dangerous || 1ª TEMPORADA

By jiminfave

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❭ ❯ ❱ JIKOOK/KOOKMIN ❬ ❮ ❰ Tudo acontece quando uma máfia inteligente decide desafiar a inteligência do FBI. ... More

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⍟ forty
⍟ forty one
⍟ forty two
⍟ forty three
⍟ forty four
⍟ forty five
⍟ forty six
CAPÍTULO EXTRA
⍟ forty seven
⍟ forty eight
⍟ forty nine
⍟ fifty
⍟ fifty one
⍟ fifty two
⍟ fifty three
⍟ fifty four
⍟ fifty five
⍟ fifty six
⍟ fifty seven
⍟ fifty eight
⍟ fifty nine
⍟ sixty
⍟ sixty one
⍟ sixty two
⍟ sixty three
⍟ sixty four
⍟ sixty five [PARTE 1]
⍟ sixty five [PARTE 2]

⍟ one

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By jiminfave

Jeon Jungook finalmente estava dentro de uma das maiores agências governamentais dos Estados Unidos, ou melhor dizendo, do FBI. Uma serenidade congelada transparecia em sua fisionomia, uma vez que a espera para ser chamado estava começando a aumentar aquela maldita expectativa. Sua linguagem corporal irradiava inquietude: corpo rígido, dedos entrelaçados sobre o colo, perna direita balançando frequentemente e um olhar fixo em um ponto distante enquanto um milhão de pensamentos corriam em sua cabeça.

Os respingos da chuva deslizavam em pequenas gotas pela janela, o atraindo, em completo tédio, para o movimento das partículas. Um clima nublado era o que a cidade de Washington tinha para o momento, uma vez que o inverno havia chegado e o colorido das flores não era mais destacável em sua vista.

Sua atenção foi deslocada para a porta do escritório ao lado, subitamente aberta por um homem de cabelos pretos. Ele tinha uma face séria, porém não mal-encarada, sua postura irradiava poder. No instante seguinte, o tal homem deu passagem para que Jungkook entrasse na sala. O recém-chegado levantou-se do assento e, antes de mergulhar totalmente dentro da sala, o cumprimentou com um aceno gentil. Então, seguiu para a ponta da longa mesa, onde foi recebido por um punhado de olhares observadores.

Jungkook entrou para o Departamento Federal de Investigação em pouco tempo e, depois de treinar na maior academia de preparação e obter ótimos resultados nos exames, foi aprovado. Recebeu ótimos treinamentos militares, estudou sobre os crimes de âmbito federal e atuou em algumas missões em proteção ao seu país. Agora, com vinte e quatro anos, foi chamado para compor a equipe oficial do FBI.

Esta agência trabalha com espionagem, proteção dos direitos civis, combate ao narcotráfico, combate ao crime organizado e entre outras diversas coisas. Muitos afirmaram que o jovem não teria capacidade para exercer uma função tão responsável como essa, mas este mostrou que sua competência é muito além da idade.

Sabe-se que tal agência trabalha com espionagem, proteção dos direitos civis, combate ao narcotráfico, combate ao crime organizado e entre outras diversas coisas. Muitos afirmaram que o jovem não teria capacidade para exercer um papel tão responsável para com o seu país, mas Jungkook provou-lhes que sua competência está para além da idade. Após encher os olhos dos superiores, o colocaram no Departamento para se juntar às pessoas com mais experientes.

— Gostaria de apresentar o nosso mais novo agente do FBI, Jeon Jungkook. — a voz de Seokjin preencheu a sala. Ele era o diretor executivo do FBI, todas as operações ocorriam a partir de seu veredito. — Me chamo Kim Seokjin. Você terá tempo de conhecer o restante do pessoal que trabalha aqui, mas agora precisamos discutir um assunto que vem nos dando dor de cabeça até hoje.

— Senhor? — uma voz veio dos confins da sala. O homem que o chamou prosseguiu quando recebeu o olhar de Seokjin e de metade das pessoas que componham a mesa. — Podemos mostrar a ele o caso que estamos trabalhando, depois pedimos uma opinião sobre isso.

— Concordo. – um senhor de cabelos grisalhos falou com indiferença. Jungkook o encarou após a sua interferência. — Estou curioso para ouvir o novato.

— Ótimo. Yoongi, prossiga. — Seokjin ordenou, convidando Jungkook para se sentar ao seu lado. O jovem levou apenas um segundo para se acomodar na reconfortante cadeira expressiva e dedicar sua atenção ao tal Yoongi.

— Estamos lidando com uma máfia inteligente que engana pessoas através de contratos falsos e as leva para um cativeiro de prostituição. Elas são obrigadas a venderem o próprio corpo em troca de dinheiro. — Yoongi explicou, iniciando o discurso enquanto algumas fotos apareciam no monitor às suas costas. — A maioria dos caras que frequentam esses lugares são velhos milionários e viúvos. As vítimas são adolescentes com a faixa etária entre os 14 e 17 anos. Só no ano passado eles atraíram cerca de quinze pessoas por mês e as levaram para algum lugar que até então não sabemos. Por isso afirmo novamente: essa organização criminosa é brilhante e sabe como dar o próximo passo. Já colocamos policiais nos aeroportos, em boates clandestinas e também helicópteros para fazer a vigilância, mas até agora não obtivemos nenhuma informação.

— O que te faz pensar que a máfia está aqui? — Jungkook questionou, sendo breve, e vários pares de olhos o encararam com interesse. — Se essa quadrilha é tão inteligente como alegam, então a primeira coisa que não fariam seria colocar a própria fortaleza no mesmo lugar onde selecionam suas vítimas.

— O que está insinuando? — Seokjin o indagou meio incerto.

— É simples e até óbvio demais: essa máfia não está aqui nos Estados Unidos. — suas palavras saíram com convicção. — Me arrisco a dizer um país mais próximo, ou, se forem mais espertos, em um país onde a língua é diferente da nossa, assim não correriam o risco de alguém ajudar as vítimas em caso de fuga.

O burburinho que veio em seguida após aquela afirmação causou uma breve desordem na reunião.

— Então você está afirmando que eles viajam para cá, escolhem suas vítimas e depois as levam para outro país? — Yoongi pareceu incerto ao perguntar, mesmo sabendo que no fundo havia uma certa coerência.

— Exatamente. Nós só precisamos descobrir quais são as agências que trabalham com viagens para o exterior. Se vocês me derem o caso, posso conseguir informações. — Seokjin o observou com atenção, considerando aquele pedido. Ele queria informações concretas e Jungkook parecia ter o perfil ideal de quem iria lhe entregar isso em mãos.

— O novato está blefando! — no meio daqueles homens, um deles objetou com desdém. — Os Estados Unidos estão praticamente fechados, existem guardas na cidade, policiais nos aeroportos. Ninguém entra e ninguém sai.

— Para um agente experiente, o senhor me parece um pouco amador. — Jungkook o respondeu com educação, apesar do mau uso das palavras. O homem lhe deu um olhar austero e apertou os cantos da boca. — Essa máfia deve ter alguma agência nos Estados Unidos e fora daqui também. Pessoas como eles gostam de expandir o mercado clandestino. Precisamos descobrir quais as ligações que as vítimas tinham entre si e se elas participavam de algum concurso de moda.

— O detetive Jungkook tem razão. — o diretor, Seokjin, assegurou. — Você vai cuidar desse caso com o Yoongi. Qualquer informação que tiver, eu exijo estar por dentro. Não esqueça de passar na minha sala mais tarde para pegar o distintivo e a chave da sua sala. Os demais podem me acompanhar, tenho uma tarefa para vocês.

Todos começaram a se retirar da sala, deixando o espaço cada vez mais vazio. Quando o último homem desapareceu pela porta, Yoongi remexeu os calcanhares e aproximou-se de Jungkook com cuidado, pigarreando para chamar a atenção dele.

— O que tem em mente? — Jungkook enrugou a testa diante de sua pergunta. Não foi um gesto de confusão, e sim de quem estava tendo uma ideia nova.

