Mamãe Quer Me Casar - Vol. 1...

By Lihezzy

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💍👜💄 Serie Armações de uma Mãe casamenteira.👒👠💐 * Disponível na Amazon. Aqui tem apenas alguns capítulo... More

MAMÃE QUER ME CASAR ( SINOPSE )
PRÓLOGO ( FAMÍLIA )
2 - UNIVERSO
3 - MÔNICA
4- SEJA MINHA GASOLINA
5-VOCÊ DE SOBREMESA

1 - CONVITE

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By Lihezzy

Entro no meu quarto exausta após minha primeira faxina do dia e encontro um convite em cima da minha cama. Não está fechado, o que indica que minha mãe, papagaio, gato, cachorro, cabrito e toda a arca de Noé já leram antes da pessoa a quem foi endereçada. E posso apostar que ele é o motivo do sorriso enorme no rosto da mamãe quando entrei em casa. Nem preciso ler para saber que não vou gostar e nem concordar com o conteúdo.

Aliás, até meu subconsciente já está gritando "fuja! Ela está planejando seu casamento". E, por um breve momento, temi ser o convite do meu próprio casamento. Vocês não conhecem minha mãe, vai que ela resolveu me vender para um CEO masoquista e com um passado sombrio? Logo a imagem do Jamie Dornan sem camisa e com calças de cowboy, balançando um chicote na mão no melhor estilo Christian Grey invadiu minha mente e... Hummm... Pensando bem, até que não seria uma má ideia.

Desenrolo meu cabelo do coque e tiro a farda do inferno... ops, trabalho, ficando apenas com uma calcinha preta rendada — se fosse um casamento com o Grey, eu já estava até preparada. Sento na cama segurando o papel e conforme vou lendo, mais minha boca abre e posso jurar que meu queixo atingiu a camada mais profunda da Terra. Teria me impressionado menos se realmente fosse um convite do meu casamento com o Grey.

Era nada mais, nada menos que um convite para reencontrar a turma do colegial. DO COLE-INFERNAL! Eu odeio aquele colégio com todas as minhas dívidas. Que não são poucas. Pela única razão dos garotos babacas da minha sala, enviados das profundezas mais sujas das entranhas de Nazaré Tedesco, me zoarem o tempo todo, não era apenas para as nerds como nos outros colégios. Era para todos que não fossem do grupinho de futuros presidiários que eles faziam parte. E pior, alguns eram barra pesada mesmo, tive um período difícil graças a eles.

Eles conseguiram uma foto minha sem blusa, sem sutiã, sem peitos... ops, mostrando os seios e espalharam pelo colégio, até hoje não sei quem ou como conseguiram essa maldita foto. Eu nunca tirei. Nem sequer tinha uma câmera e até hoje não tenho. Fazer o quê? A pobreza aqui em casa é perpétua.

Porém, como eu sou muito boazinha e nada vingativa, esperei o acampamento de fim de ano. Enquanto eles mergulhavam e nadavam como gazelas saltitantes em uma apresentação de nado sincronizado nas olimpíadas, batizei suas bebidas com um remedinho e quando dormiram, joguei uma mistura de cola de sapateiro, superbonder e pó de mico nas partes íntimas dos quatro que eu sabia estavam envolvidos na "brincadeira". Na hora não pensei muito, foi engraçado, era só um susto e quando acordaram, o desespero deles me fez sentir como a Malévola... até eles passarem por cirurgia em estado crítico. Fiquei com muito medo, mas ninguém morreu, só dizem que perderam partes importantes de suas partes íntimas. Não tentem isso em casa.

Óbvio, fui expulsa do colégio, tive minha primeira queixa na delegacia e graças a Deus um ano depois desse ocorrido, mudei de cidade. Todos me chamavam de "capadora ".

Agora, anos depois, como se nada tivesse acontecido, tenho que encontrá-los em um reencontro mais hipócrita de festa de fim de ano?

Eu me recuso.

Nem sei por que mandaram essa porcaria de convite?

Como iria me negar a ir com minha mãe já sabendo dessa merda de reencontro? E pior, aposto que ela já fez até minhas malas. Droga!

