Nove Meses

By mrkimdyo

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A mudança é a lei da vida. Kyungsoo só nunca imaginou que a sua mudaria tanto. Afinal de contas, o quanto a... More

Nove Meses - Capítulo 1
Nove Meses - Capítulo 2
Nove Meses - Capítulo 4
Nove Meses - Capítulo 5
Nove Meses - Capítulo 6
Nove Meses - Capítulo 7
Nove Meses - Capítulo 8
Nove Meses - Capítulo 9
Nove Meses - Capítulo 10
Nove Meses - Capítulo 11
Nove Meses - Capítulo 12
Nove Meses - Capítulo 13
Nove Meses - Capítulo 14
Nove Meses - Capítulo 15
Nove Meses - Capítulo 16
Nove Meses - Capítulo 17
Nove Meses - Capítulo 18
Nove Meses - Capítulo 19
Nove Meses - Capítulo 20
Nove Meses - Capítulo 21

Nove Meses - Capítulo 3

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By mrkimdyo




- Um bebê? - Kyungsoo e Yifan falaram ao mesmo tempo e com igual espanto, o que assustou o mais velho ali presente, pois pela expressão do filho, soube de cara que tinha algo errado.

- Sim! - o sorriso no rosto do médico sumiu de imediato. Afinal de contas, o que estaria acontecendo?

- Não! Isso está errado! - afirmou Kyungsoo. Soou até um tanto grosseiro, mas acontece que estava assustado demais. - Isso não pode estar certo! Tem algum erro nesse exame! - voltou a afirmar. - Talvez tenham trocado as amostras de sangue, não sei, mas eu não posso estar esperando um filho, doutor, isso... é impossível! - foi categórico em sua última afirmação.


Como poderia estar esperando um filho se estava no meio de um tratamento de fertilidade e sequer tinha feito a inseminação? Não fazia sentido nada daquilo. Esteve na clínica dias antes, quando estava justamente no início do ciclo, para avaliar seu desenvolvimento interno e no atual momento estava no final da fase três, por isso estava tão fraco e sentindo dores. Não tinha nada de bebê dentro de si, mas sim, uma bolsa a ser expulsa.


- É possível sim, Kyungsoo! - YanTao afirmou. - Não só é possível, como o resultado está aqui - o médico entregou a folha para Kyungsoo. Não esperava por aquela reação, mas mesmo reticente, entregou o exame ao menor. - E não houve troca de material, porque eu mesmo colhi, levei pessoalmente até o laboratório e esperei o resultado sair - argumentou.


Bastante trêmulo, Kyungsoo pegou a folha de papel da mão do médico. Viu o nome da clínica logo acima, bem como o timbre dela tomar conta do corpo da folha. A data bem como seus dados, estavam perfeitamente corretos. Mais abaixo, uma série de termos médicos os quais o Kim não fazia ideia do significado, e nem queria saber, apenas prendeu a atenção na tabela com os números de seus resultados e aos valores de referência ao lado, e então tudo pareceu assustador demais... irreal demais. Não conseguia acreditar naquilo!

Kyungsoo não poderia dizer que não queria aquilo, porque queria sim, ver aquele resultado, comparar com os valores de referência na tabela e ter a certeza de que estava esperando um filho, mas não naquelas condições, não daquele jeito. Como poderia estar esperando um filho se a única pessoa com quem se deitava era Junmyeon e mesmo assim, usavam preservativo porque Kyungsoo estava em tratamento e não podia correr riscos? Não fazia sentido nenhum aquilo tudo, ainda mais levando em consideração o fato de que a última vez que manteve relações sexuais com o marido, fora antes de tomar as injeções, fato que já tinha quase dois meses.


- Como pode ver, o resultado do beta HCG apontou um pouco acima de 19.000, o que confirma que você está esperando um bebê, e a gestação tem em torno de cinco semanas - YanTao explicou, muito embora não precisasse, pois no próprio papel estava bem claro.


