Amor na Capadócia - AMAZON

By ShayNuran

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APENAS CAPÍTULOS DE DEGUSTAÇÃO ✤ Sinopse: O Capitão Teo Karadeniz passou todo o ano viajando pelos quarteis... More

Boas Vindas!
Capadócia
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20

Capítulo 13

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By ShayNuran

Teo seguia com os homens Erdogan para o carro, haviam carregado algumas caixas com diversos artigos, dentre eles, alimentos, roupas e calçados. Haviam recolhido com amigos para doar aos imigrantes que fugiram das guerras em um país próximo e agora estavam abrigados pelo governo em alguns lugares. Entregariam aos voluntários o que haviam arrecadado para ser distribuído entre eles.

— Vamos, vovô, o senhor vem comigo! — disse Murat cuidadoso ajudando o senhor a entrar em seu carro.

Teo seguiu com Ozan para o outro veículo e acomodaram-se.

— Pronto para fazer a primeira boa ação do Ramadã? — perguntou-lhe Ozan.

— Com certeza! — disse animado causando surpresa no primo de Derya que o olhou estranhamente. — É o que faço no exército, sabia? Ajudar pessoas, então não fique tão surpreso por eu gostar de fazer isso.

— Não é surpresa pela ajuda e sim por você está se esforçando tanto para nós agradar. Sabe que não importa o que faça, Murat não vai permitir que você fique com Derya.

Teo suspirou.

— Pelo menos não facilmente... — completou Ozan.

— Por que ele me odeia tanto? Eu já expliquei o por quê de tudo.

— Não é o bastante!

— O que ele quer?

— Provas. Murat precisa de tempo para ver em você o homem que ele é, e se isso não acontecer...

— Mas eu não tenho esse tempo, esperei quase dois anos para encontrar Derya, eu a amo, quero tê-la ao meu lado, quero que seja minha esposa, quero formar uma família com ela o mais rápido possível. Não tenho tempo para provar ao seu primo que eu sou quem ele espera que eu seja. Murat e eu somos diferentes, mas isso não significa que eu valha menos que ele.

— Então diga isso a ele!

Teo olhou para Ozan que dirigia atentamente.

— E daí ele me joga no Bósforo.

— Você sabe nadar?

— Claro.

— Hum! Então ele estava certo, você não morreria afogado.

— Estavam planejando me matar?

— Com certeza.

Teo o olhou boquiaberto.

— Não sei por que a surpresa, não seria a primeira vez que você teria a sua vida ameaçada por um Erdogan.

— Inacreditável... — disse ele fazendo Ozan sorrir.

— Sabe Teo, vovô vem conversando muito com todos nós sobre você, na verdade tornou-se o assunto preferido dele nos últimos dias...

— Acha que seu primo está com ciúmes?

— Ciúmes é uma palavra muito forte... É Murat odeia essa palavra.

— Entendi, além dele achar que eu sou um péssimo partido para a irmã acha que eu também estou querendo tomar o lugar dele na família.

— É por aí. Ganhar a simpatia de Ayla também não vai te ajudar...

— Então o que tenho que fazer? Odiar e maltratar todos vocês?

— Claro que não! — Ozan riu. — Você precisa perceber que Murat ainda o vê como oponente, quanto mais você se esforçar para ser bom, menos ele vai aceitar você. Murat se sente inseguro e vulnerável por não conhecer suas fraquezas, Derya pode ser seu ponto fraco, mas ele não vai ferir a própria irmã. Se você quer ganhar a confiança de Murat, deve dar o que ele quer, mostrar suas fraquezas e quem sabe assim Murat te veja como um humano e não como esse ser incrível que vovô vem tentando fazer ele engolir.

Teo assentiu e Ozan o observou olhar fixamente o carro a frente.

— Não tenho o que esconder, Ozan, sou um homem como vocês e não sou um exemplo de virtude, mas venho sendo honesto há muito tempo. Se eu quisesse já teria casado com Derya, já teria a levado para longe, mas vim a Istambul por respeito a ela e a vocês.

— Eu acredito Teo, mas não é a mim que você tem que convencer. Se você quer entrar nessa família terá que passar por Murat.

Ele suspirou pesadamente.

— Você não está com medo dele, não é?

Teo o olhou com olhar fuzilante.

— Perder minha filha e Derya, são meus únicos medos. O resto não me assusta.

Ozan assentiu. Sabia que Teo não tinha medo de enfrentar Murat, mas não custava nada provocar um pouco. Murat realmente não iria facilitar para ele, mas o primo tinha um bom coração, se Teo passasse segurança talvez Murat não surtasse quando ele fizesse o pedido da mão de Derya.


☵☵☵ ✤ Δmor na Capadócia ☵☵☵


— Vovô ele não vai fazer esse pedido absurdo, sei que é louco e inconsequente, mas ele não se atreveria.

— Ah, mas ele vai se atrever sim e sabe por que? — perguntou o velho senhor no banco do carona. — Porque ele a ama e você melhor do que ninguém sabe que o amor é inconsequente.

— Não vou permitir que ele arruíne a vida de Derya.

— Se você se opuser, quem vai estar destruindo a vida dela é você.

— Claro que não, vovô, ela nem gosta dele. O trata como um amigo, só um cego não vê. Derya não está apaixonada por Teo.

— Você está tentando se convencer disso para não aceitar o pedido que ele fará. O pior cego é aquele que não quer enxergar, Murat.

— Vovô, por favor, o senhor não pode ser conivente com isso.

Mustafá não deu nenhuma resposta, apenas respirou fundo e continuou observando o fluxo de veículos na ponte. No dia anterior, Teo havia ligado para pedir seu conselho, o que o havia deixado muito feliz, não existiam outros homens na família do Capitão e imaginava como era difícil para ele tomar decisões sozinho. Disse com todas as letras que queria casar-se com Derya, mas que para isso precisava da benção da família Erdogan. Explicou que agora, o único que poderia permitir seu casamento com Derya era Murat, já que ele era o patriarca. Ouviu o jovem Capitão suspirar sabendo que conversar com Murat não seria nada fácil, porém Teo pediu permissão para ir até sua casa e ele os convidou para passar o fim de semana com toda a família em Uskudar. Essa noite após o jantar Teo iria conversar com Murat e fazer o pedido da mão de Derya, não poderia interferir nas decisões do patriarca, mas mostraria seu apoio a Teo.

Chegaram ao abrigo onde alguns voluntários recolhiam as doações. Uma casa grande e de onde podia se ouvir crianças brincando no interior.

Teo observou ao redor, existiam alguns restaurantes por perto, alguns fechados já que as pessoas passavam o dia em jejum e outros abertos, porém com lonas que escondiam o interior em respeito aqueles não poderiam comer até que o fim da tarde chegasse.

— Vocês fazem isso todo o ano, no Ramadã?

— Não só no Ramadã, mas varias vezes ao ano. Na páscoa Cristã, no Natal e em vários outros períodos do ano.

— Isso é muito bom.

— É pouco, mas é de coração.

Teo assentiu e viu algumas crianças brincando do outro lado do muro assim que passou pela portaria, elas pararam para ver os homens que entravam com grandes caixas. Algumas sorriam e tentavam se aproximar, outras de longe pareciam temer.

Gunaydin! — disse Mustafá a um grupo próximo a ele.

Gunaydin! — respondeu um garoto timidamente. Outro não tão tímido aproximou-se dele e segurou uma de suas mãos o guiando para um lugar a sombra. Mustafá, apoiando-se em sua bengala, não dispensando a ajuda e agradeceu passando as mãos os cabelos do garoto que sorriu feliz com a atenção.

— São refugiados da Síria. — Explicou Ozan a ele que observava tudo do lado oposto.

— Imaginei.

— Crianças não deveriam passar por essas coisas, sair de suas casas, atravessarem o mar, presenciar mortes e destruição.

— Não, não deveriam, mas os egos dos homens são muito maiores do que suas consciências. Um dia Ozan, todos nós pagaremos muito caro por tudo isso. Guerra não é um problema de um e sim de todos, mas ainda preferimos nos esconder e fingir que o problema não é nosso. Enquanto muitos sofrem nós estamos bebendo e comendo no conforto de nossas casas. Se estamos seguros nada mais importa.

— Como você mesmo disse: "os egos dos homens são muito maiores do que suas consciências" — disse Murat passando por trás deles e se posicionando ao lado de Teo.

De olhar firme Murat o encarava e ele percebeu que o patriarca havia direcionado sua própria frase contra ele.

— Mas é sempre tempo de controlar o ego e repensar os atos. Nem tudo está perdido, Murat.

— Eu não estou convencido disso. — disse seguro. — Vamos, ainda temos outros abrigos para visitar.

Teo e Ozan se olharam.

— Ele é sempre assim?

Ozan riu.

— Sempre! — respondeu — Mas não o julgue, Murat é um bom homem, na verdade o melhor que eu conheço é só uma questão de tempo, continue assim e quem sabe até a noite ele baixa a guarda. Pelo menos ele lhe dirigiu a palavra e olhou para você.

