Viola e Rigel - Opostos 1

بواسطة NKFloro

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Se Viola Beene fosse um cheiro, Rigel Stantford taparia o nariz. Se ela fosse uma cor, ele com certeza não a... المزيد

O Sr. Olhos Incríveis
A Cara de Coruja *
A segunda impressão
O pesadelo *
O Pedido
O Presente
O Plano
O Livro
A Carta
O Beijo
A Drums
A Raquetada*
O Queixo Tremulante
Cheiros
Os Pássaros *
O Pequeno Da Vinci
O Mundo era feito de Balas de Cereja
O Dia do Fundador
BOOM! BOOM! BOOM!
A Catedral de Saint Vincent
Ela caminha em beleza
Anne de Green Gables
O Poema
Meu nome é Viola
Cadente
Noite de Reis
Depósitos de Estrelas
70x7
A loucura é relativa
Ó Capitão! Meu capitão!
E se não puder voar, corra.
Darcy
Cupcakes
Capelletti e Montecchi
Ensaio sobre o beijo
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Metamorfose
Perdoar
Natal, sorvete e música
Anabelle
Clair de Lune
Eu prometo acordar os anjos
Red Storm
Purpurina da autora: O que eu te fiz Wattpad?
Palavras
Como dizer adeus
Macaco & Banana
Impulsiva e faladeira
Sobre surpresas e ameixas
Infinito
Como uma nuvem
Sobre Rigel Stantford (Mad Marshall Entrevista)
Sobre Viola Beene (Mad Marshall Entrevista)
Rastejar
O Perturbador da Paz
Buraco Negro
O tempo
Show do Prescott
A Promessa
O tempo é relativo
Olá, gafanhoto
Olhos de Safira
O caderno
De volta ao lar
A Missão
A pior noite de todas
Grandes expectativas e frustrações maiores ainda
Histórias de amor e outros desastres
Sobre escuridão e luz
Iguais
Sobre CC e RR
Salvando maçãs e rolando na lama
O infame
PRECISAMOS FALAR SOBRE PLÁGIO
Promessas

Verdades

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بواسطة NKFloro

Eu nunca pensei que o Oli pudesse desenhar tão bem. Arran Marshall estava certo, ele é um artista, um de verdade. Acho que pedirei a ele que desenhe alguns lêmures-ratos-pigmeus  para a AULRP, isso seria maravilhoso.

Olho para o papel: a Red Storm sobrevoa a escola vestida em um collant, com cabelos de fogo ao vento e meias. Abro um sorriso e afasto a unha roída da boca. É como uma daquelas tirinhas que aparecem na seção de humor dos jornais, uma coisa bem no estilo Charles Schulz. No quadro seguinte, ela aparece de pé sob uma árvore - que conheço muito bem, é o pessegueiro torto que fica no jardim, onde encontramos um casulo meses atrás - já sem a fantasia e vestindo roupas idênticas às minhas, óculos e sapatos idênticos aos meus; Red Storm e eu somos copias, ou quase, ela é mais sardenta e seus olhos preenchem metade do rosto. Decido que gosto, ela parece uma versão humana e ruiva de um lêmure-rato-pigmeu. E não existe nada mais adoravelmente fofo que um lêmure-rato-pigmeu. Observo o último quadro: há um garoto com as mãos dentro do bolso, ombros caídos e uma infinidade de criatais de gelo penduradas por todo o corpo, aparentando tremer de frio.

Não posso conter o riso, porque sob a tirinha, o Oli escreveu em letras nada caprichadas:

S.O.S. (sabia que essa expressão foi usada pela primeira vez na madrugada em que o Titanic naufragou? Aposto que sim, você sempre sabe de tudo) O Garoto de Gelo perdeu seus poderes e está congelando; ele precisa da ajuda de uma super-super-heroína antes que seu coração congele para sempre! O encontre sob o pessegueiro, após a última aula, e o aqueça com seus cabelos de fogo.

Eu sei que é um pedido estranho, afinal Eis é um vilão orgulhoso. Mas até mesmo os vilões precisam baixar a guarda e se reder vez ou outra, ou acaba ficando chato. E nós sabemos que você se importa com Eis, então tenha piedade e não o deixe virar sorvete (tá legal, isso soou um bocado exagerado).

Ignore a cafonice e não me deixe plantado, ok? Preciso te ver (a sós, não diante de uma plateia).

Se não aparecer congelo seu coração.

PS..: Isso te parece muito maluco?

PPS.: Deve parecer.

PPPS.: Caramba, eu pareço um puta maluco!

- Eu gosto de malucos. - sussurrei para mim mesma ao fechar o caderno.

Quem disse que você precisa de asas para voar? Às vezes tudo que você precisa para ir às alturas é de uma boa dose de amor e um punhado de palavras gentis.

O amor te dá asas. O amor te dá um propósito. E o meu propósito é chegar o mais rápido possível ao jardim.

Enquanto moldo meu trajeto pelo saguão, tropeço no Sr. Prescott, que me olha com cara de quem chupou balas ácidas e passa um pequeno sermão.

Eu penso em lhe pedir para dar um tempo e apontar que sua peruca está mais torta que a Torre de Pisa. Mas me calo.

O amor é paciente, mas arde em urgência.

Em disparada pelo jardim, me pego pensando no casulo e em mim mesma: ontem eu era uma lagarta, agora sou borboleta. Meu coração pulsa com a força de mil bombas atômicas e minhas asas coloridas não param de bater.

Penso em beijos, em explosões de cores e chuva fria, e é quando o avisto, recostado no pessegueiro, o vento balança seus cabelos que agora estão um pouco compridos, eu adoro quando eles ficam assim, porque enrolam um pouquinho nas pontas e lhe dão uma aparência angelical.

Ele tira as mãos dos bolsos e sorri para mim, meu coração para um segundo, então volta a disparar.

Não posso culpar a Emily Dawson por querê-lo. As outras pessoas são feitas de barro, mas o Oli foi feito da mesma matéria que os astros, de microparticulas estelares faiscantes e quentes, estou certa disso.

Paro, quase derrapando na grama verde e me chocando contra o Oli.

― Uou, cuidado ai! ― ele pede com um assovio, então sinto suas mãos grandes em meus cotovelos, me ajudando a manter o equilíbrio.

― Oi. ― murmuro ao levantar os olhos. Meus óculos pendem na ponta do nariz, prestes a caírem. Não quero arrumá-los, não agora. Mas o Oli o faz, solta meus cotovelos e os arruma. Suas mãos roçam as laterais do meu rosto e, com o polegar, ele faz um pequeno carinho acima da minha bochecha direita.

― Prontinho.

Oh, Deus, ele está rindo para mim e eu sinto como se a Terra tivesse parado de girar.

Deveria ser proibido ser tão bonito.

― Obrigada. ― falo, quase hipnotizada. Meu amor por ele cresce a cada dia, e sinto como se não houvesse mais espaço em mim para comportá-lo.

― Disponha.

Ele fica em silêncio, ambos ficamos, observa meu rosto com olhos apertados e pouco-a-pouco seu sorriso morre.

― O que foi?

― Não é nada. ― afirma. ― Só estou pensando em...

― Me beijar de novo? ― pergunto. Eu sei que posso estar precipitando as coisas, mas não quero esperar nem mais um segundo para sentir seus lábios novamente.

― Não exatamente.

― Então não vai me beijar de novo?

― Beene, você não pode ser tão direta. Perguntar a um cara se ele não vai te beijar pode assustá-lo um pouco. ― diz com os olhos fixos nos meus.

― Só se o cara em questão não quiser me beijar, do contrário, ele aproveitará a oportunidade.

Oli junta ainda mais as sobrancelhas, observa meu rosto mais um pouco e então sorri.

― O cara com certeza quer beijar você. O cara teria que ser louco para não querer beijar você. ― afirma, depositando um beijo na pontinha do meu nariz.

As mãos pálidas voltam ao meu rosto, os dedos passeiam pelas bochechas, seus lábios encontraram os meus e sinto o chão desaparecer sob meus pés.

Meu Deus, eu poderia beijar o Oli até que a última estrela se apague, e ainda rezar por mais.

