[Degustação] Malícia

De JuliannacCosta

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Prólogo
1 - Dirty Talking
1.1 - No Cinena
2 - 69
2.1 - No divã
2.2 - Na festa
3. Masturbação
4. Espanhola
4.1 - Na cama
4.2 No escritório
Prontas?
Interlúdio
1. Controle de orgasmo
1.1 Preliminares
2 - BDSM
2.1 - Submissão
2.2 - Disciplina
2.3 - Bondage
3.1 - Caçada
4 - Recompensa
4.1 - Punição
5 - Spanking
6 - Roleplay
7 - Coleira
7.1 - Intrusos
7.2 Ciúmes
8 - Wax Play
8.1 - Masoquismo
8.2 - Reciprocidade
8.3 - Switch
8.4 - Experimental
9 - Ego
10 - Chefe
Aviso!

3 - Dominação

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De JuliannacCosta


Eu tentei embalá-lo por algum tempo, abraçando-o com cuidado, mas Matzen parecia se sentir mais reconfortado quando eu permitia que ele me abraçasse, alisando meus cabelos em um cafuné demorado e despretensioso.

Então, me enfiei em seus braços e permiti que ele voltasse ao seu ritmo normal do modo que preferia. Esperei alguns instantes antes de me mover na cama, para que nossos olhares se encontrassem no mesmo patamar. Ele não se afastou, mantendo a ponta de seu nariz tão próxima que mais parecia uma extensão do meu próprio.

- Agora será assim, então? - ele murmurou, inclinando o rosto para que nossos lábios se roçassem. Eu me afastei minimamente - Já acabou de me torturar, sua mulher maldita? - beijou a ponta de meu nariz por ter sido o único pedaço de mim que encontrou ao alcance de seus lábios.

- Oh, de modo algum. Ainda há muita tortura para ser tida. - prometi com um sorriso.

Ele expirou uma risada baixa e gostosa, fazendo meu corpo oscilar com o movimento de seu tórax.

- Mal posso esperar.

Ele ensaiou mais uma tentativa de beijo e eu disfarcei, tomei seus braços para verificar o estado de seus pulsos e os encontrei avermelhados, mas bem.

- Não dói. Não precisa se preocupar. - tocou meu queixo.

- Eventualmente, vou fazer algo que vai doer. Sabe disso, não é?

- Sei. E também sei que, se for mais do que posso suportar, basta que eu mande você parar, não é?

Agora era eu quem beijava a ponta de seu nariz.

- Conte pra mim o que achou?

- O que achei?

- Essa é a parte que conversamos, Matzen. - sentei sobre a cama, deixando expostos meus seios, ele se apoiou sobre o ombro e então o cotovelo. O olhar hipnotizado por minha nudez. - Não me toque. - avisei, lendo seus pensamentos.

- Por que não?

- Tudo que faço é para que suas experiências sexuais sejam mais intensas. Confie em mim.

- É por isso que não me deixa beijá-la?

Hesitei. Imaginei ter sido discreta em minhas evasões.

- Confie em mim. - repeti.

- Já disse que confio. - aceitou, deitando-se mais uma vez.

- Agora me conte o que achou.

- Do sexo de agora ou da ausência de sexo dos últimos dias?

- Ambos.

- Agora foi maravilhoso. - se demorou nas palavras como se para lhes preencher de significado - Mas suspeito que, não fosse a ausência de sexo dos últimos dias, não teria sido tão maravilhoso. Acho que você sabe o que está fazendo.

- Bem, não é minha primeira vez. - ergui um ombro, fazendo-o sorrir - Como se sentiu? Estando amarrado?

Ele buscou uma de minhas mãos sobre a cama e a acariciou.

Não foi erótico ou obsceno e foi justamente isso que me preocupou.

Eu saberia lidar com erótico e obsceno, vindo dele...

Mas o modo como Matzen buscou meu toque foi carinhos. Íntimo.

- Me senti seguro. É isso que quer saber? - entrelaçou nossos dedos e eu aceitei seu toque. É importante que o submisso sinta-se acolhido após um momento de vulnerabilidade. Mas o teimoso e irreverente que eu tinha diante de mim não parecia ser o tipo que buscaria carinho tão depressa.

