A Série Espelho dos Olhos - L...

By NicolasCatalano

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E, se por causa de uma revelação, sua vida mudasse? E, se por causa de ser quem você é, as pessoas te julgass... More

Sinopse - Espelho dos Olhos
Capítulo 1 - (Parte I - O Desdenho: As Íris)
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6

Prólogo

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By NicolasCatalano

Entediante. Em um dia opaco e sem graça, em que o continente asiático foi inteiramente dominado pela temível Rússia, vivia Remi Claus – um dos cientistas mais conceituados de todos os tempos. Era elegantemente magro, de forma que sua palidez transparecia por completo em sua estrutura; branco como um papel. Como sempre, usava um surrado jaleco bordô, pintado à mão, todo queimado por experiências mortíferas, e quase nunca desgrudava de seus antigos e fortes óculos de grau com lentes meramente trincadas devido ao trabalho árduo. Mesmo assim, Remi Claus jamais desistira de fazer o que sempre quis. E o que ele queria era algo que desafiava a própria ciência e a complexa genética. Mundo. O seu maior desejo era desenvolver um novo modo de sobrevivência. Era vangloriar a humanidade, demonstrar o quanto os humanos poderiam ser incríveis no dia a dia e fazer com que desenvolvessem seus maiores potenciais, protegendo e cuidando de toda a sociedade, uns dos outros, todos unidos; a proteção intacta em prol da sociedade. O tal do "viver a vida sem ter medo do que pudesse ocorrer no amanhã". Pois bem, o maior sonho da vida de Remi, nada mais nada menos, era: gerar uma nova espécie humana, mudando a sua genética, evoluindo-a. O trans-humanismo consistia em criar seres com habilidades fenomenais, únicas e belas ao mesmo tempo.

Depois de perder a esposa em um assalto dentro de um jardim botânico da capital da Nova Rússia, as cobaias eram simplesmente suas formidáveis filhas: Brigit Claus, a sonâmbula; e Sophi Claus, a tímida.

Ambas apoiavam o pai com as experiências. As garotinhas não negavam seu fascínio por ciências.

Claus era feliz até o dia em que perdeu o sentido de continuar, o motivo mais precioso de seus sentimentos mais profundos: sua esposa. Na família, a recuperação do viver e o trauma gerado perante a morte da botânica Fárfara tornaram-se um desgosto intolerável. Principalmente em Brigit, que a firmava sonhar todos os dias com sua mãe, sorrindo entre espelhos que refletiam árvores esquisitas, em uma floresta de gramas alheias e folhas nada comuns. Era lei: ela acordava gritando de pavor todas as noites. Assim, prontamente, o afetuoso trio familiar se mudou para o centro da nova Ásia com o objetivo de não ter tanta conexão e lembranças da grandiosa e ex-casa russa, já que ela lembrava demais a mãe de suas filhas por conter sentimentos, emoções e sorrisos por todos os lados.

Vida nova. Os sonhos de Brigit não eram mais os mesmos.

No novo local, existia um gramado cheio de árvores, protegido por arames de alta potência, onde era impossível entrar. Dentro desse almejado campo florestal, havia um gigantesco laboratório denominado "Laboratório da Vida". Ele cava na cozinha. Lá realizavam-se todas as experiências. Das mais leves até as mais pesadas. "Não há nada para estranhar. O lugar é amplo, inspirador e inovador para realizar qualquer tipo de experimento", dizia Remi Claus.

O cientista, desde então, não perdoava nenhum final de semana nem feriados; qualquer hora era hora de ter seus insights mirabolantes. Um deles ocorreu em um domingo tempestuosamente escuro, com raios exagerados e trovões tenebrosos. Quando o relógio indicou 3h, sob as fortes gotas de chuva, vidros se quebraram na cozinha de maneira repentina. Felizmente, o cientista não imaginava o que iria ocorrer naquela madrugada: a sua maior descoberta. Remi, com seu lampião de alta luz, correu descalço sobre o chão gelado da casa, assustado. Foi iluminando, iluminando o caminho até fora de casa, sem entender absolutamente nada. Todavia, ver sua filha Brigit Claus, a sonâmbula, não estava nos seus planos. Afinal, a mais velha das irmãs havia acabado de concretizar a fórmula que ele sempre quisera alcançar. A fórmula dos sonhos.