Suas mãos descem para a minha cintura, me puxam para perto, cada toque um mundo que se abre, cheio de sensações mágicas e novas. Cheio de vida e certeza. Fomos feitos para isso, para este momento e para todos os outros que virão.

Sua língua desliza para o interior da minha boca num movimento lento e estrelas explodem em mim, sobre mim, sob mim. Me agarro com força à sua camisa.

Isso é melhor que todos os doces e livros. É melhor que qualquer outra coisa no mundo. Se eu soubesse que era assim não teria esperando que ele me beijasse, eu mesma o teria feito.

Ele afasta nossos lábios um pouquinho e sorri.

― O que foi?

― Nada... Só quero olhar para você um pouquinho. ― diz, o sorriso crescendo enquanto fala. ― Eu gosto de olhar para você.

Sorrio de volta.

― Eu sei, percebi no momento em que nos conhecemos no auditório. ― Ele balança a cabeça, confuso. ― Você ficou me olhando de esguelha e me encarou um bocado, sabe.

― Eu não encarei você, nem fiquei te olhando de esguelha.

― Encarou muito. ― abro os braços o máximo que consigo. ― E continua fazendo.

― Porque você era estranha, não porque estivesse interessado.

― O estranho é inevitavelmente interessante. ― afirmo enquanto brinco com o botão da sua camisa azul. O Oli fica ainda mais bonito quando veste azul. ― Você não para para observar o comum, porque o comum é chato, não prende, não marca. Mas o estranho amarra, faz você querer ficar, entender, desvendar. Ser estranho não é um defeito, é uma dádiva.

― Que eu passo.

― Você não pode, porque também é estranho.

― Não sou não. ― rebate como se eu estivesse falando o maior absurdo do mundo, e não uma obviedade.

― Você é uma dádiva, um infinito de estranhezas em forma de garoto. Eu percebi no momento em que te vi, e gostei disso... disso e dos seus olhos. Os olhos mais bonitos de todas as galáxias.

Ele pensa por um momento; as mãos na a minha cintura.

― Os segundos talvez, Banana. ― seu indicador toca o meu nariz, e seus lábios se esticam. ― Porque eu conheço alguém que carrega o universo no olhar... Você tem olhos, do tipo, que teriam feito cessar a Segunda Guerra, Alexandre abandonar seus exércitos e Napoleão descer do cavalo. ― sussurra antes de voltar à minha boca.

E, então, estou voando outra vez.


Eu teria ficado o resto da tarde com o Oli, mas a mamãe estava vindo para cá, e me sinto realmente feliz por poder passar algum tempo com ela, como quando eu era pequena. Naquela época, costumávamos ser como a sobra uma da outra. O papai dizia que eu era um chiclete que teimava em não desgrudar da sola do sapato.

Observo suas feições, ela ainda parece abalada com tudo que lhe contei, o que me faz mais uma vez, desejar nunca ter aberto a minha boca.

Eu a entendo, é difícil ser acusada de ser algo que você sabe que não. Sempre me sentia mal quando me acusavam de ser idiota, mas agora não ligo mais, não muito. O que as pessoas acham que eu sou não munda quem eu sou de verdade. Elas são livres para formularem seus próprios pensamentos, e eu sou livre para ser quem eu sou, sem me preocupar em mudar ou tentar ser alguém diferente apenas para agradá-las.

― ... e você não pode permitir que ele demente você, isso é o que eu acho. ― prossigo.

― Demente?

Egulo um punhado de jujubas.

― É, mamãe, isso é o que dementadores fazem, eles dementam você, sugam sua felicidade, te deixam vazia e triste. E, no caso do Sr. Stantford, também sugam dinheiro e propriedades.

A luz branca da sala de convivência incide sobre seu rosto, e acrescenta uma certa palidez à pele azeviche quando ela se inclina um pouco sobre o braço da poltrona para pegar o cachecol esquecido no sofá onde estou deitada.

― Sabe que não gosto que se refira a ninguém dessa forma. ― é tudo que ela diz. Com um suspiro, a mamãe fica de pé e passa o cachecol no pescoço longo e fino. ― O que acha de fazermos um tour? Você pode ser a minha guia. ― sugere.