— Com desprezo.

— Mas olhou, isso significa que está tentando ver algo em você.

Ozan pôs a mão no ombro dele e o guiou para fora.


☵☵☵ ✤ Δmor na Capadócia ☵☵☵


Voltaram a casa que estava silenciosa.

— Durante o Ramadã nossa família também preserva o silêncio. Conversamos, claro, mas evitamos assuntos que não tragam algo importante.

— Meu pai praticava o Ramadã, mas eu nunca fui obrigado a fazer, minha mãe não tinha religião e ele não era do tipo que passava suas crenças. Então eu só observava, mas nunca participava.

Murat aproximou-se.

— Ozan, reúna a todos, por favor! — pediu saindo e se isolando no escritório enquanto de forma silenciosa, Ozan pedia para que todos fossem a sala.

Ayla sentou-se com Maria e Aslan no chão da casa, Derya e Meli seguiram ela e as crianças se acomodando. Teo preferiu o sofá ao lado de Mustafá, Ozan e Selin.

Ozan reuniu toda a família assim como o patriarca pediu e tranquilos eles aguardavam algo que Teo não sabia dizer o que era. Até as crianças estavam quietas.

— Murat está em oração no escritório, está esperando Deus revelar a ele sobre qual tema deve abordar nesse primeiro domingo e logo virá falar para nós sobre a importância desse momento. — explicou Mustafá e Teo assentiu. — O primeiro dia do Ramadã foi ontem, porém deixamos para fazer a reunião hoje já que é domingo, dia em que estamos todos juntos, não há momento melhor para relembrar o por que de estarmos unidos e professando a nossa fé.

Murat surgiu a frente deles e saudou-os.

Ramadã Kareen! Nesse primeiro Domingo falaremos sobre o Jejum. — disse com simpatia, mas com a segurança de um chefe de família. — Todos os anos nos reunimos para lembrar a importância de celebrarmos o Ramadã assim como na páscoa. São dois momentos diferentes, porém de grande importância para a nossa família. Nesse período o nosso povo foi abençoado com uma revelação que mudaria o rumo de nossas vidas. Deus revelou ao profeta, que a paz e as benção estejam com ele, o nosso livro sagrado, o Corão, e ao mesmo tempo foram estabelecidos os cinco pilares do Islam que todos os muçulmanos devem seguir; o mês de jejum, a crença em um só Deus, aceitar Mohamed como o último dos profetas de Deus na terra, as cinco orações diárias, a peregrinação a Meca e, por fim, o Zakat que é a doação aos pobres de cinco por cento de todo seu lucro obtido em um ano.

Explicava enquanto andava calmamente de um lado para o outro segurando seu masbaha.

— Seguindo essas leis fortalecemos nosso amor e gratidão para com Deus. Além disso, o Ramadã é um momento de reflexão, momento de limparmos o nosso espírito das impurezas mundanas e por isso a importância do jejum. Durante séculos, não só o Islam, mas várias outras religiões usaram essa prática como forma de entrar em contato com o divino, está associado a limpeza da mente e da alma. Alguns criticam por não conhecerem a importância desse ato. Diferente do que muitos pensam, jejum não é penitencia e sim gratidão. Jejuar não é se sacrificar e sim abnegar, se desprender do que não nos faz falta, se desfazer dos excessos em todos os sentidos, do que mais precisamos para viver se não da nossa fé? Não é fanatismo, é gratidão. Não é penitencia, é dedicação. Não temos um Deus egoísta ou ambicioso, nosso Deus é generoso e benevolente. — assegurou olhando os rostos dos familiares. — Nossas ações só fazem bem a nós mesmos. Refletir, renunciar aos desejos, fazer o bem a quem precisa não é importante para Deus, mas para nós mesmos. Nossas ações não vão trazer mudanças na vida dele, Deus será sempre Deus, mas essas atitudes vão nos mudar profundamente. A bondade Dele é tão grande que nos direciona a situações que alimentam a nossa alma, Deus se alegra com boas atitudes, mas não esqueçamos que somos nós quem dependemos dele. E como não poderia deixar de falar, e sei que o vovô adora, vamos a importância cientifica do ato de jejuar; Diminuição das taxas de açúcar e de gordura no sangue, diminui os processos inflamatórios e ajuda a melhorar o humor nos homens idosos.

— E os neurônios conseguem se comunicar melhor quando há menos comida em nosso corpo. Nossa memória e cognição melhoram muito. — acrescentou, Mustafá.

— Então durante todo esse mês estaremos aptos a criar e fazer coisas muito boas. — afirmou Ozan.

