Viola e Rigel - Opostos 1

By NKFloro

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Se Viola Beene fosse um cheiro, Rigel Stantford taparia o nariz. Se ela fosse uma cor, ele com certeza não a... More

O Sr. Olhos Incríveis
A Cara de Coruja *
A segunda impressão
O pesadelo *
O Pedido
O Presente
O Plano
O Livro
A Carta
O Beijo
A Drums
A Raquetada*
O Queixo Tremulante
Cheiros
Os Pássaros *
O Pequeno Da Vinci
O Mundo era feito de Balas de Cereja
O Dia do Fundador
BOOM! BOOM! BOOM!
A Catedral de Saint Vincent
Ela caminha em beleza
Anne de Green Gables
O Poema
Meu nome é Viola
Cadente
Depósitos de Estrelas
70x7
A loucura é relativa
Ó Capitão! Meu capitão!
E se não puder voar, corra.
Darcy
Cupcakes
Capelletti e Montecchi
Ensaio sobre o beijo
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Metamorfose
Perdoar
Natal, sorvete e música
Anabelle
Clair de Lune
Eu prometo acordar os anjos
Red Storm
Purpurina da autora: O que eu te fiz Wattpad?
Palavras
Como dizer adeus
Macaco & Banana
Impulsiva e faladeira
Sobre surpresas e ameixas
Infinito
Como uma nuvem
Sobre Rigel Stantford (Mad Marshall Entrevista)
Sobre Viola Beene (Mad Marshall Entrevista)
Verdades
Rastejar
O Perturbador da Paz
Buraco Negro
O tempo
Show do Prescott
A Promessa
O tempo é relativo
Olá, gafanhoto
Olhos de Safira
O caderno
De volta ao lar
A Missão
A pior noite de todas
Grandes expectativas e frustrações maiores ainda
Histórias de amor e outros desastres
Sobre escuridão e luz
Iguais
Sobre CC e RR
Salvando maçãs e rolando na lama
O infame
PRECISAMOS FALAR SOBRE PLÁGIO
Promessas

Noite de Reis

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By NKFloro

A Cara de Coruja havia passado por mim no corredor acerca de cinco horas e, para a minha surpresa, em vez de mostrar aqueles dentes – agora um pouco menos tortos – apenas abaixou a cabeça e virou à direita, abraçada à sua habitual montanha de livros. É sério, ela acabaria com um problema de coluna daqueles se não desistisse de arrastar aquelas porcarias para tudo que é canto, para cima e para baixo.

Era evidente que ainda estava brava comigo. Assim como era evidente que não tinha compreendido que eu estava apenas tentando protegê-la, evitar o pior. Arran não bateria nela, por mais imbecil que fosse nunca encostaria a mão em uma garota. Mas existem coisas que podem machucar tanto ou mais que um soco na cara; palavras, por exemplo. Preferia nem pensar no que ele teria dito a ela caso não tivesse intervindo. Arran a teria massacrado.

─ A senhora vai me ajudar ou não? ─ perguntei com as mãos cravadas no tampo da mesa, um pouco inclinado para frente, enquanto esperava por uma resposta.

Não estava em um dos meus melhores dias e, para completar, a sra. Dolittle não cooperava. Em vez de me ajudar a encontrar o livro que o professor indicara, ela continuava com os olhos grudados em um romance, O Duque de Alguma Coisa, não dava para ver direito porque seus dedos gorduchos escondiam boa parte das letras vermelhas. Mas também não importava, a única coisa que importava era pegar Noite de Reis e dar o fora dali antes de começar a espirrar.

─ Eu já disse. Quinta estante, entre Macbeth e Sonhos de Uma Noite de Verão.

Bufei impaciente.

─ O que custa à senhora levantar daí e trazê-lo para mim?

Ela abaixou o livro e respirou profundamente, me olhando de cima abaixo com aquela cara de fuinha retorcida. Desgrudei as mãos do tampo da mesa e estiquei a coluna.

Apesar do que possa parecer, eu simpatizava com a sra. Dolittle. Ao contrário da maioria dos funcionários do Madison, ela não ficava me bajulando, era franca e não abaixava a cabeça quando provocada. Uma vez ela me disse que seus valores não estavam à venda. Aprendi a admirá-la por isso, não conhecia muitas pessoas cujos valores não pudessem ser barganhados. A sra. Dolittle era um espécime em extinção.

─ Você tem duas mãos e dois pés, vá lá e pegue. ─ foi tudo o que ela disse antes de retornar à sua leitura.

─ O Duque de Alguma Coisa não paga o seu salário, sra. Dolittle. ─ expliquei.

─ Nem você. Então pare de perturbar e vá pegar o que precisa, antes que eu perca a paciência. ─ Ela sacudiu a mão acima do livro, meio que me mandando cair fora.

Se fosse meu pai a teria feito desgrudar o traseiro da cadeira e ir pegar o livro, afinal a sra. Dolittle era apenas uma subordinada. Mas preferi ignorar e fazer o que ela disse. Não estava com o menor ânimo para discutir sobre o que quer que fosse. Minha mãe ligara pela manhã com a desculpa de que queria ouvir minha voz, e aquilo me deixou preocupado. Da última vez que ela me disse essas palavras, acabou tendo uma recaída e enchendo a cara de uísque.
Assim que ela desligou, liguei para Edwina, nossa empregada, e pedi que ficasse de olho. Contudo, não dava para ficar tranquilo, não quando a imagem da minha mãe estatelada no chão do quarto permanecia tão viva.

Meu pai prometeu que não voltaria a se repetir, que cuidaria dela. Acontece que desde que retornamos a Madison Place ele vinha esquecendo-se de cumprir sua promessa.

A mamãe não estava feliz e, inevitavelmente, sua infelicidade respingava em mim. Talvez as coisas melhorassem se voltássemos para a Suíça. Fomos felizes lá, pelo menos por um tempo, antes dela começar a beber e, posteriormente, se entupir de antidepressivos.

Avancei pelo corredor estreito, examinando as estantes de madeira, as centenas de autores dispostos em módulos escuros e frios. Há algo sobre os escritores que realmente me fascina, não são as histórias em si, nem o estilo, mas os fragmentos de vida deixados em cada obra. Provas de que sua voz pode continuar a ecoar, mesmo depois de o seu coração ter parado de bater.

Quinta estante, fim do corredor. O maior dramaturgo de todos os tempos não merecia um lugar de destaque? Aparentemente, o dir. Prescott não era um grande entusiasta de sua obra, assim como meu pai, que odiava Shakespeare tanto quanto odiava o próprio diabo, ou os Beene. Meu pai é assim, um odiador de quase tudo. Mas não estou me queixando, na maior parte do tempo ele é um bom pai. Muito melhor para mim do que o vovô foi para ele.

Meu avô é o tipo de pessoa que faz qualquer um tremer dos pés à cabeça sem precisar sequer abrir a boca. Quando meu pai tinha a minha idade, era o vovô quem ditava as regras em Madison Place, quem dava as cartas. Do prefeito ao delegado, todos faziam o que ele mandava. Ninguém fala muito sobre isso lá em casa, mas o padre Cadence às vezes deixa escapar uma coisa ou outra quando aparece para jantar. Com o tempo eu fui juntando as peças, até chegar à conclusão que o vovô era uma espécie de Besta Apocalíptica agindo em Madison Place. Mas quando perguntei ao meu pai sobre isso, a resposta foi a seguinte: Não devia dar ouvidos ao Cadence. O exagero está arraigado em suas entranhas.

Podia até está. Mas o padre Cadence não é um mentiroso, muito pelo contrário, é um daqueles clérigos que leva as Escrituras bem a sério. Ele reza umas dez vezes ao dia, ajuda os pobres e até jejua.

– Essa é a parte mais difícil de todas, jejuar. nos confidenciou uma vez, durante o jantar.

Pensei que fosse o celibato. a mamãe participou, com os olhos fixos no papai.

Ele não riu, nem o padre, mas eu sim. Na época, acreditava que celibato fosse o mesmo que flagelo.

O senhor devia abandonar o celibato, padre Cadence, essa coisa pode matar. aconselhei.

Os olhos dele por pouco não voaram das órbitas, o papai quase engasgou com a comida, mas a mamãe riu. Muito.

Garoto esperto! ela exclamou, erguendo uma taça de vinho. --- Aprenda com seu filho, Max!