Esqueço as jujubas que ela me trouxe no bolso do vestido e deixo o sofá.

― Ao seu dispor, mademoiselle. ― afirmo com uma mesura. ― Vou te mostrar os novos canteiros de papoulas e rosas.

― Claro. Posso colher algumas para o seu pai.

Paro.

― Ele odeia flores, tem alergia a quase todas.

― Eu sei. ― ela ri. Fecho a cara, não é nada engraçado. ― Estou brincando, não me olhe assim.

― É que não foi engraçado. Estão tendo algum problema?

― Eu já disse, foi uma brincadeira. ― reafirma. Não está mais rindo. ― Podemos ir?

Concordo e me apresso até a porta.

Enquanto vagamos pelos corredores e salas do Madison, roo as unhas e penso se conto ou não à mamãe sobre o beijo. Ela é a pessoa mais importante do mundo para mim, acho que merece saber, e eu estou ansiosa para contar, dizer exatamente como me sinto, gritar minha felicidade. Mas não posso, não ainda, isso só complicaria as coisas.

― Está tudo bem com você? Está estranhamente calada.

― Ah, claro, só estou ruminando umas ideias.

― Que ideias? ― pergunta com uma pontinha de divertimento na voz.

― Acha que o padre Cadence me deixaria cantar Songbird na igreja, se eu pedisse?

― Dificilmente.

Deixo os ombros caírem, estou mesmo cogitando a ideia desde que o Oli me beijou na noite passada.

O corredor norte é silencioso e calmo, e o cheiro das flores me atinge com a intensidade de uma borrifada de perfume. A mamãe para bruscamente com as mãos ao redor dos lábios.

― Eu adorava isso. ― afirma ao apontar o banco de mármore branco no qual costumo me sentar para ler e pensar na vida. ― Sempre me sentava aqui para assistir ao pôr-do-sol, e ver as estrelas quando anoitecia, para ler, tomar café... Por pouco não troquei minha cama no dormitório por esse banco.

―  O papai também vinha muito aqui? ― ela para de sorrir para o banco e me encara com olhos piscantes.

― É... Ele gostava bastante.

― E vocês vinham para cá namorar? Aposto que sim.

Ela ri um pouco e balança a cabeça diante da pergunta.

― Não muito.

― Que decepcionante. ― minha voz sai desanimada e deixo o corpo cair no banco.

Estava contando com um relato romântico da vida dos meus pais no Madison, não com um "não muito". De qualquer forma, gosto de pensar nos dois aqui, jovens e apaixonados, como o Oli e eu.

Ela se senta ao meu lado e, pelos minutos seguintes, apenas observamos o jardim e conversamos sobre sua vida adolescente, eu converso, ela se limita a responder monossilábicamente e balançar a cabeça.

― E se a Sra. Pembley usasse o canteiro para plantar botões-de-ouro em vez de papoulas? ― pergunto, só porque não consigo ficar calada. Mas a mamãe não responde.

Desvio o olhar dos canteiros para o seu rosto, e quase caio do banco ao ver para onde, ou melhor dizendo, quem está olhando.

― Stantford. ― ela diz num tom amorfo. Ele está parado a cerca de três metros do banco, as mãos presas ao botão do paletó preto, parece surpreso, mais do que isso, assustado. ― É muito providencial encontrá-lo aqui... Tem um minuto? Acredito que temos um assunto sério a tratar.

Oh, meu Deus.

Eu sei o que ela vai fazer, esse é o mesmo tom que ela usa comigo e com Liam quando está prestes a nos dar uma bronca daquelas.

O Dementador franze um pouco testa e afunda as mãos nos bolsos, visivelmente desconfortável com a situação.

― Não, eu não tenho. ― diz após alguns segundos. ― Nem acredito que tenhamos qualquer assusto a tratar. A menos é claro, que esteja interessada em quitar algumas dividas.

Que dividas?