Seus olhos brilharam. Apertei seus dedos.

- Quero saber a verdade. Se teve algo que não gostou, preciso...

- Não teve nada que não gostei. De verdade, Yaya. - ergueu-se, de repente e roubou um beijo da minha bochecha. Deixando claro com seu olhar que tinha entendido minhas instruções e iria obedecê-las.

Saiu da cama e eu pude admirar seu corpo.

Principalmente, a curva de sua bunda. Algo que tinha me escapado nas últimas horas, devido a posição que o amarrei.

Eu precisava me lembrar de morder aquela bunda em um futuro próximo. Músculos rígidos, definidos e deliciosos... O corpo de Matzen inteiro implorava para ser lambido, mas aquela bunda... aquela bunda pedia mordidas. Dentes ou nada mais.

- Que está olhando, senhorita Yasmine? - piscou um olho descarado para mim.

- Sua bunda. Vire-se para que eu possa ver melhor. E para onde está indo? - reclamei quando ele se afastou.

- Minha rainha não dorme com submissos, não é? - ele lambeu o sorriso mais safado que já tinha me oferecido desde nosso primeiro instante juntos - Estou apenas seguindo suas ordens.

Dobrado. Finalmente.

Ele se inclinou para capturar um de meus pés, enfiados nos lençois. Prostrou-se de joelhos antes de beijá-lo devagar.

- Está querendo ser recompensado?

- Talvez não agora. - deu de ombros - Mas tenho notado que é bem mais satisfatório seguir suas ordens do que desobedecê-las.

- Nem sempre será assim. - prometi. Mas seus lábios se demoraram nos meus pés. Beijos curtos e suaves em contraste com suas mãos largas em minhas pernas... Joe começavam a me causar arrepios.

- Será cruel comigo? - provocou.

- Apenas se você merecer.

- Quando for satisfatório te desobedecer, Yasmine... é exatamente isso que farei. Mas, por enquanto, tenho um convite.

- Um convite?

- Sim, uma festa com probabilidade de ex-namorada. Vou preferir ir acompanhado.

- Claro. - sorri.

- E vamos... vamos tentar manter o "você é meu cachorro" ao mínimo? Muitas pessoas conhecidas. - ele estreitou os olhos.

- Tudo bem. - ri com gosto - Faremos uma exceção às cenas.

- Ótimo.

- Quando será?

- Depois de amanhã. E amanhã... amanhã eu preciso colocar muitos trabalhos em dia. - ele suspirou de um jeito estranho - Não consegui me concentrar muito bem nos últimos dias e culpo você. - me beliscou - Então, não acho que virei amanhã a noite.

- Tudo bem.

Ele parecia ter algo preso na garganta.

- Joe... o que foi?

- Bem... já que esse é um momento de conversas... preciso conversar com você.

Acenei, mudando minha postura, indicando que ele tinha minha total atenção. Joe se mantinha de joelhos ao pé da cama e parecia incomodado com algo profundo.

- Eu já fui chantageado antes... por causa de algumas de minhas... preferências.

- Joe, não precisa se... - ele acenou, indicando que compreendia que minha situação era diferente. Eu calei e esperei que ele concluísse.

- A pior parte não é sequer a chantagem em si. - ele não olhava para mim - A pior parte é a sensação de traição e de... abandono.

Seus olhar escuro se mantinha distante. Seus ombros largos curvados sobre a cama, os braços fortes cujo sabor eu tive poucas oportunidades de experimentar. Ele massageou a testa, espremendo os olhos. Na curva de seu braço, seu bíceps contraído se fez notar imediatamente.

Mais uma parte de seu corpo que precisaria ser mordida em breve. Sem falta.

- Está com medo de sentir algo parecido comigo?

- Estou com receio de sentir algo exatamente igual.

- Joe...

- Yaya. - pediu, de novo - Não acho que vai me chantagear. Mas você é uma profissional e eu sou um cliente. Não tenho ilusões a respeito da natureza de nosso relacionamento. E, tenho certeza, que nem você.

- Claro. - concordei, suave.

- Você vai embora, em algum momento. É inevitável.

- Não vou me apaixonar por você, Joe. - expliquei devagar. Não queria que as palavras soassem frias e afiadas.

- Não, sei que não vai. É comigo que estou preocupado.