E foi depois de alguns minutos olhando o papel que a ficha caiu e a surpresa de Kyungsoo converteu-se num desespero que ganhou voz e lágrimas. O coreano deixou o papel cair no chão, apoiou os cotovelos sobre os joelhos, cobriu o rosto com as mãos e postou-se a chorar com força. E tão rápido quanto começou a chorar, foram seus soluços. Sem saber o que fazer, Yifan sentou no braço da poltrona em que Kyungsoo estava e o trouxe para perto de si, o menor prontamente o abraçou pela cintura e escondeu o rosto ali. Estava assustado demais e não sabia o que fazer, se sentia sem chão. Não conseguia pensar em muita coisa a não ser chorar e chorar.


- O que houve? - questionou o mais velho, claramente perdido e, principalmente, assustado pelo estado de Kyungsoo.

- Ainda não sei, pai... mas isso não deveria ter acontecido - Yifan respondeu enquanto fazia carinho nas costa de Kyungsoo.

- Eu... - Kyungsoo afastou-se de Yifan, limpou o rosto, respirou fundo e pigarreou. - Eu estou fazendo um tratamento de fertilidade, então eu não poderia estar esperando um filho - explicou meio que desesperado, limpando mais algumas lágrimas que insistiam em descer de seus olhos. - Eu não posso engravidar naturalmente - voltou a explicar. - Já sofri dois abortos espontâneos, por isso estou em tratamento há alguns meses e estava apenas esperando esse ciclo passar para fazer a inseminação, já que naturalmente não teria mais condições disso acontecer - fez mais uma pausa para respirar. - Em minha última consulta, eu estava no início do ciclo, então agora, eu deveria estar chegando ao final da fase 3, não esperando um filho. E um filho que certamente não é do meu marido! Como vou explicar isso a ele? - questionou antes de voltar a chorar.

- Céus! - YanTao ficou branco como um papel ao dar-se conta da gravidade daquela notícia.

- Tem certeza que não existe a possibilidade de ter algo errado comigo? - Kyungsoo perguntou esperançoso, enquanto limpava o rosto outra vez. - Porque eu comecei o tratamento justamente por conta de uma desregulação hormonal, então pode ser que tenha algo errado, não acha? Talvez o último exame que fiz e as injeções tenham apresentado algum efeito colateral e por isso que deu esse resultado... não sei, mas algo tem de estar errado nisso tudo.

- Infelizmente não, Kyungsoo - Yantao sentou no outro na poltrona ao lado e tocou no ombro do menor. - E até poderia ter algo errado com você, como o aparecimento de coriocarcinoma, mola hidatiforme e neoplasias de células germinativas dos ovários, mas assim que você chegou aqui e eu toquei na sua barriga, imaginei de cara que estivesse esperando um filho, ainda mais pelos outros sintomas que você relatou e que não são compatíveis com nenhum dos problemas que falei antes, por isso pedi um beta HCG - explicou. - Como você deve saber, o beta HCG é o único hormônio estritamente ligado à gestação. Ele é produzido a partir do trofoblasto, que é uma estrutura que dará a origem à placenta, atua na implantação do embrião na parede do útero e tem papel muito importante na manutenção da gestação - fez uma pausa para respirar. - E aqui na clínica, para a realização do exame, utilizamos a quimioluminescência. Esse método é sensível o bastante para detectar uma gestação normal após 7 dias da implantação do embrião na parede do útero, embora o mais seguro seja após 15 dias, mas nesse caso, no seu, está mais do que claro.

- Então quer dizer que estou mesmo esperando um filho? - ainda parecia não crer naquilo, na verdade, se recusava a crer.

- Sim! - o médico respondeu. - Só que nesse caso... não sei se é felizmente ou infelizmente - confessou.

- O que eu vou fazer da minha vida agora? - perguntou a si mesmo, mas olhava para Yifan, que estava igualmente perdido.


Então o silêncio tomou conta da pequena sala. Passado o choque inicial, Kyungsoo tentava lembrar o que poderia ter acontecido, ou até mesmo algum deslize que tenha cometido, mas nada mais lhe vinha à cabeça a não ser a afirmativa de que estava esperando um filho. De acordo com o médico, a gestação tinha em torno de cinco semanas, o que dá pouco mais de um mês, o que se fosse colocado num linear temporal, não coincidia com a última vez que se deitou com Junmyeon, por sorte, antes que se desesperasse ainda mais, seus pensamentos foram atrapalhados quando o celular de Yifan, que permanecia ao seu lado, começou a tocar.


- Hyung! - ditou Yifan assim que atendeu a ligação. - Ele está melhor sim, meu pai quem fez a consulta e pediu alguns exames de urgência - respondeu. - O-o resultado?... - olhou para Kyungsoo ao seu lado, este lhe estendeu a mão, pedindo o aparelho, mas sem a necessidade de verbalizar.

- O resultado é que eu estou esperando um filho, Minseok - Kyungsoo foi direto em sua afirmativa, como sempre. Não gostava de arrodeio, sempre ia direto ao ponto.

- Sério, Kyungsoo? Mas que óti... Espera! O QUE? - foi questão de segundos até Minseok assimilar a resposta do amigo e tentar encaixa-la na situação atual, e o resultado não poderia ter sido outro. - COMO ISSO É POSSÍVEL, KYUNGSOO? - gritou, assustado.

- Se você parar de gritar, quem sabe eu possa tentar te explicar aquilo que nem eu mesmo entendo? - Kyungsoo questionou após o surto do outro.

- Desculpa, mas é que... - o que diria Minseok?

- Eu não sei o que fazer, Minseok - confessou Kyungsoo, sentindo aquela angústia voltar com força total. - Numa hora está tudo bem comigo, mas depois descubro que estou esperando um filho, num momento em que eu não podia sequer cogitar essa possibilidade. E o que é pior... um filho que eu tenho certeza que não é do meu marido, também não faço a menor ideia de como veio parar aqui dentro e nem de quem seja - respirou fundo, tentando manter a calma, muito embora, dentro de si tudo estivesse um perfeito caos. - Como vou explicar isso ao Junmyeon, Minseok? Eu não sei o que fazer... tô completamente perdido! - declarou por fim.

- Faz o seguinte, primeiramente tenta e acalmar e depois vem pra cá - Minseok sugeriu. - Vem pra cá que quando você chegar a gente pensa melhor nessa situação, ou tenta, não sei... só vem, por favor! - pediu. Sabia que o amigo não estava bem e queria estar por perto para poder abraça-lo.

- Tá bem, só deixa eu falar mais um pouco com o doutor e eu volto praí - Kyungsoo respondeu o amigo, antes de encerrar a ligação.

- Olha, Kyungsoo, eu sei que a situação é muito séria e delicada, mas meu papel enquanto médico é te aconselhar e orientar naquilo que me é permitido - YanTao falou assim que saiu de onde estava, pegou uma cadeira e sentou de frente para o coreano. - Então... acima de qualquer coisa, você precisa ter em mente que dentro de você, uma vida está crescendo - apontou para a barriga de Kyungsoo, que instintivamente a tocou com a mão direita, antes de olhar para ela. - E o mais importante, esse ser minúsculo não tem culpa de nada. Eu sei que num primeiro momento, não só você, mas eu também quero muito uma explicação para toda essa situação, mas antes de buscar qualquer explicação, você precisa se cuidar para poder cuidar dele, Kyungsoo - apontou novamente para a barriga do coreano. - Explicações podem esperar, mas seu filho, não! Ele depende inteiramente de você! Não sei se isso te passou pela cabeça, mas agora você tem um bebê em formação aí dentro.


E pela segunda vez, Kyungsoo tomou um choque de realidade. Sim! Independentemente de qualquer coisa, ali, em sua barriga, havia uma vida crescendo e essa vida dependia totalmente de si.