Se o Sr. Stantford começar a ofender a mamãe, eu serei obrigada a revidar, o que certamente não deixará o Oli muito feliz. Acontece que ela é a minha mãe e eu não vou permitir que ele a trate mal, não na minha frente. Ele que vá dementar outra pessoa.

Fico de pé e levanto o queixo. Se o Sr. Stantford não estivesse muito ocupado dementando as pessoas poderia ter conseguido grande êxito como jogador de basquete, nem precisaria pular para fazer as cestas.

― Ótimo. Mas a menos que tampe os ouvidos ou saia correndo, terá de me ouvir. ― O quê? O jeito como suas sobrancelhas se uniram, o modo como ela falou, isso é estranho, não se parece nada com a minha mãe. Estou mesmo arrependida de ter aberto a boca. Se tem algo que eu preciso aprender nesta vida, além de fazer bolinhos de milho, essa coisa é controlar a boca. Uma missão bastante difícil, e o caminho a ser percorrido é demasiadamente extenso. Fico cansada só de pensar. Mas quem sabe, com um pouco de sorte, obtenha melhores resultados agora que encontrei uma nova utilidade para ela. Uma utilidade mil vezes melhor.

― Ou apenas mandá-la para o inferno antes de mim. ― o dementador fala, me arrancando da minha doce nuvem de pensamentos.

Como o Oli pode ser filho de alguém tão azedo e, ainda assim, ter lábios tão doces?

Oh, beije-me com os beijos da tua boca, porque melhor é o teu amor do que o vinho. Salomão realmente sabia do que estava falando quando escreveu isso.
Oh, céus, eu poderia beijá-lo para sempre. O Oli, não o dementador. Eca.

Como alguém pode sequer pensar em beijar o dementador?

Eu fico pensando na mãe do Oli e em como deve ser para ela beijá-lo. Duvido que ele tenha lábios doces. Pobre Sra. Stantford.

― Acho que já fez isso. ― Meu queixo cai ao ouvir a voz seca da mamãe. Com passos decididos, ela caminha até ele, que continua imóvel, as sobrancelhas loiras unidas. ― . Preciso apenas de um minuto e, se for o caso, posso pagar por isso.

Ele se empertiga, como uma espécie de animal selvagem prestes a atacar.

Corro até a mamãe. Se ele for matá-la, precisará me matar primeiro.

― É espantoso que se disponha a pagar pelo meu tempo, considerando que não tem onde cair morta, Sra. Beene. ― zomba. ― Quer uma dica de um especialista sobre o que fazer com suas moedas? Não, se preocupe, é de graça. Quite suas dividas.

Quão desprezível uma pessoa pode ser?

Os olhos da mamãe parecem congelados, uma expressão de incredulidade estampada no rosto corado. Acho que está prendendo a respiração. Eu estou.

Avanço um passo e pouso as mãos na cintura.

― Ei, você não pode falar assim com a minha mãe. ― digo, já que ela, ao que parece, ficou muda.

Ele abaixa o olhar para mim, parece o Golias e eu uma formiga ruiva enfurecida, já que a única coisa que tenho em comum com Davi são os cabelos vermelhos, fé, e a vontade de mandar o gigante abaixo.

― E quem vai me impedir?

― Eu. ― afirmo com o dedo em riste. Não importa de quem ele seja pai, simplesmente não posso permitir que ele demente a minha mãe.

― Pare com isso, Viola, não se intrometa, por favor! ― ela pede, segurando meu braço e tentando me fazer recuar. Me desvencilho de sua mão.

― O senhor não é o dono do mundo, não pode...

― Tem razão, eu não sou mesmo dono do mundo, apenas de uma pequena parcela dele, chamada Madison Pace, onde, por acaso, você vive. E se quiser continuar por aqui, é bom abaixar esse dedo, mocinha.

― Vai mesmo discutir com uma criança?

― Sim. ― afirma, sem nem olhar para ela. ― Gosto de crianças, de ouvir o que têm a dizer, diferente dos adultos, elas costumam falar a verdade.

― Eu não sou uma criança.