— Você tem as fotos das vítimas? — Yoongi confirmou com um aceno de cabeça. — Ótimo. Vamos conversar com os familiares de cada uma e descobrir a rotina de todos elas.

— Certo. Mas também precisamos de informação sobre todas as agências que trabalham com viagem para o exterior.

— Vamos com calma. Primeiro devemos partir dos lugares que eles frequentavam para que assim possamos interrogar as pessoas do local, e quem sabe, descobrir uma testemunha ocular. Depois saberemos qual é era a ligação que eles tinham. Geralmente esses grupos de criminosos têm um padrão para caçar suas vítimas. — ele explicou, levantando-se posteriormente. Quando se deu conta que Yoongi ainda estava imóvel, ele prosseguiu. — Você não vem?

— Agora eu entendo porque você foi aprovado tão cedo, rapaz. — Jungkook tentou segurar um sorriso, mas falhou na tentativa.

✮✮✮

Luzes néon cintilavam na grande boate, diversas formas de estrelas pulsavam no teto juntamente com uma nuvem de gelo seco que flutuava pelo ar. Uma batida suave relaxava os clientes em suas respectivas cadeiras. Garotas, certamente novas demais, perambulavam pelo salão, algumas acompanhadas por homens mais velhos enquanto outras continuavam com o espetáculo de dança para um grupo de clientes que se amontoou para assistir a apresentação.

Park Jimin era uma das vítimas. Ele era um dos poucos meninos que ainda restavam na boate. Infelizmente. Estava acomodado em uma das banquetas próximas ao bar conforme assistia, acanhado, a movimentação nos arredores. Odiava se entrajar com roupas apertadas, tecidos transparentes ou qualquer peça que atraísse os olhares felinos dos clientes, embora essa fosse basicamente uma de suas obrigações naquele lugar.

Repelia qualquer tipo de olhar audacioso para o seu corpo. Não queria estar ali, ainda mais sabendo que seria forçado a realizar coisas que julgava asquerosas. A todo momento estava sendo coagido por homens nojentos, forçado a realizar fantasias em um quarto completamente fedido a cigarros e álcool. Infelizmente, Jimin não tinha a liberdade de poder dizer não. E mesmo que dissesse, seu desespero sempre caía em orelhas surdas.

— A princesa poderia me acompanhar? — uma voz grossa atraiu sua atenção, o deixando ainda mais encolhido no banco.

O garoto viu um homem musculoso dentro de um smoking ajustado, com cabelos e olhos castanhos completamente imóvel na sua frente, manuseando um copo de gim de modo elegante.

Muito ligeiramente, Jimin encontrou Derek perto da entrada do bar encarando-o à distância, sua expressão estava sóbria e penetrante. Derek Meyer era o braço direito do poderoso Kim Namjoon, mais conhecido como o chefe do tráfico. Ele sabia que estava sendo observado o tempo todo e que se negasse o convite dos clientes, um castigo sempre o esperava no tenebroso porão.

— Sim. — foi tudo o que Jimin conseguiu dizer.

Deslocando-se para fora do assento, Jimin ajustou nervosamente os fios rosados de seu cabelo. Logo que se pôs de pé, o cliente ofereceu seu braço para que ele o segurasse. Jimin não ousou recusar a oferta, mas antes encarou a face de Derek pela última vez, o observando tomar um gole de sua bebida à medida que continuava a observá-lo como um verdadeiro predador. No instante seguinte, o menino retornou o olhar para o cliente, se deixando ser levado.

Eles começaram a caminhar pela pista de dança à procura de um lugar apropriado. Conforme caminhavam, Jimin sentiu os próprios olhos lacrimejarem, tal como suas palmas começaram a escorregar devido a aflição que floresceu. Quando um pensamento mergulhou em sua cabeça, seu estômago azedou. Ele queria tanto acordar desse pesadelo que o atormentava cerca de um ano, mesmo sabendo que a realidade estava bem distante daquilo.

