A Demanda

By madalenamarques126

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Quando olhamos para Ava James vemos uma rapariga que pouco ou nada fala, o que nos leva a acreditar que é don... More

Prólogo
Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII
Capítulo IX
Capítulo X
Capítulo XI
Capítulo XII
Capítulo XIII
Capítulo XIV
Capítulo XV
Capítulo XVI
Capítulo XVII
Capítulo IXX
Capítulo XX
Capítulo XXI
Epílogo
Notas da Autora

Capítulo XVIII

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By madalenamarques126

Ava começava a acordar aos poucos. Ficou parada e com os olhos fechados durante uns minutos, devido à dor intensa que sentia na parte de trás da cabeça. Quando finalmente os abriu, percebeu que estava num quarto pequeno e todo branco. Para além da cama e de um pequeno armário, havia uma ouroboros gigante, presa a uma parede. A rapariga levantou-se, lentamente, e observou a paisagem visível da pequena janela daquela divisão. Estava bastante nevoeiro por isso apenas conseguia distinguir o que pareciam ser residências, à sua esquerda. À sua frente, bastante ao longe, erguia-se uma mansão em estilo georgiano que evocava uma sensação de poder.

- Vejo que já acordaste.- disse uma rapariga que aparentava ter a sua idade, com o cabelo castanho escuro e sardas.

- Onde é que eu estou? Quem és tu?

- Isso são muitas perguntas. Primeiro, deixa-me verificar a tua cabeça.

- Não te deixo tocar-me até me dizeres o que se passa!- a atitude demasiado calma daquela rapariga estava a começar a enervá-la.

- Eles tinham razão, exaltas-te facilmente. O meu nome é Heidi e é tudo o que me é permitido dizer-te. Agora, posso ver a tua cabeça?- a ruiva assentiu em resposta.

Após ela ter verificado a ferida de Ava, as duas saíram do quarto. O corredor era tão branco quanto a divisão anterior e estava vazio. Só depois de terem descido um piso de elevador é que a ruiva viu pessoas e não eram poucas. Era possível observar desde crianças até idosos, contudo a sua indumentária era sempre igual à de Heidi: uma camisa bordô e calças de tecido, pretas.

- Porque é que não tens um anel com a ouroboros como os outros?- interrogou a ruiva.

- Eu? Ainda não fui batizada, falta-me muito conhecimento para lá chegar. Mas tu não me deves fazer perguntas.- passado algum tempo, pararam à frente de uma porta.- Aqui é o gabinete de Mademoiselle Girard. Lembra-te, deves sempre dirigir-te a ela como a Dirigente. Tu tens tanta sorte... Enfim, é só bater à porta.

Ava assim o fez e ouviu um "entre" como resposta. Ela abriu a porta e deparou-se com um gabinete bastante elegante que correspondia com a senhora sentada atrás da secretária de mogno, Mlle. Girard. Ou a Dirigente como queria que lhe chamassem.

- Olá, tu deves ser Ava.- a mulher exibia um sorriso pintado de vermelho resplandecente. O vestido de renda era tão negro quanto os seus cabelos, que contrastavam com os olhos profundamente azuis. Ela imaginara muitas vezes como é que seria a pessoa que estaria no comando, todavia nunca lhe passara pela cabeça que fosse uma mulher tão jovem e bela.- Há muito tempo que estou ansiosa por te conhecer.- dizia enquanto se levantava e lhe indicava o sofá para se sentar.- Deves estar cheia de fome, serve-te.

Pousado na mesa em frente ao sofá, estava um tabuleiro de prata com chá, bolinhos e sandes. Ela estava com bastante fome, de facto, mas não confiava naquelas pessoas.

- A mim só me importa saber onde é que eu estou e quem são vocês.

- Fazemos assim, tu tiras uma sandes e eu respondo às tuas perguntas. Eu não te estou a tentar envenenar, ninguém fica a ganhar se desmaiares por fraqueza. São sandes de atum com ovo, as tuas favoritas.

- Já me podem dizer onde é que eu estou?- respondeu Ava enquanto comia avidamente.

- Tu estás no Refúgio. Esta é a sede da nossa organização, onde os agentes são treinados e as famílias de alguns dos membros mais importantes vivem em segurança.