Um longo silêncio seguiu-se a sua confissão.

Já tive clientes apaixonados.

Já tive clientes obcecados.

Mas nunca tive clientes que queriam debater o assunto antes mesmo do sentimento se fazer perceber.

- E eu não sei como vou reagir - ele continuou - porque nunca me envolvi com alguém como você. Alguém livre. E mais que isso... - ele se pôs de pé e toda a glória do seu corpo nu me atingiu de uma vez. Mesmo flácido... glorioso. - Alguém com quem eu posso ser livre. Então... vou precisar que cuide de mim.

- Joe... - busquei sua mão e ele aceitou o carinho - É para isso que estou aqui.

- Eu sei. - sorriu, quieto. Ele nunca tinha se permitido demonstrar vulnerabilidade antes. Era um tom que lhe caia bem. - Mas preciso que cuide de mim e preciso que não deixe... - ele esfregou os olhos - Não deixe eu me apaixonar por você, Yaya.

Eu me pus de pé e o abracei. Nossos corpos nus. Sua mão desceu até a curva da minha bunda e sua ereção estava exibindo sinais de existência. Mas eu permiti que o toque perdurasse. Permiti que explorasse aquele pequeno pedaço do meu corpo, que sempre lhe era negado.

- Não se preocupe. - suspirei. Agora era eu quem lhe fazia um cafuné despretensioso, roçando minhas unhas em sua nuca. - Não vou deixar.

Em meus braços, ele derreteu.


*********************** 


- Aí está ela!

Benjamin ergueu os braços assim que me avistou na entrada do bar. Ele era barulhento, expansivo, inconveniente... Eu amava aquele filho da puta.

- Estava com saudades? - deixei que ele beijasse minha bochecha.

- Já não sabia mais o que fazer. - puxou a cadeira em uma gentileza.

- Olhe para Benjamin sendo um cavalheiro. - Katya usava cílios postiços exagerados que só lhe caíam bem porque ela os amava - Não consigo acreditar.

Ben sentou-se ao meu lado, rindo alto.

- "Cavalheiro"? O que é isso? É de foder?

- Estamos em público, Benjamin. Olhe o vocabulário. - Nestor resmungou. Ele era atlético, mas parecia miúdo perto do bloco de concreto humano que era nosso amigo Ben. "Eu sou largo e comprido como o meu pênis" era o que ele exclamava sempre que alguém se impressionava com seu tamanho. A blusa justa (não por intenção, mas porque o pobre homem raramente encontrava roupas que o servissem bem) de mangas que acabavam pouco abaixo dos ombros, exibindo as imensas tatuagens negras que ele tinha ao longo dos braços, até os pulsos. Sua pele bronze e os cabelos curtos e muito escuros. Escuros como o único brinco que ele trazia em uma das orelhas.

Perto dele, Katya e Nestor pareciam dois brinquedos. Pessoinhas de lego. E, suspeito, eu não deveria ser muito diferente.

- Essa gente está ao nosso redor bebendo cerveja até a madrugada e acha que nunca ouviram a palavra "foder"?

- É porque você começa com "foder" e termina com coisas bem piores.

- RÁ! Verdade! Minha obscenidade não conhece limites, não é? Yaya! - bateu suas palmas rudes - Conte! O que está fazendo e por que desapareceu?

- Não desapareci. Só não sou desocupada como vocês. - pedi uma cerveja erguendo o indicador para Lucya, a garçonete que sempre nos atendia e que tinha uma paixão poligâmica por ambos Benjamin e Nestor.

Uma pena para ela.

Porque Benjamin gostava de suas mulheres amarradas, apanhadas e gemendo por mais.

E Nestor era gay.

Mas Lucya estava apaixonada e não conseguia parar de sorrir e bater seus cílios para ora um, ora o outro, ora os dois.

- Onde está Magda? - Katya quis saber. Ela tinha pintado os cabelos com mexas loiras desde a última vez em que nos vimos e estava realmente genial.

- Não sei. Deixou uma mensagem que estava ocupada. Trabalho talvez. Amei a cor nova. - avisei.

- Obrigada! - soltou o rabo de cavalo para que eu pudesse apreciar - Não pensa em me imitar?

