- Como alguém nasce por acaso?
- Meus pais estavam vindo ao Brasil para comprar uma casa, por que quando eles gostam de algum lugar eles compram uma casa para poder ficar mais tempo no lugar, e diga se de passagem, eles amavam o Brasil, quando eles vieram ver a casa que iam comprar minha Mãe já estava grávida de cinco meses.
- Que perigo, não é bom ficar viajando quando está grávida, eu li isso em algum lugar.
- Mas minha Mãe estava bem e eu também, e o médico deixou ela vir, porém, ela tinha que voltar logo, por que o parto já estava marcado.
- Sim, mas o que ouve?
- Bom, eles ficaram dois meses a mais do que imaginavam, pois tinha que resolver assuntos de papelada da casa, e tinha que comprar móveis, achar empregados, e nesse meio tempo a Mamãe se descuidou um pouco e ficou com infecção na urina, e aí teve um parto prematuro, eu nasci de sete meses.
- Nossa! Você quase morreu!
- Não, que isso, eu estava bem, só tive que ficar na incubadora por um mês até ganhar peso, mas fora tudo isso eu e a minha Mãe estávamos bem.
- E aí vocês ficaram por mais tempo no Brasil, até você ficar grandinho e aprender a falar português?
- Nós tivemos que ficar até eu completar uns três meses.
- E como você aprendeu a falar português?
- Eu aprendi lá na Espanha, como eu tinha muito tempo livre eu fazia aulas de tudo que me interessava, e como eu nasci no Brasil, eu queria falar a língua da minha terra natal.
- E quantos anos você tinha?
- Eu tinha por volta de 14 anos e estudei por uns quatro anos, mais ou menos, eu também estudei Inglês.
- E quando você quis vir para cá?
- Quando eu terminei o estudo fundamental, aí eu resolvi fazer faculdade aqui, eu falava Português fluentemente, e tinha nascido aqui, e sonhava em ensinar.
- Então resolveu ensinar uma coisa que você sabia muito bem, sua própria língua.
- Foi isso, mas não é muito lucrativo, eu estou vendo um jeito de ganhar mais dinheiro, eu tenho muito tempo livre.
- Poxa, eu nunca vi a Espanha, lá deve ser um lugar lindo.
- Um dia eu te levo lá, eu prometo.
Pode ser na nossa lua de mel, como eu sou boba!
Terra chamando Margot...
- Quem sabe um dia, né, Miguel.
- Bom eu tenho imagens de lá você quer ver?
- Eu adoraria você já terminou aí?
- Sim, só vou lavar a louça que sujei.
- E o tempero do feijão?
- Já está no feijão, e já ferveu por algum tempo, está pronto segundo suas anotações.
Depois de lavar a louça nós fomos ver as fotos que ele tinha da Espanha, ele pôs no DVD e as imagens que eu vi eram lindas eu comecei a imaginar nós dois naquele lugar lindo.
- Onde você arrumou essas imagens?
- São fotos, eu tirei.
- Nossa você é bom nisso.
- Obrigado, é um hobby, fiz aulas de fotografia também - ele falou com uma naturalidade - O lugar ajuda.
- Mas o Brasil também é lindo.
- Eu sei disso, também tirei umas fotos do Brasil.
Ele era realmente talentoso, e me surpreendeu mais uma vez, ele também tirava ótimas fotos.
O DVD acabou e nem percebi o tempo passar enquanto via as imagens, nós dois estávamos sentados no sofá, bom eu estava, o Miguel estava jogado, eu nem percebi quando aconteceu, mas ele estava dormindo, coitadinho dele, devia estar cansado, eu nem me toquei que já era tarde, mas eu não podia deixa-lo ali, ele ia acordar no outro dia com dor no corpo todo, mas ele estava tão lindo, ele dormia como um bebê, com uma serenidade, dava vontade de afagar seu cabelo, fazer um carinho no seu rosto, e acorda-lo com beijinhos, mas eu não ia fazer isso, então toquei no seu ombro de leve e chamei seu nome “Miguel”, mas ele não acordou, seu sono estava pesado, eu tentei segurar a vontade de me aproximar do seu rosto e beija-lo, mas não segurei, me aproximei devagar do seu rosto e senti ele respirando, meus lábios foram chegando bem pertinho dos lábios dele, ele tinha uma boca linda, não era grossa nem fina, mas era linda, era máscula, pra mim ele era irresistível, me afastei, eu não podia beija-lo assim, sem o consentimento dele, o beijo seria só meu e não nosso, pelo menos é assim que devia ser, peguei no ombro dele e balancei ele com gentileza é claro, e disse seu nome mais alto "Miguel", tive que chamar umas três vezes, só assim ele acordou.
