Interlúdio

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A maior mentira jamais contada é que homens poderosos gostam de ser dominantes na cama.

Eles não gostam.

Eles estão acostumados demais com o poder. Serem ouvidos, reconhecidos, obedecidos... isso é o que eles chamam de terça-feira: é tudo irritantemente convencional.

E o que é convencional, raramente é excitante.

Para um homem poderoso, ser dominante no sexo é o equivalente a um papai-e-mamãe, em um sábado a noite, depois de ver um pornô no motel três estrelas mais próximo.

Não é ruim.

Mas não é excelente.

Não...

Se minha longa experiência com homens dessa estirpe me ensinaram alguma coisa, é que eles gostam de apanhar.

Eu tive dificuldades para acreditar nisso logo quando comecei. Mas hoje... hoje, eu sei.

Minhas colegas de gênero acreditam que para colocar um homem poderoso aos seus pés basta que sejam gentis. Delicadas, verdadeiras, imunes ao charme que destrói todas as outras. Basta que se tornem a pessoa com quem ele vai querer interagir em um nível mais profundo que o sexual: a parceira para quem ele vai confessar todas as suas emoções.

Mas homens não entendem gentileza, confundem imunidade ao charme com frigidez, não têm emoções a confessar e, acima de qualquer outra coisa... não existe nada mais profundo que sexo.

Simplesmente não existe.

E se você discorda, é porque está fazendo sexo do jeito errado.

Esse é o segredo que ninguém te conta: se você quer um homem poderoso ao seus pés, você tem que colocá-lo lá.

Não existe atalho, não existe acaso, não existe sorte.

Se você quer um homem de joelhos, você tem que chutar suas pernas, forçar suas costas e empurrá-lo até que chegue aonde você o quer.

E é exatamente isso que eles querem.

É exatamente isso que Matzen queria.

E aí mora a mãe de todos os problemas.

A mulher conhece o empresário rico e bem sucedido. Ele tem um terno bem cortado, um carro com uma quantidade desnecessária de cavalos de potência e um cheiro envolvente que só se conquista com um perfume caro ou com horas demais de sexo. Possivelmente, as duas coisas.

O que ela espera?

Bem... ela espera chupá-lo.

Espera sugar a cabecinha inchada de seu membro viril, rezando aos céus para não regurgitar. E então ela espera um convite para sair de novo. Ela espera que ele lhe dê jóias caras e uma boa foda. De preferência uma boa foda enquanto usa as jóias caras e nada mais.

Ela espera que ele a coma de quatro.

Que peça para foder seu cu de um jeito diferente de todos os homens antes dele. Um pedido especial que ela vai, pela primeira vez em sua existência, querer aceitar.

Ah! E ela espera que ele tenha um pau grande.

Descomunal.

E aí nós temos Joe Matzen.

Matzen com seus modestos milhões, sua empresa multinacional, seu terno saville-row, sua Ferrari e um cheiro de Givenchy.

Ele faz o papel do playboy. Ele o interpreta bem. Ele gosta de sexo. Gosta de mulheres que querem colocar seu pênis na boca e gosta das bocas que o recebem.

Faz o que elas querem. O que elas esperam. O pacote completo: o boquete, a joia cara, a boa foda, o cu. Goza - dentro ou fora - se livra delas e volta aos seus afazeres. Talvez até uma namorada vez ou outra quando uma fagulha de algo emotivo desperta, por que não?

Mas ele quer mais.

Ele não quer mais o motel e o pornô.

Ele quer sexo exibicionista, chupando uma desconhecida que tem um vibrador enfiado no cu.

Ele quer uma mulher que lhe dê um tapa e lhe ofereça a boceta para que ele a venere apenas com a língua. Uma mulher que não se dobra porque está ocupada demais fazendo com que ele se dobre.

Ele quer uma mulher que mande.

Sim...

Isso seria verdadeiramente diferente.

Novo, inesperado... para um homem acostumado a ter todo e cada capricho atendido.

É isso que ele quer.

É isso que o excita.

E é por isso que veio a WAE e aos meus patrões.

Veio atrás de mim.

Veio porque ele conhece sexo.

Conhece gozadas divertidas e até fodas boas de verdade.

Mas não conhece a satisfação sexual plena.

Não pode conhecer, porque ele ainda não me conhece.

Mas vai conhecer.

[Degustação] MalíciaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora