A Demanda

By madalenamarques126

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Quando olhamos para Ava James vemos uma rapariga que pouco ou nada fala, o que nos leva a acreditar que é don... More

Prólogo
Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII
Capítulo IX
Capítulo X
Capítulo XI
Capítulo XII
Capítulo XIII
Capítulo XIV
Capítulo XV
Capítulo XVI
Capítulo XVIII
Capítulo IXX
Capítulo XX
Capítulo XXI
Epílogo
Notas da Autora

Capítulo XVII

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By madalenamarques126

 Os passageiros olhavam com espanto e desagrado para o exterior do aeroporto. Uma súbita tempestade assolava o norte da Bélgica e todos os aviões estavam proibidos de levantar voo. Com as alterações climáticas, ninguém estava imune a deparar-se com o mau tempo, independentemente da altura do ano.

No meio daquele ambiente de infelicidade e frustração encontravam-se alguns adolescentes a conspirar. Como iam conseguir sair dali? Era uma questão que ainda não possuía resposta. No entanto, já tinham conseguido resolver problemas mais complicados.

- Já encontraste?-perguntou Daniel.- Precisamos de pelo menos saber como lá chegar.

- Perguntaste-me isso há cinco minutos! A internet está lenta não posso fazer nada.- retorquiu o irmão.

- Rapazes? Vejam quem eu encontrei.- disse a ruiva. A rapariga tinha ido à casa de banho para tirar a tinta do cabelo e após um longo tempo voltara.

- Nunca nos conhecemos, vais ter de nos apresentar o teu amigo.- ao lado de Ava estava um homem idoso com um farto bigode que compensava a sua falta de cabelo.

- Este é Monsieur Burnier e diz que tem um quarto que nos pode emprestar em sua casa.

- Eu e a minha mulher temos um apartamento em cima da nossa mercearia e um dos quartos está vazio. É algo muito humilde, mas nós já o emprestámos a outros jovens como vocês que estão a percorrer a Europa.

- Agradecemos imenso.- limitaram-se a responder.

Enquanto se dirigiam para o estacionamento, David murmurou para a amiga:

- Tens a certeza do que estás a fazer?

- Como assim?

- Aceitar ficar na casa de um estranho, assim sem mais nem menos.

- A casa dele não fica muito longe da morada que está no ficheiro de Isaac. Esta é a nossa melhor hipótese.

- E como é que sabes isso?

- Enquanto vocês esperavam pela internet, eu fui ao balcão de informações e descobri onde é a rua.

O resto do caminho foi feito em silêncio.

Antuérpia é conhecida por ser um centro de comércio de diamantes bastante importante, sendo que a população judaica domina esta indústria. Logo, ao entrar no Bairro Judeu, para onde quer que o trio olhasse só via montras com as mais elaboradas jóias feitas deste cristal. No entanto, o carro virou numa rua pequena e estreita, cujas as habitações tinham uma dimensão menor do que as restantes casas da cidade.

Assim que estacionaram o carro, os quatro correram para dentro da loja, tentado escapar à chuva. A mercearia do seu anfitrião tinha vegetais, frutas e outros produtos expostos num espaço bastante reduzido. Atrás da caixa registadora encontrava-se uma porta que ia dar a umas escadas que subiam até ao andar onde Monsieur Burnier e a sua mulher viviam. O apartamento começava logo com a sala, cuja a decoração era antiquada. Nela estavam tanto os sofás como uma mesa de jantar e nas suas paredes havia várias fotografias antigas do casal. Daquela divisão era possível ver a cozinha onde Madame Burnier preparava a refeição da noite. Após terem sido feitas as devidas apresentações, os jovens seguiram para o corredor da casa. Dos dois lados havia uma porta que dava para um quarto e no fundo ficava a casa de banho. O quarto onde os gémeos ficariam a dormir tinha somente uma cama com gaveta e um armário. Por outro lado, Ava ficaria a dormir no sofá da sala.

Foi no quarto que o trio ficou até o jantar ser servido.

- Amanhã sempre vamos a casa de Isaac?- interrogou Daniel.

- Sim, temos de o fazer o quanto antes. Podem-nos ligar a qualquer momento a dizer que o avião já pode descolar.- respondeu a rapariga.

- Não estou a querer dizer que isto foi em vão, mas em que é que visitar a antiga casa de Isaac nos ajuda a encontrar o assassino dele?

- No início estipulámos que antes de encontrar o assassino precisávamos de saber mais sobre Isaac. Logo, uma coisa haverá de levar à outra.

- E, se ou quando, tu o encontrares estás a pensar fazer o quê?