Jogo-me na cama, fitando o teto, e um suspiro de puro desespero escapa dos meus lábios. O dia seria longo. Olho para a parede dos gostosos à minha frente, onde tem pôsteres de celebridades, todos gatos. Olho o Beckham e depois "os Chris", demoro um pouco mais do que deveria na boca do Brown e por último, o Justin Timberlake, pensando quando finalmente algum deles iria perceber que me amava e viria me resgatar dessa vida de Isaura.

Quê? Não é só adolescente que tem e sonha com ídolo não. Oxe!

Jogo meu cabelo para o rosto e me viro de bruços. O que eu faço meu Deus?

Recebo um tapa ardido na minha bunda nua e quase pulo com o susto. Telly se joga em cima de mim rindo. De onde ela surgiu?

— Aí vadia! — reclamo, tentando tirar essa estropício de cima de mim, mas ela apenas me aperta mais contra o colchão. — Para bater na minha bunda tem que ter um pau bem grande entre as pernas — digo, um tanto ofegante e abafado.

Merda, minha irmã mais nova é mais forte que eu. Telly gargalha alto deitando do meu lado na cama.

— Você vai ir ver os caras que castrou? — pergunta, jogando os cabelos loiros no meu rosto.

Retiro seus cabelos da minha cara fazendo questão de puxá-los, antes de responder:

— Não sei... — respondo ainda meio sem fôlego. Isso porque prático exercício, caso contrário estaria só o cadáver. — Eles são idiotas, mas seria bom vê-los com medo novamente — brinco gargalhando malevolamente.

Lembro que eles ficaram apavorados quando me viram no dia do depoimento. O caso não deu em nada. Ninguém — o colégio e os pais dos quatro meninos envolvidos —, queria um escândalo dessa magnitude, envolvendo a polícia e um longo processo. Ser rico tem suas desvantagens, afinal.

— Deveria ir...

Soprei o ar com força, conhecia esse sermão de cor e desenhado.

— Para eles me encherem o saco? — Cruzei os braços. — Não, obrigada.

— Você também era uma diaba, nem vem, tem que ir sim... — Neguei. — Vai ser bom viajar!

— Vou voltar em um camburão ou ficarei presa lá mesmo!

— Não vai... — Ela suspirou e em seus olhos negros vi brilhar uma sabedoria que só ela tinha. Às vezes, Telly parecia ser mais velha do que realmente era — Belly, você só trabalha desde a morte do seu pai. Começou a trabalhar cedo, se matou para conseguir uma bolsa, se matou entre dois empregos e faculdade e no fim, desistiu de ser uma grande chefe de cozinha com o seu próprio restaurante... — Aproximei e deitei minha cabeça no colo dela. — Esse é seu sonho. Não o deixe morrer. Não se deixe morrer. — Puxou um punhado do meu cabelo. — Qual a última vez que saiu ou namorou? Ao menos lembra como é?

Suspiro. Era verdade, meu último namoro sério foi anos atrás e meu sonho realmente era ter meu próprio restaurante, mas papai morreu e as dívidas começaram, tive que trabalhar no que aparecesse para ajudar nas despesas da casa. O tempo passou e meu sonho se perdeu.

Nunca permiti que minha irmã trabalhasse, prefiro que só estude. Ricky, como o homem da casa, não consegui impedir, então era o único além de mim com emprego fixo. Mamãe trabalhava com encomendas, mas nem sempre tinha clientes. Sei que só ganho bem porque alguns dos patrões tem segundas intenções comigo e não quero descobrir quais são. Secretamente vivo tentando outro emprego que se encaixe em meus horários, afinal, preciso almoçar em casa e pegar o carro no trabalho do Ricky às 15:00h e levar a Telly para a faculdade às 18:30h, volto para deixar o carro com o Ricky e volto para casa de buzão... mas está muito difícil conseguir emprego até mesmo sem nenhuma exigência.

— Não posso gastar. — Faço cara de cachorro sem dono. — Diz aqui que é um Resort por vinte dias, na nossa antiga cidade e...

— Pode usar um pouco das nossas economias. — Neguei freneticamente levantando do seu colo. Nossas economias já são poucas.

— E como vamos pagar sua faculdade, a do Ricky, as dívidas, contas...