- Margot, eu dormi, me desculpa que bela companhia eu sou.
- Tudo bem, você deve estar cansado, e já está bem tarde, eu tenho que ir, desculpa te acordar, mas eu não podia deixar você dormir aqui, amanhã seu corpo ia doer e sua casa iria ficar toda aberta.
- Tudo bem... Obrigado, eu te levo até sua casa, hoje não tem nada no fogo.
- Então vamos.
Saímos da casa dele e aquela vizinha estava sentada no banquinho da praça de frente a casa do Miguel, ela estava olhando pra outra direção, mas quando nos viu ela nem disfarçou, ficou nos olhando até chegarmos na minha casa, e quando chegamos lá eu chamei ele pra entrar, ele aceitou.
- Boa noite, Miguel, vejo que hoje a aula de culinária se estendeu, o que você aprendeu a fazer?
Minha Mãe falou com ele apontando pro sofá, ele se sentou, meus irmãos já tinha ido deitar já devia ser umas 23:00 horas.
- Aprendi a fazer feijão.
- Você vai usar essas aulas mesmo?
- Vou sim, o arroz que ela me ensinou a fazer ontem ficou uma delícia, eu comi ele com hambúrguer e uma saladinha de tomates, por que isso eu sei fazer.
- Que bom, assim você pode se alimentar melhor, não é bom você ficar comendo fora, eu não confio nessas comidas, afinal você não sabe como foi feito.
- Eu também acho, mas não tinha o que fazer.
- Mas as aulas vão ter que acabar mais cedo.
- Mãe a culpa foi minha, ele me mostrou umas fotos que ele tirou lá na Espanha de alguns pontos turísticos e eu não vi a hora passar.
- Vera eu também não vi a hora passar, eu dormi.
- Coitado dele filha, você tem que saber a hora de sair da casa dos outros, o que eu te ensinei?
- Desculpa Mãe, nunca mais faço isso.
- A culpa foi minha, tadinha da Margot ela só quer me ensinar a cozinhar, e como eu sou bom Professor e péssimo aluno ela acaba perdendo tempo a mais comigo.
Que fofo ele estava me defendendo, querendo me beijar já pode 😘
- Imagina Miguel, você aprende super rápido, Mãe você sabia que ele ficou tão interessado que até pesquisou na internet como fazer um bolo, e fez, o bolo estava ótimo!
- Parabéns Miguel.
- Obrigado, o papo está bom, mas já está na hora de ir pra casa, boa noite a todos.
- Te levamos até o portão, não vou insistir pra você ficar, está muito tarde você deve estar com sono, hoje vou ficar devendo o café.
- Estou morto de sono.
Levamos ele até o portão ele foi embora e como na outra noite nós ficamos no nosso portão até ele entrar na casa dele, enquanto isso minha Mãe resolveu falar comigo.
- Filha eu não gosto dessa ideia de você ir a noite pra casa do Miguel e ficar lá até tarde.
- Eu sei Mãe, apesar do Miguel ser muito educado e respeitador as pessoa não o conhecem como nós, mas amanhã é a última aula, vou ensinar ele a fazer macarrão e o resto ele vai aprendendo sozinho.
- Que ótimo, eu já estava pra te dizer que não queria que você fosse mais na casa dele, e se você não se incomoda, amanhã você vai com o Natan.
- Sem problemas Mamãe.
- Não sei se você percebeu, mas aqui na rua tem uma vizinha daquelas que olham o movimento de todos os vizinhos, e eu percebi que hoje ela ficou sentada naquele banquinho de frente a casa do Miguel esperando você sair de lá, só pra poder falar de você.
- Eu percebi Mamãe, mas isso acaba amanhã.
- E a lojinha como vai?
- Vai bem, mas Dona Ana vai se mudar de Florianópolis e vai fechar a lojinha.
- Ai que pena filha, você estava gostando de lá.
- Vou ficar até esse mês acabar, depois disso ela vai fechar a lojinha.
