Viola e Rigel - Opostos 1

NKFloro द्वारा

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Se Viola Beene fosse um cheiro, Rigel Stantford taparia o nariz. Se ela fosse uma cor, ele com certeza não a... अधिक

O Sr. Olhos Incríveis
A Cara de Coruja *
A segunda impressão
O pesadelo *
O Pedido
O Presente
O Plano
O Livro
A Carta
O Beijo
A Drums
A Raquetada*
O Queixo Tremulante
Cheiros
Os Pássaros *
O Pequeno Da Vinci
O Mundo era feito de Balas de Cereja
O Dia do Fundador
BOOM! BOOM! BOOM!
A Catedral de Saint Vincent
Ela caminha em beleza
Anne de Green Gables
O Poema
Cadente
Noite de Reis
Depósitos de Estrelas
70x7
A loucura é relativa
Ó Capitão! Meu capitão!
E se não puder voar, corra.
Darcy
Cupcakes
Capelletti e Montecchi
Ensaio sobre o beijo
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Metamorfose
Perdoar
Natal, sorvete e música
Anabelle
Clair de Lune
Eu prometo acordar os anjos
Red Storm
Purpurina da autora: O que eu te fiz Wattpad?
Palavras
Como dizer adeus
Macaco & Banana
Impulsiva e faladeira
Sobre surpresas e ameixas
Infinito
Como uma nuvem
Sobre Rigel Stantford (Mad Marshall Entrevista)
Sobre Viola Beene (Mad Marshall Entrevista)
Verdades
Rastejar
O Perturbador da Paz
Buraco Negro
O tempo
Show do Prescott
A Promessa
O tempo é relativo
Olá, gafanhoto
Olhos de Safira
O caderno
De volta ao lar
A Missão
A pior noite de todas
Grandes expectativas e frustrações maiores ainda
Histórias de amor e outros desastres
Sobre escuridão e luz
Iguais
Sobre CC e RR
Salvando maçãs e rolando na lama
O infame
PRECISAMOS FALAR SOBRE PLÁGIO
Promessas

Meu nome é Viola

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NKFloro द्वारा

"Em vão tenho lutado sem sucesso. Deve permitir que eu te diga o quão ardentemente te admito e te amo."

─ Viola! ─ papai chamou e despreguei os olhos do livro, justo quando Darcy se declarava a Elizabeth.

─ Pois não.

Ele sentou ao meu lado no sofá, olhando por cima do ombro para a cozinha, onde a mamãe preparava o jantar. O rosto avermelhado e as sobrancelhas juntas deixavam claro que não seria uma conversa amigável.

─ O que fazia no West Park com o filho do Stantford ?

Meus olhos se arregalaram e engoli em seco varias vezes. Como ele ficara sabendo? Não que fosse segredo, é só que preferia não fazer alarde a respeito. O papai odiava o Dementador, e isso acrescido ao fato de que desobedeci a uma ordem sua poderia ter consequências não muito boas - está bem, dispensando o eufemismo, as consequências poderiam ser as piores possíveis.

─ Quem lhe disse isso? ─ perguntei num tom muito abaixo do normal.

─ Não importa. A questão aqui não é quem me contou, mas o que fazia na companhia daquele garoto. Eu não te disse para ficar longe dele? Para manter distância daquela gente, Viola?

Me escolhi um pouco na poltrona e abaixei a cabeça. O olhar de reprovação do papai era como um tiro no peito, e mesmo lutando para manter a calma, os músculos da face contraídos e as narinas dilatadas denunciavam sua raiva. Ele balançou a cabeça, perplexo, como se não pudesse acreditar que o tinha desobedecido.

Eu não pretendia de forma alguma desobedecê-lo. Mas aqueles olhos incríveis pararam nos meus e, foi como encontrar uma parte de mim mesma que eu nem sabia que estava faltando.

Quando eu era bem pequena o padre Cadence me presenteou com um quebra-cabeça, um daqueles com mil peças que você jura que nunca vai terminar de montar. Mas eu montei, ou quase, o olho do elefante azul havia sumido, não estava em lugar nenhum, ao menos era o que parecia. Então eu sentei ao lado do padre Cadence inconformada, com o nariz repleto de ranho e a pior cara de desapontamento possível. Ele passou a mão pela minha cabeça e disse que estava tudo bem, que uma peça a menos não tornaria a paisagem menos majestosa, que o enigma estava resolvido.

Eu assenti, mas passei o resto da tarde procurando pela peça desaparecida, até encontrá-la aos pés de uma imagem.

Olhei para a paisagem. O padre Cadence estava errado, sem aquela pequena peça, aparentemente descartável, o quebra-cabeça jamais estaria completo.

Foi assim que me senti quando encontrei o Oli, como se tivesse encontrado a peça que faltava, sem ela a paisagem ainda poderia ser reconhecida, mas jamais estaria completa. Oli era a peça que completava o meu quebra-cabeça.

─ Estávamos apenas vendo os fogos. ─ fui capaz de dizer. Minha voz não passava de um sopro abafado.

Ele levou as mãos ao rosto vermelho, e soltou o ar com força.

─ Vocês são amigos? ─ Seus olhos se estreitaram.

Me lembrei da resposta do Oli, pelo menos não precisaria mentir.

─ Não.

─ Então o que faziam juntos?

─ Eu o conheço da escola. ─ murmurei. ─ Estamos no mesmo ano e temos algumas aulas juntos.

─ O conhece da escola. ─ repetiu num tom duvidoso, apertando a manta de lã sobre o sofá, os nós dos dedos ficando brancos.

─ É.

─ Escute bem, Viola. Mantenha distância daquele garoto, ele não é diferente do pai ou do avô... Quem sai aos seus não degenera. ─ Ele apertou a minha mão, deslizando o polegar pelo dorso. O olhar suplicante. ─ Prometa que ficará longe daquele garoto, princesa.

─ Papai.

Eu não queria prometer aquilo, mas o seu rosto aflito não me deixava escolha.

─ Apenas prometa.

Olhei para as mãos calejadas do papai e pensei em tudo o que o Dementador fizera, no quanto ele era destrutivo e ruim. Quem sai aos seus não degenera, a frase dançava em minha mente, e senti meu coração ficar pequeno.

─ Eu prometo.

O papai depositou um beijo em minha testa e me envolveu num abraço. O rosto aflito parecia um pouco mais tranquilo, apesar do vinco acentuado em sua testa.

─ Amo você. ─ ele disse.

─ Eu também amo você, papai.

Eu estava me preparando para dormir quando a mamãe entrou no quarto e ficou olhando para mim. A princípio, eu achei aquilo muito estranho porque ela parecia triste e em vez de falar de uma vez ficava abrindo e fechando a boca, como se não soubesse por onde começar.

─ O seu pai me contou que você esteve vendo os fogos do Dia do Fundador com o filho do Maximilian Stantford. ─ ela sentou à minha frente e suspirou, deixando os ombros caírem. ─ Vocês são amigos?

Neguei com um gesto de cabeça e estiquei o cobertor sobre o corpo. Mesmo no verão as noites em Madison Place costumavam ser frias, e desde que o aquecedor quebrara na semana passada eu me sentia como um picolé.

─ Eu sei que seu pai já te disse isso, mas não custa repetir. Fique longe daquele garoto, Viola. As pessoas nem sempre são o que parecem ser.

Meus olhos encontraram os seus e, havia tanta tristeza neles. Eu sabia que a mamãe nunca me pediria para manter distância de uma pessoa se não achasse que a pessoa em questão poderia me fazer algum mal.

─ Você também acha que quem sai aos seus não degenera?

─ Acho que sim. ─ falou de repente.

─ Então porque o Liam é tão diferente de você e do papai quanto um peixe é diferente de um urso?

Ela abaixou os olhos, pouco à vontade com a pergunta.

Eu esperava por uma resposta imediata, mas ela não veio. Tudo o que eu ouvi em seguida foi o cantar dos grilos misturado ao coaxar dos sapos e sua respiração pesada.

─ Liam é uma exceção à regra. E ele nem é tão diferente assim de nós. Ele tem o mesmo cabelo loiro da minha mãe e adora ler, assim como você e eu.

─ Ele não adora ler, adora o Stephen King. Dê a ele qualquer outro autor e muito provavelmente ele sairá correndo. ─ disse com um sorriso afável.

Ela retribuiu o sorriso e pôs a mão sobre a minha, os dedos acariciando o lençol amarelo.

─ Fique longe de Rigel Stantford, entendido, Viola? Você é apenas uma criança e...

─ Eu não sou uma criança. Tenho quatorze anos, quatro meses e uma semana. ─ expliquei, antes que ela concluísse a frase.