― Pare com isso, Viola, eu já mandei. ― a mamãe me encara, depois volta a atenção para o dementador, que enfiou as mãos nos bolsos, exatamente como o Oli costuma fazer, e agora está abrindo buracos em sua testa com os olhos. ― Você quer sinceridade? Aqui vai um pouco: o senhor é rude, mau e completamente enfadonho, além de inacreditavelmente arrogante e sem educação.

― Obrigado. Poderia apontar mais alguns adjetivos tão lisongeiros como esses. Mas esta conversa está me cansado, e esse não é um bom negócio para nenhum dos lados. ― afirma. ― Então me poupe da sua ladainha, sim.

― Sim, contanto que pare de atormentar a minha filha com comentários maldosos a meu respeito.

― Ah, além de ruiva, a criatura também é linguaruda. Uma combinação admirável. Não me diga que também é mentirosa, porque ai seria... 

Ele me lança um olhar de desprezo, muito parecido com o que o Oli costuma dirigir às ameixas.

― Viola não é linguaruda, tampouco mentirosa.

Ele levanta a sobrancelha.

-― Tem certeza de que ela é sua filha? Isso a torna bem diferente de você, e mais ainda do pai, visto que nenhum dos dois tem o hábito de dizer verdades.

Olho para a mamãe, confusa.

― Não me venha com essa, Maximiliam. ― Ela o chamou pelo nome? ― Sei que o que ela disse é verdade, que não inventaria algo assim.

― Eu nunca disse o contrário. ― Ele cruza os braços. ― Vamos, me conte, o que exatamente ela disse?

― Não finja que não sabe.

― Só quero me certificar de que o recado foi dado na íntegra, que a cabecinha vermelha não esqueceu ou omitiu algo. --- ele me encara. --Posso confiar na sua memória tanto quanto na sua língua grande? ― pergunta.

― Eu não... ― começo a dizer, mas a mamãe interrompe.

― Deixe a Viola em paz. Seu problema é comigo, com Fred, não a envolva nisso. Acha que eu não sei o que está tentando fazer? Nem todo mundo é como você, Maximiliam. ― Por que ela o está chamando de Maximilian em vez de Sr. Stantford? ― Com que direito ousa dizer esse tipo de coisa à minha filha? ― continua, parece brava de verdade. E quando a mamãe fica brava de verdade, a única coisa que você pode fazer para o próprio bem é fechar a boca, ou correr. ― Você é livre para formular a opinião que quiser a meu respeito e a respeito do meu marido, mas não tem o direito de falar esses absurdos para a minha filha, ela é apenas uma criança. Como pode ser tão rancoroso e insensível, Max... milian... Stantford?

Ela balança a cabeça, atordoada.

Meu queixo cai. O que está acontecendo aqui? Max?

― Essa foi por pouco. ― ele sibila, diante da expressão desconcertada da mamãe. Meus olhos vagueiam de um para o outro. ― Se isso é tudo que tem a dizer, estou indo embora. Mais um pouco da sua voz e acabarei tendo de estourar os próprios miolos.

A mamãe fica ainda mais paralisada, se é que é possivel.

― Faça isso, então. ― ela diz num tom ferido. ― Se precisar de ajuda, posso providenciar uma arma.

O Dementador solta um pequeno assobio e bate com as pontas dos dedos na palma esquerda num arremedo de palmas, que soa tão duro quando sua expressão petrificada.

― Parece que a Santa Eliza Beene não é tão santa assim. Onde está a sua compaixão, o amor ao próximo, e todas essas idiotices nas quais finge acreditar? Não é tão fácil na pratica quanto é não teoria, é?

― Eu não quis...― ela balança a cabeça.

― Não quis o quê? Ser honesta pela primeira vez na vida? Ou dar asas à verdadeira Eliza? ― ele esboça uma risadinha seca. ― Ora, não fique com essa cara, não precisa se dar ao trabalho de fingir, não para mim, ambos sabemos que você adoraria isso, me ver com os miolos estourados, se livrar de mim para sempre. Uma pena, mas esse é o tipo de alegria que não estou disposto a proporcionar a você, seu adorado marido e à corja de abutres que habita esta cidade.

― Eu não estava pensando direito, Max... Sr. Stantford.