O Miguel chegou no portão dele e nos deu um aceno, respondemos o aceno dele e entramos.
- Vamos dormir, filha, já está tarde.
O dia amanheceu fomos pra escola, o Paulinho não se aproximou de nós, acho que ele ficou com raiva de mim, mas é melhor assim, eu não quero que ele fique fazendo minha maninha sofrer, a Nathi se recuperou super bem, a July tá cada vez mais grudada com o Pablo, e eu estou largada pela minha amiga, afinal só ela que me dava atenção, mas tudo bem, e assim o dia foi se passando, eu fui pra lojinha e corri, e depois tomei meu banho e fui pra casa do Miguel com o Natan, era a última aula, e eu já estava com saudades.
- Miguel!
Eu chamei no portão, não demorou muito e ele nos atendeu, ele estava com cheirinho de sabonete tinha acabado de sair do banho, seu cabelo estava molhado e sua barba estava feita, e lindo como sempre, acho que depois da aula ele ia sair, afinal era sexta feira.
- Você vai sair? Se for podemos deixar a última aula pra segunda feira.
- Não vou sair, é nossa última aula?
- É sim, vou te ensinar o básico, e também eu nem sei cozinhar tantas coisas diferentes assim.
Entramos enquanto estávamos falando.
- E o que você vai me ensinar hoje?
- Macarrão com molho.
- O macarrão da Margot é o melhor, você vai ver Miguel.
Disse o Natan, mas ele cobre de elogios o macarrão da Mamãe, eu não o culpo, é realmente muito bom.
- Natan você veio aprender a cozinhar também?
- Não eu vim acompanhar a Margot pra ela não ficar mau falada.
- Mau falada?
Ele deu uma risadinha, mas eu não expliquei nada.
A aula foi passando e ele como sempre estava muito atento, o Natan ficou na sala vendo os DVDs de foto do Miguel, macarrão não tem segredo, eu já estava triste por essa ser nossa última aula, eu adorava ficar vendo ele cozinhar, e vendo o jeito como ele era organizado, tudo estava ficando estranho, a lojinha ia fechar, e as aulas que eu dava pro Miguel ia acabar também, depois de eu aceitar que gostava dele e depois de eu tentar ficar perto dele o máximo que eu conseguisse... Isso não era justo!
- Então é só isso e pronto?
- É só isso, o molho você pode mudar, pode fazer molho branco ou a bolonhesa e pode ser simples só a alho e óleo que também fica ótimo, ai vai do seu gosto.
Acabou o assunto, ele quis puxar outro.
- Você desistiu de correr.
- Eu ainda corro, mas agora eu diminuí o ritmo um pouco, por causa das aulas.
Não quero que ele pense que está me atrapalhando.
- Mas você não pode parar, é muito bom se exercitar.
- Eu não vou para, eu já perdi os quatro quilos que eu precisava perder, mas eu estava ficando muito cansada, era coisa demais pra mim, mas agora que a lojinha vai fechar eu vou ter tempo de novo.
- Hum, então você vai ficar sem trabalhar.
- Por enquanto sim.
- Você tem que estudar, não pode ter pressa pra trabalhar.
- Eu sei, mas em alguns meses eu completo 18 anos, e aí fica mais fácil arrumar um emprego, eu acho né?
- E você já pensou no que vai fazer, ou qual faculdade vai fazer.
- A faculdade vai depender do emprego que eu arrumar, minha Mãe não tem dinheiro pra pagar uma faculdade pra mim.
- Você tem algum curso em mente?
- Na verdade não, isso dá um nó na minha cabeça, toda vez que penso nisso fico preocupada, meu futuro depende de mim, e isso me assusta.
- Desejo boa sorte.
Nem me fale em desejo... Ele é sempre muito educado, como ele pode perder tempo ouvindo minhas bobagens de menina, ele é um sonho, é bonito, rico, apesar dele mesmo ignorar esse fato, é trabalhador, eu nem sei por que, mas ele é, e é um cara muito gente boa, ele tá quase se tornando um membro da minha família.
Eu tinha que ir embora, não tinha motivos pra continuar.
- Preciso ir embora.
- Você nem me ensinou a fazer lasanha.
- Lasanha? Você gostou mesmo, quando eu fizer lasanha na minha casa eu te trago um pedaço, tá bom.