A pergunta ficou a pairar no ar. A ruiva já se tinha questionado o mesmo inúmeras vezes, contudo ainda não tinha chegado a uma resposta. Havia muitas opções em aberto, todavia matá-lo não era uma delas, ela não era uma homicida. Para além do mais, o assassino não tinha matado o velho por motivos pessoais, mas a mando da Altum. Ava acreditava que primeiro era preciso que recolher mais informações. No entanto como podia explicar isto tudo aos amigos, sem transmitir insegurança e incerteza?

- Sabem, eu entrei nisto para responder a uma pergunta diferente.- informou David. A ruiva suspirou de alívio por o assunto ter sido desviado.

- E qual é?

- Quem é Ava James e qual é o seu passado?

*  **  *

Por volta das 19:00, os jovens dirigiram-se para a sala onde se encontrava servido Stoofvlees. Este prato tradicional da zona da Flandres é um ensopado de carne de boi cozido em cerveja e acompanhado de batata frita. Assim, o casal aproveitou para conhecer melhor os seus hóspedes:

- O meu marido disse-me que vinham de Londres, imagino que seja uma cidade cheia de diversidade.- começou por Mme. Burnier.

- Sim, é. Há lá muitas coisas, mas queríamos conhecer o que há fora do Reino Unido.- respondeu Daniel.

- Fazem bem, vocês hoje em dia têm uma noção do mundo muito maior do que a que nós tínhamos com a vossa idade. Só foi uma pena o avião ter tido de parar antes de chegarem a casa, devem ter muitas saudades da vossa família.- continuou M. Burnier.

- É verdade, mas pelo menos tivemos a oportunidade de visitar a Antuérpia e de comer esta comida, está maravilhosa.

O jantar e a conversa continuaram até que Ava reparou numa foto situada na parede à sua frente. Podia-se ver dois homens com uma postura que evidenciava que havia uma grande amizade entre os dois. A rapariga continuou a olhar, o homem da esquerda era sem dúvida o dono da casa, no entanto o da direita... Ela já tinha visto aquela cara em algum lado, mas onde? Estava quase a desistir quando teve uma epifania.

- Desculpe, M. Burnier, não me quero intrometer, mas pode-me dizer quem é o homem que está a posar consigo naquela fotografia?

Mal os irmãos pousaram os olhos na fotografia perceberam quem era. De facto, a amiga deles tinha um bom olho.

- Sou eu e um antigo amigo meu, Isaac.

- Antigo porquê?

- Já não o vejo há cerca de uma década. É uma pena, éramos bastante próximos.

O senhor parecia não querer aprofundar muito o assunto, todavia os adolescentes precisavam de saber mais.

- Eu entendo-o, também já tive muitos bons amigos de quem me afastei.- tentou Daniel.

- A minha amizade com Isaac remonta aos nossos tempos de escola, quando ainda vivíamos em Valenciennes, na França. Lembro-me das nossas gazetas como se fosse ontem. Mas claro, ele sempre foi mais esperto do que eu.

- Vieram os dois juntos para Antuérpia?

- Não, nada disso. Quando tinha uns quinze anos, mudei-me com os meus pais para aqui. Foi só muitos anos mais tarde que nos reencontrámos. Então não era que ele tinha aberto uma livraria na mesma rua do que a minha mercearia?

- Estava relacionada com judaísmo, tendo em conta o bairro em que estamos?- tentou David.

- Sim, ele vendia livros judaicos em hebraico, mas também clássicos da literatura. Não se enganem, ele nunca foi muito dado à religião apenas tinha orgulho das suas origens. Uma coisa vos digo, continuava o mesmo sarcástico e rezingão que conhecera na minha juventude, contudo era um amigo para estimar.

- Sendo assim, o que vos separou?

- Um dia, veio ter comigo com um ar ansioso como nunca o tinha visto. Disse-me que ia deixar a cidade e que tinha de se despedir. Nunca me esquecerei das últimas palavras que me disse: "Terei sempre Deus a proteger os meus segredos". Tal como eu disse, ele nunca foi muito dado à religião.

*  **  *

No dia seguinte, os jovens foram ao antigo apartamento de Isaac, que ficava num dos prédios altos, típicos, da cidade. Ao lá chegarem foram abordados pela porteira que lhes barrou a passagem. A senhora insistia que o apartamento já havia sido vendido a outros proprietários e que de maneira nenhuma os deixava lá ir.

Enquanto os rapazes a tentavam convencer, a ruiva foi lá fora verificar se havia algum carro a vigiar a casa. Ao sair à rua deparou-se com uma senhora idosa que carregava vários sacos de compras, demasiado pesados para ela. Ava foi ter com ela e ofereceu-se para lhe carregar as compras até ao seu apartamento. Ao abrir a porta, notou que a casa estava vazia. No entanto, tudo ficou negro antes de poder fazer perguntas.

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