Mamãe Quer Me Casar - Vol. 1...

By Lihezzy

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💍👜💄 Serie Armações de uma Mãe casamenteira.👒👠💐 * Disponível na Amazon. Aqui tem apenas alguns capítulo... More

MAMÃE QUER ME CASAR ( SINOPSE )
1 - CONVITE
2 - UNIVERSO
3 - MÔNICA
4- SEJA MINHA GASOLINA
5-VOCÊ DE SOBREMESA

PRÓLOGO ( FAMÍLIA )

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By Lihezzy


Sabe aquela velha história de que toda mãe é casamenteira ou que todas sonham em ver suas filhas de véu e grinalda? E por mais que digam que não, a verdade é que — sim — todas as mães querem seus filhos casados e cheios de netos para elas engordarem.

A senhora Amélia — minha querida mãe — é dessas que leva muito a sério o título de casamenteira. O sonho da vida dela é casar as filhas. Isso mesmo, só as filhas, já que o meu único irmão não sofre a mesma pressão. Ela diz que a única mulher boa o bastante para o Adônis lhe deu à luz.

Que besteira! Mas nós, as filhas mortais de Hades, temos obrigação de casar e enchê-la de netos. Graças ao bom Deus e para o bem da minha sanidade mental, somos apenas três meninas. Eu, Belly, baixa, com um quadril enorme, peitos inexistentes, cabelos naturalmente castanhos, com mechas vermelhas e olhos de âmbar tão naturais quanto meu cabelo, trabalho como faxineira há dois anos, mas me formei — inutilmente — em gastronomia. Sou a mais velha, ou seja, tenho uma placa colada na testa com letras garrafais e luzes de néon escrita em caixa alta "mãe em desespero para casar a filha. Fuja!". Sim, de acordo com o nosso século, o XVIII — é claro — eu, com 27 anos, sou uma solteirona mais encalhada que água em bueiro entupido e mais na seca que mula empacada em pleno verão no nordeste.

Uma vez que nem peguete tenho, devo estar pior que uma solteirona, já até estou escolhendo as melhores rações para gatos e as raças mais dóceis. Afinal, serão minhas únicas companhias no futuro.

Não vou mentir dizendo que nunca sonhei com casamento, marido e filhos, já sonhei e muito, mas hoje não tenho mais vontade ou disposição para essas besteiras de casamento. No entanto, finjo adorar e me divirto com toda essa maluquice de casar, ter filhos e blá, blá, blá. Não é fácil aguentar as loucuras da minha mãe. E quando eu digo loucuras, acreditem, é loucuras mesmo.

Voltando á minha árvore genealógica, logo em seguida na linha de "segura que lá vem a noiva", temos a Telly com 23 anos, fruto do segundo ou quarto — nem lembro mais a ordem — casamento da mamãe e gêmea do Ricky, alta, olhos pretos, cabelo loiro longo (tão natural quanto o meu) e um corpo escultural que eu idolatro. Nascemos na mesma família e ela ficou com as coisas boas tudo. Injusto, já que eu sou a primogênita. Tudo bem que somos de pais deferentes, mas por consolo, bem que o universo poderia ter me dado olhos azuis ou verdes, preto é bonito, mas olhos claros são olhos claros, né? Tentei ter olhos azuis, mas o universo achou um crime e tive uma puta alergia às lentes, choquem, quase fiquei cega.

Agora temos o "sombra e água fresca", aquele que não pode ser tocado: Ricky, nosso adônis, é o sonho de toda garota: lindo, alto, forte, estudioso, romântico, trabalhador, toca violão, cozinha... e acho que é por isso que ele tem mais amigas que pretendentes. A maioria acha que ele é gay. Já perguntei se ele é homossexual, mais de uma vez, porém, ele sempre nega e já até teve algumas peguetes... mas enfim, ele sabe que independente de sua escolha iremos acolhê-lo e amá-lo por sua essência.