— Mas façamos apenas o que é importante, Ozan. Ramadã é tempo de nos concentrarmos apenas no essencial. — frisou Murat.

Teo permanecia em silêncio, apenas ouvindo e tentando assimilar as informações e as peculiaridades daquela família. Era difícil ter a mesma fé que eles, não havia nascido em uma família religiosa. Mas admirava a forma como eles acreditavam em Deus, talvez se sua relação com ele fosse mais intima, tivesse sofrido menos com a morte da esposa e o afastamento de sua filha. Há momentos em que um homem precisa de algo maior que ele para acreditar que não está sozinho e que tudo vai ficar bem. Mas Teo nunca teve esse algo maior, acreditava apenas nas forças de seus punhos e na coragem que tinha para lutar contra o mundo por aquilo que queria. Acreditava na existência de Deus, o respeitava como criador, mas era difícil imaginar que ele estivesse agindo a seu favor, por que Deus olharia para um homem como ele? Por que se importaria? Sabia que havia uma distancia significativa entre eles... Foi ensinado a acreditar, a respeitar, mas não a confiar.

Após a reunião, se recolheram aos quartos já que o almoço seria servido para quem não estava praticando o jejum. Derya convidou Teo para seguir com ela para a varanda, sentaram-se admirando as águas do Bósforo.

— Como foi a visita aos abrigos?

— Boa, mas me deu uma saudade de Pinar.

— Muitas crianças?

— Muitas.

— Em breve você a verá.

Teo a olhou de lado.

— Só posso voltar se levar você comigo, não posso deixar de cumprir uma promessa a minha filha.

Derya mordeu o lábio inferior.

— Por isso mesmo estou dizendo que você logo a verá.

Teo franziu o cenho, mas não pode deixar de sorrir. Mesmo estando obvio, precisou perguntar:

— Então vai aceitar se casar comigo? Ser a mãe dos meus filhos... A mãe de Pinar?

— Teo... Eu não estou prometendo tudo isso, calma! Estou aceitando ir com você conhecer a sua filha e fazer brigadeiro para ela, só! — disse dando de ombros, mas prendendo um riso nos lábios.

Olhou-o pelo canto dos olhos e Teo com um olhar encantador parecia ver toda a verdade que ela teimava em esconder.

— Não me olhe assim! — pediu ela desviando seus próprios olhos dos dele.

Teo segurou-a pelos quadris a fazendo deslizar no banco de madeira onde haviam sentado. Tocou seu rosto delicadamente e a fez encará-lo.

— Sei que você me ama, Derya. Desde o primeiro dia em que tive seus olhos nos meus eu sabia que algo grande estava para acontecer entre nós dois.

— Amor a primeira vista, eu não sei se acredito nisso! — disse ela.

— Não foi a primeira vista, çiçek, a primeira vez que olhei em seus olhos já tínhamos nos encontrado várias vezes, mas eu, covarde, relutava em ceder a esse mar negro do seu olhar e tinha todos os motivos desse mundo, pois quando o fiz fui a pique, submergi e permaneço me afogando até hoje.

— Está precisando de um colete salva vidas, Capitão Teo.

— E quem disse que quero ser salvo?

Teo aproximou-se e beijou-a suavemente, uma caricia rápida, não queria ser flagrado por Murat e por tudo a perder. Admirou o belo olhar feminino, a doçura de sua çiçek estava ali explicita, ela não havia mudado, havia apenas se escondido, assim como as flores em dias nublados. Ouviram barulho de passos nas escadas e se afastaram um pouco, mas Teo permaneceu fitando-a. Logo seu foco mudou em direção ao homem alto e de olhar perscrutador que o olhava cheio de dúvidas.

Murat foi em direção a irmã sorrindo para ela e beijando-lhe a fronte.

— Por que não vai ajudar Ayla e Meli, elas estão indo a cozinha preparar o iftar. Precisam de mais alguém para não deixar Aslan, Maria e vovô colocarem a casa de pernas para cima. Ozan não vai dar conta sozinho.

Derya sorriu e desceu.

Murat observou Teo que também o olhava, sabia que Murat havia arrumado uma desculpa para ficar com ele a sós e imaginava que não lhe seria nem um pouco agradável. Murat andou até o parapeito da sacada.

— Sabe uma coisa que ainda não entendi? — questionou Murat sabendo que tinha toda a tenção de Teo. — O que você está planejando! Fico me perguntando qual o motivo de tanta dedicação. Será culpa? Vergonha? — perguntou, virando-se para ele.

Teo suspirou ruidosamente.

— Só tenho um motivo, Murat, e esse você já sabe.

