Era difícil ver um Vingador chorar. Mais difícil ainda se tal Vingador fosse o Tony Stark.
Eu estava indo para a cozinha, para roubar um pedaço de pizza, quando o encontrei. Ele estava sentado em uma das cadeiras ao redor da mesa. Um copo pela metade em sua frente, um líquido dourado escuro, quase negro. Só podia ser duas coisas: refrigerante ou uísque. E, conhecendo meu amigo melhor do que ninguém, sabia que era a última opção.
Tony tinha acabado de se separar de Pepper. Ou melhor, como ele diz, os dois estavam "dando um tempo". Acontece que ela sempre foi uma pessoa que buscava estabilidade, uma vida segura longe das confusões que, alguém como ele, jamais poderia evitar. Até porque ele é o maior causador de confusões...
Para ser sincera, ao contrário dela, era exatamente isso que eu gostava nele. Tony Stark era o tipo de homem que ganhava o meu coração sem esforço. Bastava um daqueles sorrisos irônicos, um elogio acompanhado de uma expressão pervertida e aquela pose bad boy típica dele e pronto: ficava perdidamente apaixonada. Sem mencionar seu jeito autoritário e egocêntrico que muitos consideram repulsivo, mas que para mim tinha um outro efeito: atraía-me por completo e de uma maneira nada racional.
E sim, eu me pegava a imaginar ele me dominando... que culpa eu tenho? Simplesmente não daria importância para qualquer coisa que ele resolvesse fazer comigo. Além de que eu faria tudo que ele mandasse com um sorriso nos lábios. O que me assusta. Eu não sou assim! Depois de Tony, sou a pessoa mais mandona desse prédio e aqui estou, imaginando aquele homem me amarrando na cama e... droga! Isso parece tão incorreto.
Medo... eu tenho é medo. Um medo inexplicável de destruir a amizade que tenho com ele. Por quê? Porque, quando eu me apaixono, faço merda. Eu fujo, eu nego e eu evito... não tenho como evitar que isso se repita em um loop infinito. É o meu modo de defesa: afasto-me antes de me ferir e, claro, a distância me arrebenta mais do que qualquer coisa que pudesse ter acontecido se eu tivesse me dado permissão para tentar... tentar ser feliz com o cara que eu amo.
Só que outra questão surge das profundezas da minha alma: e se ele não gosta de mim como eu gosto dele? Como irei ficar? Com a cara igual a de uma noiva que é abandonada no altar? Talvez ainda pior...
Ele é um homem complicado, eu sei. Só que estou ciente do quão complicada eu sou também. Porém, já imaginei... se algum dia eu tiver coragem (e tenho certeza que esse tal dia não é hoje) de confessar o que eu sinto por ele e nada disso for recíproco, Tony zombará de mim pelo resto de minha vida e me provocará pela eternidade. É assim que ele é... eu sei. Eu sei! Então por que tentar? Bem, porque, por mais que eu tenha certeza, é uma certeza rasa. Eu não sou capaz de prever o futuro, logicamente. Será que estou disposta a viver com a dúvida até o fim?
Aproximei-me dele devagar... até então, não chamei sua atenção. Tony continua vidrado, encarando aquele copo. Abro a caixa de pizza lentamente e pego a última fatia. Dou uma mordida e começo a ir em direção a ele... agora o escuto chorar com extrema nitidez.
Isso está destroçando o meu coração...
— Tony?!
Ele interrompe seus soluços. Então, sem pressa, vira-se em sua cadeira e, olhando por cima do ombro, conecta seus olhos vermelhos aos meus. — S/N...?!
— Hey. — Respondo com um fraco sorriso nos lábios, sentando-me ao seu lado. — O que está acontecendo? — Pergunto, pousando minha mão livre no ombro dele.
— Este é o último pedaço de pizza? — Faço um sinal positivo com a cabeça. — Cruel... — diz oferecendo-me um sorriso que não chegou aos seus olhos.
Eu podia ver... agora perto dele, eu podia ver... não tinha mais dúvidas do quanto ele estava sofrendo.
— Eu respondi sua pergunta, agora responde a minha...
— O quê?
Eu não sabia se ele estava realmente só se fazendo de bobo, então repeti. — Por que você está chorando? O que aconteceu?
— Ah, você sabe. Ao contrário dos outros da torre, eu tenho certeza que você sabe.
— Pepper?! — Ele me fitou com seriedade. Entreabriu os lábios como se fosse me responder, mas não emitiu um som se quer. — Vem aqui. — Disse, terminando com a fatia de pizza e o abraçando com todas as minhas forças.
Talvez, nos meus braços, ele poderia sentir algum conforto. Eu apenas sei que, se eu pudesse, carregaria as dores dele para que não sofresse mais. Pepper era tudo para ele. Sim, o grupo Vingadores também, mas eles não poderiam consolar o Tony como ela podia. Já eu... poderia tentar, mesmo que tivesse ciente que não seria a mesma coisa.
Então, depois de alguns segundos, senti ele pousando seu queixo sobre o meu ombro... depois suas mãos vagando pelas minhas costas, até que seus braços me envolveram em um aperto confortável. Podia sentir os seus músculos rígidos ao meu redor... vi o quanto ele é forte, mas ao mesmo tempo, tão sensível quando deixa a sua guarda baixar como em momentos como esse.
Por mais que eu quisesse que ele se recuperasse logo, também desejava que isso não tivesse fim. Eu poderia estar confortando ele, mas Tony estava fazendo isso comigo também. Seu abraço me transmitia a mais gostosa sensação de estar protegida, como se ele fosse a minha armadura. Sim, essa era a melhor comparação.
Até que nos soltamos, mas não nos afastamos. E, se não fosse impressão minha, o clima tinha ficado tenso. O silêncio era embaraçador. Não... não embaraçador. Era... um tanto quanto... estranho. Como se fosse um daqueles silêncios que precedem o beijo de um casal em algum filme romântico. Sim, era um silêncio desse tipo.
Tony repousou sua testa contra a minha... suas mãos voltaram a envolver meu corpo, mas agora... agora não estavam em minhas costas. Estavam em meus quadris. E seus dedos estavam enterrados na minha pele, por baixo de minha camiseta. Eu senti meu coração acelerar, pesando-se em dúvidas e ansiedade. E eu pude ouvir os batimentos do coração dele também... nós dois estávamos agitados.
Com gentileza, ele me puxou para perto dele e, com um único movimento (sem aparentar esforço algum), Tony conseguiu me pôr em seu colo. Devagar, seu rosto se aproximou do meu novamente... mas, nada aconteceu. Fechei meus olhos e envolvi o pescoço dele com meus braços. Então senti seus dedos tocarem meus lábios e depois traçarem as linhas do meu rosto.
— Eu tenho que ser honesto com você, S/N. — Ele sussurrou ao pé do meu ouvido. — Eu estou me segurando aqui... eu queria beijá-la, mas sei que não irei conseguir parar só aí. Seus lábios são muito macios... seu corpo é tão quente e convidativo que... oh, S/N. Eu não teria terminado com você ao amanhecer...
Ele estava jogando sujo. Ele estava me enlouquecendo. Já nem conseguia raciocinar, só queria que ele seguisse em frente.
— Tony...
— Porém, eu não posso. Eu estaria apenas usando você para esquecer a Pepper. Você não merece isso.
Abri meus olhos diante de suas palavras sinceras. Resolvi que teria que ser ainda mais sincera. — Se esse for o único modo para tê-lo, nem que seja apenas por essa noite, eu não me importo.
— Não fale assim...
— É a verdade. — Disse, encarando aquelas belas orbes castanhas, antes de me inclinar sobre ele e sussurrar ao seu ouvido. — Eu perdi as contas de quantas vezes eu pensei em você enquanto me tocava... oh, Tony. Se você soubesse...
De alguma forma o que eu disse parece ter mexido com ele, que me segurou com mais força ainda. Isso me arrancou um gemido, mas juro que não foi intencional. Senti meu rosto queimar de vergonha e tentei me afastar, mas ele não deixou.
— Você é como uma guitarra, hm? Só saber onde tocar que você emite os melhores sons...
— E eu desejo que apenas você me toque. Eu desejo apenas você...
— S/N... você está dificultando as coisas para mim, amor.
— Essa é a intenção.
— Então vamos entrar em um acordo... — ele disse, fazendo-me novamente abrir os olhos para que pudesse analisar suas expressões. — Eu prometo ser seu, mas você não pode fugir. Terá que ser minha também. E não apenas por essa noite.
Ele sabia dos meus problemas. Eu contava para ele minhas inseguranças. Bem, ao menos, parte delas. Estava inclinada a aceitar o acordo, mas eu não podia fazer uma promessa daquelas. Não me sinto à vontade expondo o lado mais sombrio de minha personalidade... não me sinto à vontade expondo todas as minhas inseguranças, nem que alguém se aproxime demais de mim. Mas, eu podia crer que Tony iria me curar de todos esses males...
— S/N...?
— E a Pepper?
— Se você aceitar, eu não voltarei com ela. Afinal, foi ela quem quis partir...
— Eu não... eu não sei... não posso prometer...
— Vou ter que persuadi-la a aceitar a proposta então...
Tony envolveu minha cintura com apenas um braço. Com a mão livre, ele segurou minha nuca e entrelaçou os dedos em meus cabelos de um modo selvagem. Então atacou o meu pescoço com beijos e mordidinhas... eu me contorcia em seu colo. Estava louca por ele.
E piorou quando ele resolveu conectar seus lábios aos meus. Seu beijo era dominante... claro, seguiria os traços de sua personalidade. Tony arrancou minha camiseta e meu sutiã, agora voltando sua atenção aos meus seios. Ele os cobriu de beijos e mordidinhas, assim como tinha feito com o meu pescoço.
A mão que estava em meus cabelos migrou para as minhas calças jeans, que ele desabotoou com precisão, liberando a passagem para que pudesse me tocar, mesmo que por fora de minha calcinha.
— O que você me diz, baby? — Sua voz soava ainda mais sexy aos meus ouvidos. — Aceitará o acordo? Será a minha S/N?
Eu não tinha dúvidas do que eu queria. Não mais...
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Notas da tia:
1) Essa obra é uma fanfiction, e como direito do gênero, pode divergir do canon e ignorar alguns detalhes das obras originais - se for necessário - para que o texto faça sentido.
2) Usuários que tecerem comentários que eu considere ofensivos, seja com relação a mim, ou às minhas obras, serão bloqueados.
3) Declaro que a personagem protagonista dessa obra interativa é maior de idade.