Eu não encontrei o livro, mas, em compensação, encontrei a Cara de Coruja, parada diante de uma estante com um exemplar de Noite de Reis em mãos. Pensei em me aproximar, explicar a ela o motivo de ter agido daquela forma, mas então me ocorreu que o fato dela está brava comigo era na verdade uma dádiva. Seria mais fácil fazer o que meu pai mandou se ela desistisse de me perseguir.

Meus olhos pararam em seus sapatos cor de laranja, descombinados com meias brancas de bolinhas vermelhas, e eu quis rir. Viola Beene não tinha qualquer senso estético. A única coisa que se salvava naquela composição era o gorro preto que havia dado a ela na Segunda, embora destoasse completamente de todas as outras peças: saia estampada no meio da canela fina; suéter de lã azul com estampa de guaxinim e múltiplas pulseiras de sementes, que ela mesma fazia. Era uma bagunça. Me perguntava qual seria a reação da minha tia Maya caso se deparasse com aquela composição. Arrancar os próprios olhos?

Talvez a Cara de Coruja tivesse feito algum workshop com meu primo Henri. Não o via há quase uma década, mas lembrava bem de como ele costumava se vestir, sem contar aquele cabelo. Tia Miranda era bastante relapsa quanto à aparência do próprio filho, o que irritava profundamente o vovô, não que ela ligasse muito para a opinião dele. Diferente do meu pai, tia Miranda zarpara para longe na primeira oportunidade que teve.

A Cara de Coruja enrolou um cacho no dedo enquanto corria os olhos pelo livro. O cabelo dela é armado e, aquele corte a lá Tina Turner não a favorecia em nada, mas é macio ao toque e, tem cheiro de balas de cereja. E aqueles olhos oceânicos, aquelas bochechas rosadas e... Qual era a porra do meu problema? Balancei a cabeça, mandando esses pensamentos para longe, eles se tornavam cada vez mais recorrentes e estavam fritando a porcaria do meu cérebro.

Meu celular vibrou, e ao encarar a tela me deparei com uma mensagem da Emily, acompanhada de uma daquelas fotos com bico de pato que ela adorava postar e que recebiam milhares de curtidas e comentários. Havia mais maquiagem naquela cara que na penteadeira da minha mãe, constatei ao encarar a foto mais de perto.

Renda ou nada?

Ah, céus! Ela nunca desiste?

Enfiei o celular de volta no bolso, e ao levantar a cabeça visualizei uma Cara de Coruja que sorria de orelha a orelha, não para mim, evidentemente, mas para Jason Porter, o artilheiro idiota do Madison F.C.

Que merda era aquela?

Ele murmurou algo ao pé do seu ouvido e ela abafou uma risada. Meu estômago revirou. Tentei ignorar aquela proximidade repentina, mas não era nada fácil fechar os olhos e fingir que a Cara de Coruja não existia. Viola Beene tinha o dom de ferrar com a minha mente e, por mais que quisesse, não conseguia afastá-la da droga dos meus pensamentos.

O idiota passou o braço pelo seu ombro e ela alargou o sorriso. Minhas unhas afundaram nas palmas das mãos, o sangue arrefecendo nas veias. Dei meia volta e me afastei sem ser visto.

Não é da minha conta. Eu não me importo, repetia mentalmente.

─ Encontrou o livro? ─ a sra. Dolittle era a rainha das perguntas idiotas.

─ Claro, está no meu bolso.

Ela ficou de pé e deu uma singela esticada no uniforme acinzentado.

─ Engraçadinho. ─ disse. ─ Vou buscá-lo para você. Espere aqui.

Buscá-lo para mim? Qual a causa daquela súbita mudança de comportamento?

─ O quê? Por quê? Eu praticamente implorei à senhora para que fizesse isso, minutos atrás, e tudo que obtive foram negativas.

─ Katherine Hoseldorf aceitou o pedido de casamento do Duque de Wisconsin. ─ informou com um sorriso ameno, apontando o pequeno livro sobre a mesa de madeira marchetada.

─ Entendo. ─ murmurei.

Não é da minha conta. Eu não me importo.

A sra. Dolittle parou à minha frente, parecia preocupada.

─ Você está bem? ─ Embora me sentisse como um gambá bêbado, assenti com um meneio de cabeça. Quando as pessoas perguntam se está bem, geralmente não estão interessadas. O fazem não para que você se sinta melhor, mas para que elas mesmas se sintam assim. ─ É que ainda não soltou nenhuma farpa.

─ Acho que está me confundindo com um pedaço de madeira. ─ disse num tom amorfo. ─ A senhora vai pegar o livro, ou não?

Um sorriso perpassou seu rosto rechonchudo.

─ Evidentemente. Mas antes, me conte quem interpretará o Duque Orsino. Você?

─ Eu o quê? Duque o quê?

─ Duque Orsino, um dos personagens centrais de Noite de Reis. ─ os olhos dela se estreitaram numa careta divertida. ─ Não viu o filme?

─ Não.

─ Pouco importa, não perdeu grande coisa. ─ afirmou, dando um tapinha no ar. ─ Quer um pouco de chá?

Encarei as xícaras sobre a mesa. Não estava ali para tomar chá.

─ Não, obrigado. Mas aceito o livro.

─ Noite de Reis é uma das minhas peças favoritas. Foi a sra. Weston quem pediu a leitura do livro? ─ ela levou uma mão à boca. ─ Não me diga que interpretará o patife do Malvólio.

─ Não interpretarei ninguém. Foi o professor Wilson quem pediu a leitura, não a sra. Weston.

Os ombros dela caíram e sua boca de sacola se curvou para baixo. A mulher era estranha, num minuto estava rindo como louca e, no outro agia como se estivesse em um velório.

─ Uma pena. ─ suspirou.

Assenti. Quem sabe assim ela não parava de falar e me deixava em paz. Eu precisava de Noite de Reis, não de um monólogo descompensado. Arregacei as mangas da camisa e respirei fundo.

─ Seu pai foi o Duque Orsino no ano de 1998. Nunca vi um Duque Orsino tão encantador.

Esqueci meus pensamentos sobre a maldita Cara de Coruja e encarei a mulher à minha frente. Das duas uma: ou eu estava com um baita problema de audição; ou ela tinha pirado de vez. Apostava na última opção.

─ Meu pai foi o quê?

─ Du-que Or-si-no. ─ soletrou, como se eu fosse algum retardado. ─ Você não sabia?

Outra pergunta idiota.

─ Não.

A sra. Dolittle estava delirando, nesse caso, era melhor não rebater, alguns malucos podem ficar agressivos quando contrariados. Primeiro ela veio com aquele papo de garota dos olhos de safira, e agora essa. A mulher tinha uma imaginação fértil, devo admitir, mas Van Gogh também tinha, e acabou arrancando a própria orelha.

─ Foi memorável. Cada palavra que saia daquela boca era acompanhada de uma enxurrada de suspiros femininos. ─ ela riu. ─ A certa altura, até as professoras suspiravam. Maximillian Stantford era encantador, o objeto de paixão de dez em cada dez alunas do Madison. E o mais engraçado de tudo, é que ele era completamente alheio a isso, sempre quieto, reservado, mal falava. Imagine a loucura que foi quando, de uma hora para outra, ele decidiu atuar, subir no palco e abrir a boca diante de uma platéia de pais e alunos.

─ Meu pai não é assim, deve está se confundindo.

Ela pôs a xícara vazia sobre a mesa abarrotada de papéis e deu um passo a frente. Talvez planejasse me atacar, loucos têm dessas coisas, era melhor não arriscar, então me afastei.

─ Lembro perfeitamente do jovem Maximillian enfiado nesta biblioteca, dia após dia, com um livro do sr. King na mão e uma boa quantidade de macaroons do lado. Miranda sempre mandava uma porção daqueles doces para o irmão, ele me dava a maioria, isso quando o Cadence... Padre Cadence não os afanava antes. No começo, ele sempre perguntava se eu queria alguns; uma pergunta tola, eram macaroons, era evidente que eu queria. Então ele os repartia, cinco para cada um, sempre me deixava ficar com os da caixinha. Depois de um tempo, ele parou de perguntar, apenas os deixava em cima da minha mesa. Era um garoto gentil.

Eu estava cercado de pessoas doidas de pedra.

Passei a mão pelos cabelos, tentando pensar em uma resposta. Aquilo era pura loucura. Não fazia o menor sentido.

─ Eu sinto falta das nossas conversas, e dos macaroons, logicamente. Lembro-me de uma ocasião em que ele apareceu aqui com um hematoma do tamanho de um limão no olho, quando perguntei o que tinha acontecido, ele deu um daqueles sorrisos tristes e disse: Estava tentando voar, mas descobri que não tenho asas.
Havia tanta dor naqueles olhos que eu senti meu coração se partir. Ele não me contou exatamente o que tinha acontecido, nem precisava. No dia seguinte todos estavam comentando da briga dele com o Caden... Padre Cadence.

─ Por que meu pai brigaria com o padre Cadence? ─ Aquilo não fazia nenhum sentido. Eles eram melhores amigos, sempre foram. E, por favor, o padre Cadence nunca bateria em alguém, mesmo que a pessoa em questão implorasse por isso.

-- Uma ótima pergunta. ─ devolveu com um olhar que não fui capaz de decifrar. Ela era pirada.

─ Olha, sra. Dolittle, devia procurar um psiquiatra. Existem bons médicos na rede pública, eles podem ajudá-la. Demência é comum na sua idade, eu acho, mas, ainda assim, precisa ser tratada adequadamente.

Ela riu.

─ Ai está um exemplo de algo que seu pai nunca diria. ─ Não, ele não diria, em vez disso, mandaria interná-la. ─ Acho que você deve ter puxado ao seu avô, aquele homem é intragável...

─ Meu avô não é intragável. ─ disse rispidamente. ─ E, além do mais, eu não sou nada parecido com ele.

─ É. Pensando bem, você não é assim tão ruim, apenas um pouco esnobe e arrogante. Talvez tenha puxado à sua mãe.

Uou! Agora ela estava pisando em terreno perigoso.

─ A minha mãe não é esnobe. ─ minha voz se elevou um pouco enquanto meu maxilar travava. Acho que a sra. Dolittle percebeu que dizer aquilo foi um erro porque inclinou a cabeça para o lado e deu dois tapinhas no meu ombro.

─ Desculpe. Escolhi mal as palavras, Melisa era apenas posuda, de nariz empinado, como você. Nunca me tratou mal, jamais agiu de maneira rude ou desagradável. Mas também nunca parou para conversar comigo, ou me ofereceu macaroons, como seu pai fazia.

Recuei um pouco, me desvencilhando de seu toque. Pessoas expansivas costumam ser bastante enervantes.

─ A senhora é pirada. ─ disse num tom mordaz. ─ Acho melhor eu ir antes que comece a jogar pedras.

Em que mundo meu pai ofereceria macaroons a uma bibliotecária? Não neste certamente. Ele não dava nem esmolas.

─ Por que está sendo tão rude? ─ Pronto. A vida é engraçada, quando você acha que a coisa não pode piorar, ela piora. Eu não queria olhar para a Cara de Coruja, ou ouvir sua voz, aquilo não era assunto dela, mesmo assim me virei, encarando seu rosto avermelhado e as bochechas infladas, ela parecia uma bexiga prestes a estourar. O idiota Porter avançou um passo e estacou ao seu lado, me encarando com as sobrancelhas franzidas. Panaca.

─ Isso não é da sua conta, é?

─ Você não pode falar assim com uma senhora. É errado. ─ sua voz era apenas um murmúrio. ─ Na verdade, não pode falar assim com quem quer que seja.

─ Ah, querida, eu não ligo. ─ a sra. Dolittle afirmou com um sorriso ameno.

─ Esquece isso, Viola. Esse ai não vale a pena, é pura perda de tempo. ─ Quem raio tinha pedido a opinião do estrupício? Eu não tinha.

─ Perda de tempo foi a sra. Porter te carregar na barriga por nove meses. Ninguém contou a ela que toupeiras não levam mais que trinta dias para estarem completamente formadas?

─ Parem já com isso, crianças!

─ Está chamando a minha mãe de toupeira?

Ele deu um passo à frente, ignorado o pedido da sra. Dolittle, mas foi interceptado pela Cara de Coruja, que agarrou a manga da sua camisa mais rápido que uma bala e o puxou para trás.

─ Por favor, Jason, não. ─ pediu.

Espera ai, ela estava tentando proteger aquele idiota? Era inacreditável.

─ A menos que conheça outro animal capaz de gerar toupeiras, a resposta é sim.

─ O que deu em você? ─ a Cara de Coruja murmurou com aqueles olhos gigantescos arregalados, parecia um gremlin. ─ Por acaso está treinando para virar um cavalo?

Cavalo? Meus batimentos aceleraram, a respiração alongou. Foi como se tivessem me golpeado o peito.

A Cadente achava mesmo que podia me intimidar, me ofender e que ficaria por isso mesmo? Patética.

Ergui a cabeça, a percepção dos músculos se contraído sob a pele à medida que me aproximava era real, exasperante. Parei diante dela com as mãos enfiadas no bolso e olhei para baixo, além de magricela, a Cara de Coruja possuía a estatura de um gnomo, era uma coisa desajeitada, desengonçada, com cabelos demais e atrativos de menos. Abri a boca, pronto para expor algumas verdades, e foi quando a porcaria daquele queixo começou a tremer. Paralisei.

Não queria vê-la chorar.

Não suportaria vê-la chorar.

Ela engoliu em seco e apertou a mão do idiota, me encarando como se eu fosse algo a ser receado.

Alimente os corvos e eles te comerão os olhos.

Recuei quase tropeçando na sra. Dolittle, a cabeça dando voltas, o coração arremetendo contra a caixa torácica. Era a sensação mais malditamente estranha que já havia experimentado.

─ A conversa está agradabilíssima, mas infelizmente terei de privá-los da minha companhia. ─ disse com um sorriso tão natural quanto o novo implante capilar do sr. Prescott.

─ E o livro? ─ a sra. Dolittle motejou.

─ Fica para depois. ─ foi tudo que consegui falar.

Qual era a porcaria do meu problema, cacete? Marchei em direção à porta. As palavras do meu pai começando a fazer sentido: As pessoas nem sempre são o que dizem ou aparentam ser. Aquela gente não vale o chão sujo de esterco que pisa.

Arranquei o celular do bolso e, respirando fundo, enviei uma mensagem para a Emily:

Nada.

Olá, gafanhotas

Como eu disse que voltava no meu aniversário, aqui estou, e quero barras de ouro que valem mais do que din... Espera, parabéns também serve. Eu não vou oferecer uma fatia de bolo porque Deus mandou dividir o pão, não o meu bolo. - Naah egoísta. Aprendendo com a Emily. - Mas deve estar uma delícia. Ano que vem eu vou mandar fazer um com a cara do Alex Pettyfer em pasta americana, um monte de cupcakes com as letras A e N entrelaçadas e vou dizer sim quando ele resolver se ajoelhar e me pedir em casamento. Vai ser demais.

Nalex Forever!

Eu quero agradecer muito por comentarem - amo ler os comentários de vocês -, infelizmente ainda não deu para responder todos - desculpem amoras-, estou respondendo conforme dá. Obrigada por votarem e adicionarem às suas bibliotecas, isso é muito importante pro crescimento da história. Então quem puder me ajudar, eu agradeço de coração.

Agora, vamos às perguntas:

O que acharam do capítulo?

Já desvendaram o mistério que envolve Maliza, ou nem? Teorias?

Ficaram surpresas com algum dos fatos revelados?

Padre Cadence. O que acham dele? E da tal briga com o jovem Max?

Querem mais Jaola?

O que será que aconteceu para que Max Stantford mudasse assim? Palpites?

Renda ou nada? Rindi ii nidi? - meme mais maçante de todos os tempos. Apareceu umas quinhentas vezes no meu feed, e eu quero ferrar a praga que o criou. Ok, ninguém me perguntou.

O que me dizem da atitude da Viola? I qui mi dizim di atititi di Violi? - Eu disse, é maçante.

Preciso que me falem o que acham de Emoli. Aprovam?

Querem o Manual de Conquista da Emily? Posso providenciar. Afinal, funcionou pra ela.

Querem que o Rigel volte para a Suíça? Qual seria a reação da Viola se o Oli apenas evaporasse: a) Morrer de chorar; b) Chorar até morrer?

Eu falei no capítulo passado que um dos personagens principais não chegará ao fim do livro. Algum palpite? Acho que apenas uma ou duas pessoas acertaram. Pista: É um dos meus personagens favoritos.

Eu disse também que estão enganadas quanto a alguns personagens. - Que desconfiança é essa quanto ao Jason? LOL. Estou morta. - Mas vocês perceberão que, assim como na vida, neste livro as aparências enganam.

Mais uma vez obrigada. Estou pensando em postar duas vezes por semana, mas ainda não é certeza. Que Deus permita.

Dia 04 Viola e Rigel alcançou a posição #29, fiquei felizona.

Fiquem na paz de Deus!

Beijo grande!
Biji grindi!

 

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