Letty, a ovelha negra da família, está muito bem em sua zona neutra — jovem demais para casar. No alto de seus dezesseis anos e 1,55m de pura rebeldia, mau humor, chatice e futilidade, porém, na aparência é a mais parecida comigo: as duas juntas não dão um Smurf. Só que bem mais magra que eu, já que gosta de pousar como manequim oficial do pai, com quem mora desde os oito anos de idade. Ela detesta com verdadeiro horror essa história de casamento. Às vezes, acho que ela nos detesta também...

Bom, como podem ver pela apresentação da escola de samba, minha mãe gosta tanto de apelidos quanto de casamento. Ela não perde nem para o Fábio Junior em números de casa e descasa. Foi casada onze vezes. E só perde para Britney Spears em duração. Seu casamento mais duradouro foi de três anos e o mais curto quase uma semana e entre tapas e beijos, casou e descasou o dobro de vezes que realmente casou. Ok, ninguém entendeu. Simples, ela chegou a casar três vezes apenas com o meu pai. Sim, e não deu certo nenhuma vez e infelizmente, nunca daria. Persistência ela tem pelo menos.

Meu pai era depressivo e extremamente possessivo mesmo antes do casamento, mas minha mãe achou que o amor dela por ele o salvaria ou curaria desse mal — acho que ela lia muito romance, mas depois do casamento, tudo piorou. Resultado: ele virou alcoólatra, passou a usar drogas e um belo dia, seis meses após o casamento, quando ela já estava grávida de mim, ele sumiu por anos. Ela solicitou e conseguiu o divórcio. Casou novamente só Jesus sabe com quem e descasou tão rápido quanto casou.

Quando eu tinha dois anos, ela conheceu o pai dos gêmeos. Foi um mês até estarem casados e quatro meses até o divórcio, ela pegou o tal no flagra com a amante. Minha mãe ficou deprimida após o término de mais um casamento e descobrir-se grávida do ex-traidor piorou isso. Então, em uma bela tarde, como um urubu encarnado de fénix, meu pai ressurgiu do buraco mais escuro da terra e ela, que sempre o amou, voltou a casar com o senhor Antônio, meu querido papai. Dessa vez foi melhor, durou três anos até ele voltar a beber e nos afundar na lama das brigas, dívidas e ameaças de morte. Mamãe, então, para nos dar estabilidade e proteção, casou-se com um ricaço. Durou apenas duas semanas. Ele queria mandar nela, ela o mandou para o inferno e, em um ato de burrice, voltou para o meu pai pela última vez. Ele morreu três meses depois com uma corda no pescoço, uma garrafa de álcool e nada mais que um bilhete com um pedido desculpas.

Não me pergunte em que momento disso tudo a Letty foi gerada, porque nem eu sei, mas tenho certeza de que não foi fruto de um casamento... Só sei que uma bela dona Amélia estava grávida e divorciada novamente.

Felizmente, mamãe não acredita que casamento é eterno. "Se estiver ruim, peça o divórcio e passe pimenta nas partes íntimas do otário... depois se case de novo, uma hora dá certo, mas antes, transe bastante e beije mais ainda", palavras dela, não minhas.

Dona Amélia é do tipo "durma preparada, com sorte um garanhão entra por sua janela e te faz cavalgar a noite toda."

Eu amo essas pérolas dela. Os melhores conselhos... para quem gosta de encrenca.

Eu não me casei ainda, gostaria de dizer que porque sou uma destruidora de corações, fria, arrogante e calculista, mas a verdade é que ninguém me quer, Brasil. É triste, mas é verdade.

E olha que não é por falta de tentativa da mamis poderosa, loiraça, linda e muito gostosa, capaz de fazer até Madonna morrer de inveja. A pobre tentou bravamente me desencalhar, mas falhou miseravelmente. Até encontros com sinistrões da internet — mais fakes que o loiro dela — ela arranjou para mim.