─ Está bem, Matusalém*. ─ ela deu uma risada. ─ Mas faça o que seu pai pediu.

─ Eu não entendo. ─ estava confusa e um pouco irritada. ─ Você vive dizendo que as pessoas precisam acreditar mais umas nas outras. Que o mundo seria um lugar melhor se construíssemos pontes em vez de muros. Mas quando eu tento construir uma ponte, você e o papai aparecem e erguem um muro no meio dela.

Ela deu um suspiro pesado.

─ Só estamos tentando proteger você.

─ Me proteger? ─ Sentei na cama. Aquilo era tão absurdo. Não fazia o menor sentido. ─ Do Oli?

Suas sobrancelhas franziram em confusão.

─ Quem é Oli?

─ Rigel. ─ Os olhos da mamãe se arregalaram. ─ O segundo nome dele é Oliphant.

─ Verdade? ─ Surpresa pintou seu rosto, as pálpebras batiam depressa, parecia que ia chorar, brincando com a aliança em seu dedo. ─ Eu não sabia.

─ Você está bem? ─ me apressei em perguntar.

─ Não. Quer dizer, é... Sim. É que é um nome bonito. Eu gosto.

─ Eu também. É escocês e, significa grande poder.

Ela inclinou a cabeça para o lado, olhando fixamente para mim.

─ Eu acho que não é só do nome que você gosta. ─ disse.

─ Como assim?

─ Está apaixonada pelo Oli? ─ A pergunta da mamãe me pegou de surpresa, mas eu não ia fugir dela.

─ Eu penso nele o tempo inteiro, e quando nossos olhares se encontram eu sinto centopeias no estômago.

─ Não seriam borboletas?

─ Não, tenho certeza que são centopeias. ─ disse com uma risada.

Ela balançou a cabeça, mas também estava rindo.

─ E ele?

─ Como assim ele? ─ Eu entendi a pergunta, é claro que entendi. Mas precisa pensar um pouco antes de responder. Às vezes podia jurar que ele se sentia da mesma forma em relação a mim. Em outras tinha plena certeza que não. Era complicado. Até demais.

─ Ele também está apaixonado por você?

─ Eu acho que sim, mas ele ainda não percebeu.

─ Ainda não percebeu?

─ Ele nunca disse que se sente da mesma forma em relação a mim. Mas às vezes fica me olhando de um jeito que eu não sei explicar, as pupilas dele se dilatam e ele cora, fica parecendo um pimentão. É fofo. ─ dei outra risada. ─ Eu acho que o amor é nobre demais para ficar escondido, ele sempre arranja uma maneira de se revelar: seja num olhar, ou num toque. É uma força incontrolável.

A mamãe estava quieta, as mãos ásperas pairando sobre a boca, o rosto incrédulo, ruminando algo. Ela se sentou ao meu lado e apoiou as costas na cabeceira da cama.

─ Você não deve lembrar, nem poderia tinha apenas quatro anos. ─ começou. ─ Nós estávamos na igreja, esperando que a missa começasse e você não parava de arrastar um carrinho pelo corredor, como boa bagunceira que era já o tinha posto sobre o altar e no colo de um dos anjos, não parava quieta. Uma moça apareceu puxando um menininho loiro pela mão, eu soube quem ele era assim que o vi, era a cópia do pai.

─ Era o Oli?

Ela olhou para mim, mas preferiu não responder.

─ Você deixou o seu carro de lado no mesmo instante e correu até ele tropeçando nas pernas finas. Eu quis parar você, mas o Cade... Padre Cadence me impediu. ─ ela riu. ─ Seus olhos cintilavam, parecia hipnotizada enquanto ele encarava você com aquelas sobrancelhas loiras levantadas. Estava assustado, agarrado à mão da babá como um macaquinho medroso. Então você deu meia volta, pegou seu carrinho e ofereceu a ele, era seu preferido.

─ Eu fiz isso?

─ Ele não aceitou a sua oferta. A babá o arrastou até o banco e, eu fui consolar você. Foi preciso um pirulito e um saquinho de Skittles para que parasse de soluçar. Seu rosto era puro ranho e açúcar, mesmo assim passou a missa toda ajoelhada no banco, de costas para o padre Cadence, com o queixo apoiado no espaldar, encarando o que chamou de: os olhos mais incríveis do mundo.

Eu ri. Não me lembrava de nada disso, mas pensar na cena me deixava estranhamente feliz.

─ Eu ainda acho que são os olhos mais incríveis do mundo.

─ No Domingo seguinte, você escapou do banco e quando dei por mim estava abancada ao lado do menino, a babá ria com a mão na boca porque você não parava de falar e mexer no cabelo dele. De repente, a igreja toda estava olhando para vocês e rindo. Eu não sabia o que fazer, porque era evidente que ele estava assustado, encolhido no banco como um animal acuado. Andei até vocês, pedindo um milhão de desculpas, e arranquei você de lá. Ou era isso, ou a missa seria cancelada. Foi um vexame. Agradeci aos céus quando soube que os Stantford haviam retornado a Londres, e pude, enfim, voltar a frequentar a missa.

Eu não conseguia parar de rir. Contaria tudo ao Oli quando voltasse à escola, ou talvez não. Afinal, eu tinha prometido ao papai que ficaria longe dele. Senti a respiração ficar rasa.

─ Deve ter sido assustador. ─ disse, recostando a cabeça em seu ombro.

─ Foi. Você ficava repetindo: Meu nome é Viola, qual é o seu? Meu nome é Viola, quer brincar comigo? Meu nome é Viola, seus olhos são de verdade?

─ E ele não respondeu?

─ Não. Mas a babá falou o nome dele, e quando voltamos para casa você o escreveu na parede da sala com lápis azul. Disse que era para não esquecer. Fred apagou assim que voltou da pescaria e, depois de uns dias você acabou esquecendo. ─ respirei fundo, abraçando-a com mais força. ─ Desconfio que dessa vez não será tão fácil assim esquecer, não é?

─ Eu gosto dele. ─ disse baixinho, as palavras arrefecendo. ─ Muito.

Naquela noite a mamãe me falou que o coração não é muito confiável, que ele pode distorcer as coisas e cegar você com uma facilidade assustadora. Me contou que quando era adolescente se apaixonou perdidamente por um garoto. - eu não sabia disso, e quando perguntei seu nome, ela desconversou. - Disse apenas que ele parecia bom, que o coração dela dizia que ele era bom, mas suas atitudes provaram o contrário. E que isso foi a melhor coisa que poderia ter acontecido, porque ela acabou percebendo que o garoto certo estava bem debaixo do seu nariz. O papai. Ela também falou que os Stantford eram pessoas ruins, que essa era a natureza deles, e que não se pode mudar a natureza de uma pessoa. Depois disso ela depositou um beijo na minha testa e me pediu para fazer um esforço e tentar esquecer o que sentia pelo Oli, que isso evitaria sofrimentos futuros.

Rigel

─ Dreams Unwind. Love's a state of mind*. ─ cantarolava baixinho enquanto avançava pelo corredor com os fones escondidos sob o gorro de lã preto. Eles tinham me poupado de ouvir o latido do Tommy durante todo o caminho e agora me poupariam das palavras do diretor Prescott. Ondas fleetwoodmcanas preenchiam os espaços vazios em meu cérebro. A vida valia a pena.

Emily Dawson acenou para mim e falou alguma coisa, devolvi o aceno e antes que ela me alcançasse dobrei no corredor à esquerda. Desde que Emily me enviou a mensagem da calcinha fio-dental olhar diretamente para ela ficou difícil.

A Cara de Coruja não deu as caras, nem sequer apareceu para ouvir o discurso do sr. Prescott, não que eu me importasse, mas aquilo era estranho.

Levantei a gola do casaco e afundei na poltrona.

─ Oii. ─ uma vozinha estridente soprou no meu ouvido logo depois de arrancar os fones.  Dei uma olhada por sobre o ombro e lá estava a aprendiz de Alex Forrest* com a cabeça quase enfiada no meu pescoço.

─ Quer me matar de susto?

Ela sorriu, enrolando uma mecha de cabelo no dedo.

─ Está fugindo de mim? Não respondeu nenhuma das minhas mensagens. E eu mandei um monte delas.

─ Estava ocupado. ─ Olhei para frente.

─ Fazendo o quê? ─ outro sopro no ouvido. Aquilo era irritante. ─ Dormindo?

─ Emily, o que eu estava fazendo não é da sua conta. Dá um tempo.

─ Grosso. ─ chiou.

Depois disso a Emily não parou mais de incomodar, bastava um segundo de descuido para que ela alcançasse e arrancasse meus fones, já estava de saco-cheio daquilo. Emily Dawson conseguia ser quase tão inconveniente quanto a Cara de Coruja.

