Viola e Rigel - Opostos 1

NKFloro

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Se Viola Beene fosse um cheiro, Rigel Stantford taparia o nariz. Se ela fosse uma cor, ele com certeza não a... Еще

O Sr. Olhos Incríveis
A Cara de Coruja *
A segunda impressão
O pesadelo *
O Pedido
O Presente
O Plano
O Livro
A Carta
O Beijo
A Drums
A Raquetada*
O Queixo Tremulante
Cheiros
Os Pássaros *
O Pequeno Da Vinci
O Mundo era feito de Balas de Cereja
O Dia do Fundador
BOOM! BOOM! BOOM!
A Catedral de Saint Vincent
Anne de Green Gables
O Poema
Meu nome é Viola
Cadente
Noite de Reis
Depósitos de Estrelas
70x7
A loucura é relativa
Ó Capitão! Meu capitão!
E se não puder voar, corra.
Darcy
Cupcakes
Capelletti e Montecchi
Ensaio sobre o beijo
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Metamorfose
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Natal, sorvete e música
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Eu prometo acordar os anjos
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Palavras
Como dizer adeus
Macaco & Banana
Impulsiva e faladeira
Sobre surpresas e ameixas
Infinito
Como uma nuvem
Sobre Rigel Stantford (Mad Marshall Entrevista)
Sobre Viola Beene (Mad Marshall Entrevista)
Verdades
Rastejar
O Perturbador da Paz
Buraco Negro
O tempo
Show do Prescott
A Promessa
O tempo é relativo
Olá, gafanhoto
Olhos de Safira
O caderno
De volta ao lar
A Missão
A pior noite de todas
Grandes expectativas e frustrações maiores ainda
Histórias de amor e outros desastres
Sobre escuridão e luz
Iguais
Sobre CC e RR
Salvando maçãs e rolando na lama
O infame
PRECISAMOS FALAR SOBRE PLÁGIO
Promessas

Ela caminha em beleza

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NKFloro



O sr. Stantford era como um dementador, sugando a felicidade à sua volta, deixando apenas tristeza e escuridão no lugar.

O padre Cadence sorriu e andou apressadamente até nós. A mamãe continuava imóvel. - Retiro o que disse sobre nada no mundo intimidá-la. Aquele homem a intimidava, não era preciso mais que um par de olhos para perceber. Minha vontade era cutucá-la e fazê-la se mover, dizer qualquer coisa, reagir.

─ Eliza que bom ver você. ─ o padre motejou com os dentes à mostra. ─ Viola. ─ Estendi a mão para ele. ─ Deus a abençoe. Está bonita hoje. ─ continuou, fazendo festinha em minha cabeça.

─ Obrigada.

─ A-acho melhor eu voltar outra hora. ─ mamãe murmurejou. Os olhos continuavam fixos no homem de terno azul escuro. Talvez ele estivesse dementando a alma dela, por isso ela não conseguia se mover.

─ Fique. Eu já estava de saída. ─ A voz do sr. Stantford era firme e contida, mas havia algo mais; algo sob a superfície lutava para vir à tona. Ele passou por nós, como se fossemos invisíveis, exalando arrogância por todos os poros.

A mamãe abaixou a cabeça.

Qual era o problema dela? Ela nunca abaixava a cabeça.

A expressão no rosto do padre Candece remetia a um vulcão prestes a entrar em erupção. Ele afrouxou o colarinho diversas vezes, e não parava de suar.

─ Um minuto. ─ pediu.

A mamãe não respondeu, mas eu balancei a cabeça indicando que estava tudo bem, e ele acompanhou o sr. Santford até a saída. Olhei para o rosto impassível da mamãe, os finos cabelos castanhos presos em um rabo de cavalo, o nariz pequeno um pouco queimado do sol e, seus olhos encontraram os meus. Sua boca se abriu, por um momento pensei que diria alguma coisa, mas não.

─ Foi bom conversar com você, Max. Apareça mais vezes. ─ Ouvi quando o padre disse.

─ Você está bem? ─ perguntei . Ela se virou pra mim, os cílios batendo depressa, a pele descorada.

─ É claro. ─ sussurrou, passando o braço pelo meu ombro e beijando o topo da minha cabeça. ─ Foi só um mal estar passageiro.

Mal estar passageiro? Queria acreditar nela, mas minha intuição me dizia que algo estava errado, que não tinha sido um simples mal estar. Havia mais ali do que meus olhos conseguiram captar. E o jeito que o sr. Stantford olhara para nós, como se não merecêssemos sequer respirar o mesmo ar que ele.

─ Não, não foi.

Os olhos dela se estreitaram em confusão.

─ O que quer dizer?

─ Foi ele, o sr. Stantford. ─ Girei a cabeça, indicando-o com o olhar. ─ Você sempre fica estranha quando ele está por perto, e o papai também. É por causa do tal golpe, não é? Porque ele tomou a nossa propriedade e nos afundou em dividas.

Ela tirou o cachecol de lã, e despencou no banco mais próximo, descansando as mãos nas pernas, as unhas curtas alisando o jeans azul esbranquiçado puído, seu preferido. Parecia fraca e pequena. Um esboço da mulher forte e corajosa que eu conhecia e admirava.

Padre Candece parou ao nosso lado, mas permaneceu calado, apenas observando. Era uma situação desconfortável, no mínimo. As senhoras terminaram suas orações e acenaram com a cabeça ao passar por nós.

─ Eu trouxe os livros. ─ mamãe murmurou.

─ Obrigado... Viola, pode me fazer um favor? ─ Assenti. ─ Vá até a sacristia e peça à irmã Anabeth e ao Dan que levem os livros para o depósito atrás da igreja.

Ele pegou a chave do carro da mão da mamãe e entregou a mim. Afastei-me, parando vez ou outra para dar uma olhadela por cima do ombro. Queria ficar e ouvir sobre o que conversavam, descobrir o porquê daquela reação. Mas não desobedeceria a um padre, não em sua igreja, não diante de todos aqueles santos que me encaravam como se enxergassem a minha alma.

Depois disso ela dirigiu até a livraria sem dizer uma única palavra, apesar de fazer um esforço e sorrir para mim algumas vezes. Ela ainda estava desnorteada quando quase atropelou um cachorro, e se a vermelhidão em seus olhos servia de indicativo, havia chorado. Passei a manhã inteira com aquilo na cabeça, procurando uma explicação para aquela reação - ou, no caso, falta - mas nada. Talvez fosse apenas paranoia minha. Talvez o medo tivesse paralisado ela, eu também ficaria paralisada se estivesse diante da pessoa que me tirara tudo que um dia tivera como certo e concreto. Houve um tempo em que o papai tinha dinheiro e uma prospera propriedade herdada do meu avô, mas alguns meses após o meu nascimento tudo foi pelos ares. As dividas aumentaram, os credores apareceram, papai hipotecou a fazenda; e foi ai que o sr. Stantford arruinou as coisas de vez, num golpe de misericórdia adquiriu a propriedade e aniquilou o papai. Era isso, concluí, a mamãe tinha medo do sr. Santford, medo do que ele poderia fazer caso ela decidisse bater de frente, medo de que nos tirasse o pouco que restara.

Ela me pediu que não contasse nada ao papai, e eu concordei porque ouvir o nome do sr. Stantford o deixava uma pilha de nervos. Mas à tarde os pensamentos ainda estavam lá, dando voltas em minha cabeça. Reparei na maneira como a mamãe se esforçava para parecer tranquila, sorrindo e passando a mãos nos meus cabelos. Ela até se ofereceu para me pagar um corte de cabelo novo. O salão da Briana era bom e meus cabelos estavam implorando por umas tesouradas, sem contar que eu nem conseguia lembrar a última vez que pus meus pés lá. Normalmente eu mesma fazia as vezes de cabeleireira e dava um jeito, aparando os fios aqui e ali. Nem sempre ficava bom, devo admitir, mas era divertido. Mudar pode ser divertido.

O verão ainda não tinha chegado ao fim, e fazia um pouco de calor. Uma moça passou por mim na calçada, empurrando um carrinho de bebê e sorriu, enquanto a menininha ao seu lado me mostrava a língua pintada de chiclete azul, fiz uma careta divertida para ela e segui caminho, cantarolando o repertório do Fleetwood Mac.

Quando entrei pelas portas duplas do salão, uma das funcionarias teve a delicadeza de me olhar de cima a baixo, como se estivesse vendo uma barata que precisava ser pisada antes que espantasse a clientela.

­─ Viola Beene! - Uma voz amigável saudou.

Corri os olhos pelo lugar, era uma voz familiar.

A sra. Stantford estava sentada elegantemente com as pernas cruzadas e uma revista em mãos. Parecia que ela tinha levado um choque, mechas de cabelo apontando para cima e para o lado, envoltas em papel alumínio, ou algo assim.

─ Olá. ─ devolvi, acenando para ela.

─ Que bom revê-la. Não é mesmo, Rigel?

De repente, senti meu coração. Olhei para o lado, e lá estava ele, me encarando de volta, o celular em uma mão e os fones de ouvido na outra, tão bonito quanto eu me lembrava. Bolhinhas de felicidade deslizavam e estouravam pelas minhas veias. Queria correr até ele, encostar a cabeça em seu braço, segurar sua mão.

─ Oi. ─ minha voz saiu baixinha, acompanhada de um sorriso.

Ele olhou para fora do salão, procurando alguma coisa antes de acenar de volta para mim, se é que aquilo pode ser considerado um aceno. Ele mal ergueu a mão, e voltou a se recostar na poltrona, parecia extremamente desconfortável.

─ Então, o que vai ser? ─ Briana perguntou, exuberante em sua bata indiana e colares de contas. Era uma senhora simpática, com pés de galinha ao redor dos olhos e cabelo platinado. Desde que conseguia lembrar Briana Mills sempre fora uma pessoa alegre e extrovertida, que adorava dançar e imitar a Marilyn Monroe. ─ Está tão crescida, a última vez que a vi ainda usava fraldas, querida.

Sorri para ela.

─ Apenas um corte. ─ respondi.

Ela pôs os óculos de armação colorida e examinou meus cabelos com olhos de especialista, passando os dedos pelos fios armados.

─ Pode se sentar e aguardar. Tenho algo maravilhoso em mente. Por acaso já assistiu aquele filme em que a garota de programa é contratada por um empresário para ser sua acompanhante e...

─ Uma Linda Mulher. ─ uma senhorinha informou com olhos brilhantes. ─ Adoro aquele filme.

─ Exatamente. ─ Briana assentiu. ─ Aquele corte ficaria bárbaro em você, querida.

─ Eu não mexeria nesse cabelo se fosse você. ─ a sra. Santford sorria divertida. ─ É um cabelo tão bonito. Não acha, Rigel?

Ele levantou a cabeça, seu rosto ficando branco. Meu mundo suspenso enquanto esperava por sua resposta. Mas ela não veio, não em forma de palavras pelo menos, e eu agradeci por isso, por ele não falar na frente de todas aquelas pessoas o que sua expressão deixara evidente.

─ Não importa. ─ Briana anunciou com os olhos se iluminado de prazer antecipado. ─ Vamos pensar em algo para deixa-la ainda mais adorável.

O barulho de secadores e mulheres fofocando e rindo recomeçou com força total enquanto me sentava no sofá acamurçado e abria uma bala. Oli arredou para o lado, me dando um pouco mais de espaço, sem desviar a atenção do celular.

Era estranho, às vezes ele agia como se fossemos bons amigos; outras, mal olhava na minha cara. Eu queria acreditar que ele agia assim por causa da velha rixa entre nossas famílias, mas era evidente que havia algo além disso.

─ Oi. ─repeti, a voz repentinamente trêmula.

─ E ai, Beene.

─ Também veio cortar o cabelo?

─ Não. Só tive o azar de ser arrastado para cá. ─ disse, indicando a mãe com um movimento de cabeça.

─ Entendo. ─ Ele voltou a mexer no celular, o dedo longo deslizando pela tela enquanto os pés batucavam o porcelanato. Parecia o mesmo garoto petulante de sempre. Disse a mim mesma que não me importava com o fato dele fingir que eu não estava ali, mas a verdade é que eu me importava. Não queria ser invisível, não para o garoto que preenchia todos os meus pensamentos.

Observei seu rosto pálido, os fios de cabelo emoldurando o rosto, a camisa branca marcando o tronco, e tive que impedir minha mão de tocá-lo.

─ Recebeu a minha carta?

─ É... Uhum. ─ assentiu, sem erguer os olhos do celular.

─ E qual é a sua resposta?

Ele olhou para mim, sem entender, finalmente deixando o aparelho de lado. As sobrancelhas se juntando em confusão enquanto afastava os cabelos do rosto.

─ Como assim qual é a minha resposta?

─ Eu te fiz uma pergunta, lembra? Na carta. ─ expliquei. Como era possível que ele não se lembrasse? Não era como se a carta fosse um questionário, havia apenas uma pergunta realmente importante, e ele tinha que saber qual era. A menos, é claro, que não tivesse lido.

