Emily narrando:
Ninguém havia percebido os hematomas no meu corpo, há não ser a Verônica que até cuidou dos meus hematomas, ela ficou com raiva, disse que iria contar para a minha mãe sobre oque Miguel fez comigo, mas eu implorei para ela não fazer isso. Eu tinha medo do que Miguel poderia fazer comigo depois e até mesmo fazer com que Verônica perdesse o emprego, ele é uma pessoa sem coração, me machuca sem dó nenhuma.
Estava na copa, sentada na cadeira olhando Dolores fazendo o almoço. O cheiro de comida exalava pela minha narina, meu estômago estava roncando de fome esperando pelo esperado almoço.
Mexia no celular que havia ganhado recentemente de papai, ele disse que já estava na hora de eu ter. Gostei muito, além de conseguir me comunicar com as minhas amigas quase o dia todo, eu consigo ter acessos há vários aplicativos incríveis.
-Menina Emily, vá perguntar a sua mãe se é pra por a mesa. -Ordenou Dolores.
Revirei os olhos e suspirei fundo.
-Ande logo, menina. -Disse de modo brincalhão.
Levantei-me sentindo um desconforto na minha barriga, caminhei lentamente para o quarto de mamãe, papai estava na sala olhando seu notebook, ele não notou a minha presença. Segui para o quarto de mamãe, e encontrei sua porta entreaberta.
-O seu psicólogo ligou avisando que você não foi às ultimas consultas. -Dizia mamãe.
Aproximei-me mais da porta e avistei Miguel sentado na cama de mamãe, olhando-a severamente.
-Eu não gosto de ir lá e não quero ir. -Disse
-Você não tem que gostar, você tem que ir. Não quero que você deixe de ir, você como ninguém sabe o quanto é necessário que visite um psicólogo.
-EU NÃO SOU UM DOENTE MENTAL, MÃE. -Gritou furioso.
Mamãe se assustou e deu um passo atrás.
-Eu sei que não, mas é que... -Ela gaguejou, Miguel se levantou e se aproximou mais de mamãe, fazendo-a andar mais para trás.
-Você acha que sou louco? Acha mesmo? Você não sabe nada sobre mim. Eu posso ser muito mais do que um louco, mas eu não sou louco, ou sou? Diz-me você, oque acha que sou? -Perguntou de forma ameaçadora.
Mesmo sabendo que ele não falava aquilo comigo, eu sentia medo. Ele sabia como deixar alguém com medo dele mesmo, ele é uma pessoa horrível.
-Eu só quero que você volte a visitar o seu psicólogo meu filho... É para o seu bem, meu amor. -Argumentou mamãe tentando revirar a situação.
-Eu não vou voltar e não vai ser você, uma velha ridícula, que me fará voltar. Eu estou bem, muito bem. -Disse sorridente, com um olhar inexpressivo.
-Não está... eu fiz tudo por você meu filho, te dei a melhor educação, cuidei de você, adotei uma irmã para você, assim como você pediu....
-Não! Você adotou a Emily porque o imprestável daquele psicólogo pediu, disse que seria bom para eu ter um irmão e como você é uma idiota, me trouxe ela.
-Eu pensei que você gostasse de Emily... pensei que isso te ajudaria a sair da sua zona de conforto e talvez, você melhorasse no comportamento.... -Explicou mamãe.
Pus a mão na boca tampando os meus grunhidos de surpresa ao ouvir aquilo tudo.
Miguel começou a rir sarcasticamente, e depois parou seu olhar para sua mãe.
-Você não imagina o quanto eu gosto da minha querida irmã... -Mentiu descaradamente.
Senti uma raiva por todo o meu corpo, minha vontade era de desmenti-lo e dizer o que ele realmente faz comigo.
-Já chega desse assunto. Eu só quero o seu bem, meu filho, por favor, vá nessa última consulta só para termos total certeza de que você está bem... -Implorou mamãe.
Miguel negava com a cabeça e como se a mãe dele não significasse nada, ele a empurrou para chão abaixo, sem nenhum cuidado se iria machuca-la ou não.
Perdi o ar naquele mesmo instante, corri para dentro do quarto para ajudar mamãe sem me importar com a dor que sentia ou pelo olhar de Miguel que com certeza cairia sobre mim.
-Mãe, calma... -Ajudei a levanta-la, a mesma reclamava de dor. -Eu vou te ajudar, mãezinha. -Digo pegando em sua mão.
Olhei para Miguel que continuava imóvel, olhando para mim com uma cara de paisagem. Parecia que ele não havia feito nada, e que simplesmente a mamãe caiu por conta dela mesma. Ele não mostrava arrependimento, pelo contrário, ele sorriu.
-Olha oque você fez Miguel. -Digo em um tom alto.
A porta se abriu mais e eu virei o olhar para papai que havia acabado de entrar e correu para levantar mamãe, seus olhos preocupados pararam sobre mamãe e depois para Miguel.
-Eu faço de novo se continuar me atormentando. JÁ FALEI QUE ESTOU BEM, PORRA. -Gritou e começou a quebrar algumas coisas do quarto.
-Filho, para com isso. -Pediu papai, indo em direção a Miguel, tentando o impedir de continuar quebrando os pertences.
-Sai daqui seu idiota. -Ameaçou Miguel com o abajur da mamãe em mãos.
Papai se afastou e abriu caminho para Miguel passar, antes de sair ele jogou o abajur no chão causando um barulho assustador e me olhou furioso, com certeza esse excesso de fúria iria sobrar para mim. Engoli em seco e voltei a ajudar mamãe, perguntei diversas vezes se ela estava bem. A coitada começou a chorar e eu tentei fazer de tudo para tranquiliza-la.