Assustou-se quando o homem interrompeu os passos, parou e o encarou divertidamente. Com os olhos brilhando de desejo, o sujeito encarou as pernas do garoto, sorrindo quando o viu pôr as mãos nas pernas desnudas, tentando esconder o que quer que ele estivesse apreciando. O marmanjo lhe enfrentou nos olhos e lhe deu um sorriso dissimulado. Em seguida, sentou-se em um sofá no canto e abriu as pernas de forma desleixada.

— Sente-se em meu colo, querido. — Jimin, assombrado, arregalou os olhos e balançou a cabeça para os lados rapidamente. — Eu não estou pedindo, estou mandando. Não estou pagando por você para receber um não. Então, sente-se no meu colo ou falarei com o seu chefe!

O garoto tomou um pesado fôlego e acabou fechando as pálpebras por um curto tempo, depois as abriu. Ele se deparou com o olhar do homem e seu atrevido gesto de lamber os lábios. Jimin seguiu, ainda com medo, até o cliente e o obedeceu sentando em sua perna esquerda. Foi recebido por uma longa mão, que se enganchou no interior de sua coxa, fazendo-o fechar as pernas em reflexo.

A mão livre do sujeito caminhou em direção à cintura de Jimin, onde se ficou rigidamente firmada em torno. O garoto recuou quando sentiu a barba dele roçar a pele de seu pescoço em busca de acesso para distribuir seus beijos.

Em resposta, Jimin apertou os olhos com força e lutou mentalmente para que aquele que estava enfiado em seu pescoço o largasse. Seu coração deu um salto brusco no peito quando o tato do cliente começou a subir por sua perna, pressionando sua carne entre os dedos pausadamente.

— Como você gosta de ser tocado? — quando Jimin escutou sua pergunta, ele arregalou os olhos e saltou para fora do colo dele. — Algum problema?

— Eu não vou fazer nada com você! — o homem bufou, impaciente, e então deixou o sofá, prestes a agarrá-lo pelo braço.

— Espero que esteja ciente de que você não tem que querer nada. Sou eu quem decido! — seu tom era ríspido e ácido. — Agora, sente-se na porra do meu colo e faça o que eu mandar!

Dito aquilo, ele o puxou brutalmente pelo braço, gesto esse que fez Jimin cair por cima de seu corpo. Sem perder tempo, o sujeito suspendeu as próprias mãos em direção às nádegas dele, onde distribuiu um aperto sufocante. Jimin grunhiu, se debatendo para se livrar da compressão daqueles braços fortes.

Se vendo liberto, o corpo de Jimin caiu para trás e suas costas tocaram o assento do sofá, em seguida um corpo maior se sobrepôs ao seu. O marmanjo se posicionou entre suas pernas, ainda com um sorriso cafajeste no rosto, e tentou prendê-lo pelos pulsos.

— Sai de cima de mim, seu nojento! — Jimin gritou em meio às lágrimas, tentando empurrá-lo, mas seus braços estavam sendo detidos.

— Será que posso resolver esse problema? — uma voz grave veio de muito perto. Era Derek. O homem lhe ergueu o olhar, um tanto irritado pela interferência.

— Será que posso ter um tempo sozinho com o meu garoto, afinal eu estou pagando por ele? — o cliente revidou, furioso.

— Claro, senhor. — Derek não parecia alterado, mas reflexivo. — Não permitimos que force um de nossos dançarinos a fazer qualquer coisa aqui no bar. Para isso, sugiro que pague um quarto.

— E quanto custa um quarto?

— Quinhentos dólares. — Jimin o encarou perplexo, principalmente quando se deu conta de que o homem se afastou para pegar o dinheiro na carteira.

Ele estava farto de fazer aquelas coisas por dinheiro. Mesmo que alcançasse o lucro exigido pela boate, o menino sabia que essa rotina infernal não acabaria tão cedo. Sentir nojo de si mesmo tornou-se um sentimento frequente com o tempo, principalmente quando parava para pensar no punhado de homens estranhos que conheceria a noite.

Ao se ver livre, Jimin pulou do sofá e se aproximou de Derek.

— Não me deixe ir, por favor. Eu não aguento mais prosseguir com isso. — suplicou, olhos lacrimejando e lábios batendo.

