vindo pra cá se tem a sua casa?

—Não é óbvio? Seu pai cozinha, eu não sujo minhas vasilhas, como coisas gostosas e ainda posso te checar. Mais pela comida, admito. E o colchão é tão mais macio que tenho vontade de chorar. Sabe Inferno, é difícil ser pai da filha de uma vigarista consome todo o seu dinheiro, principalmente quando esta é Vivian. Deus sabe quem aquela mulher é de verdade. — resmungou. — Então qualquer economia é bem vinda. Como está o cara-que-não-posso-falar-o-nome? Ele está morrendo mesmo?

—Não, ele está muito bem, obrigada.

—Que pena. — ele comprimiu os lábios em uma cena de tristeza — Eu esperava mesmo que o dia fosse hoje.

—Peter, você tem noção de que está falando isso na minha frente? A namorada dele e tudo mais?

—Sim. Esse cara não é flor que se cheire, Heaven. Não diga que não avisei depois. Quando as palavras bonitas dele virarem fogo e você se queimar, será doloroso.

—Você só usou esse negócio do fogo porque eu estava pesquisando sobre aquele incêndio mais cedo, não é justo, sabia? Eu fiquei mexida com a notícia.

—Deus te ajude que a verdade sobre seu namorado nunca chegue em você, Inferno. O que ele faz é muito mais que provocar incêndios.

2015

Ah, o verão californiano... Sol, praia, água de coco, brigas com o namorado. A receita perfeita pra uma volta às aulas na tranquilidade de uma piscina pública sob um calor infernal. Vamos começar a numerar os diversos motivos pelos quais eu deveria ter ficado em casa hoje, e não ser arrastada pelo meu pai para o primeiro dia do último ano:

1º - eu cheguei em casa ontem de noite. Era pra ter chegado duas noites atrás, mas o Greg me prendeu na cidade dele. O primeiro motivo da briga.

2º - estou tão bela quanto uma porta pintada por uma criança de três anos.

3º - o Peter se mudou. É isso mesmo, depois de discutir com o Zack mais uma vez na final regional do último campeonato, meu pai expulsou ele de casa, a casa onde ele cresceu quando veio para os Estados Unidos. Com quem vou discutir sobre as relações amorosas das séries que assisto agora? Já tentei fazer o Zack se interessar por isso, mas ele dorme. Filho da mãe.

Hoje já é dia de escola, e essa ideia de chegar de viagem em uma noite e acordar cedo na manhã seguinte é terrível. Estava só esperando Daryl Dixon aparecer para me matar, eu e um zumbi não parecemos muito diferentes hoje. Procurei meu armário, e era do lado do Williams. Grunhi quando ele chegou.

—Se você não gostou de estar ao meu lado, é só se retirar.

—Você perdeu a educação em qual parte da sua vida? Perder alguém não significa que você tenha que afastar todo mundo pra se perder na tristeza. — falei sem pensar, só percebendo o equívoco quando ele bateu o armário com força o suficiente pra derrubar tudo.

Talvez ele seja um bom jogador na hora de arremessar mesmo.

—Não é da sua conta o que eu faço ou não faço. Não é da sua conta a minha vida, quem está nela ou quem não está. Só fica na sua.

—Eu fico na minha quando você não incomoda a escola inteira com o seu jeito estranho. — rebati irritada.

—O meu jeito estranho é problema meu.

—Não é, se isso atrapalha os outros.

—E desde quando ficar triste atrapalha alguém, caramba? O que atrapalha é essa sua intromissão na vida alheia, como se você soubesse tudo que os outros sentem. O Zack estava certo sobre as pessoas do jornal, elas só querem te ver sangrar pra tirar uma foto e ser capa. O problema entre nós, Paige, é que meu sangue já foi drenado. Você não vai conseguir nada aqui pra sua manchete.

—Você não daria notícia nem pra orelha do jornal.

—É mesmo? Então pare de pesquisar sobre mim, se não é pra escrever uma matéria suja, você não tem motivo nenhum pra ter curiosidade sobre a minha vida. Vai pro inferno.

Ele saiu, sumindo pra primeira aula. Eu fiquei lá no corredor, encarando o armário dele, esperando que um vórtex me engolisse para eu não ter que encara-lo o resto do ano.

Sei que eu não deveria ter continuado com a pesquisa, o Peter me alertou, mas alguma coisa naquele garoto me faz ficar curiosa. Alguma coisa que eu tenho que abafar se quiser terminar o ensino médio em paz.

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