- Ótimo!
Ele fez uma cara de alguém que acaba de ter uma grande ideia.
- Nossa, você ficou feliz.
- Fiquei, mas não foi isso, você me deu uma ideia.
- E qual é?
- Você vai ficar sabendo, mas não hoje.
- Bom, já que você não quer me dizer eu vou embora.
- Que isso Margot, você vai embora só por que eu não vou falar.
- Isso, e também por que já te ensinei a fazer macarrão, e agora não tenho mais nada pra fazer aqui.
Indo rumo à porta eu parei porque vi vários diplomas em uma parede, de baixo dela tinha um violão ...
- O que é tudo isso, você é um vampiro que coleciona coisas de escola como naquele filme, e você toca?
- Que filme? Bom, eu disse que tinha muito tempo livre, depois da escola eu fazia cursos de tudo que eu via pela frente, inclusive as de violão.
Observando a parede vendo vários diplomas alguns de meses de curso, entre todos um me chamou atenção...
- E esse aqui ?
Apontei para o diploma de curso de crochê, eu ri olhando para ele e ele já estava rindo quando eu olhei fixamente para esse diploma, Natan também estava rindo, eu esperava muita coisa dele, mas isso, estava ansiosa por respostas...
- Bom, tinha uma garota e... Uma coisa leva a outra, mas não me dei bem nem no curso nem com a garota ...
Por incrível que pareça eu não senti ciúmes, disparamos em uma crise de riso, ele ficou tímido mas também acabou rindo...
- Bom, vamos Natan, a Mamãe disse para não demorar.
- Ah tá, então eu te levo até o portão, já que hoje você está acompanhada.
- Mas já, ainda estou vendo as fotos.
- Vamos, e não reclama.
Chegamos em casa todos já tinha ido deitar mais cedo, só a Mamãe estava acordada, ela estava nos esperando.
- Já chegaram meus amores.
- Mãe, a Margot é chata e quis vir logo pra casa, eu estava vendo fotos que o Miguel tirou lá na Espanha, mas ela quis vir.
- Mãe, eu já tinha ensinado a fazer macarrão, o que mais eu podia fazer, tinha que voltar pra casa.
- Tá certo Margot, e você já pra cama rapazinho.
- Tá bom Mãe, até amanhã.
E o Natan foi pra cama.
- Mãe, vou dormir também, amanhã é o dia do mutirão da limpeza.
- Antes disso eu tenho que te contar uma coisa, eu não disse aos seus irmãos, eu tinha muitas horas extras acumuladas e recebi todas hoje e amanhã vamos todos fazer compras, seus irmãos estão precisando de novas roupas.
- Ótimo, eles vão gostar disso.
- E você vai também, você tá guardando seu dinheiro desde que começou a trabalhar, tá na hora de comprar alguma coisa pra você.
- Não estou com cabeça pra isso Mamãe, vão só vocês, eu prefiro ficar em casa, amanhã é dia de faxina.
- Nem pensar, você não vai fazer tudo sozinha, até parece que você vai ficar se matando aqui enquanto nós fazemos compras.
- Mãe eu acho chato fazer compras.
- Tudo bem se você não quiser ir, mas não vai arrumar tudo sozinha, no domingo nós arrumamos a casa juntos.
- Tá bom.
Fomos para cama dormir, eu realmente estava sem cabeça pra fazer compras, eu nunca ficava sozinha pra poder pensar melhor na minha vida, no meu Professor, no meu emprego que estava acabando, e no fato de eu me permitir gostar do Miguel, afinal eu não podia fazer nada referente a isso, Miguel era realmente um encanto de pessoa, conquistou os alunos da sala, e também minha família, e eu nem se fala, estou caidinha por ele, penso nele quando estou acordada e sonho com ele quando estou dormindo... Cai no sono...
...
Tento abrir meus olhos, mas tem um clarão muito grande que me impede de enxergar, então ponho as mãos em frente ao rosto pra poder abrir os olhos, abri meus olhos e vi tudo muito brando e claro, demorei um pouco para acostumar meus olhos com o grande clarão, eu me sentei na cama que por sinal era enorme devia ter uns três metros de largura e uns quatro metros de comprimento, nunca vi uma cama tão grande assim, eu me senti pequenina naquela camona.
- Bom dia amor.