- Quanto às circunstâncias que te levaram a essa gestação, o que posso aconselhar agora é, volte lá na clínica onde você está fazendo o tratamento e busque deles a explicação para isso ter acontecido - YanTao aconselhou. - Isso é algo muito sério e não poderia ter acontecido de maneira alguma - declarou. - Sua vida poderia estar em risco nesse momento, caso você não tivesse autorização médica para dar início as tentativas de fertilização. Então é preciso investigar e descobrir se, e onde, houve falha.

- Será que ocorreu alguma falha, lá? - aquela possibilidade até o momento não tinha passado pela cabeça de Kyungsoo.

- Sinceramente, não sei. Realmente não posso te afirmar nada - respondeu o mais velho. - Mas como você estava em tratamento e pelo visto o tratamento estava dando resultados positivos, eu tenho uma sugestão para o que pode ter acontecido. Antes de trabalhar nessa clínica, eu trabalhei numa clínica que também realizava tratamentos de fertilidade, lá em Busan, e alguns dos médicos, quando havia possibilidade e as condições eram favoráveis, eles adiantavam a inseminação, porque o resultado do tratamento estava tão satisfatório que eles preferiam não esperar passar o ciclo - contou. - Não estou dizendo que esse foi o seu caso, mas acredito que talvez, só, talvez, o médico responsável tenha achado melhor adiantar a inseminação - supôs. - Agora a questão principal é... a quem pertence os espermatozoides que usaram para fecundar seus óvulos?

- Isso faz sentido, hyung, já que o médico que fez o último exame não é o mesmo que te acompanha - Yifan argumentou. - E o seu marido também não fez alguns exames logo no início do tratamento? - questionou. - Ele não precisou examinar a qualidade dos espermatozoides dele? Quem sabe eles armazenaram e usaram os mais saudáveis?! - sugeriu por fim, e aquilo pareceu aliviar um pouco o menor, que respirou fundo e esboçou um sorriso mínimo, mas ainda assim, um sorriso.

- Lembrei de uma coisa, agora - Kyungsoo pareceu um pouco surpreso com a lembrança repentina. - Quando fui fazer o ultrassom, o médico ficou surpreso, porque os folículos estavam em perfeito estado e em grande quantidade e que nem parecia que eu estava em tratamento. Segundo ele, o resultado estava muito melhor que o esperado.

- O que só reforça o que eu já tinha dito antes - YanTao sorriu um pouco ao ver o alívio nas expressões do menor. - Talvez, o que aconteceu realmente foi uma falha na comunicação - sugeriu. - Mas de qualquer maneira, volte lá, porque mesmo se tudo estiver certo, houveram falhas e isso é inaceitável.

- Certo - Kyungsoo aceitou as palavras dos outros dois e respirou fundo. - Eu vou voltar pra casa e falar com o Junmyeon - falou mais pra si mesmo. - De lá vamos pra clínica ver o que aconteceu, mas de qualquer modo, doutor, muito obrigado - agradeceu, fazendo uma reverência, ainda sentado.

- Não precisa agradecer, Kyungsoo - o médico alegou, retribuindo o gesto. - Apenas cumpri com minhas funções - explicou. - Mas te desejo sorte e uma gestação saudável, apesar dos pesares, você vai ver como é um momento único e lindo - olhou para Yifan e sorriu. - Fácil não é, mas vale a pena - abriu um sorriso grande e abraçou o filho, que prontamente lhe retribuiu o gesto, também mostrando um sorriso enorme, o que fez Kyungsoo sorrir por tabela.



Assim que saíram da clínica, Yifan levou Kyungsoo de volta para a K Turismo, onde Jongdae e Chanyeol já se encontravam, todos visivelmente preocupados com toda aquela situação tão inesperada. A indisposição e a dor na coluna ainda persistiam em Kyungsoo, porém não sentia mais enjoos, o que ele achava maravilhoso. Assim que entrou, foi cercado pelos três e bombardeado com diversas perguntas, o que fez o menor rir, já que a preocupação deles era tanta que beirava o cômico, a de Chanyeol principalmente.


- Gente, por favor! - Kyungsoo pediu, falando um pouco mais alto. - Eu não tô conseguindo nem raciocinar direito ainda, acham mesmo que tenho condições de responder perguntas de três pessoas e ao mesmo tempo? - questionou por fim, respirando aliviado quando os três se calaram.