Foi repentino e acelerado demais. Brigit havia surtado naquela noite. Estava sonhando novamente com algo com que não sonhava havia tempos: Fárfara, sua mãe. A botânica cantava, guiava-a entre espelhos e árvores, de novo com mais intensidade que qualquer outro sonho já tido. Dessa vez, Brigit, em um sono profundo, foi levada às árvores do campo florestal: após o leve furto que cometera no laboratório de seu pai, segurando na mão direita um frasco vermelho-alaranjado. Aquele que o cientista jamais havia conseguido concretizar; a fórmula ideal dos seus sonhos. Entrementes, na madrugada, Brigit estava desmaiada no sereno, em frente a troncos, com os cabelos enrolados caindo nos olhos, segurando outro curioso item em sua mão direita: o famoso elemento que faltava para a poção de seu pai ficar pronta. O tal elemento escorria sem parar. Viera diretamente da bizarra árvore, aquela diferente de todas; rara. Mas... o pior ou melhor de tudo era que Brigit havia acabado de ingerir a fórmula depois de misturá-la dentro do frasco: sonâmbula. A garota não pôde evitar. O seu sonambulismo a afetou, persuadiu os seus sentidos. Ela não tinha noção do que zera. A fórmula para criar um novo tipo humano fora gerada.

Brigit gritou, esperneou freneticamente e vomitou após acordar. Remi ficou atônito. Levou-a para dentro de casa, sem compreender. Então, ao se olhar no espelho do banheiro, Brigit percebeu que havia algo diferente em seu rosto. Incomum. A íris de seus olhos se transformou curiosamente na cor vermelha. Assim, nos dias seguintes, Remi descobriu que a garota adquirira habilidades que nenhum ser humano considerado "normal" no mundo possuía. Rapidamente, ele a denominou de "Classe de Talento" e anotou tudo em um grande livro de capa marrom-fosca. Era algo consideravelmente estranho e inacreditável, mas Brigit, por motivos inexplicáveis, conseguia fazer ventar e objetos se moverem de maneira espontânea; criar fogo, raciocínio rápido, entre outras habilidades bizarras que nenhum humano comum conseguiria ter. Isso se tornou uma condição pós-humana. Remi se sentiu realizado de forma esplêndida, mas... Ele queria mais em prol da proteção.

Sem tempo a perder, tornou a testar um novo experimento em Sophi Claus, a mais jovem das irmãs. E depois de várias e várias tentativas, obteve o grandioso sucesso. Desencadeou, nada mais nada menos, que uma nova Classe de Talento. Remi tinha a fórmula perfeita da nova geração. Dessa vez, os olhos de Sophi eram azuis como o oceano, e sua habilidade se desenvolveu de maneira diferente da de sua irmã. Ela conseguia respirar debaixo d'água, movê-la e até criar uma calda em si mesma quando quisesse. Remi se desempenhou ao máximo nesse trabalho, além de manter suas filhas trancadas em casa sob sigilo total. "Elas são tudo para mim. Eu não estou preocupado com o dinheiro. Eu não estou preocupado em ser famoso. Eu apenas quero proteger a sociedade. Estamos perto da paz mundial", pensava Remi Claus.

Os conceitos de Classes criados por ele foram totalmente baseados no bem-estar da humanidade. Não havia maldade nem ganância. Remi queria apenas contribuir para a paz mundial. Isso, claro, se o experimento fosse utilizado de forma correta.

Devido à sua honorável criação, precisou de mais cobaias ao seu lado. Já que cada uma de suas filhas tinha uma Classe de Talento, ele temia abusar da saúde física e mental delas, uma vez que o experimento mexia demais com o organismo. Por esse motivo, começou a pagar pessoas de sua cidade para serem cobaias em testes e experimentos com a intenção de novas descobertas. No começo, foi extremamente difícil, as pessoas não acreditavam quando ouviam sobre "o resultado final", mesmo que ele garantisse que iria mudá-las para melhor. Mas, com o passar do tempo, uma grande quantidade de pessoas havia manifestado a intenção de ser cobaia. Após isso, Remi descobriu facilmente mais seis Classes de Talentos; somando suas filhas, oito no total. Porém, mesmo que cada Classe de Talento, devido à cor da íris específica, fosse igual, as Classes demonstravam habilidades um pouco divergentes umas das outras. Sendo assim, ele as chamou de "subdivisão", que passou a significar: "aptidão de cada Classe de Talento". Dessa vez, registrou as informações de maneira sigilosa na famosa árvore que deu origem às Classes. Ninguém poderia saber dessa tal origem. A árvore fora plantada havia décadas, era rara e habilidosa. Continha fórmulas exóticas e inusitadas, diferente de tudo que existia. Era o seu maior segredo. Além do mais, fora geneticamente modificada em veneração à sua mulher, Fárfara, como forma de homenageá-la para nunca falhar em suas decisões. Denominou-a com grande afeto: "Árvore de Rostos". Nela, Remi sabia exatamente como entender cada subdivisão e onde a Classe de Talento se enquadraria no conceito de tornar o país melhor ao simplesmente ficar cara a cara com ela, já que fora feita para apontar e designar a subdivisão de um humano com Classe de Talento. "Os humanos não iriam aprender a desenvolver e entender o máximo deles sozinhos. Os indícios de habilidades não ajudam, ou seja, precisarão de treinamentos específicos para atingir seu estado ideal. Eles, de longe, precisam descobrir qual é a subdivisão que mais lhe completam", pensava Remi Claus.

Inovações. Pouco tempo se passou desde o início das experiências até Remi conseguir criar novas fórmulas para animais domésticos. O seu reconhecimento foi crescendo cada vez mais perante a sociedade por causa de seus experimentos exclusivos e inacreditáveis. Sendo assim, ele foi incentivado a gerar inúmeras criaturas novas, que tinham missões em prol da natureza. Entre elas, Remi cruzou espécies diferentes, tornando, um sucesso vários animais diferentes dos comuns, considerados "pets". Denominou-os de "Homongs". Para Remi Claus, as fórmulas visavam "dar mais qualidade de vida e longevidade aos animais, já que muitos deles, hoje em dia, não possuem vida longa. Os animais, na maioria das vezes, são muito mais importantes que os próprios seres humanos".

A Guerra do Terremoto

Remi estava satisfeito com o mundo que via. Tudo permanecia fora do comum, mas andava bem. Além da proteção à humanidade, que havia aumentado de forma inacreditável, a proporção de crimes diminuiu gradativamente! Certamente, de início, os cidadãos acharam os seres humanos com a íris colorida estranhos e horrendos, mas, ao verem que a Classe de Talento representava um tipo de habilidade, ficaram impressionados.

Pena que isso não durou para sempre.

Com o tempo, os que não possuíam habilidade, chamados de "zero- -classes", começaram a se sentir inferiorizados. Devido a isso, uma grande quantidade de pessoas tinha o enorme desejo de experimentar e se tornar alguém com a famosa Classe de Talento; igual aos que estavam ali exclusivamente, os escolhidos, para protegê-los contra qualquer tipo de violência. Remi não conseguiu dar conta dos fatos. Mesmo que tudo estivesse ocorrendo bem, havia pessoas com más intenções, severas. Pessoas com intuitos maléficos queriam tomar o líquido para desfruir a qualquer custo, por puro prazer e sem propósito algum, das habilidades. O cientista Claus foi obrigado a criar urgentes exceções da experimentação de sua mais nova e exclusiva fórmula. Exceções que incluíam os "não escolhidos". Isso antes que houvesse uma guerra fora de seus planos. Porém, algumas das pessoas com más intenções já haviam experimentado a fórmula.

Tudo começou a desmoronar.

Remi acabou perdendo o controle, pois, além de cobranças descontroladas da justiça a todo instante, havia grandes quantidades de pessoas que queriam tomar o tal líquido em sua casa. Irritado e decepcionado, ele decretou uma decisão firme e finalista: proibir todos os seres da Rússia de tomar a fórmula. Ninguém mais poderia tocar na grande experiência de Remi, ninguém. E isso acabou gerando revolta. O povo, não contente, resolveu tomar uma atitude drástica. Na madrugada da mesma noite em que tomara a decisão, foram até o Laboratório da Vida, e, sem piedade alguma, com injusta ira, atearam fogo em todo o local. Infelizmente, Remi e as suas duas filhas morreram durante o incêndio, carbonizados; mesmo com habilidades, suas filhas não sabiam como domá-las, pois precisavam de treinamentos específicos. Contudo, a rara Árvore de Rostos, por ser algo estranhamente forte e imortal, um fenômeno mundial, foi a única coisa que restou naquele lugar. A fórmula das Classes de Talento se esvaeceu, permanecendo somente na grandiosa mente sábia do falecido Remi.

Mas isso era só o começo de uma nova guerra.

Tiros. Raiva. Injustiças. Ao ver que os zero-classes – aqueles que queriam usufruir sem propósitos da experiência – cometeram os assassinatos, houve uma grande guerra localizada no centro do país entre os que possuíam habilidades e os que não possuíam. De imediato, ocorreu total destruição. Os poderes eram descontrolados e altamente fortes, tudo fugiu do controle. Os considerados Arcanos, de íris avermelhadas, foram os principais causadores das destruições e mortes por terem maior aquisição quando se tratava de devastações e tamanhas habilidades com fogo e terra. Devido ao desentendimento, o país inteiro foi estraçalhado e dividido em cinco partes em consequência dos terremotos e total loucura da mente humana. Aquilo foi histórico e mundialmente registrado, a consequência se tornou fatal. Foi a maior explosão de territórios que houve em todos os tempos, e que resultou na separação de terras que hoje são conhecida como os seguintes Estados: Ilha do Norte, Ilha do Sul, Ilha do Leste, Ilha do Oeste e Ilha Central. Uma monarquia foi formada devido a uma nova geração. A genética evoluiu anormalmente e um inédito país genético vi- sando exclusivamente à cor dos Olhos surgiu: Stravânsia

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