Assim que saí, bati de frente com uma menina e todos os seus livros – que reparei não serem didáticos – foram derrubados no chão. Fiquei em pé suspirando pensando se minha situação podia piorar. Abaixei para ajudá-la enquanto ela se recompunha do tombo que acabara de sofrer.
— Foi mal. – Disse, entregando os livros a ela.
— Tudo bem. – Sussurrou enquanto eu a ajudava levantar. — Você é nova, está com a Amanda? – Perguntou ainda sussurrando.
— Sim, mas porque estamos sussurrando? – Pergunto a ela.
— Ah, desculpe. – Sua voz se normaliza. — É que eu não posso ser pega fora do meu quarto.
— Angelina, você... – Amanda sai em disparada do quarto. — Ah, oi Kathy. – Ela diz com um sorriso. — Todo mundo enlouqueceu aqui, vocês não podem sair! – Ela disse. — Porque as duas estão conversando, alias?
— É porque ela não prestou atenção. – Respondi.
— Você que precisa ter mais atenção ao sair do quarto. – Ela arqueou a sobrancelha.
— Ah não, gente. Sem brigar. Entre logo. – Amanda puxa Kathy para dentro do quarto e deixa a porta aberta para mim. — Anda.
— Porque eu entraria – Bufei e segui andando para sair do dormitório.
— Qual parte da advertência não entendeu? – Ela falou um pouco alto para eu ouvir.
— A parte que eu não estou nem aí – Revirei os olhos e continuei olhando.
Enquanto eu me afastava do meu quarto fiquei aliviada em não ouvir os passos de Amanda atrás de mim, apesar dela mesma ter dito que não tem interesse em falar comigo é o que mais está fazendo hoje.
Continuei encarando os corredores da minha nova casa. Não é tão ruim enquanto está vazia, parece até um bom lugar e tranquilo.
Desci as escadas e parei em uma sala de estudos, espiei para ver se tinha alguém e para a minha alegria estava vazia então fui até a estante que estava ali e passei a mão pelos livros em busca de algum interessante. Porém, apenas livros de física espacial, química orgânica, dentre outros. Nada de mais.
Vi alguns computadores e pufes coloridos. Com certeza os computadores eram protegidos por senha, então nem adiantava tentar.
Saí da sala de estudos e fui aos corredores e enquanto eu caminhava algumas vozes foram surgindo e cada vez mais eu estava perto. Então ao longe vi uma amazona. Alta e loira com olhos bem verdes, nariz com alguma plástica – devo acrescentar – cintura fina e bustos bem fartos. Ao seu lado uma morena dos cabelos longos e franja que quase cobria seus olhos, ao lado da mesma outra loira, que também me olhava com nojo.
As três vieram na minha direção e eu apenas fiquei parada as encarando. Acho que elas vão tentar me intimidar. Dei de costas antes que chegassem até mim, mas acho que era tarde. Uma delas segurou meu braço:
— Ei, novata. Porque está andando por aí uma hora dessas? Não te disseram que não pode? – A loira de olhos esverdeados me questionou.
Tirei meu braço da mão da loira com nariz em pé, ao lado da amazona.
— Você também não devia estar aqui. – Cruzo os braços.
— Acontece que eu sou a irmã do diretor. Elise. Eu tenho privilégios que não são dados a você, coisinha. – Rosnou.
— Que bom para você, Barbie. – Dei de costas mais uma vez. — E nem pense em me segurar novamente! – Disse, antes de sentir sua mão em mim de novo.
— Sua... – Ela resmungou.
Elas me chamaram de volta, porém eu apenas continuei caminhando para bem longe daquele ar toxico, cheio de maquiagem e conversar vazias. Porque em todo lugar tem que ter uma Elise?
De longe avistei a porta que dizia "Aulas de natação". Era o que eu precisava para relaxar a minha mente. Claro que aqui não é tão quente como o Brasil e eu também não sabia nadar, mas isso pouco me importava. Eu precisava disso agora. Olhei para os lados tendo certeza de que ninguém me veria e quando vi que área estava limpa corri para lá e abri a porta. Tirei meu tênis e jaqueta, deixei meu celular em cima dos dois num banco que tinha ali.