- Ok! Desculpa, Kyungsoo! - Minseok foi o primeiro a se pronunciar. - E vocês dois, saiam de perto! Ele precisa respirar! - empurrou Chanyeol e Jongdae, cada um para um lado.

- Hyung, o Kyungsoo hyung tá grávido, não com falta de ar - Chanyeol resmungou assim que foi afastado do outro.


Por ainda se sentir um pouco fraco, Kyungsoo seguiu direto para a sala de descanso. Sabendo que que até o momento o menor não tinha comido nada, Yifan desceu correndo até uma lanchonete que ficava no andar térreo, bem abaixo da K Turismo, e comprou um salgado e um suco para o grávido, que aceitou o mimo de bom grado e logo comeu tudo o que lhe fora oferecido, e tal ato fez o carinho de Kyungsoo para com Yifan aumentar ainda mais.


- Certo - Minseok foi o primeiro a falar, assim que Kyungsoo terminou de comer. Todos estavam na sala de descanso, porém atentos à entrada do local. - Acha que pode explicar como isso aconteceu... ou tentar, quem sabe?

- Minseok... vê só - Kyungsoo respirou fundo e encarou os presentes, passando as mãos pelo rosto, deixando claro o quão perdido ainda estava. - Eu realmente não sei como isso aconteceu - confessou. - Na verdade, ainda nem consigo acreditar direito, sabe?! É tudo tão surreal que tipo... ah, cara! - coçou a cabeça. - Eu só vou descobrir mesmo o que aconteceu quando voltar na clínica, mas como o Doutor YanTao falou, ele já trabalhou numa clínica em Busan que também tinha tratamentos de fertilidade, e pelo que ele disse, alguns médicos antecipam a inseminação quando as condições são favoráveis, entende?! E no último exame, o Doutor Sehun me disse que os folículos estavam em perfeito estado e em grande quantidade, então o Doutro YanTao suspeita que talvez, apenas talvez, ele tenha adiantado a inseminação, mas por algum motivo, eu não fui informado disso.

- Ah! Se foi assim menos mal, né?! - Minseok tentou falar algo, muito embora não soubesse o que fazer. - Porque assim, se ele realmente adiantou a inseminação, como o pai do Yifan suspeita que tenha acontecido, é porque não tinha problemas em adiantar, né?!

- Sim, não teria - Kyungsoo concordou. - O problema disso tudo é saber se os espermatozoides usados pra fecundar os meus óvulos foram os do Junmyeon - explicou. - Lembra que ele fez uma avaliação dos espermatozoides logo no início do tratamento? Então, um dos fatores contribuintes pra abordo espontâneo é falha genética, e essa falha poderia vir dele, entende?! Eu lembro que eles deram a opção dele armazenar, mas não sei se ele armazenou, porque fizemos os exames no mesmo dia, mas quando a gente saiu, veio aquele doido que bateu na traseira do carro dele e eu acabei esquecendo de perguntar depois de tanto transtorno.

- E agora? - Minseok questionou, visivelmente assustado.

- E agora que esse filho que tô esperando pode não ser do meu marido, e o pior... não faço a menor ideia de quem seja e isso me assusta muito - novamente, Kyungsoo permitiu-se chorar, contudo, foi prontamente abraçado pelos ombros, Minseok no lado esquerdo, e Jongdae do direito. Também sentiu as mãos grandes e quentes de Yifan a lhe acariciar os cabelos com carinho e duas mãos quentes segurarem as suas. Quando olhou para a frente, encontrou o olhar carinhoso e preocupado de Chanyeol.

- Hyung... você não está sozinho, tá?! - ditou firme, tentando passar forças para o mais velho, mesmo sentindo o coração apertar pela situação em que ele se encontrava. - Nós estamos aqui e vamos te apoiar em tudo!

- Oh, Channie! - e como Kyungsoo precisava daquele apoio. Ainda chorando, trouxe o mais novo para mais perto e o abraçou. - Obrigado, viu?!



E foi com o coração na mão, que Kyungsoo resolveu voltar para sua casa. Não tinha a menor ideia de como Junmyeon reagiria à notícia e tentava a todo custo não se desesperar, o que era algo praticamente impossível.

Ciente do estado do menor e como já tinha feito todas as atividades do dia, Minseok pediu para que Yifan levasse Kyungsoo até sua casa e o chinês assim o fez sem nem pensar duas vezes. Durante o caminho, tentou acalmar o mais velho, puxando assuntos aleatórios ou até mesmo tentando arrancar dele algum desabafo ou algo que pudesse fazê-lo ficar menos tenso do que já estava. Nunca esteve em situação semelhante, mas só de se imaginar nela, ficou bastante angustiado, pois além de um casamento, uma vida também estava em risco.

E se Junmyeon não acreditasse em Kyungsoo, o acusasse de traição e pedisse divórcio? Kyungsoo seria pai solteiro? Yifan bem sabia o que era ser filho de pai solteiro, já que seu outro pai abandonou YanTao logo nos primeiros meses de gestação. Mas sua preocupação maior era com a pequena vida que crescia sem parar dentro do Kim. Será que Junmyeon o obrigaria a abortar?

Eram tantas questões e todas tão confusas, que o próprio Yifan ficou calado depois de um tempo, apenas seguindo as instruções do mais velho, que dava as coordenadas de como chegar em sua casa.



O relógio prateado no pulso do Kim já marcava pouco mais da uma da tarde, quando o carro do chinês estacionou em frente à sua casa. Após uma breve despedida, Kyungsoo saiu do carro e seguiu até a porta de sua casa. A cada passo dado, sentia o coração acelerar e a cabeça rodar um pouco, mas manteve-se firme na medida do possível. Retirou as chaves do bolso, encaixou na fechadura, duas voltas completas e já pode ouvir o trinco liberar a passagem pelo móvel feito de madeira em tom claro.

Assim que entrou, rodou os olhos pela sala e não encontrou Junmyeon por ali, certamente estaria no escritório. Enquanto seguia para o cômodo onde encontraria o cônjuge, Kyungsoo tentava pensar em todas as maneiras de falar aquilo para ele, afinal de contas, mesmo sendo algo grave, não tinha culpa nenhuma de aquilo ter acontecido. Na verdade, nada fazia muito sentido, ainda era tudo muito confuso para que pudesse ter um pensamento claro e conclusivo daquilo tudo, a única certeza que tinha, trazia em sua mão direita, que era o resultado do hemograma feito na clínica onde atestava sua gestação.

Contudo, ao erguer a mão para bater na porta, algo chamou sua atenção e o fez parar. Era a voz de Yixing, aquilo estava bem claro, mas o que não ficou claro era o que ele falava, ou tentava, o que era estranho, porque mesmo não sendo nativo, o chinês tinha uma dicção ótima, então porque a voz dele estava tão... estranha, como se murmurasse algo que não conseguia entender de jeito nenhum, mesmo tentando.

Por um momento, Kyungsoo hesitou atrás da porta. Deveria abrir ou não? Seu coração apertava violentamente, como um indicativo que algo de ruim aconteceria. E mais uma vez, antes que fizesse algo, mais uma voz foi ouvida, era de Junmyeon, e aquele tom Kyungsoo bem conhecia. Aquela foi a confirmação de que seu coração não estava batendo dolorosamente angustiado atoa.

As mãos antes gélidas, apenas, naquele momento começaram a tremer. "Não é possível! ", foi o pensamento de Kyungsoo após ouvir a voz do companheiro daquele jeito, naquele tom. Foi automático, lentamente abriu a porta e teve uma das piores visões que poderia ter em sua vida. Sobre o sofá do escritório, onde por muitas vezes se amaram loucamente, Kyungsoo pode ver Junmyeon sentado, vestindo apenas sua camisa social, mesma vestimenta usada por Yixing, que estava no colo do mais velho, com uma perna de cada lado, gemendo e rebolando sobre o membro do advogado, que tinha a cabeça apoiada no encosto do sofá e ajudava seu secretário nos movimentos sobre seu membro agarrando sua cintura com força. Os gemidos de Yixing invadiam a mente de Kyungsoo com violência, assim como os de Junmyeon.