— Belly, esse convite chegou há uma semana. — Acho que meu olho estava maior que o do Lula. Como conseguiam esconder tudo de mim? — Conversamos durante esses dias e decidimos que você pode fazer essa viagem. — Tentei interrompê-la, mas ela segurou minhas mãos. — Só me ouve... O resultado da bolsa do Ricky saiu. Ele passou... quando ele contar, faz cara de surpresa. — Ri. — Mamãe e nosso Adônis concordaram em pagar a minha faculdade quando precisasse...

— Como assim?

— Arrumei um emprego faz sete meses e vou tentar novamente uma bolsa.

— Que emprego é esse? E por que ninguém me contou antes? — gritei. Minha irmã tinha um emprego e ninguém me conta nada?

— Garçonete! — confessou em um sussurro.

— Não! — gritei nervosa. Levantei e comecei a andar de um lado para o outro. Eu sei como é ser garçonete. Todo o assédio, humilhações e... não quero isso para Telly.

— Sou maior e quero me cuidar — falou firme. — Thomas vai me buscar. Ele também detestou a ideia. — Thomas era seu melhor amigo e às vezes dividiam a mesma cama. Por mais que negue, ela só dividia a cama com ele. — É um emprego digno, Belly... Pode ficar orgulhosa?

— Não, Telly, não posso...

— Já chega de se sacrificar por nós, Belly. — Segurou meus ombros. — Amanhã você irá para essa viagem e por favor, veste uma roupa, sua calcinha está furada e estou vendo coisas que sinceramente não queria... — Sua cara de "pelo amor de Deus " quase me fez rir.

— Não é um sacrifício. — Eu queria rir e chorar, mas optei por procurar uma roupa no cesto. Não tínhamos um guarda-roupa ainda.

Minha mente fervilhava e minhas mãos tremiam tanto que quase não consigo achar uma roupa. Não parava de pensar e se tentassem fazer algo com ela? E se ela cometesse os mesmos erros que eu? Já estava seguindo meus passos e se ela desistisse dos próprios sonhos?

— Mamãe concordou com tudo isso? — perguntei, finalmente achando um vestido longo na cor azul marinho.

— Sim... decidimos juntas...

— Juntas? — Estreitei os olhos enquanto me vestia.

— A ideia foi da mamãe, mas concordei totalmente em te dar essa viagem de presente, além do mais, vai sobrar dinheiro agora com a bolsa do Ricky, com meu trabalho... Nós te amamos, Belly. — Limpei as lágrimas que escorriam sem permissão. Eles eram tudo para mim. — E queremos te dar o seu restaurante de presente. — Fiquei surpresa com aquilo. — A partir de hoje teremos uma quantia mensal para isso. — Quando decidiram tudo isso? — Falei com o senhor que se diz ser meu pai...

— Falou com seu pai? — Telly nunca perdoou o pai por trair mamãe e, por isso, não conversava com ele.

— Sim, aceitei a pensão e fiz um acordo dele pagar todas as atrasadas em três anos. — Segurou minhas mãos apertando com força. Eu já chorava um dilúvio. — Quero realizar seus sonhos, Belly. — Ela é tão sábia, inteligente, mais alta que eu, que poderia ser muito bem a irmã mais velha.

— Obrigada... eu... eu não sei o que dizer.

— Diga que vai... a mamãe e eu compramos uma sandália nova para você, vi sua sapatilha e a pobre precisa descansar em paz em algum lixão da vida. Fizemos as reservas do hotel, passagem e compramos também um celular para não perder o contato com você durante a viagem.

Meu celular quebrou há dois anos, sempre que precisava fazer uma ligação usava o da Telly ou da mamãe. Não me lembro a última vez que ganhei algo só meu, acho que por isso me ouvi gritando:

— Eu vou.

Telly pula em cima de mim, gritando também. Logo foi buscar os presentes dizendo que se eu tivesse me recusado a ir viajar, devolveria tudo.

A sandália era preta de salto alto toda de camurça e o celular um J7 na cor cinza. Usados, mas pareciam novos. Pulei de alegria como uma criança quando ganha seu tão esperado presente de natal.

Não disse? A melhor família do mundo. E sabe o melhor? Eu faço parte dela.

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