- E, afinal, qual é a história da Altum?

- A nossa organização remonta aos tempos da Grécia Antiga. Atenas mais especificamente. Não sei se sabes, mas a democracia da altura era direta, ou seja, os partidos eram ilegais. Mesmo assim, havia um grupo da sociedade ateniense que ambicionava governar sozinho e conspirava, em segredo, transformar a democracia numa oligarquia. Ao serem descobertos foram expulsos e partiram em direção a Roma. Nela encontraram um rapazinho chamado Octávio que estava revoltado com o assassinato do seu tio Júlio César. Claro que se não fosse pela ajuda dos nossos fundadores ele nunca se teria tornado imperador. E assim nós governámos um grande império até ao seu fim.

- Ou seja, os interesses da Altum são meramente políticos, a religião é só um disfarce.

- Nada disso. No início da Idade Média, os nossos ancestrais conheceram um grupo cuja religião era repudiada pelos cristãos e converteram-se. Nós acreditamos que os humanos foram criados no paraíso pelo Deus Bom. Contudo o Deus Maligno, aquele que os profanos adoram, enviou-nos para este mundo que é a origem de todos os nossos males. Para ascendermos de volta ao paraíso precisamos de fazer as nossas orações, como em qualquer outra religião, mas o fundamental é o bom conhecimento.

- Ou seja, o livro que encontrámos em casa de....- a ruiva calou-se, quase a ia denunciando a ela e aos amigos.

- Capitão Morgan, sim exatamente. Não precisas de me esconder nada. Eu sei mais sobre ti do que tu própria.- a Dirigente completou a frase com um sorriso terno que congelou Ava até aos ossos.- Agora, vem comigo, vou mostrar-te a nossa casa.

À medida que as duas passavam pelo corredor, as pessoas baixavam a cabeça respeitosamente a Mlle Girard.

- Neste momento, encontramo-nos no edifício principal. É aqui que podes encontrar o refeitório, o auditório, os escritórios e a enfermaria.- A seguir, passaram por um grande átrio com um teto de vidro e foram para o exterior.

- E agora pode-me explicar o que é que Isaac tem haver com isto e o porquê de o terem matado?

- Essa explicação ficará para outra altura. Tu ficarás hospedada no quarto de Heidi. Ela estará sempre contigo para se certificar que não te falta nada.- «Para me controlar», pensou a rapariga.- Espero que tenhas uma boa estadia.- e após despedir-se, virou costas.

- Anda, tenho muito para te mostrar.- disse Heidi enquanto puxava Ava pelo braço e falava com ela.

Sem dúvida que Heidi tinha uma capacidade de conversar e socializar como a ruiva nunca tinha visto. Por vezes, roçava a irritação, todavia a adolescente tinha uma personalidade doce que impedia qualquer um de se enervar com ela.

- O que é aquilo ali?- interrogou Ava enquanto apontava para os pequenos edifícios.

- Aqueles são os celeiros. É ali que as pessoas que são escolhidas para levar a cabo missões fora do Refúgio treinam. Espera onde vais?

- Vou ver o que estão a fazer lá dentro.

- Não, tu não podes! Anda, tenho outras coisas para te mostrar.

- Eu vou para lá, se quiseres vai fazer outra coisa.

- Tu sabes que não te posso deixar sozinha.

- Tens razão, parece que não te deixo outra escolha.

A ruiva entrou e deparou-se com um ringue onde dois adolescentes lutavam. Do lado de fora, outros principiantes incitavam os dois adversários, ansiosos pela sua vez. As duas raparigas observaram atentamente o combate, fascinadas. Ava tinha uma sensação de déjà vu de cada vez que pousava os olhos no o rapaz com tatuagens e calções bordô. Onde é que já o vira? A disputa apenas acabou quando o rapaz de calções pretos foi levado para a enfermaria por lhe terem estalado o ombro. Seguiu-se um intervalo de cinco minutos para o vencedor beber água e descansar enquanto outro adversário se preparava.

- Ele chama-se Zach. Só para te avisar que é a paixoneta de todas, e eu sublinho todas, as raparigas daqui.

- Quem é que se chama Zach?

- O rapaz moreno com tatuagens, lindo de morrer, para quem estás a olhar fixamente. Não quero que sofras, por isso aviso-te já que ele é totalmente inacessível.

