10 - Chefe

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Um relacionamento estável é como a calmaria antes da onda.

Aquele momento em que você está sobre a prancha, preparado para surfar, mas ainda não decidiu se jogar no movimento. O mar ondula abaixo de você e, se o sol estiver nascendo, você é invadido por uma paz de um tipo dificilmente duplicado.

Há emoção na calmaria.

Há excitação no desconhecido.

Há antecipação pela onda que virá.

Um relacionamento estável com Yasmine, no entanto, não era nada disso.

Com Yas, eu estava em um estado eterno de precipitação sobre uma onda gigantesca: a excitação diante da aventura era absolutamente incontrolável mas, ao mesmo tempo, havia um gosto suave de dúvida, como se você finalmente percebesse que aquilo era demais para você.

Estávamos juntos há três semanas, depois de nossas confissões e eu assistia a onda abaixo de mim ficar colossal.

Havia a parte que eu já sabia: Yasmine era gostosa e o sexo era divino.

E havia a parte que eu estava descobrindo: ela era dona de uma doçura única que me fazia desejá-la cada vez mais.

Há três semanas eu a chamava de "minha", enquanto aceitava o fato de que eu era "dela".

Acho que é assim que os relacionamentos tem que ser: os pronomes possessivos precisam se confundir.

A mesa da sala de reuniões estava parcialmente preenchida.

- Vou na frente para amaciar as coisas, mas eles vão querer falar com você, Joe. - Eric era meu vice-presidente e o tipo de homem mais objetivo que se poderia desejar para os negócios.

- Não quer companhia, Eric? - Marcus sorriu. Nosso diretor de aquisições internacionais conseguia ser o oposto de Eric em quase todos os critérios.

- Você já foi para a Holanda oito vezes nos últimos três meses, Malcolm. - Eric respirou fundo. Eu conseguia sentir sua irritação no tipo de expiração que ele oferecia. E, no momento, Eric estava nas imediações do seu limite - Vou começar a suspeitar que está indo a lazer e não a trabalho.

- É difícil não misturar os dois em Amsterdã, han Joe? - ele bateu com os nós dos dedos na mesa de reuniões tentando fazer a piada ressoar, mas não encontrou sorrisos fosse em mim, em Eric ou em nenhum dos outros quatro diretores que nos acompanhavam na reunião daquela tarde.

Malcolm me cansava.

Mas ninguém estava tão exausto de seus comentários desnecessários e atitudes inapropriadas quanto Eric. O que era compreensível, considerando que era ele quem tinha que lidar com as indiscrições de nosso diretor menos favorito.

O homem era um problema de relações públicas e recursos humanos. A única razão de ainda permanecer em nossa lista de pessoal eram os clientes internacionais que ainda tinha em sua agenda. Ele era inadequado em seus contatos humanos dentro da empresa, mas tinha conexões milionárias fora dela.

"Inconvenientes necessários" era como meu avô chamava gente assim. Minhas instruções eram mantê-lo por perto e sob controle enquanto fosse possível. Logo, colocá-lo sob a vigilância de Eric me pareceu inteligente.

- Esses holandeses estão sendo perfeccionistas, Eric! - defendeu-se - Estou apenas fazendo o que precisa ser feito para conseguir a conta. - gesticulou.

- Stuart, você vai com Eric. - decidi - Eu vou depois, apenas se for preciso.

- Ora, Joe! Vai me deixar de fora?

[Degustação] MalíciaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora