Sarah Casten
Estava frio. Tremi por muito tempo. Tremi a noite toda. Não dava para ver a água do mar que batia nas pedras, mas dava para ouvir quando os trovões paravam, quando a chuva diminuía. Dava para ouvir.
Sarah ouviu barulho estão vindo. É o moço torto vindo! É o moço! Sarah foi para a beirinha. Foi e ficou ali. Ficou com medo. Os dentes batem. Frio. Frio e medo. O vento é forte. Bem forte. Forte e faz frio.
– Sarah? – É a voz conhecida. Voz do herói! Ele veio salvar a Sarah! – Saia da beirada, por favor.
Eu corre. Corre para o herói e abraça. Abraça com força. Molhou o herói, mas a chuva ja melhorou. Desculpa molhar, mas Sarah ta com frio. Herói é quentinho.
– Finalmente encontramos a nossa menininha fujona. – Moço torto!! Careca e torto. Do lado de herói! Quer machucar a Sarah, quer passar a mão de novo! Aperto o herói. Aperto o abraço. Herói protege.
– Ele não vai ficar aí para sempre.
– Não me deixa sozinha, herói... Por favor não deixa eu sozinha com ele. – Pede chorando e abraçando. O moço torto é mau! Quer passar a mão na Sarah! Ele quer beijar o pescoço da Sarah! Ele veio para pegar a Sarah!
– Chorona! – O moço fala comigo. Sarah chora muito... Chora porque tem medo.
– Aconteceu algo que queira me contar, Sarah? – Pergunta com carinho bom na cabeça. Sarah olha para o torto e ele olhava feio! Olhos de mau! Olhos de monstro! Monstro. Ele tem os olhos que brilham. Ele queria pegar a Sarah!
– Ele é mau. – Ele não gostou! Não gostou e negou com a cabeça. Eu sei que ele é mau! Ele vai machucar a Sarah.
–Ela tem risco de fuga, Jatene! Devíamos enjaular. – Enjaular?! Jaula?! Igual bicho?! Sarah não é bicho! Não é!
– • Enjaular a assassina! •
Herói desce comigo as escadas escuras. Ainda não tem luz. Ainda está escuro. Sarah tem medo do escuro. O torto pode se esconder no escuro!
De novo no quarto. Herói senta na cama com eu. O moço torto vai embora. Sarah dá língua para ele quando se vira. Ele é mau!
–Por que você fugiu? – O herói não estava com raiva. Não está bravo. Pediu roupa nova para Sarah quando passou num portinha de cor diferente. Ele cuida. Cuida da Sarah.
– Tinha um moço aqui... Ele ficou olhando. Olhando para a Sarah! Aí o moço que fala com eu mandou fugir. Sarah fugiu e ele veio pegar eu! Ele só parou de vir atrás da Sarah quando foi pra cima. É o moço torto! É mau! Ele é mau cim Sarah, herói! Sarah ficou no telhado. Lá Deus estava chorando porque irmãozinho não virou estrelinha... Sarah prendeu ele na cabeça dela... Aqui dentro! – Aponto para a cabeça. – Sarah não tomou remédio por que o moço torto passa a mão nela... Ele quer ser amigo da Sarah, mas Sarah não quer!! Não não não quero!! Ele é o moço que tem olho amarelo!! Ele quer pegar a Sarah. Ele disse que viria de noite!
– Você precisa tomar seus remédios, princesinha. Se você tomar, seu irmãozinho vai sair da sua cabeça.
– Vai? Promete? – Sarah não sabia que o remédio servia para fazer irmãozinho ser estrelinha! Se soubesse tinha tomado! Sarah prendeu irmãozinho! Prendeu sem querer.
– Prometo.
– Mas se tomar, sarah não consegue se defender! O moço torto pode vir de noite e segurar a Sarah de novo! – Ele é mau! Herói não sabe que ele é mau?! Ele quer fazer carinho feio! Carinho e beijo que papai não gosta!
–Sarah, você quem machucou o Erick. Ele precisou te segurar porque você estava tentando destruir a sala dele. Eu imagino que você deve estar confusa, mas entenda; ele não quer seu mal. – Ele quer! Quer sim! Ainda dói! Dói a cabeça e dói onde ele apertou.
– Ele não acredita! Não diga mais nada. – Deitei na cama de novo. O moço está certo. Herói não acredita na Sarah. Não acredita. Herói levanta eu. Levanta e me entrega a roupa. Quando vieram trazer? Não percebi... Não percebi.
Colocou a roupa seca. Sarah seca também. Seca e pode dormir no quentinho. Herói não acredita, mas ficou comigo. Ficou de mão dada para o moço torto não fazer carinho, nem beijar, nem matar eu.
Ele é heroi de verdade.