- Não, você sabe que eu sou leal ao time das morenas. Depois me conte se é verdade que as loiras se divertem mais. - brinquei.

- Mulher nenhuma se diverte mais do que nós. - ela deu de ombros quando minha cerveja chegou - Não importa a cor do tonalizante.

- Amém! - chamei-a para um brinde que foi prontamente aceito por todos.

- Mas sério, não vai contar o que está fazendo? - Nestor desafiou, curioso.

- Cliente novo. - expliquei.

Eu adorava aquele grupo.

Adorava o barulho de Ben.

Adorava o putafeminismo de Katya.

Adorava o deboismo de Nestor.

Mas, mais do que tudo, eu adorava o fato de que nunca precisava explicar o que "cliente novo" significava.

"Cliente novo" significava: homem poderoso que gosta de me pagar para que lhe bata, mas que não gosta que eu fale sobre isso.

"Cliente novo" significa sigilo.

"Cliente novo" significa que eu não posso responder as perguntas de amigos.

"Cliente novo" significa "não insista".

- Ótimo. - Katya riu.

- Estou com uma cliente nova também. - Ben avisou.

- Coisa nenhuma. - Nestor se desfez da exibição de nosso amigo - Tem uma garota interessada que ele capturou no clube na semana passada.

- Relacionamento novo, Benji? - empolguei-me.

- SIM! Lembra que eu estava procurando alguma submissa interessada em regime integral?

- Lembro. Mas você não estava com a Diana em regime integral?

- É, mas a Di precisou viajar a trabalho. Aí eu achei outra pessoa. O nome dela é Pam.

- Hm! E quando vamos conhecer Pam? - provoquei.

- Quando nos encontrarmos em algum lugar que não for um barzinho. - enrugou a testa.

Meu coração gelou.

- Benjamin, me diz que essa garota não é de menor. - meus músculos se retesaram por inteiro - Me diz, agora, por favor!

- Credo, Yasmine. Ela não é de menor! Você tá me confundindo com alguém?

- E por que...

- Ela é viciada. - Katya explicou.

- Em álcool? - compreendi.

- Hm. - confirmou - Mas tente também algo mais forte e mais ilegal. - Katya continuou.

Eu hesitei por um instante.

- Você quis dizer "era"? "Era" viciada?

- Não exatamente. - Ben começou.

- Se você estiver batendo em uma submissa drogada, Benjamin, eu não ligo que você seja lutador profissional, eu te encho de porrada aqui mesmo, na frente da Lucya! - ameacei.

- Olha só pra isso. - reclamou pra Nestor, com um bico infantil - Passa umas semanas sem ver os amigos e esquece da integridade da gente. Oh Yasmine, fui eu que te ensinei metade das regras de BDSM que tu sabe na vida, viu menina? Fica na tua.

- Então o quê?

- Conheci a Pam no clube, na semana passada. - Ben começou - Estava completamente fora da realidade, quase desmaiada e o maluco queria enfiar um drilldo na bunda dela. Eu não sou de me meter na relação dos outros quando nenhuma palavra de segurança foi dita, mas a moça claramente não sabia no que tava se enfiando. Cala a boca. - acrescentou, quando Nestor encheu os pulmões para fazer alguma piada - Aí eu tirei ela da cena. O maluco quis pegar briga comigo e dizer que era consensual, mas a moça não conseguia ficar em pé. Ele veio com aquele papo de merda de que "Não dá pra saber o nível de embriaguez de outra pessoa" e que tinha certeza que ela queria o drilldo. Aí eu dei uns tapas nele, o maluco gritou, chamou o segurança. O segurança da noite era o Boomer, e ele apareceu perguntando o que tava acontecendo, olhou pro maluco apanhado, olhou pra minha cara de culpado. Eu disse que o merda queria foder a menina inconsciente e o Boomer nem perguntou duas vezes, expulsou o escroto de lá. Ele ainda saiu choramingando que aquilo era injusto, que não ia tocar na menina, que eu não tinha como provar...

- E o que você fez?

- Ah, eu só disse que "Não dava pra saber o nível de idiotice de outra pessoa" e que tinha certeza que ele queria os tapas.

Eu precisei rir.

- Ben, você é a melhor pessoa. E a Pam?