— Foi meu pai quem mandou você se infiltrar na nossa família outra vez? O que ele pretende?

— Está enganado! — falou. — Não tenho mais nada a ver com Gökse. Ele fez tão mal a mim quanto a vocês.

— Eu sei, mesmo assim fico me perguntando qual o seu preço, Teo. O que meu pai ou qualquer outro poderia fazer para convencer você a cometer outras barbaridadess.

— O que está querendo dizer?

— Estou dizendo que homens como você, quando não conseguem encontrar outro caminho, sacrificam quem tiver em suas mãos e da próxima vez pode ser Derya.

— Você não sabe o que está dizendo, Murat.

— Sei o que vi.

Teo balançou a cabeça em negativa.

— Passei quase dois anos procurando por sua irmã por toda Turquia, voltei ao exército por ela, acha que estou de brincadeira?

— Não sei... — disse dando de ombros. — Eu não conheço você.

— Então deixe-me lhe dizer quem eu sou. — levantou-se encarando-o. — Sou o Capitão Teomam Karadeniz, nesse momento sou o responsável por sua irmã e pelo batalhão de Göreme. Fui treinado pelo seu pai e escolhido pelo seu tio-avô Mehmet Erdogan para assumir o posto dele no quartel. Já estive em combate mais de uma vez, em uma delas perdi a minha esposa que me deixou o bem mais preciso da minha vida, minha filha, Pinar. A quem seu pai, meu comandante, usou para me chantagear e obrigar a fazer o que fiz. Perdi meus pais na adolescência e só tenho uma tia que está com minha filha a quem eu tive que deixar para vir em busca de Derya. E antes que você diga alguma coisa, eu não estou arrependido. Estar com Derya é estar em paz e não é por que eu sinto culpa, vergonha ou por que fiz uma promessa ao seu avô, mas por que a amo.

Murat apertou o maxilar e cerrou os olhos em direção a ele, mas Teo não se intimidou e continuou:

— Talvez você tenha razão e houvessem outros caminhos a serem seguidos, mas em quem eu poderia confiar? A quem eu poderia pedir ajuda? Não tenho família como você, estava sendo procurado e acusado de algo que eu não fiz, sofria pressão para retomar minha posição nas forças armadas, eu não poderia arriscar. Não estou falando isso para que você sinta pena de mim, não é isso que quero. Tomo minhas decisões e arco com as consequências, acordo todos os dias muito cedo para fazer aquilo que tenho que fazer, proteger as pessoas daquela cidade e se preciso desse país. Sou o que sou, Murat, eu me engano, cometo erros, não sou perfeito. Não nasci em uma família cheia de valores como a sua, ninguém me disse que eu poderia pedir ajuda quando precisasse ou que eu poderia contar com apoio caso alguma coisa em minha vida desse errado. Sempre tive que contar comigo mesmo e até esse Deus a quem você fala e se orgulha de seguir não me foi devidamente apresentado.

Teo aproximou-se mais até ficar frente a frente com ele.

— Não estou aqui para desafiar você, ao contrário, vim por que respeito sua autoridade na família. Se fosse diferente eu teria levado Derya para muito longe, pois não preciso da sua permissão para amá-la, mesmo assim estou aqui. Somos muito diferentes um do outro, mas você não pode me culpar por isso. As consequências da vida te levaram a ser quem você é, do mesmo jeito que me levaram a ser quem eu sou. Apesar das diferenças temos coisas em comum, como por exemplo, lutar por quem amamos mesmo que isso vá contra tudo e todos. Mesmo que você me diga não, vou continuar, sem descanso, sem interrupções até conseguir ter Derya ao meu lado.

Murat olhou profundamente nos olhos dele por um minuto e saiu da varanda deixando Teo confuso e sem uma resposta. Mesmo assim Teo não se sentiu irritado, havia dito tudo que estava guardado em sua garganta e agora Murat já podia ter certeza que se fosse um requesito básico, teimosia ele já tinha para ser um Erdogan.


☵☵☵ ✤ Δmor na Capadócia ✤ ☵☵☵


Gunaydin: Bom dia.

Masbaha: Tipo de terço islâmico.

*Quando se fala o nome do profeta Maomé logo se diz: "Que a paz e benção estejam com ele."

Capitão Erdogan X Capitão Karadeniz... Quem será o vencedor dessa disputa? Pra quem estão torcendo, canins?

Só espero que não se matem kkkkk

Obrigada pela companhia meninas e meninos! ❤

Espero que tenham gostado ^^ Não se esqueçam de dar uma estrelinha e comentar!

Beijos... Öpücük :)

Shay N.

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