— Regra é regra, Park. Você já deveria estar acostumado com isso. — seus olhos ao menos o encararam.

— Aqui está. Quinhentos dólares. — o cliente disse, despejando o dinheiro na mão de Derek. — Agora, você vem comigo, garotinho.

— Não! Não! — Jimin recusou conforme seu braço era puxado.

— Ai, seu filho da puta! — um guincho de surpresa ecoou. Jimin havia pisoteado o pé do sujeito com a ponta de seu sapato. — Eu quero falar com o seu chefe! Agora!

— É melhor você ir, Park. O Namjoon não está nos melhores dias, ele não vai te perdoar por isso. — foi Derek quem o alertou.

O garoto balançou a cabeça freneticamente para os lados. O terror interno estava consumindo cada fibra de seu corpo, tornando-se mais frequente nas silenciosas lágrimas que escorriam por suas bochechas. Ele estava apavorado com tudo aquilo. Não queria mais prosseguir com tais tarefas, sentia-se esgotado por permitir que outros homens se aproveitassem de seu corpo como se fosse um objeto. Estava cansado de se repudiar.

Por mais que estivesse naquele lugar por pouco mais de um ano, sentia-se incapaz de se adaptar com as torturas constantes que sofria toda vez que um cliente pagava por um quarto. Apanhava diariamente dos capangas de Namjoon porque se recusava a subir uma vez ou outra para os quartos. O garoto não conseguia entender como sua vida mudou brutalmente da noite para o dia.

Despertou-se ao escutar passos firmes ecoando pelo salão. Seu olhar foi na direção do som e, ao avaliar quem era, seus olhos ficaram arregalados. Namjoon estava aproximando-se cada vez mais, o semblante inexpressivo era uma de suas características. O poderoso Namjoon cruzou por alguns clientes e então alcançou os três pares de olhos. Ele encarou cada um, mas fixou-se em Derek, seu comparsa. Jimin engoliu com dificuldade.

— O que está acontecendo aqui? — indagou.

Ele esperou que a resposta viesse de seu parceiro, mas foi o cliente quem agarrou a chance.

— Eu paguei por esse garoto e ele simplesmente está me evitando. Quero que tome alguma providência porque eu não posso esperar a noite toda.

Namjoon enfrentou o menino nos olhos, o deixando completamente pálido. Em seguida, disse:

— Venha comigo.

O corpo de Jimin foi arremessado contra a superfície dura da parede, o suficiente para fazê-lo grunhir de dor. Namjoon segurou rigidamente seu pulso, o apertando com força. O menino sentiu-se sumir dentro daquela mão enorme, que também trouxe um bolo sufocante à sua garganta. O chefe chegou mais perto de seu rosto, pupilas dilatadas, e então sussurrou:

— Você acha que pode me desobedecer?

— Eu...

— Cale a boca! Eu ainda não terminei. — esbravejou. — Você não entende que enquanto estiver aqui vai trabalhar o tanto que eu quiser!?

Jimin se encolheu. Diante de seu silêncio, Namjoon largou seu pulso e disparou um tapa na bochecha dele, trazendo um tom avermelhado à superfície. Jimin deixou escapar um soluço, em seguida abaixou a cabeça para não transparecer nenhuma fraqueza.

— Não ouse desobedecer às minhas regras, Park. Caso ainda queira viver. — o garoto confirmou com um aceno, reduzido ao medo. — Você é o favorito deles, Jimin. Não me faça perder a cabeça com esse joguinho de donzela em apuros.

— Sim, senhor.

— Derek! — Namjoon o chamou, ouvindo os passos de seu parceiro se aproximando às suas costas. — Leve-o para a cela e tire essas roupas. Coloque qualquer trapo e não o deixe sair até que eu permita.

— Sim, senhor. — respondeu, apesar de estar incerto. — E o que faremos com o cliente?

— Ele pode arrumar outra vadia aqui dentro. Mas isso não importa agora. Ande rápido com esse pirralho, preciso de você aqui para me ajudar a preencher as identidades. — dito isso, Namjoon andou para longe, nem um pouco contente com aquela circunstância.