- A gente deu uma água pra ela, mas ela estava muito muito fora, sabe? Tirei ela de lá, e ela não sabia voltar pra casa. Então paguei um quarto de hotel e a coloquei na cama. Passei a noite no sofá pra ter certeza que ela não ia ter uma overdose nem nada assim.

- Mas como ela virou sua submissa?

- A gente conversou, no dia seguinte. Ela tem um trabalho de merda, uma casa de merda e uma família de merda. Eu ofereci alguma ajuda. Na conversa, eu falei sobre estar procurando alguém para um relacionamento de submissão integral e ela se interessou. Então, ela está lá em casa e a gente está fazendo acontecer.

- E ela já curtia BDSM?

- Muito! Ela gosta de umas coisas que são pesadas demais até pra mim.

- Benji, você é adorável. - eu ri - Já conversaram sobre tudo? Escolheram a palavra de segurança?

- Que linda você... querendo me ensinar como ser um dominador responsável.

- Qual sua palavra de segurança dessa vez? - interessei-me.

- "MacGyver".

- De novo? - eu me indignei e Katya estava gargalhando.

- É a melhor palavra. - justificou - MacGyver pode te tirar de qualquer situação.

- Você é ridículo. - ri.

- Achei que eu era adorável. Além do mais, eu prefiro palavras de segurança que te façam rir e estraguem o clima. Acho o melhor tipo.

Ele não estava errado. Além do que... ser fiel a uma única palavra ajuda a te condicionar melhor a ela.

- Então, está com uma garota viciada em casa?

- Levei ela ao médico. Está sem usar nada há duas semanas. Não rolou sexo pela maior parte do tempo, até porque ela estava se recuperando.

- E você está usando sua dominação integral para mantê-la bem?

- Exercitando-se, se alimentando bem, nada de bares ou drogas. E ela vai começar um curso na próxima semana.

O canto do meu lábio repuxava-se em um sorriso.

Tanta gente no mundo achando que BDSMers eram pessoas que precisavam ser resgatadas do fetiche, e ali estava Ben: usando o fetiche para resgatar uma pessoa.

- Espero que dê certo para ela.

- Eu também. - acenou - Ei, aquele não é o seu amigo?

David estava parado na entrada do bar, os braços cruzados, esperando algo.

Alguém.

- É! Dav! - chamei - David!

Ele se virou buscando a origem do chamado e veio se juntar a nós.

- Oi, todo mundo! - distribuiu cumprimentos e apertos de mão pela mesa - Oi, Yas.

- Dav! - levantei para abraçá-lo - Que está fazendo por aqui?

- Vou encontrar uma garota. Vamos tomar algo e depois ir ao cinema.

- Você vai tomar algo antes de ir ao cinema? - Ben estranhou.

- Ainda falta um tempo pro filme começar. - explicou, sem jeito.

- É aquele filme de super-heroi novo, o que você queria ver? - perguntei.

- Esse. - sorriu.

- Legal! Mas e então, como foi? - perguntei depressa, em ares de segredo.

- Mais ou menos como você disse. - compreendeu meu segredo imediatamente.

- "Mais ou menos"?

- Exatamente como você disse. - corrigiu - Foi excelente. - ergueu o polegar.

- A hora inteira? - analisei.

- Mais de uma hora.

- MEU GAROTO! - eu o abracei apertado, fazendo-o rir - Estou tão orgulhosa! - beijei suas bochechas várias vezes e então estalei um beijo casto nos seus lábios.

- Obrigado, obrigado. - riu, seu olhar se afastou por cima do meu ombro por um instante.

- O que vocês dois estão cochichando aí? - Ben quis saber.

- Ah, nada. O David queria ajuda para aprender a lamber uma mulher e aí eu ensinei pra ele como era o melhor jeito.

Meus amigos ao redor da mesa acenaram, concordando, mas eu não lhes dei atenção, porque a urgência na voz de David fez meu coração parar de bater.

- Ahm, Yas!

Eu me virei para encontrá-lo com a mão na cintura de uma garota pálida.

Pálida como o dia da morte.

Ela era bonita. Baixa, de cabelos curtos e sardas simpáticas. Tinha uma linha do maxilar que muitas modelos matariam para conseguir e um par de olhos verdes atraentes.

Mas sua palidez era doentia e, algo me dizia, repentina.

Eu abri e fechei a boca tentando encontrar as palavras que me salvariam.

Ou melhor... as palavras que salvariam o meu amigo.

- Oh, olá!

- Yasmine, essa é Tina. Tina, essa é minha vizinha, Yasmine. E todo mundo - apresentou, tentando não gaguejar.

Todo mundo deu olá e eu estiquei uma mão que Tina educadamente recusou apertar.

Ah, merda!

- Sinto muito. - espremi os olhos, ela claramente tinha me visto beijar os lábios do seu namorado e declarar aos ventos que o tinha ensinado a lamber. Sua palidez tinha uma causa bem compreensível: eu - Não quis dizer que... - eu precisava salvar a imagem do meu amigo - Não quis dizer que ele não sabe lamber. Eu só ensinei pra ele coisas de sexo em geral. - assim que disse as palavras, percebi que elas não soavam melhores que as anteriores - Não que ele não saiba transar! - acrescentei - Ele sabe! Muito bem! - Não! Não era isso que ele tinha dito! - Não estou dizendo que ele é especialista em chicotes! Sei que ele não é, mas... - calma, eu disse que ele sabia transar? Agora ela vai achar que eu transei com ele! - Eu nunca transei com ele! - David arregalou os olhos em pânico - Não que eu não quisesse, quer dizer... não que ele não seja um cara maravilhoso e... - o que era mesmo que ele tinha dito? - Ele consegue uma mulher como eu, se ele quiser e... - eu dei uma risada de desespero. Yasmine, se controle!!! - Só dei para ele umas dicas sobre como lamber... como te lamber. Sei como uma mulher gosta, então mostrei pra ele que... Não! - corrigi - Não "mostrei", não foi assim... - ri, sem achar graça de absolutamente nada - Claro que não fiquei nua e mostrei para ele como se... Mas eu falei. Sabe? Ensinei. Com palavras. Uma imagem mental. Não que eu tenha dito para ele me imaginar nua! Ou te imaginar nua! Ninguém imaginou ninguém nu! Quer dizer, talvez ele... - Yasmine. Cale a boca. Por favor, cale a boca.

- Como vocês se conheceram? - Katya tentou me salvar.

Mas era tarde demais.

Tina sorriu educada e disse a todos que foi um prazer. Então observou o chão, timidamente, e se afastou, com um David correndo atrás dela.

- Oh Yasmine... que merda foi essa? - Nestor quis saber.

Mas eu não sabia.

Eu não fazia ideia.

- Eu... ela me ouviu e eu...

- Você ficou sem graça com sexo? - Katya achou suspeito.

- Não! Eu só... eu só quis ajudar o David.

- Ajudar? - Ben gargalhou - Amiga, você devia ser proibida de ajudar as pessoas. Você fodeu o cara.

- Não foi intencional. Será que eu... - observei a saída do bar por onde o casal desaparecia - Será que eu deveria ir atrás dela e explicar?

- Não! - todos os meus amigos responderam em uníssono.

- Ya, você já explicou demais por hoje. - Katya segurou minha mão e me puxou de volta para a cadeira - Deixa o David tentar desfazer a confusão.

- É. Ele vai explicar o que aconteceu e ela vai entender. Vão rir disso no final da semana.

- Ou não. - Nestor resmungou - Você é a vizinha que o vê o tempo todo, e a amiga de infância que o conhece como ninguém. E... você é você. - sugeriu, apontando para mim - Deu um beijo na boca dele e falou sobre lambidas. Não sei...

- Ai não diz isso! O Dav estava doido por ela!

Nestor deu de ombros, como se torcesse por meu amigo, mas suspeitasse que ele não tinha boas chances.

Sentei e ouvi meus amigos contarem suas últimas aventuras - sexuais ou não - mas não estava realmente escutando.

Em minha mente eu só conseguia pensar em David.

Pobre David, gentil e esforçado.

Eu tinha fodido tudo.


*************************************


- Vai me contar o que houve?

Joe vestia um smoking e, mesmo com a gravata ainda solto ao pescoço, o homem colocava a palavra "impecável" em um novo nível.