― É quando não se está pensando direito que as maiores verdades são ditas. ― ele devolve no tom mais seco possível. ― Quase posso vê-la implorando aos céus pelo meu fim. Pura perda de tempo, se existe alguém lá em cima, o que eu duvido, não deve se importar muito com você, caso contrário, não permitiria que estivesse tão desgraçada.

Os olhos da mamãe são pequenos lagos, fontes prestes a desaguar. A minha cabeça está girando mais que roda gigante e não confio em mim mesma para articular qualquer palavra, nem acho que conseguiria. Existe mais aqui do que estou vendo.

Respiro fundo.

― Se tem alguém desgraçado aqui, com certeza não sou eu. Olhe para si mesmo, você se tornou o que mais odiava. Fala e age como ele, trata as pessoas como ele as trataria. E sabe o que é mais triste, Sr. Stantford? Você não nasceu assim, escolheu ser assim. ― Não faço ideia do que está acontecendo aqui, mas o clima é dos mais estranhos e pesados. Me sinto nadando em um mar de gasolina, esperando que a qualquer momento alguém saque um palito aceso. ― Venha, Viola! ― a mamãe pede, e me arrasta para longe.

E, sinceramente, não sei que pensar.

* eu mudei o tempo da narração apenas porque estou revisando os capítulos e adaptando ao temoo que me sinto mais  confortável escrevendo, isso não afeta os livros, pessoas.

Os capitulo corrigidos possuem um asterísco ao lado, viu.

Olá, gafanhotaas

Faz um tempo que não atualizo, né? Sentiram falta sessas pessoinhas? Eu senti.

O que acharam do capitulo? Aprovado?

Quero agradecer de coração por tudo, pelos votos, pelas mensagens e comentários. Vocês são muito mais que queridas, viu.

Desculpem por não responder como deveria, mas com cinco histórias para atualizar, mas as idas ao médico nas últimas semanas, me sobra pouco tempo, pessoas.

Vou fazer o possível para responder mais.

Perguntas:

O que me dize, desse encontro de Max e Eliza?

Quem pegou mais pesado com quem?

Quem parece mais magoado?

Enfurecido?

Rancoroso?

Acham que a Eliza ainda gosta do Max?

E ele gosta dela?

Viola fez bem ou mal e, abrir a boca.

Repararam que minhas personagens têm problema para manter a boca fechada?

Pessoa, desculpem os erros aqui, estou cega, deve ter um monte de letras repetidas ou faltando por aqui.

Viola está muito apaixonada?

E nosso Oli, pessoa?

O que me dizem do encontro dessas pessoas?

O que terá separado Max e Eliza?

Quem acha que ela agora junta os pontos?

Quem acha que não?

No lugar da Viola o que teriam feito?

Qual será a reação do Oli caso saiba o que aconteceu no corredor norte?

Acham que ele vai ficar sabendo?

Estamos perto do final de Viola e Rigel.

Eu não tenho muitas perguntas ou palavras hoje, estou mesmo um pouco cega e minha cabeça está rodando. Mas recompenso no próximo capitulo.

Quero mostrar algo que recebi por mensagem para vocês no próximo.

Maliza:


O coração de umas pessoinhas ao ver o (a) crush.

Quem?

Viola: A mamãe odeia o Max... milian... Stantford.

Eliza:

Max ao ver a Viola:


Acham que o Max detesta Vi?

Qual será a reação dessa pessoa ao descobrir que o filho anda beijando a cabecinha vermelha?

Viola sobre o Oli:

(Ele não é a coisa mais fofa?)

Qual acham que seria reação dela caso ele se afastasse?

Vocês shippam maliza?

O Max é pior ou melhor que o Rigel? Eles se parecem? Ou nem?

Acham que a Eliza ama o Fred?

Imaginem Viola contando ao pai sobre a discussãozinha:

Querem que ela conte?

Quem quer que ela use a boca para outros fins?

Max:

Eliza:


Videos do capítulo e alguns spoilers.

(Amores, eu e meu marido. Porque se não for pra ser assim eu nem quero. Se preparem para ver esse video em outro livro.)


Kiss

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