Kyungsoo sentiu o coração bater forte e uma sensação como um choque lhe percorrer todo o corpo, a começar dos pés. Mais uma vez, sentiu o ar faltar e tudo em sua volta rodar. Ainda tentou se apoiar na maçaneta da porta, ou, quem sabe, sair dali, mas tudo ao redor foi perdendo o foco ao tempo que sentia uma agonia crescente no peito, junto com uma vontade de gritar por ajuda, mas a voz não saía de jeito nenhum. As mãos ficaram dormentes, assim como seus pés, enquanto perdia as forças das pernas de modo rápido e gradativo.

Mais uma vez, teve a impressão de ver tudo ao redor piscar rapidamente junto com um suor frio que se fazia presente em sua testa e mãos, e antes que pensasse em mais alguma coisa, simplesmente apagou.



Com um suspiro mais forte, Kyungsoo despertou, e a notar pela maciez abaixo de si, sabia que estava numa cama. Tudo parecia tão tranquilo ali, onde quer que estivesse. Tentou erguer a mão, mas desistiu quando a sentiu doer, uma dor fina na parte superior. Tentou abrir os olhos, mas desistiu num primeiro momento, pois a claridade era bastante incômoda.


- Tem certeza disso, doutor? - Kyungsoo ouviu a voz de Junmyeon e sentiu o corpo inteiro travar.

- Sim! - afirmou uma segunda voz, a qual acreditou ser do médico que acompanhava Junmyeon. - Seu esposo está esperando um filho, a gestação está no início, cerca de cinco semanas - explicou. - Não sei o que causou esse desmaio nele, mas pelos sinais clínicos que ele apresentava quando chegou, tudo aponta para um nível de stress elevado e isso não é bom, tanto para ele quanto para o desenvolvimento do embrião - seguiu a explicação. - Ele necessita de repouso e ter o mínimo de stress possível, pois caso isso aconteça de novo, ele pode sofrer um aborto.


Ao ouvir a última palavra, Kyungsoo obrigou-se a abrir os olhos. Foi com o coração disparado que ele tentou sentar na cama e percebeu que estava no hospital. A sua frente, Junmyeon falava com o médico, o qual não conhecia, este quando lhe viu, se aproximou.


- Como se sente? - questionou o médico.

- Um pouco zonzo - respondeu Kyungsoo, que evitou olhar para o marido. Bastou um rápido olhar para deixar claro que lembrava bem do que tinha visto. - O que aconteceu comigo?

- Você quase teve uma síncope causada por excesso de stress e ansiedade - o médico respondeu. - Você precisa descansar e evitar essa situação ao máximo, Kyungsoo, porque esse quadro, se recorrente, oferece sérios riscos pra você e riscos ainda maiores ao embrião que está crescendo dentro de você - falava com calma. - A circulação sanguínea dele está diretamente ligada à sua. E estamos falando de um serzinho que é pouca coisa maior que um grão de arroz e cujo o coração não está totalmente formado, então o aumento da pressão arterial pode comprometer completamente o coração do embrião e isso pode acarretar em um aborto.


Kyungsoo bem sabia a dor que aquela palavra poderia causar, e de maneira alguma queria passar por aquilo uma terceira vez, e o medo logo tomou conta, mais uma vez.


- Mas não se preocupe! - exclamou o médico ao ver o medo na face do paciente. - Você não corre qualquer risco de aborto. Seu embrião está completamente saudável - assegurou, sorrindo quando viu o menor relaxar. - Acontece que o corpo humano é muito sábio. O cérebro comanda todas as funções corporais e em casos como esse, onde a pressão arterial está alta e apresenta riscos graves, ele "desliga", deixando o corpo em standby, quase do mesmo jeito que acontece com os eletrodomésticos. Neles, a luz indica que o aparelho está funcionando, no corpo humano, os órgãos internos tem essa função - explicou. - O desmaio, no seu caso, foi uma forma de proteção, pois a situação apresentava riscos pra você e para o embrião, e como o stress tem causas externas, o cérebro desligou os sentidos para que o seu corpo relaxasse e sua pressão arterial voltasse ao normal.


