Despertar - Batalhas Invisíve...

By BVitoriano

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Quando uma batalha é travada em um mundo que não é visível, mas afeta ao nosso, recrutamento de tropas é nece... More

Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 6
Capítulo 7

Capítulo 5

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By BVitoriano


O verão não parecia acabar, insistia em continuar na grande São Paulo. O ar sobre o asfalto tremulava causando efeitos ópticos que prendiam a atenção de Pandora, sentada no banco da frente de uma picape encolhia-se no banco, olhava para estrada e para serra. A descida para a baixada santista era glamorosa durante a semana, sem trânsito, sem confusão, apenas a bela e amigável vista. O motorista, também conhecido como Gustavo, mexia no rádio procurando algum tipo de música que o agradasse.

- Isso que acontece quando eu te deixo fazer a playlist de viagem. - Desabafou frustrado desistindo de achar algo de seu gosto.

- Para de reclamar, aceita que dói menos, você escolheu essa comida horrorosa...

- Que eu gosto. - Interrompeu a outra.

- Então eu tenho o direito de escolher a música horrorosa que eu gosto.

O argumento da menina pareceu fazer efeito, Gustavo se conteve ao volante e a suas comidas. Era meio de semana, uma bela quarta-feira de manhã. Terça a noite ambos estavam no gigante apartamento sem saber o que fazer, daí veio a ideia: ir para a praia. Tentaram se convencer do contrário, falando um para o outro que era melhor ficar em São Paulo e cumprir com suas respectivas obrigações, falharam miseravelmente.

Gustavo com seus vinte e um anos mais um mês se encontrava dividindo o apê com a melhor amiga, começou com "Posso dormir uma noite aqui? ", "Tem algum problema se eu passar a semana? ", e acabou ficando. O menino não se importava era bom ter alguém por perto para fazer companhia. Contudo, nunca viu a amiga tão perdida como estava, escutava o choro durante a noite, via as lágrimas secas durante a manhã e sentia o sorriso forçado durante a tarde. Aquela viagem faria bem a Pandora, ou pelo menos ele esperava que sim.

Nunca espere algo de um Destino que está querendo brincar.




- Que pulseira linda! - A voz estridente de Milena trincou o ouvido de Pandora.

- Sim, de fato. Mas precisamos continuar, estamos com o horário apertado.

- Pelo amor de Deus, Pandora. Minutos não farão diferença. - Viu os olhos da amiga rolarem.

Pandora parou do lado da amiga e esperou enquanto a outra fuçava entre as bijuterias na banquinha. A Av. Paulista estava cheia, o que estava fazendo ali mesmo? Ah, sim, era o aniversário de Gustavo. Mas, o aniversário dele já tinha acontecido. Olhou ao seu redor confusa, uma sensação de Dejavu tomou conta de seu corpo por inteiro. Sentiu uma mão velha tomar-lhe o pulso com um pouco de rispidez.

- Que belas mãos! - A voz rouca de quem parecia ser a dona da banca causou calafrios na menina. - Ficariam ainda mais bela com um anel.

- Super concordo! - Milena disse em um tom alto garimpando nas caixas cheias de anéis. - Deveria usar um anel, Pandora.

- Mas, eu... eu já... eu já estive aqui antes.

Um sorriso de escárnio brotou nos lábios da velha mulher.

- Que belas mãos! - Pandora se sentiu zonza com a repetição da fala. - Não deveriam ficar sem um anel, são tão belas. - Percebeu que o pulso estava ficando cada vez mais apertado - Não deveriam, não precisa pagar minha jovem. Leve.

Com a mão que estava livre a senhora puxou de dentro de seu avental um anel fino com uma pedra escarlate no topo. Colocou no dedo de Pandora.

- Não tire, meu bem, esse é o teu chamado, tua proteção! - O coração apertou, não era medo, na verdade sentia que confiava naquela forma estranha que a prendia pelo pulso, mas ao mesmo tempo sentia que não queria ter ouvido o que ouviu.

Seu braço foi liberado.

- Eu peço desculpas, mas não entendo, eu já estive aqui... isso... isso é um sonho? - Teve que reunir coragem para perguntar.

- Sim meu bem, mas tudo que falei é real. Você realmente tem belas mãos.




Mesmo com os olhos fechados sentiu a extrema claridade do lado de fora.

- Ei acorda, chegamos! - A lateral esquerda de seu corpo foi empurrada.

Levantou o tronco e viu o mar, nem precisava tê-lo feito para saber que tinham chegado, o som das ondas era notório e inconfundível. Sentiu alívio imediato. E com o alívio se lembrou porque se sentirá aliviada. Esse é o lado ruim de coisas boas. Você só sabe o que é felicidade quando sabe o que é tristeza, assim como Pandora só se sentiu aliviada porque minutos antes estava angustiada, sabedoria antiga que é vendida em banquinha de jornal, não me dê muito crédito. A menina olhou rapidamente para a mão e viu lá algo que não tinha visto a um mês, desde a tarde do aniversário de Gustavo, um anel enfeitando seu anelar esquerdo a encarava de volta.

- Eu acho que tive um pesadelo... - Confessou tentando não parecer uma criança assustada.

- Eu acho que estou matando serviço para ir a paia. - Gustavo a olhou sem esperar por uma reação afetuosa.

- O que você quer dizer com isso?

- Quero dizer que é algo normal, relaxa. A gente está na praia, deixa as paranoias para São Paulo.

Pandora sabia que o amigo tinha razão, mas então por que não conseguia relaxar? Seria o anel que jurava ter jogado fora e agora de novo estava em sua mão? Em sua bela mão, corrijo. Sentiu o rosto ser tomado pelas palmas do amigo, quase em forma de concha espremendo as bochechas fazendo-a sentir como se tivesse menos de 10 anos.

-Deixa as paranoias para São Paulo. - falou pausadamente dando um beijo na testa da menina a cada palavra dita.

Bufou antes de abrir a porta do carro. Ao sair olhou novamente para o anel, sibilou tirar-lhe do dedo e as palavras voltaram a mente como um filme "Não tire, meu bem, esse é teu chamado, tua proteção! ". A mão recuou e teve medo dos próprios pensamentos. Sacudiu a cabeça tentando achar a razão, deixou o anel na mão como superstição, largou a paranoia guardada no carro e foi aproveitar o dia. Ia tudo ficar bem. Ia.




Algumas pessoas corriam para terminar a organização antes que a primeira leva chegasse. Um clima de excitação contaminava a atmosfera. Na clareira principal havia uma espécie de altar, o cheiro de pinheiros predominava, o vento tinha decidido levar e trazer aromas naquele fim de tarde, a fogueira já tinha sido acesa e as pessoas tinham começado a sentar, de fundo persistia aquele murmúrio de várias pessoas falando ao mesmo tempo. Todos pararam quando viram ela chegar. Uma capa com cores que lembravam muito o pôr do sol cobria-lhe as costas, o busto era revestido de uma túnica trabalhada em finos detalhes com linha de ouro, na barra da peça flores tinham sido bordadas com cobre. O corpo era alto e esguio, beirando quase aos dois metros. A face dura de feições finas não tinha emoção. Os pés caminhavam com propriedade que só a última da espécie teria, com serenidade se posicionou no altar e começou o discurso.

- Luz da luz. - Começou.

- Que surja luz. - Responderam em uníssono.

- Creio que muitos ficaram sabendo do nosso incidente no Grande Portão, para aqueles que estão preocupados com nosso querido Gabriel eu lhes peço para que não fiquem, todos nossos guardas são mais do que bem treinados isso eu garanto. Contudo, a preocupação com outras coisas deve permanecer, com o claro ataque que sofremos no mês passado fica evidente que não podemos mais esperar. Espero que entendam, tentei evitar de as maneiras que nos envolvêssemos nisso, porém ontem durante a noite recebi uma triste notícia. - Houve um desconforto geral, até mesmo o vento tinha parado para prestar atenção na líder que ali se pronunciava. - Durante a tarde de ontem o povoado do Lago Prata foi atacado - pausou como se lamentasse algo - nossas tropas de reconhecimento acharam apenas quatro sobreviventes. - As palavras atingiram como um soco na boca do estômago de cada um presente.

Alguns começaram a chorar, um povoado de mais de três mil pessoas tinha sido dizimado em um único dia, amigos, pais, irmãos e companheiros perdidos. E como algo sorrateiro a noite tinha chegado, a luz tinha se ido junto com a esperança de alguns.

- Como a maioria aqui sabe o povoado era um bom aliado à nossa causa, foi um ataque direto a nossa causa. Não podemos mais deixar que inúmeros morram porque ainda temos medo dos nossos próprios fantasmas. Fomos a guerra uma vez, perdemos muito, muito mais do que estávamos dispostos a perder, mas ainda estamos aqui, vivos, e iremos à guerra uma segunda vez, defender quem somos e o que protegemos. E se não agirmos agora seremos os próximos. Lutamos e ganhamos, a nossa vitória significou a morte de muitos, mas significou a vida de muito também. Mais uma vez peço para que confiem em mim, que me deem esse voto de confiança. A primeira e a segunda leva de recrutas já foi chamada, os próximos dias serão difíceis, os próximos anos serão difíceis, alguns não nasceram para o despertar, eles surtarão com a verdade, tomem cuidado.

Deixou que as informações fossem absorvidas.

- A partir de hoje, estamos oficialmente em guerra.

Com essas palavras o vento voltou a circular, a fogueira voltou a fazer barulho e as pessoas voltaram a ter medo, então era verdade os boatos. A líder se recolheu durante a noite, por mais que quisesse passar toda segurança que seu povo merecia preparativos precisavam ser feitos. Sabia que não ganhariam a batalha que tinham travado se não achasse o que tinha procurado por sua vida inteira. Sentiu o sangue em suas mãos e se perguntou se teria condenado toda uma nação. Maldita sejam as guerras.




A maré acolhe a todos que pedem ajuda e assim acolheu mais uma. A água salgada batia na canela, as ondas quebravam longe chegando em si apenas os restos que insistiam em ir até a orla. Olhou para trás e viu o amigo dormindo de baixo do sol, resolveu ir mais fundo, andou até sentir a água bater seus seios. Sentia-se pura diante do mar. Ao olhar para baixo viu algo brilhar, percebeu que era sua própria mão, ou melhor o anel. Puxou a mão para perto e analisou melhor. A pedra vermelha parecia pegar fogo, segurando o com a ponta dos dedos mergulhou o objeto de volta na água, com o susto que tomou acabou largando o anel no mar.

Xingou mentalmente sua burrice, sentiu alguns pingos gelados em suas costas. Achou que era alguma onda que havia quebrado, se enganou, segundos depois o céu despencou em água. Enquanto saia do mar chegou a conclusão que não era uma coisa tão ruim ter perdido o bendito anel que tinha a incomodado tanto. Correu até Gustavo que já tinha acordado por causa da chuva.

- A gente só se ferra, dá próxima vez eu venho a praia sem você. - Disse irônico enquanto juntava suas coisas o mais rápido que podia.

Não se deu o trabalho de responder, jogou seu celular dentro de uma bolsa qualquer se enrolou na toalha, o vento tinha começado a jogar areia para todos os lados, Pandora tampou os olhos na vã tentativa de se proteger, ouviu o barulho do carro destravando. Abriu a porta e entrou. Quando conseguiu enxergar novamente viu no horizonte um raio acertar o oceano, um arrepio percorreu toda a espinha. A chuva tinha apertado e todo o para-brisa tinha ficado borrado com o impacto das gotas, nem que Gustavo quisesse poderia dirigir de volta para casa daquele jeito. Era final de tarde, logo estaria escuro.

- O que você acha de passar a noite aqui? - Perguntou Gustavo.

- Não tenho outra opção. Conheço um lugar aqui do lado bem legal para passar a noite.

O motor do carro ligou e mesmo com a chuva intensa foram capazes de chegar em uma pousada. Pegaram quartos no mesmo andar, Pandora sentia um cansaço sem explicação, tomou um longo banho e em seguida se jogou na cama. Arrastou o corpo até o travesseiro. No canto esquerdo uma grande janela mostrava que a tempestade ainda continuava. Passava das duas da manhã, quase dormindo tentava achar uma posição agradável colocou a mão por debaixo do travesseiro tentando dar volume, contudo quando a mão tocou a cama sentiu algo, segurou sentindo o formato, o coração tomou força e a respiração se acelerou. Com receio tirou debaixo do travesseiro o que segura com a mão fechada. De dentro para fora o calor emanou, sentiu a palma da mão queimar forçando-a a abrir a mão.

Sentiu o suco gástrico subir até a garganta, o estômago se contorceu e a cabeça rodou. Ainda olhando para o impossível viu a pedra voltando a sua cor normal. Recuperou a razão e foi ver sua mão como estava. Intacta. Sem nenhum queimado, arranhões, nada. Sem pensar muito colocou o anel de volta no anelar. O corpo relaxou, a sono a tomou como uma amiga. A visão apagou e o corpo caiu sem qualquer resistência. 

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Eu demorei uma eternidade para postar, mas prometo que não vai mais acontecer.

O plano e postar pelo menos outro capítulo este final de semana.

Obrigada pela atenção!

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