Fiquei de pé e me esgueirei entre as poltronas até conseguir deixar o auditório, sob a alegação de que precisava ir ao banheiro. A sra. Weston não botou muita fé nisso, mesmo assim me deu um passe.

Ar puro. Era disso que eu precisava.

Os corredores estavam vazios, nada de alunos correndo ou de monitores gritando palavras de ordem. A aparente calma era reconfortante, a não ser pelo barulho de risadas que brotava do corredor ao lado. Talvez devesse apenas ter ignorado e seguido caminho, mas ao invés disso, dobrei à esquerda, só para avistar o gorducho do Reynolds acuando uma garota, acuando a Cara de Coruja.

Tentei manter a calma, sabia que não devia me aproximar, mas era mais forte que eu. A imagem dela encolhida em um canto enquanto ele zombava era de fazer ferver até o sangue do mais evoluído dos monges tibetanos.

─ O que pensa que está fazendo, Reynolds? ─ disse de longe. Podia sentir cada pequeno músculo retrair.

A Cara de Coruja ergueu os olhos e eles encontraram os meus, parecia que ela ia chorar ali mesmo na minha frente. E eu não quero nem imaginar o que faria com aquele suíno se isso de fato acontecesse. E que merda ela tinha feito no cabelo? Meus olhos deviam estar mais esbugalhados que os dela. Os fios encaracolados despontavam para todos os lados. Puta merda! Não existe adjetivo capaz de descrever tamanha hecatombe capilar. Ela parecia a Kim Kardashian, não a socialite, a chihuahua da Emily Dawson. Eu não tinha avisado? Pedido a ela que não mexesse naquela maçaroca? O poema era bem claro, não era?

"Uma sombra a mais, um raio a menos,

Poderia prejudicar a anônima graça."

Não que tivesse a menor graça ali, mas enfim. Talvez devesse ter desenhado, ou deixado que ela ficasse careca. Qualquer coisa era melhor que aquilo. Careca era melhor que aquilo.

O gorducho enfiou as mãos nos bolsos e esboçou uma risada.

─ E ai, Stantford. ─ guinchou. ─ Estava dizendo à Beene o quanto gostei do novo corte de cabelo dela. Ficou uma belezinha, não concorda?

A raiva fervilhava vertiginosamente sob a minha pele.

Ela abaixou a cabeça, pressionando as costas na parede. Observei o jeito que seu queixo tremia e quis arrancar a cabeça chata do Reynolds do pescoço.

─ Cala a boca, Moby Dick! ─ Foi tudo o que consegui dizer.

Ele não retrucou, alargou o sorriso e esticou o braço para tocar o cabelo dela, que deu um passo para o lado, ainda com as costas coladas na parede.

─ Não toca em mim. ─ Sua voz era áspera, e os punhos cerrados pareciam prestes a acertar o rosto do porco escocês à sua frente.

─ Ui. ─ Dick motejou. ─ Parece que ela morde.

─ Reynolds, a menos que queira acabar com a cara enfiada em algum vaso é bom que se afaste e deixe a garota em paz.

Ele soltou uma gargalhada, o corpo arqueando enquanto apertava o estômago cheio de banha.

─ E quem enfiaria a minha cara num vaso? ─ guinchou. ─ Você?

A Cara de Coruja parecia confusa, assustada. Eu quis correr até ela, tranquilizá-la, dizer que estava tudo bem. Mas desisti quando me lembrei do aviso do meu pai. E no mais, não seria nada bom para a minha imagem, não valia a pena arriscar.

─ Eu? ─ levantei um pouco o queixo e andei até ele. Reynolds era alguns centímetros menor que eu, mas tinha o dobro de largura, ou o triplo. ─ Prefiro não sujar minhas mãos com escória como você, mas acontece que o Tommy está aqui fora e, acho que ele não terá problema algum em enfiar a mão na merda caso eu peça.

Ele abaixou os ombros, olhando em volta.

─ Está blefando. ─ cacarejou. O Tommy era o tipo de cara que fazia as pessoas tremerem à simples menção do seu nome, não era à toa que ele era o capanga de estimação do meu pai.

É, estava mesmo. O cão de guarda já havia cantado pneu havia um bom tempo, e mesmo que não tivesse nunca faria a loucura de pedir sua ajuda, a menos que quisesse mais um para rir da Cara de Coruja.