Meu único casamento foi em uma peça da escola que eu criei na quinta série chamada "Mamãe quer me casar". Escrevi inspirado na minha mãe, só que na história, a mãe conseguiu casar a filha com um milionário, mas ela é apaixonada por outro. Resumo, a protagonista termina casada, mas infeliz. Minha mãe nem viu a peça, dava para ver nos olhos dela que a única coisa que prestou atenção foi na filhinha dela vestida de noiva em um casamento de mentirinha. Chorou a peça inteira.

Anos depois da peça tive minha primeira tentativa de namoro. Aos dezessete anos, ele foi meu primeiro "tudo": amor, namorado... só não o beijo, porque eu já tinha dado aos catorze anos em uma aposta pelo meu time... Tá, nem tenho um time, mas quem perdesse me beijaria.

A verdade é que era um DVD e eu sabia quem perderia e foi o time escolhido pela minha paixonite na época e assim, meu primeiro beijo foi com o garoto mais lindo da escola.

Mais descolado.

O popular.

Cabelos de anjo e lábios de bosta, pois é, fiquei tão encantada com ele que nem reparei que o infeliz comia merda. PORQUE SÓ COMENDO MUITA MERDA PARA TER UMA BOCA TÃO FEDIDA A CÔCO. Era de fazer inveja a qualquer banheiro público.

Fiquei tão traumatizada que agora sempre dou uma conferida no bafo dos homens antes de decidir beijar ou não. Por mais lindo que seja beijar uma foça não é opção para mim. Lição do dia: bala de menta, R$ 0,10 centavos. Pasta de dentes, R$ 3,00 reais. Me beijar, é inestimável.

E minha primeira vez foi ainda pior. Detesto lembrar e nunca me permito lembrar.

Bom, voltando ao Pablo, meu primeiro pretendente, o coitado não aguentou trinta minutos de relacionamento após O JANTAR. Mais para frente irão descobrir o que é e como é esse jantar, porém, nossa relação já tinha esfriado, namoramos escondidos por três meses e nunca tinha tido vontade de transar com ele. Então, quando chegou ao fim, eu me senti livre.

E o último que tive coragem de namorar ou levar para minha casa, foi o Guto. Esse arrasou meu coração como o Pablo não conseguiu e foi o único momento que essa história toda de mãe louca casamenteira não foi engraçada. Eu o amava demais, me entreguei para ele e o jantar destruiu nosso namoro em um dia. Isso foi aos vinte e quatro anos de idade e até hoje não namoro sério. Minhas duas experiências não foram das melhores e eu odiaria ter que suportar novamente a perda de outro amor. Homens geralmente fogem de compromisso e eu já estou vestida para casar desde antes do meu nascimento. Deve ser por isso que nunca recebi um "oi sumida". Tenho certeza que meus exs vão todo fim de ano mandar uma oferenda para Iemanjá por terem se livrado das garras casamenteiras da minha mãe. Essa faz questão de deixar claro, "pode namorar com minha filha, mas vai casar e se reclamar vai ter uma dúzia de filhos."

Eu agora só tenho noites de sexo, noites mesmo, porque meus ficantes vão embora antes do dia amanhecer. Parece que foram enviados pela fada madrinha da Cinderela, do nada viram abóboras e puff, somem.

Então, é com muita dor nas partes íntimas que informo estar há seis meses sem beijar ou transar. Meu nível de carência está tão alto que passo nos postos de saúde só para me darem preservativos, alguém ao menos tem fé que minha vida sexual é ativa. Tão iludidos!

Algo me diz que essa história toda de casamento não é para mim. Devo ser a versão feminina do patinho feio, só que bonita. Óbvio! Mas sabe de uma coisa? É melhor assim, gosto da minha vida como está, não é a melhor de todas, mas para mim é o suficiente. Tenho saúde, teto, emprego, comida na mesa e a melhor família do mundo. O que mais posso exigir da vida?

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