Mesmo estando cheia de coragem, apenas coloquei os pés e sentei-me na beirada, enquanto minhas roupas estavam num banco afastadas de mim. Eu queria estar imersa, não só na água, mas nos meus pensamentos. Queria ter a sensação do meu corpo congelar, e ficar ali por vários minutos sem que ninguém me ouvisse ou eu ouvisse alguém.
Como eu fui me meter nisso tudo? Eu só queria estar com a minha irmã, em casa. Queria que ela estivesse feliz como nunca esteve, mas não. Ela está sabe se lá aonde.
Depois de um tempo, desisto da piscina e levanto-me, seco meus pés com a primeira toalha que vi, e seco meu cabelo que eu tinha molhado com um pouco de água que peguei nas mãos e joguei em mim mesma.
Quando vou ao local aonde deixei minhas roupas percebo que as mesmas sumiram e apenas um papel tinha sido deixado.
Bufei. Porque estou com a impressão de que isso é um filme ruim?
Pego o papel e suspiro:
"Você não sabe com quem se meteu. Agora vai viver o inferno de perto."
— Isso com certeza é um filme ruim – Amassei o papel e joguei na lata de lixo.
Ao sair, apenas quis ter a certeza de que ninguém estava por perto, então corri para voltar ao meu quarto.
Elise e Amanda. As duas são totalmente diferentes, mas as duas me irritam, de qualquer forma. Eu cheguei no quarto e minha colega estava com as mãos juntas e joelhos dobrados ao pé da cama. Bati a porta mostrando que eu tinha chegado na esperança que ela parasse e funcionou. Ela se assustou e levantou.
— O que houve com você? Está molhada. – Ela se jogou na cama.
— Estava na piscina. – Disse indo em direção ao banheiro.
Tirei minha blusa e calça, jogando-as na lavadora e fiquei apenas de roupas intimas. Olhei-me no espelho e lavei meu rosto com água e sabonete.
— E ninguém viu você? – O tom de voz assustado era notável.
— Não exatamente. – Encostei a porta e liguei a ducha, deixando-a esquentar.
— O que quer dizer com isso? – Perguntou.
— Eu apenas fui roubada por uma Barbie e suas seguidoras. – Coloquei o pé em baixo da enxurrada de água do chuveiro e depois coloquei meu corpo.
Era muito bom um banho quente agora. Eu congelei na piscina.
— Você mexeu com ela? – Vociferou abrindo a porta do banheiro. — Não acredito. Estamos mortas.
— Eu não mexi com ela, ela mexeu comigo. Saí daqui. – Rosno e ela sai do banheiro.
— Você é uma encrenqueira. Porque está tão calminha assim?
— Porque ela não me afeta. E o que ela roubou eu tenho extra na mala.
— O que foi?
— Celular. – Respondo.
— Angelina, não se mete com ela, estou avisando. Você vai se dar mal por isso.
Não respondi. Apenas fiquei me deliciando no banho quente e tentando arquitetar uma maneira de recuperar o que era meu. Não é só porque eu tenho mais um que eu vou deixar para lá, aquilo foi conseguido com esforço dos meus pais e eu dou valor a isso.
Assim que terminei, coloquei uma roupa seca e confortável, sequei meus cabelos e fui para o quarto dormir. Encontrei Amanda de joelhos novamente, orando, dessa vez eu apenas fiquei quieta e virei para o lado na cama:
"... me ajuda também Senhor nesse ano letivo, me dê forças para lidar com tudo que estar por vir nesse ano e que o Senhor possa me usar para fazer o bem e poder levar a sua luz as pessoas desse lugar, te agradeço por ter me dado um companheiro que me ajuda nas coisas da escola e espirituais também, sou grata a Ti por tudo Senhor. Amém. "
Eu também queria ser grata a Ele, mas tudo que eu tenho em mim não passa de sentimentos ruins. Acho que eu nunca mais vou ser assim. Nunca mais
Continua...
" Três vezes roguei ao Senhor que o tirasse de mim. Mas ele me disse: "Minha graça é suficiente a você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza". Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim." 2 Coríntios 12:8-9
Hey fofos ♡ Capítulo curtinho hoje mas espero que gostem, não sei quando vou postar outro mas será logo ♡ Até a próxima ♡♡♡
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Dedico esse capítulo à kahkaah e PrincessesinGod ♡