─ Pode ser um pouco mais especifica? Não era uma carta pequena e a minha memória não é das melhores.

─ Você nem leu, não é mesmo? ─ a minha voz não passava de um sussurro.

Ele deu outra olhada para fora do salão, e respirou fundo, parecia preocupado, apreensivo.

─ É claro que li. ─ garantiu.

─ Então qual é a sua resposta? ─ Me inclinei um pouco em sua direção. ─ Sim ou não?

Ele não respondeu de imediato, ficou me encarando com aqueles olhos incríveis. Observando meu rosto, ruminando. Cada nanosegundo de espera se desenhava uma eternidade.

─ Não.

Aquelas três letras, inofensivas quando separadas, juntas me atingiram com a intensidade de um soco.

─ Não? ─ minha voz oscilou. ─ Isso é tudo o que tem a dizer?

─ Foi mal, Beene.

Esperei que ele dissesse mais alguma coisa, qualquer coisa. Que me desse alguma prova de que não era tão frio e desprovido de sentimentos quanto o pai. De que não estava errada a seu respeito, de que era alguém que valia a pena. Mas ele apenas apoiou a cabeça no encosto da poltrona e fechou os olhos.

Dei um suspiro alto e rápido, afundando as unhas nas palmas das mãos e obriguei meus olhos a não chorarem. Então aquilo era tudo. Pois bem, eu não insistiria. Não tinha um celular para me manter entretida, nem um livro ao alcance das mãos, mas felizmente podia contar com as revistas que Briana gentilmente espalhara pelo salão.

Balancei a cabeça e apertei os lábios. Não ia chorar. Não ia.

Faça o teste e descubra o corte ideal para você, anunciava uma delas. Eu não estava interessada no teste, mesmo assim peguei a revista. Modelos sorriam, exibindo cabelos perfeitamente escovados; estrelas de Holywood tinham seus cortes analisados por especialistas. Naqueles quase trinta minutos descobri que o cabelo da Jennifer Aniston era um dos mais pedidos nos salões mundo afora, que a cor do verão era o louro dourado e que um corte de cabelo curto, que era o que eu tinha em mente me deixaria com a aparência de uma lua cheia.

Pelo canto do olho vi Oli se inclinar e esticar rapidamente o braço, arrancando uma caneta de dentro de uma bolsa de mulher, provavelmente da mãe, a menos é claro, que além de frio ele também fosse ladrão. Parei em uma página, tinha finalmente encontrado o corte perfeito. A mudança começa de dentro para fora, é o que dizem. A minha, no entanto, começaria de fora para dentro.

A sra. Stantford se aproximou e parou à nossa frente. O cabelo na altura dos ombros brilhava com a mesma intensidade que as pérolas em seu pescoço.

Oli ficou de pé, deixando a caneta e uma página de revista rabiscada sobre a poltrona.

─ Foi um prazer revê-la, querida. ─ sua mãe afirmou.

─ Igualmente, senhora.

Ela esticou a boca e andou até a saída, agarrada ao braço do filho. Minhas mãos voaram para a página que ele havia rabiscado, os olhos correndo atentos pelas letras emaranhadas:

"Uma sombra a mais, um raio a menos,
Poderia prejudicar a anônima graça."

Não fique careca.

Balancei a cabeça, confusa. Como alguém que odiava livros podia citar Ela caminha em beleza? Que eu soubesse, não existia nenhum filme baseado no poema. Ou existia?

Olá,

Então, o que acharam do capítulo? Eu queria ter trabalhado mais nele, mas estava ansiosa para postá-lo para minhas amoras.

Eu agradeço pelos comentários de vocês, pelos votos, infelizmente ainda não pude responder os comentários, mas vou fazer isso o mais rapidamente possível. Então comentem, amo quando aparecem - morro de rir com vocês suas loucas, é a mais pura verdade. E os apelidos que vocês põem nos personagens, um mais divertido que outro. Obrigada por me alegrarem.

Então, vamos à perguntas do capítulo?

Yeep, vamos!

Descobriram o que rola entre Stantford pai e Beene mãe?

E qual seria o papel de padre Cadence nisso?

Viola e seu corte novo, alguma ideia de como ela ficará?

Ninguém escreveu Ela caminha em beleza para vocês.

30 pontos e o trecho do primeiro jaola kiss para quem acertar a pergunta que a Viola fez e recebeu um não.

Beijo grande.

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