Desde o primeiro momento, a sensualidade de Matzen foi evidente para mim. Mas depois de algumas noites assistindo-o despir a camisa para dormir, eu já precisava confessar que a tortura de adiar o sexo não fazia sofrer apenas ele.

Inclinou o rosto, analisando meu sorriso involuntário. Assisti seus olhos passeando pelo meu vestido.

- Se eu me comportar posso arrancar isso de você mais tarde?

- Se se comportar, vou obrigá-lo a fazer isso.

Ele tomou minha cintura e eu senti o calor de suas mãos.

- E não vai me contar o que houve?

Esperei que ele me desse mais alguma informação.

- Você está estranha. - explicou - Parece distraída.

Eu respirei fundo.

- Sinto muito, Joe. - esfreguei as têmporas. Ele pagou pelo meu tempo. Pagou uma quantia obscena. Quando estivesse com ele, eu deveria ficar com ele - Não é nada importante. Mas sou toda sua. - sorri, maliciosa.

- Yaya. - ergueu as sobrancelhas e se ocupou de tomar minha mão nas suas. O jeito como buscou o toque foi descontraído. Quase como se estivesse tão acostumado a tomar minha mão que, para ele, fosse um movimento natural. - Eu sei que paguei pelo seu tempo. Mas não quero que sinta como se precisasse ser uma embalagem desprovida de qualquer conteúdo além dos que me interessam. Eu gosto de boas companhias e você é uma companhia excelente. - beijou minha bochecha do mesmo jeito casto que tinha feito há algumas noites atrás. Buscando o contato, o carinho, a gentileza... mas sem intenção de me fazer crer que quebraria minha regra de "nada de beijos" - O que aconteceu?

Toquei seu tórax sentindo sua carne rija. Deixei meus dedos deslizarem sobre sua camisa e paletó por um instante ínfimo, antes de me ocupar com sua gravata.

- Coloquei um amigo em uma situação delicada. Não foi intencional, mas é um bom amigo e agora estou preocupada.

- Que tipo de situação delicada? Financeira?

- Não. A namorada dele está com ciúmes de mim.

Ele considerou por um segundo.

- Acho isso bem compreensível. Mas você falou com ela?

- Não acho que melhorei a situação. - espremi os olhos.

- E falou com ele? - terminei de dar o nó em sua gravata e Matzen retribui meu cuidado penteando os fios soltos dos meus cabelos, juntando-os ao corpo maior.

- Não. Não sei sequer a dimensão do problema.

- Há algo que você possa fazer?

- Talvez eu devesse conversar com ele... deixá-lo decidir se quer que eu me envolva ou não.

- Parece razoável. Quer fazer isso agora?

- Não.

Ele aproximou o rosto do meu, duvidando de minha resolução.

- Não vou me incomodar se quiser. - prometeu.

Foi minha vez de beijar sua bochecha. Um beijo calmo e gentil. Demorado. Deixando que ele sentisse meus lábios em sua pele.

Quando me afastei, ele tinha os olhos fechados.

- Não quero fazer isso agora. Mas acho que é uma boa ideia e é o que farei. Depois. - decidi - Agora suba meu zíper. - ordenei, oferecendo-lhe minhas costas.

- Estou tentando a desobedecer nesse exato instante. - provocou, mas obedeceu. Seus dedos raspavam em minha carne enquanto ele levava o zíper até o topo de minhas costas. Uma carícia em minha nuca causando arrepios. Arrepios intensos demais para serem disfarçados.

É problemático deixar que um submisso note o quanto ele te afeta.

Compromete a experiência.

Mas arrepios são traidores sobre os quais não há controle.

Eu me arrepiei com seu toque.

Me arrepiei com suas palavras.

Me arrepiei com sua proximidade a minhas costas.

Me arrepiei pelo passo adiante que ele deu, encaixando em sua virilha, minha bunda.

Me arrepiei quando senti sua respiração em meu pescoço.

Me arrepiei.

E ele, sem dúvidas, percebeu.

- Então, o que é essa festa exatamente? - tentei desviar o assunto.

Ele sorriu.

- Uma desculpa para encontrar as pessoas certas.

- Precisa que eu faça algo específico?

- Ciúmes na ex-namorada seria um problema?

- Faz parte do pacote, na verdade. - ergui um ombro e ele o beijou.