─ Eu não pagaria para ver. ─ arranquei o celular do bolso e fingi digitar uma mensagem.

─ O que você está fazendo? ─ Viola Beene decidiu falar. ─ E quem raio é Tommy?

─ Shiii!

─ Tá legal. ─ Reynolds estava mais pálido que as paredes brancas à nossa volta. ─ Eu... E-u vou nessa. ─ gaguejou com a crista baixa.

─ Sábia decisão.

Ele deu um passo à frente, parecia apreensivo e não parava de olhar para os lados. É fácil bancar o valente diante de alguém mais fraco que você, mas quando o leão ruge, o cervo corre. Parei à sua frente com os braços cruzados. Esperava que os olhos franzidos e o queixo levantado fossem suficientes para intimidá-lo ainda mais.

─ Não está esquecendo nada?

─ O quê?

Lancei um olhar à Cara de Coruja, a franja grande demais cobria suas sobrancelhas acobreadas e ela soprou, afastando-a do rosto. De repente, eu quis matar Briana Mills. Quem foram os idiotas que concederam aqueles diplomas de cabeleireira que ela orgulhosamente pregara na parede do salão? Aposto que foram comprados, todos falsificados por algum marginal amigo do Tommy. A Rua Parvel estava cheia deles. Não que eu já tivesse posto os pés naquele exemplar do inferno, mas era o que meu pai costumava dizer: "A Parvel precisa ser varrida e a escória mandada de volta para o buraco de onde saiu. Aquele lugar fede."

Podia até feder, mas o fato é que a Stantford Enterprises já havia comprado mais da metade dos prédios residências e, ele planejava mandá-los abaixo assim que pusesse as mãos no que faltava. O que não estava muito longe de acontecer.

─ Peça desculpas.

─ Tá, cara, foi mal. Desculpa.

─ Não para mim. ─ apontei a Cara de Coruja. ─ Para ela.

─ Eu não vou pedir desculpas para aquela...

─ Reynolds, ou pede desculpas, ou o Tommy vai enfiar sua cara no vaso tão rápido quanto sua mãe enfiou as mãos na calça do jardineiro.

─ O quê?

─ Ah, qual é? Todo mundo sabe que a sra. Reynolds andou pulando a cerca do jardim. ─ esclareci. ─ Agora pede desculpas.

Ele travou o maxilar e fechou o punho, por um momento pensei que fosse desferir um soco bem no meio da minha cara, mas tudo o que ele fez foi dar meia-volta e murmurar um pedido de desculpa entre os dentes amarelados.

A Cara de Coruja ficou muda, olhando de mim para ele, e então assentiu com um movimento de cabeça, que só serviu para bagunçar ainda mais a maçaroca ruiva.

─ Bom garoto. ─ disse, dando tapinhas em seu ombro largo ao me aproximar. ─ Agora desaparece.

*Matusalém é um personagem da Bíblia, avô de Nóe, e viveu cerca de 969 years.

*Alex Forrest personagem do filme Atração Fatal. Uma amante obsessiva que torna a vida do cara um inferno.

*Descontraiam-se sonhos. O amor é um estado de espírito

Olá,

Obrigada demais por aparecerem, votarem e por me fazer feliz com cada comentário lindo que me enviam. Nem tenho palavras para agradecer, de verdade, lindas. Amando vocês demais, amoras.

O que acharam do capitulo?

Aê, vamos às perguntas:

Quem será que contou ao sr. Beene sobre Vigel?

Vocês acreditam que Viola fará o que prometeu ao pai, ou nop?

O que acharam do primeiro encontro de Viola e Oliphant? - A mãe da Vi adora esse nome, por que será, amoras? - Viola é doida desde sempre, não é?

Oli era uma pessoa simpática, nem quis falar com a Vi.

Quem acha que Eliza ainda não esqueceu essa paixão da adolescência?

Quem beijará a Vi primeiro?

Quem quer ver Vigel kiss?

Então, eu ainda não respondi todos aqueles comentários lindos de vocês porque nop tive tempo, eu estou fazendo aos poucos, amoras. Me desculpem, tá. Mas comentem que eu vou lhes responder.

Quem quer ver Jaola kiss?

Qualquer duvida podem solucionar aqui.

Estive prestando atenção e percebi que a maioria de vocês acha que vai acontecer uma coisa na história que nop.

Beijo Grande!

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