- É só que acho que já o vi... Esquece, porque é que ele é inacessível?

- Porque é o filho único da Dirigente!- agora que a jovem olhava melhor, o rapaz era a cópia de Mlle. Girard tirando o tom de pele.- Como podes perceber pelas tatuagens, ele gosta de infringir as regras e de partir corações...- suspirou Heidi.

- E ombros.

- Não acredito, ele está a vir para aqui! Fica calma e age normalmente.- de repente Heidi estava a ficar muito parecida a Molly.

- Tu.- disse Zach enquanto apontava para Ava.- Deves-me um café, ruivinha.

- Eu não te devo nada.- de repente a rapariga percebeu de onde vinha a sensação de déjà vu.- Além do mais, acho que te compensei com Violet.

- Achas, mas estás a enganada. Qual é o teu nome afinal?

- Não acredito que tenha sido coincidência o facto de teres ido ao sítio onde eu trabalhava na mesma tarde em que Isaac foi morto. De certeza que já sabes o meu nome.

- Mas é mais agradável ouvi-lo da tua boca, ruivinha.- retorquiu o rapaz com charme.

- Ava! Ela chama-se Ava e eu sou a Heidi, olá.

- Sim, eu sei quem és. Eu tenho de voltar para o treino, não saias daí, ruivinha.- piscou-lhe o olho e regressou ao ringue.

* ** *

Depois daquela conversa a ruiva fingiu uma dor de cabeça e pediu a Heidi para irem para outro sítio. Quando a visita ao Refúgio foi dada por terminada, as raparigas dirigiram-se ao refeitório para jantar. O espaço era suficientemente grande para acolher aproximadamente um milhar de pessoas e as mesas retangulares estavam dispostas em paralelamente umas às outras. Nas paredes estavam colocados azulejos que representavam cenas de histórias que a rapariga nunca ouvira falar.

- Conta-me tudo! De onde conheces Zach?

- Eu trabalhava numa loja de música e um dia ele apareceu lá e convidou-me para tomar um café. Foi só isso.

- Nunca conhecei ninguém com tanto autocontrolo como tu. Tal como eu disse, todas as raparigas, e sublinho todas as raparigas, estão caidinhas por ele. Tu deves ser a rapariga a quem eu o vi dar mais atenção.

- Pois, mas eu não estou interessada.

- Claro que não!- respondeu Heidi com ironia.- Eu apanhei-te a olhares especada para ele. Contudo, caso as coisas entre vocês não resultem, fala-lhe bem de mim.

- Não te preocupes, eu não me esqueço.

* ** *

Quando o jantar terminou, as pessoas foram todas para o auditório onde passaria um filme. As mulheres sentavam-se todas nas últimas filas, enquanto os homens se sentavam mais à frente. Todavia, como Zach gostava de provar que estava acima das regras, sentou-se ao lado de Ava.

- Eu disse para esperares por mim e foste embora, ruivinha.

- A minha cabeça começou-me a doer.

- Até eu já dei desculpas melhores. Eu não gosto quando as pessoas fazem o contrário do que eu lhes digo.

- Pelo que eu percebi, gostas de ir contra as expectativas que as pessoas têm de ti. É algo que temos em comum.

- Eu sou superior a todas as pessoas aqui.- explicou o rapaz enquanto apontava para a audiência.- Se um deles cortar o cabelo da maneira errada é punido, enquanto eu levo um sermão da minha mãe e nuns meses volto a repetir.

- Se a tua maneira de vestir é maneira mais radical que tens de te rebelar, devo dizer que estou desiludida.

- Não foi isso que quis dizer, ruivinha. Por exemplo, só algumas pessoas daqui conseguem sair para o exterior e é quando vão em missões da organização. Eu sei todos os truques possíveis para passar a vedação e já fui várias vezes à vila que fica apenas a uns quilómetros daqui.- informou o jovem para conseguir impressionar Ava.

De repente, a atitude dela perante Zach mudou drasticamente.

- Afinal, acho que sempre te devo um café.

* ** *

Olá, tudo bem? Só queria dizer que estou doente e que por isso não consegui fazer a devida revisão. Peço desculpa por qualquer erro que encontrem.

Mademoiselle Girard na multimédia.

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