- Ótimo.

Ele estava muito próximo. Me fazendo sentir seu perfume e desejá-lo. Sua ereção enfiando-se na minha carne em um ritmo mais impactante que o da noite anterior... ele estava amarrado. Um homem desamarrado conseguia estocar em níveis bem mais violentos e eu estava me deliciando com a ideia. Dei um passo para longe, retomando o controle.

- Mas isso só seria divertido para você. Precisamos fazer algo divertido para mim. - ergui uma sobrancelha. Joe me ofereceu o seu melhor olhar de "sua mulher maldita".

- Tudo bem, o que você quer?

- Vou te dar meu corpo essa noite. - expliquei - Diga "obrigado, Yaya".

- Obrigado, Yaya. Mas sinto que não será tão simples assim.

- Hmm. - raspei as unhas em seu pescoço - Essa é a graça de ser dominado, não é? É uma forma de escravidão, mas... uma escravidão que liberta. Se você precisa obedecer todos os comandos, então nunca está verdadeiramente preso a nada. Não há limites.

- Diga de uma vez. - mordeu o próprio lábio porque não podia morder o meu.

- É bem simples, Joe. Hoje a noite na festa, se você me pegar, pode me foder.

Sua testa se enrugou em óbvio sinal de dúvida.

- Como assim?

- Ora, não fica mais simples que isso querido. Aqui. - enfiei a mão sob o vestido, retirando minha calcinha - Vou até tirar isso do caminho para facilitar. - entreguei a calcinha em sua mão e ele me encarou como se me detestasse. Como se fosse capaz de me escaldar em óleo fervente e me foder, mesmo isso o deixasse em carne viva - Vamos para sua festa, conhecer as pessoas certas e fazer ciúmes na sua ex. E, estou te dando esse presente: sempre que me pegar, pode me foder.

- Estarei ao seu lado a noite toda. Vou te pegar quantas vezes quiser.

- Hm, sim... mas precisa me foder onde me pegar. É a única regra.

Vi seu pomo de adão se mover em angústia.

- Onde quer que me encontre, se me tomar nos braços, pode me arreganhar e foder por onde quiser. Pode comer minha bunda ou minha boquinha. Pode gozar nos meus peitos. Pode beijar minha boca e tocar no meu corpo. Pode fazer o que quiser. Desde que seja no lugar onde me pegou.

- E se eu decidir tirar sua roupa no meio da festa?

- Pode fazer isso. É o acordo.

Matzen me encarou como se duvidasse da possibilidade.

- Não vai fazer isso.

- Acha que eu tenho algum problema em deixar um homem me comer em público? - pisquei os olhos para ele - Acha mesmo?

Sua respiração tornou-se superficial.

- Onde quer que me pegue, Joe. Basta levantar minha saia e me comer. É a recompensa que te darei pela sua ousadia. Pelo seu despreendimento. Pela sua libertação. Supere os receios e pode me comer. Ou mantenha-se preso e não me experimente. Mas, nesse caso, irá depender de minha boa vontade. E aí... quem sabe quando te deixarei sentir minha boceta novamente, não é?

Sua fúria era palpável.

Ele foi abstrato demais em sua discussão sobre essa festa... havia algo importante acontecendo lá. Alguma reunião de negócios, alguma apresentação inadiável. Ou - e essa sensação era a mais forte em mim - algo que envolvia a ex que ele insistia em mencionar. Certamente a cirurgiã... a sua namorada mais frequente e a favorita de seu avô. A namorada que o abandonou e traiu ao descobrir suas predileções sexuais.

Mas ali estava minha proposta e Matzen me odiava por forçá-lo a lidar com mais isso naquela noite. Eu sentia no seu hálito em minha pele, no calor em seus olhos e, mais que tudo, na intensidade com que se agarrava a calcinha que lhe dei.

Ele queria me matar.

Mas queria me foder muito mais.

- Certo, sua mulher maldita. - respirou, finalmente - Você quer ser minha caça essa noite? Tudo bem. - ele beijou o canto da minha boca em uma lascívia que me fez transpirar - Você me provoca porque duvida que eu acompanhe. - murmurou - Mas hoje, Yaya... Hoje é o dia que eu faço você se arrepender.

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