Ouvi a porta da sala no andar de baixo fazer um estrondo, Miguel acabara de sair, deixando o silêncio reinar novamente dentro de casa.
***
Miguel ficou a tarde inteira fora de casa, já estava beirando meia noite e ele ainda não voltava para casa, mamãe então ficou mega preocupada, até queria ligar para a policia, porém papai não deixou e disse para esperarmos mais um pouco já que não é a primeira vez que Miguel chegava tarde em casa.
Não conseguia dormir sabendo da angustia dos meus pais, por isso resolvi ficar acordada junto com eles, fiquei quietinha no sofá enrolada no meu casaco enorme. A Dolores também estava acordada, ela servia café para todos, eu recusei já que não gostava muito de café. Beberiquei um pouco de suco enquanto esperava.
Passou-se meia hora, e de repente quando mamãe resolve então ligar para policia, à porta se abre revelando Miguel. Ele parecia está bem, nada de anormal. Suas duas mãos estavam enroladas em um pano branco, dava para ver um vestígio de sangue nos dois panos. Mamãe correu para abraça-lo e pedir desculpas, mesmo sabendo que não havia feito nada e que ele era o culpado de tudo, ele não recuou do abraço, mas também não a abraçou.
-Desculpa filho, desculpa. Mamãe não vai fazer mais isso, eu juro, eu juro... -Repetia as palavras em súplica. -Oque é isso? Você se machucou? Deixa mamãe vê. -Pediu mamãe tirando o pano branco enrolado das mãos de Miguel.
-Não é nada... -Explicou. -Estou bem, mamãezinha. -Disse meio irônico e saiu de perto da mãe.
Ele veio até a mim e sentou ao meu lado do sofá, seu braço percorreu para ao redor do meu ombro me causando arrepios frenéticos pelo corpo. Suspirei fundo e rolei meus olhos para a direção da sua mão que percorria meus cabelos soltos.
-Senti sua falta irmãzinha. Você sabe que é uma pessoal muitíssima especial para mim, não é? -Disse com sarcasmo. Olhei para mamãe que mantinha um sorriso alegre no rosto, ao ver seus filhos juntos. -Sabe mãe, estava pensando em fazermos uma viagem. As nossas férias estão chegando. -Ele fala apertando meu ombro e colando meu corpo ao seu. Engoli em seco. -Que tal irmos para aquela fazenda que papai tem, hein? É uma boa ideia não é? -Indagou olhando para todos ali, e depois para mim. -Oque acha Emily? Que tal ir viajar com irmão aqui, hein?
Ele me deu um beijo molhado no rosto e cheirou meus cabelos, cada vez mais me apertava contra o seu corpo me fazendo estremecer de dor. Esquivava a cabeça para não encostar a mesma em seu peito.
-Ótima ideia, filho. -Disse papai.
-Eu também achei. Emily vai conhecer uma de nossas fazendas e também vamos distrair um pouco a mente, ter um momento em família... -Concluiu mamãe batendo palmas de felicidade. -Podemos marcar para daqui a dois dias, certo?
Ela olhou para todos e com aceno de cabeça, rodopiou a sala sorridente. Mamãe estava feliz e isso era importante para mim, se for para deixa-la feliz, mesmo tendo que aturar Miguel, eu farei.
-É uma boa ideia, mãe... -Concordo meio sem graça.
-É uma ótima ideia, minha delicia. -Sussurrou Miguel no meu ouvido, e depois me encheu de beijos calorosos.
***
Estávamos agora deitados na minha cama, Miguel veio para cá depois que acabou de tomar banho. Percebi que ele ainda estava acordado, seu corpo estava colado com o meu, sua respiração pesada ao pé do meu ouvido, ele tateava com sua mão lentamente pelo meu corpo.
-Oque houve com a sua mão? -Perguntei, depois de um breve silêncio.
-Eu a machuquei... -Respondeu com um sussurro. -Bati na parede até ela sangrar. -Disse com risada fraca.
-Por que faz isso? -Pergunto meio intrometida, sabia que não devia fazer tantas perguntas a ele.
Uma vez ele me bateu só porque fiz algumas perguntas, meu rosto ficou todo vermelho pelos três tapas que ele havia me dado.
-Eu gosto. -Disse secamente
-De se machucar?
Ele virou meu corpo para ao seu lado, meu rosto ficou de frente ao dele, sua respiração agora batia em meu rosto, era refrescante. Sua mão prendeu minha cintura para perto de si, quanto à outra ele tocava em meus cabelos de leve.
-Não gosto de me machucar, gosto de ver a dor dos outros, mas hoje foi exceção, não tinha a quem machucar e eu estava muito puto. -Sussurrou naturalmente.
Mordi os lábios e soltei a respiração que eu nem sabia que estava prendendo.
-É melhor você ir dormir, pois daqui alguns dias vão ser difíceis de dormir ao meu lado, alias, acho que você não irá dormir muito, não depois de fazê-la como minha mulher. -Sorriu maliciosamente, seus olhos brilhavam na escuridão, parecia um vaga-lume.
Ele fechou os olhos me deixando ali, imóvel, sem conseguir me mexer, assustada e com muito medo. Não entendia oque acabara de ouvir, mas algo dentro de mim sabia que isso não era algo bom.
***
Votem, comentem oque acham, e divulguem o livro para algum amigo/ colega, familiares, ou qualquer outra pessoa.
Espero que tenha gostado, sei que está pequeno, mas por hoje é só isso.
Até a próxima,
Beijos, Lara <3