E de fato, Kyungsoo sentia-se bem mais relaxado, mas bastava olhar para o marido e sentia o coração acelerar outra vez. Ainda não conseguia dizer o que sentia ao olhá-lo, se era decepção, se raiva, ainda era tudo tão confuso.


- Em todo caso - o médico falou chamando a atenção do Kim mais novo. - Só recomendo que você descanse e tente não se estressar novamente, pelo seu bem e o dele - apontou para a barriga de Kyungsoo. - Se me dão licença, vou ver os outros pacientes, mais tarde volto para fazer uma última avaliação e te libero, ok?! - ditou e saiu do quarto, deixando os dois presentes num silêncio bastante incômodo.


Kyungsoo olhou mais uma vez para Junmyeon e sentiu vontade de chorar só de lembrar da cena que presenciara anteriormente. Há quanto tempo será que ele e Yixing tinham um caso? Como nunca suspeitou de nada? Junmyeon sempre pareceu tão carinhoso consigo. Sentiu-se tão patético por ter sido enganado por aqueles dois que não reprimiu um riso breve e amargo.


- Isso é verdade? - questionou Junmyeon, com o exame em mãos. - Você... você está mesmo esperando um filho?

- Sim! - foi tudo o que Kyungsoo conseguiu responder, mas seu olhar dizia muito mais do que aquela simples resposta, apenas não conseguia organizar tudo. Sentia-se num furacão de acontecimentos interminável.

- Mas... mas como? Se nós... - Junmyeon ainda olhava o exame com atenção, mas ainda não acreditava. - A última vez que transamos foi há dois meses atrás, não tem como esse filho ser meu - olhou para o menor, seriamente. - De quem é esse filho, Kyungsoo? É daquele funcionário novo, não é? O chinês? - deduziu. - Há quanto tempo estava me enganando?

- Como que é o negócio? - Kyungsoo, mesmo com o coração doendo, riu. Um riso sem a menor graça, evidentemente. - Sério que estou sendo acusado de traição quando na verdade quem traiu foi você? Junmyeon... será que não percebeu o papel ridículo que está fazendo? - questionou com amargor na voz. - Como você pode ser tão canalha assim? Eu te vi transando com o Yixing no sofá do escritório... na nossa casa... E você ainda vem querer especular algo sobre mim? Não seja tão hipócrita!

- Mas se esse filho não é meu, é de quem? - Junmyeon questionou. - De alguma forma ele foi parar aí dentro e através de mim, eu tenho plena certeza que não foi! - ditou, se aproximando do menor, visivelmente alterado. - Como é que você me explica isso, Kyungsoo? FALA!

- Olha lá como você fala comigo! - Kyungsoo levantou da cama e andou até o marido, pouco se importando com o soro em sua mão. - Você não tem o direito de falar comigo nesse tom! - apontou o dedo na cara do mais velho. - Na verdade, nem sei porque ainda estou aqui, falando contigo - olhou o mais velho de cima a baixo. - E sobre como esse bebê veio parar aqui... vou saber quando for à Clínica.

- O que a clínica tem a ver com isso? - Junmyeon voltou a questionar.

- Tem que, ao que tudo indica, o doutor adiantou a inseminação e usou os seus espermatozoides pra fertilizar meus óvulos! - Kyungsoo respondeu.

- Não! Isso não é possível! - Junmyeon falou consigo mesmo, mas Kyungsoo prestava atenção. - Eu não deixei meus espermatozoides armazenados lá - e com aquela afirmação, Kyungsoo teve a certeza de que o filho que crescia em seu ventre não era de seu marido, mas a dúvida era... de quem seria?


CONTINUA...

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