Derek seguiu os passos de Namjoon com os olhos, depois voltou-se para o garoto. Sua vista pousou nas pernas de Jimin e então subiu para os olhos dele. O garoto sentiu-se ser engolido. Posteriormente, Derek disse:

— Me acompanhe.

✮✮✮

Derek aproveitou a ocasião para observar as curvas de Jimin conforme ele caminhava em sua frente. O garoto pôde sentir o peso de seu olhar a quilômetros, por isso desejou alcançar logo a porta de seu quarto. Instintivamente, ele contornou a cabeça por cima do ombro e encontrou o olhar de Derek para suas pernas. Diante disso, Jimin acelerou os passos até que finalmente alcançasse o seu destino.

Em silêncio, esperou que o encarregado se aproximasse para abrir a porta. Seu corpo estremeceu quando sentiu Derek cercando-o. Ele enfiou a chave na fechadura e a destrancou com um clique. Empurrando-a com o pé, gesticulou para o interior da cela, seu gesto foi breve e claro. Jimin mergulhou para dentro depressa e andou na direção do colchão no chão, sentando-se de costas para Derek.

Os colchões instalavam-se no chão, visto que cinco pessoas tinham que ficar no mesmo quarto, e as malas de roupas eram jogadas em qualquer canto. A obscuridade preenchia a cela onde dormia, pois era proibido luzes que pudessem alvejar as janelas que haviam naquela parte para não se tornar acessível a presença deles quando alguém passasse pela estrada a frente.

Os colchões ficavam instalados no chão, uma vez que cinco pessoas tinham de ficar no mesmo quarto. As malas com as roupas ficavam largadas em qualquer canto e não havia muita iluminação para discernir os objetos. A escuridão preenchia a cela onde dormiam, pois era proibido existir qualquer feixe de luz que pudesse alvejar as janelas daquela parte. Era uma forma de garantir o sigilo do cativeiro.

Jimin estava tremendo os lábios em consequência do frio e também do medo. As lágrimas desciam sem qualquer resistência pelo seu rosto. Ele ainda sentia o ardor em sua bochecha por causa do tapa que recebeu minutos atrás. Agradeceu aos céus por tudo estar escuro e Derek não poder ver o seu rosto. Provavelmente, ele iria rir de sua cara como sempre fez.

Então, Derek fechou a porta de metal e trancou antes de começar a caminhar até uma mala de roupas no chão. Ele se agachou à procura de algum traje que servisse para o garoto e acabou escolhendo um moletom vermelho, geralmente usado por Jimin no dia a dia.

— Toma. Vista isso. — ele arremessou a blusa para o menino, que precisou esticar o braço para pegar a roupa que caiu a poucos centímetros de distância de seu pé.

Com a peça em mãos, Jimin apenas apoiou-a em cima de seu colo e permaneceu de cabeça baixa. Pôde sentir o calor de um outro corpo se aproximando do seu e se agachando para ficar de seu tamanho. Jimin não se atreveu a levantar a cabeça para encará-lo, a tensão estava tão grande que tinha pavor de até mesmo encontrar os olhos de Derek, estes que nunca pareceram amigáveis.

— Está evitando tirar a roupa na minha frente, bebê? — Derek indagou, seu tom de voz parecia suave e superficialmente rude. Jimin chacoalhou a cabeça para os lados, negando. — Então tire, querido.

— Eu não quero me vestir agora.

Derek se pôs de pé de repente. Ele observou o menino como se estivesse observando uma mercadoria. Avaliou-o. Estudou-o. Com os olhos estreitados, portanto, ele disse:

— Quero te fazer uma proposta, mas antes preciso que responda minha pergunta. – ele falou tranquilamente, como se a conversa não fosse nada mais que um bate-papo. — O que acha deste lugar?

— Eu sinto nojo disso tudo, principalmente de você!

Derek lhe deu uma risadinha perversa.

— Nojo de mim ou desses caras com quem você dorme todos os dias? — Jimin arregalou os olhos para sua pergunta estúpida.

— Faço essa merda porque sou forçado, ou você acha mesmo que eu gosto disso!? — Derek ficou quase encantado pela sua resposta.

— A proposta é a seguinte: eu posso te dar uma vida melhor, começando, primeiramente, pela boate. Você não vai precisar trabalhar na boate contanto que faça uma coisinha por mim. — Jimin endireitou os ombros, meio incerto sobre aquilo, porém atento. — Quero que seja meu. Você só precisa servir a mim e a mais ninguém.

O garoto apertou as sobrancelhas em incredulidade.

— O quê!? E se eu não quiser?

— Bem, então terá de continuar servindo naquela boate como um escravo sexual. É isso mesmo o que quer?

Jimin espremeu os lábios.

— Não. Eu só quero ir embora daqui.

— E talvez consiga. — ele elevou os dedos para o rosto do menino, fazendo uma estranha carícia. Seu toque podia parecer gentil, mas estava longe de ser bom. — Olha, você foi o único que me despertou um intenso desejo neste lugar. Por isso estou te fazendo uma boa proposta para sair da boate.

— Se eu aceitar, o que acontece? Eu não vou precisar mais voltar para lá?

Derek sorriu.

— Eu não divido o que é meu, Park. — ele disse como se fosse óbvio demais, e então recolheu a mão de seu rosto. — Basta você aceitar para que amanhã mesmo eu fale com o Namjoon. Ele vai entender os meus motivos.

Sua proposta parecia ter lógica, mas Jimin não sabia se podia confiar naquelas palavras. Ele estaria deixando o inferno para servir propriamente ao diabo.

— Do que adianta? Vou deixar a boate, mas você ainda vai continuar me forçando a fazer essas coisas. Eu não quero isso. — o garoto refutou, falhando em manter a compostura.

— De qualquer forma, não será como na boate. — explicou. — Pense bem nisso, eu estou te dando uma oportunidade. Não me faça voltar atrás. Você vai ficar comigo todos os dias e me ajudar em algumas tarefas.

O garoto ponderou calmamente no que responder. Por mais que Derek o tirasse da boate e o deixasse longe da prostituição, ele continuaria servindo-o igual fazia com os clientes de Namjoon. Viveria a mesma rotina de escravidão. No mais, não havia como escolher entre duas propostas terríveis.

— E se eu aceitar? — Jimin quis saber. Sua pergunta arrancou um pequeno sorriso dos lábios de Derek.

— Amanhã eu falarei com o Namjoon para que ele te tire da boate e te deixe me acompanhar em alguns eventos. Você não fará mais parte da prostituição, apenas servirá a mim. Mas claro, eu vou impor regras para que você não saia das minhas vistas, afinal eu preciso cuidar do que é meu. O que me diz?

Jimin não queria dizer nada. Sua garganta travou e parecia que as palavras tinham se dissolvido naquele momento. É claro que ele não queria se prostituir. Se repreendia dia e noite por dormir com homens estranhos e nojentos, odiava o fato de dar espaço para que eles o tocassem da maneira que desejassem. Estava farto disso, tão farto que qualquer proposta absurda poderia fazer sentido em sua cabeça. Ele só precisava de um pontapé para dar um basta nisso.

A proposta de Derek soava absurda, mas poderia mudar a sua rotina, Jimin pensou, afinal, quase sempre ele estava ocupado cuidando das próximas vítimas. Ele viajava diariamente para os Estados Unidos em busca de novas modelos para uma falsa sugestão. Jimin sentia que mesmo tendo de servir aos seus desejos pessoais, ficar ao lado dele e o obedecer quando precisasse parecia menos pior do que experimentar noites com dezenas de homens, quase sempre, ao mesmo tempo. Aliás, tais viagens poderiam ajudá-lo a fugir em alguma situação inesperada.

Ele estava desgastado e queria mudar isso. Mesmo que a intenção de Derek não fosse realmente a de ajudar, mas de tê-lo apenas para si, isso poderia fazer com que a vida de Jimin mudasse completamente e, quem sabe, ele pudesse achar uma saída para longe daquele lugar abominável. Depois de matutar muito, portanto, ele lhe disse:

— Eu quero.

✮✮✮

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